Lua Negra - EPOV de Lua Nova escrita por rkpattinson


Capítulo 2
Capítulo 1 - A Festa


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de lembrar que, essa fanfic conta EXATAMENTE a mesma história de Lua Nova. A grande maior diferença, é que acontece do PONTO DE VISTO DO EDWARD, portanto vão haver MUITAS novas cenas e não oficial.



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QUANDO VOLTEI DA CAÇADA, BELLA JÁ DORMIA.

Seus cabelos estavam jogados de forma despretensiosa no travesseiro. Um dos braços jogados sob a cabeça e o outro ao lado do corpo, renegando o cobertor jogado para o lado. Talvez os pés descobertos fosse um sinal de que estava aproveitando a temperatura mais amena da estação. O clima menos chuvoso a deixava mais confortável, segura.

Rolei a ponta da coberta por cima do corpo descoberto. Ainda assim, existiam chances do clima mudar, ela não podia arriscar um resfriado. Mesmo após todos os meses ao seu lado, Bella continuava frágil. E, obviamente, meus medos não diminuíram.

Eu havia lhe avisado que passaria a noite com meus irmãos, pois Jasper já estava no limite. Isso era verdade, mas não pude contar para ela a história completa. Nas últimas semanas ele tivera mais dificuldade em lidar com os humanos na escola. Eu sabia que em certo ponto o "vegetarianismo" não seria o suficiente. Temi por Bella.

Hoje, 13 de setembro, era seu aniversário. Ninguém conseguiria convencer Alice a não lhe dar uma festa de aniversário. Apesar dos mil argumentos que destaquei, ela via a certeza de um futuro tranquilo. Apenas bolo, velas, fotos, presentes e comemorações. Então, nos certificamos de que Jasper estaria totalmente seguro de suas ações para estar tão próximo dela.

Ouvi Charlie roncar em seu quarto, enquanto as pálpebras de Bella tremiam de leve. Apesar da bagunça na sua cama quando cheguei, ela parecia sonhar. Sua respiração e batimento cardíaco permaneciam intactos. A melodia que eu mais amava ouvir. Seu coração tinha o ritmo de uma valsa. Calmo e organizado. Nenhum sinal de pesadelo.

Agachei ao lado da cama de frente para ela, contra a luz e absorto na escuridão.

Inalei com facilidade a mistura de aromas que vinha dela. O ardor foi rápido e logo deu lugar ao cheiro de morango. Ela sempre teria o cheiro mais avassalador de todos. Com o tempo, treinei a deixar o cheiro do seu cabelo tomar toda minha atenção olfativa.

Com o polegar, raspei meu dedo na sua bochecha. A pele quente de Bella teve o efeito de sempre na minha. Sorri agradecendo por ter aprendido a controlar não só a sede, mas também a medir minha força. Eu invejei quando Carlisle a tocou no hospital, pela facilidade que ele tinha de manusear humanos sem quebrá-los. E hoje, eu conseguia fazer isso com ela sem que eu precisasse pensar sobre. Fazia parte de mim, como uma mutação no código genético. Eu sabia como tocá-la.

Próximo ao seu rosto e tão baixo para ouvidos humanos, cochichei: "Feliz Aniversário". Estava proibido de lhe desejar felicitações e grato por os humanos conseguirem dormir, porque assim ela não poderia me ouvir enquanto dorme. Essa não seria a primeira promessa que eu quebraria, eu sabia disso. Mais cedo ou mais tarde o sinal viria e eu entenderia.

Tão silenciosamente quanto entrei, saí. O dia já ameaçava nascer, então julguei o batimento mais acelerado de dentro do quarto dela como um despertar. Apesar de ter me trocado e colocado roupas limpas, voltei para casa para acompanhar minha irmã até a escola da forma mais humana possível.

Hoje será tudo normal, mas Bella estará relutante, pensou Alice, sentada no banco do carona. Olhei para ela pelo retrovisor, sorridente como sempre, parecia ter um plano. Não precisávamos ir à escola com mais de um carro, pois nossos irmãos "mais velhos" haviam se formado, mas também fazia parte do seu plano. Assim eu poderia me certificar que Bella iria mesmo para sua festa "quase" surpresa.

Falei com a Sra. Newton e ela irá trocar os turnos dela. Então certamente ela encontrará outra desculpa, mas no final ela virá, concluiu ela. Acompanhei a sua visão de um breve futuro. Eu estava com a mão em sua cintura, ela estava completamente ruborizada, enquanto Alice tirava uma foto de nós dois. As velas e rosas estavam por toda parte da nossa sala. Parecia tudo bem, mas Bella realmente faria qualquer coisa para não viver isso.

E como imaginei, o clima nublado voltou. Apoiei-me no carro, ao lado de Alice, segurando um presente em uma embalagem prata. Fechei os olhos, concentrando-me nos sons do ambiente. Alguns alunos conversavam sobre trabalhos atrasados, enquanto alguns carros entravam no estacionamento. Reconheci o roncar do motor da picape. Após abrir meus olhos, olhei de canto para minha irmã.

Edward, tá tudo bem, ela respondeu sem qualquer pergunta. Agradeci por ela já saber o que eu precisava. Desde a van de Tyler, tenho perturbado Alice todos os dias, procurando qualquer forma de livrar Bella de um novo acidente. Mesmo que tudo pudesse mudar de perspectiva em segundos, ela era minha única garantia.

Olhando para frente, vi Bella estacionar e fechar a cara. Um bico emburrado se formou em seu rosto um pouco antes de descer da picape Chevy 53. Eu sabia que ela odiava a ideia de comemorar mais um aniversário, isso era nítido. Mas será que seu mau humor matutino era reflexo disso?

Alice saltou na minha frente enquanto Bella se aproximava. Que por sua vez se encolhia com a manifestação nada discreta de minha irmã. Sorri um pouco daquilo.

Apesar de ouvir toda a conversa, deixei que Alice tivesse seu momento com Bella. É claro que ela não iria querer abrir o presente.

Estendi a mão quando ela se aproximou, e rapidamente ela pegou. A carranca já não fazia mais parte do seu rosto. Apertei o contato com seus dedos levemente. Ela parecia aliviada, assim como eu. Meu corpo sentia a falta do calor do corpo dela. Encarei seus olhos logo abaixo do meu. Seu coração já não seguia mais o compasso de uma valsa. Era como se Bella tivesse subido uma escadaria. Sorri por saber que ainda tinha aquele efeito nela.

Ainda com a necessidade de tocá-la, enquanto falava, contornei seus lábios com a ponta do dedo.

— E então, como discutimos, não tenho permissão para lhe desejar um feliz aniversário, é isso mesmo? — perguntei, e apesar de não precisar perguntar para ter certeza, não custava nada saber se ela havia mudado de ideia.

— É. É isso mesmo. — disse ela. O mau humor parecia ter voltado.

— Só estou verificando. — como imaginei. – Você bem que podia ter mudado de ideia. A maioria das pessoas parece gostar de aniversários e presentes. — antes que eu terminasse de falar, os pensamentos de Alice gritavam alto demais.

Mal posso esperar para saber o que ela vai achar do bolo que Esme e eu planejamos. Seria trapaça se eu tentar vasculhar um pouco?, pensou ela. Eu quase pedi para ela se conter pelo pouco que restava da sanidade de Bella, mas Alice já estava rindo antes de falar em voz alta.

— É claro que você vai gostar. Todo mundo deve ser gentil com você hoje e fazer suas vontades, Bella. Qual é a pior coisa que pode acontecer?

— Ficar mais velha — respondeu Bella com uma voz apertada. Se fosse possível além do normal, senti meu corpo se enrijecer.

— Dezoito anos não é muito velha. Em geral as mulheres não esperam até ter 29 para se aborrecer com os aniversários? — disse Alice.

— É mais do que Edward. — arfei com as palavras dela.

— Tecnicamente. Mas só por um ano. — Alice manteve as palavras leves.

Ela não vai desistir, pensou ela. Apenas pisquei rapidamente. Não queria que Bella pensasse que falávamos nas costas dela, apesar de ser exatamente isso o que estava acontecendo. Observei que o coração dela ainda tentava recuperar o ritmo normal.

— A que horas você vai estar em casa? — continuou Alice, mudando de assunto. Fiz nota mental para lembrar de lhe agradecer.

— Não sei se vou para casa. — Jurei poder sentir ela se encolher ao meu lado.

— Ah, por favor, Bella! — reclamou Alice. – Não vai estragar toda a nossa diversão desse jeito, vai?

— Pensei que no meu aniversário eu pudesse fazer o que eu quisesse.

— Eu vou apanhá-la em casa logo depois da escola – falei, tentando amenizar a pressão que minha irmã colocou nas palavras.

— Tenho que trabalhar – Bella falou de repente, mas Alice já tinha programado tudo.

— Na verdade, não tem — disse Alice, convencida. — Já falei com a Sra. Newton sobre isso. Ela vai trocar seus turnos. E me pediu para lhe dizer "Feliz aniversario". — quis sorrir com isso, mas detive.

— E-eu ainda não posso ir — Bella gaguejou. — Eu, bom, ainda não vi Romeu e Julieta para a aula de inglês.

Isso não estava na visão, Alice bufou ao pensar, antes de continuar. Logo seu sorriso convencido se reergueu.

— Você conhece Romeu e Julieta de cor.

— Mas o Sr. Berty disse que precisávamos ver uma representação para apreciá-lo plenamente... Era o que Shakespeare pretendia.

— Você já viu o filme — acusou Alice.

— Mas não a versão dos anos 60. O Sr. Berty disse que era a melhor.

— Isso pode ser fácil ou pode ser difícil, Bella, mas se uma forma ou outra… — Alice já estava perdendo seus argumentos, irritada por não ter conseguido manter o planejado em sua visão. Interrompi.

— Relaxe, Alice. Se Bella quer ver o filme, então pode ver. É o aniversário dela. — Comecei a falar descontraído.

— Viu? — Bella se animou, mas eu nem tinha terminado ainda de falar.

— Vou levá-la por volta das sete. Isso lhe dará bastante tempo para preparar tudo. — E eu vou tentar sobreviver ao mau humor que vai causá-la, pensei. Segundos depois, Alice sorriu com malícia ao notar que a presença de Bella na festa com vampiros estava cada vez mais sólida.

— Parece ótimo. Nos vemos à noite, Bella! Vai ser divertido, você verá.

Alice saiu quase voando de tanta delicadeza ao tocar o chão. Bella tinha palavras para serem ditas mas desistiu quando viu minha irmã sair. Os alunos ao nosso redor se movimentavam em suas salas.

— Edward, por favor... — fazendo o coração dela vacilar, mais uma vez, coloquei um dedo em seus lábios, a interrompendo.

— Discutiremos isso mais tarde. Vamos nos atrasar para a aula.

Durante a aula, entediado com o conteúdo que eu já havia visto várias vezes, não mexi com ela, permitindo que ela focasse completamente na aula. Eu, por outro lado, estava entretido com o penteado calculado de Mike Newton. Jessica pensava que ele tinha se inspirado em mim, mas eu não sabia de onde ele tinha tirado o gel. Ele ainda planejava maneiras de como se aproximar de Bella e outras dez formas de me afastar dela. Se ele tivesse um pouco de imaginação fértil, encontraria umas cem.

No hora do almoço, enquanto Bella conversava sobre o lanche com Angela, Alice foi discreta ao perguntar se seria melhor não tocar mais no assunto até o horário da festa. Concordei com meu projeto ultra discreto de comunicação, balançando os olhos para cima e para baixo.

Depois de Bella relutar para dirigir e me deixar confuso sobre eu permanecer ou não fingindo que hoje era um dia normal (o que era um grande mentira), chegamos a sua casa. Alice havia levado meu carro como combinado e o humor de Bella não tinha melhorado. Na verdade, deve ter piorado quando a provoquei falando que o rádio do seu carro não funcionava. O presente de Emmett seria de bom agrado.

Assim que Bella estacionou, segurei seu rosto com a firmeza e calma de sempre. Bella era linda. Ninguém, nem as estrelas, conseguiria carregar tamanha beleza e personalidade como ela fazia. Eu realmente não a merecia. Reprimi um "por favor", para evitar que ela percebesse a dor que ressurgia em mim.

— Devia estar de bom humor, hoje é o seu dia – sussurrei. Talvez fosse o último aniversário que eu passaria com Bella. Não sei por quanto tempo os sinais iriam permanecer verdes, como as árvores ao nosso redor. Uma hora ele teria cor e cheiro de sangue, e eu não poderia esperar isso acontecer.

— E se eu não quiser ficar de bom humor? – perguntou arfante.

— Isso é péssimo. — foi a única coisa que falei. Aproximei os lábios dos dela. O seu calor me invadiu. Esperei o próximo passo, enquanto aproveitava o toque da sua pele na minha. Beijar Bella sempre me fazia ter a sensação de estar no céu, beijando nuvens. Bella jogou os braços em meu pescoço, ateando fogo dentro de mim. Sorri em seus lábios, afastando-a de mim. Seu coração parecia falar. A cada batida, um novo ritmo se instalava. Nem em um breve beijo adolescente eu conseguia ser normal. — Seja boazinha, por favor. — implorei, tirando os braços macios dela de mim.

— Acha que um dia vou superar isso? Que meu coração um dia vai parar de tentar pular do peito sempre que você tocar em mim?

— Eu realmente espero que não – respondi com um tom atrevido, mas sincero.

Bella revirou os olhos.

— Vamos ver os Capuleto e os Montéquio se dilacerando, está bem?

— Seu desejo é uma ordem. — respondi.

Não era do meu feitio ser desrespeitoso com Bella, na frente ou não do seu pai. Mas, eu sabia que ela rejeitava um pouco meus bons modos excessivos para um século bem mais moderno. Então, sentado no sofá, puxei-a pela cintura até que estivesse aconchegada em meu peito, envolvendo-a em uma manta disponível no encosto do sofá. Eu sabia que não era tão confortável, minha pele nem sequer mexia com o peso do corpo dela. E era frio. Estava pronto para soltá-la assim que ela quisesse. Apenas esperando sinais…

Sussurrei as falas de Romeu no ouvido de Bella ao passar do filme. Eu sabia que aquilo lhe afetaria de alguma forma, porque seu coração falhava e sua respiração acelerava. Sorri por dentro.

Bella chorava com o despertar trágico de Julieta ao descobrir a morte de Romeu.

— Devo admitir que tenho um pouco de inveja dele aqui — falei enquanto secava suas lágrimas. Eu já desejei ser Romeu pelo pior dos motivos. Na verdade, já desejei ser humano de novo para que eu conseguisse morrer. Uma vez.

— Ela é linda. — e mais uma vez ela imaginou que eu me referia a sua beleza. Bobinha. Se ela se visse como eu a vejo…

— Não o invejo por causa da garota... Só pela facilidade do suicídio — expliquei. – Para vocês, humanos, é tão fácil! Só o que precisam fazer é engolir um vidrinho de extrato de ervas...

— Como é? – perguntou me interrompendo.

— Foi uma ideia que tive certa vez e eu sabia, pela experiência de Carlisle, que não seria simples. Nem tenho certeza de quantas maneiras Carlisle tentou se matar no começo... Depois de perceber no que se transformara... E ele claramente ainda goza de excelente saúde.

— Do que está falando? – perguntou Bella, virando-se para me olhar. Seus olhos estavam arregalados, surpresos. — O que quer dizer, essa história de que pensa nisso de vez em quando?

— Na primavera passada, quando você estava... quase morta... — eu não precisava respirar, mas lembrar da possibilidade de ver Bella morta, sem o rubor em suas bochechas ou o descompasso do seu coração, me fazia sufocar. Em contramão, não queria que ela entendesse que isso era um plano atual. Enquanto ela vivesse, eu estaria comprometido a sobreviver. — É claro que eu tentava me concentrar em encontrar você viva, mas parte de minha mente fazia planos alternativos. Como eu disse, não é fácil para mim, como é para um humano.

Olhando pro vazio, Bella passou as unhas por cima da cicatriz. A cicatriz que eu lhe causei. Rapidamente, balançou a cabeça e voltou para o assunto.

— Planos alternativos?

— Bem, eu não ia viver sem você. Mas não tinha certeza de como fazer... Eu sabia que Emmett e Jasper não me ajudariam... Então pensei em talvez ir à Itália e fazer algo para provocar os Volturi. — eu conseguia sentir o sabor do fim na língua. Amargo igual a fel. Permanecer existindo e nunca mais poder ouvi, senti ou ver Bella… A morte se parecia muito mais com isso, do que com o simples fato de fechar os olhos depois de um tiro, um frasco de veneno ou uma doença. Eu morreria muito antes de um Volturi me atingir com seus dentes e forças sobre-humanas.

— O que é um Volturi? — perguntou ela. Havia raiva em seu rosto pálido. Tomei aquilo como um aviso. Aquele assunto a irritava, tanto quanto a quase morte dela para mim.

— Os Volturi são uma família. Uma família muito antiga e muito poderosa de nossa espécie. São a coisa mais próxima que nosso mundo tem de uma família real, imagino. Carlisle morou com eles por pouco tempo em 21 seus primeiros anos, na Itália, antes de se estabelecer na América... Lembra a história?

— É claro que lembro. — respondeu.

— De qualquer modo, não se deve irritar os Volturi — falei, observando que ela ainda estava imersa em algum tipo de lembrança — A não ser que se queira morrer... Ou o que quer que aconteça conosco.

Bella segurou meu rosto entre as mãos. Quase consegui sentir a força que ela exerceu na sua ação. Seus olhos passeavam por todo meu rosto, exasperados, inquietos.

— Você nunca, nunca, jamais pense em nada parecido de novo! — ela disse. — Não importa o que possa acontecer comigo, você não pode se machucar!

— Eu jamais a colocarei em risco de novo, então esta é uma discussão inútil. — Jamais.

— Me colocar em risco! Pensei que tínhamos combinado que todo o azar era minha culpa. Como se atreve a pensar desse jeito? — ela exalava pavor. Estava começando a sentir dor pela possibilidade dela estar sofrendo com essa revelação.

— O que você faria, se a situação se invertesse? — perguntei.

— Não é o mesmo caso. — nunca seria a mesma coisa. Novamente imaginei uma Bella mais madura, casada e com filhos. Ela estava certa, não é o mesmo caso. Bella logo esqueceria a minha existência, se apaixonaria de novo e continuaria uma vida humanamente normal. Sorri ao imaginar ela segura e feliz.

Com a diferença de um piscar de olhos, o rosto de Bella assumiu um tom de verde, como se fosse vomitar a qualquer momento.

— E se alguma coisa acontecer com você? — Entendi o motivo. — Gostaria que eu acabasse comigo mesma? — As palavras de Bella me atingiram como uma avalanche. Imaginei Jaymes atacando-a e depois consumindo todo o líquido viscoso e convidativo dela. Se eu tivesse chegado um pouco mais atrasado…

— Acho que entendo seu argumento... Um pouco. Mas o que eu faria sem você?

— O que estava fazendo antes de eu aparecer e complicar sua vida. — suspirei. Ela tava se ouvindo?

— Parece tão fácil, do jeito que você fala. — admiti.

— Devia ser. Eu não sou assim tão interessante. — ela estava impossível hoje. Fiz um rápido relatório mental de todas as vezes que Bella havia dado sentido para minha existência, a fim de lhe detalhar todas. Ela não imaginava a monotonia que eu estava mergulhado antes dela aparecer. Não, não era tão fácil. Era impossível continuar sem ela.

— Discussão inútil — desisti, hoje não.

A alguns quilômetros, a radiopatrulha de Charlie se aproximava. O cheiro de mussarela e pepperoni ardia na minha narina. Organizei-me no sofá, empurrando Bella para o assento ao lado.

— Charlie? — perguntou ela já sabendo a resposta, mas sorri para confirmar.

Bella parecia não ligar muito para o que seu pai poderia achar, pois segurou minha mão sem se preocupar. Eu me preocupava, ainda mais depois do "acidente" que a levou ao hospital. Com verdades ou meias verdades, tudo era culpa minha.

Agradeci à Charlie por não se opor que eu levasse Bella até minha casa esta noite. Depois de um aviso sobre a saúde da picape e uma promessa de que o meu presente não havia me custado nem um centavo, implorei que ela relaxasse e entendesse toda empolgação dos Cullens. O último aniversário de verdade que tivemos foi o de Emmett, em 1935, então essa era uma ótima desculpa para Alice encher a casa com enfeites e o que mais ela quisesse.

Desejei nunca ter mudado de assunto. Falar sobre a teimosia, egoísmo e mágoa de Rosalie era um assunto muito mais seguro, do que falar sobre presentes que eu nunca poderia oferecer a Bella.

Precisei lembrar-me de respirar. Não que isso fosse fazer alguma diferença. Mas me ajudava a concentrar em qualquer outra coisa, me distraindo dos pensamentos.

— Isto é uma festa. Procure levar na esportiva. — pedi, antes de abrir a porta.

— Claro – murmurou ela.

— Tenho uma pergunta. — esperei que ela continuasse. — Se eu revelar este filme, vocês vão aparecer nas fotos?

Não contive o riso quando olhei para câmera em sua mão. Era absurda a forma como ela conseguia me manter inteiro dentro da minha própria realidade quebradiça.

Um coro alto de "Parabéns pra você" nos recebeu, assim que passamos pela porta de entrada. Haviam velas cor-de-rosa e vasos de cristal com centenas de rosas por toda sala. Alice fez juz a sua visão. Meu piano de cauda não era mais o destaque do cômodo, perdendo para a mesa com o bolo de aniversário de Bella e a pilha de pratos de vidro que, obviamente, não seriam tão usados.

Bella observava a pilha de presentes ao lado da outra mesa e eu pude jurar sentir um tremor em seu corpo. Era tudo que ela não queria, mas estava fazendo aquilo por minha família. Passei um braço em minha cintura e beijei o alto de sua cabeça. Era como eu podia agradecer enquanto todos cantavam para ela.

— Desculpe por isso, Bella — sussurrou Carlisle após Esme abraçar Bella com todo cuidado — Não conseguimos refrear Alice.

Logo atrás deles estavam Rosalie sem sequer olhar para nós e Emmett sorrindo.

— Você não mudou nada — disse Emmett — Eu esperava uma diferença perceptível, mas aqui está você, com a cara vermelha de sempre. — ele sabia mesmo como quebrar um gelo. Se Bella estava envergonhada, agora ela queria um lugar para se esconder.

— Muito obrigado, Emmett — disse ela ruborizada, fazendo-o rir.

— Preciso sair por um segundo. — disse Emmett, piscando para Alice – Não faça nada de divertido na minha ausência.

— Vou tentar.

Ela vai amar a potência desse som, quem não amaria?, pensou Emmett porta afora.

Assim como Alice, Jasper sorriu, mas manteve a distância. A mente estava tranquila, mas seu corpo próximo ao pé da escada não correspondia de fato. Olhei de soslaio para Alice, que estava totalmente sorridente.

Só consigo ver Bella provando do bolo, assegurou-me Alice. Soltei a respiração devagar.

— Hora de abrir os presentes — disse ela mudando de assunto. Alice conduziu Bella até os pacotes cintilantes. Esperei o humor de Bella desequilibrar. Minha irmã ia, sem dúvidas, me arranjar problemas.

— Alice, pensei ter dito a você que não queria nada... — disse Bella com dor no rosto.

— Mas eu não dei ouvidos. Abra. — mandou Alice, que arrancou a câmera da mão de Bella, entregando-lhe uma caixa prateada. Era o presente de Emmett, Rosalie e Jasper. E é claro que ela estava vazia. Estávamos avisados da inversão dela por presentes, festas e aniversários, mas ninguém realmente ligou. Ela era a nossa maior novidade desde nosso último membro chegar. Então, Alice não esperaria que Bella guardasse o presente em um lugar qualquer do seu quarto.

— Hmmm... Obrigada. — disse ela depois de perceber a caixa vazia. Rosalie e Jasper riram. Sorri também.

— É um sistema de som para sua picape – explicou Jasper. – Emmett está instalando agora mesmo para que você não possa devolver.

— Obrigado, Jasper, Rosalie — agradeceu Bella. – Obrigado, Emmett! — dessa vez ela gritou mais alto. A risada estrondosa de Emmett animou a sala.

— Abra agora o meu e de Edward – disse Alice empolgada, segurando uma caixa quadrada e pequena. Ai… Bella me lançou um olhar semicerrado.

— Você prometeu. — quase me encolhi, mas fui salvo pelo grito de Emmett retornando a festa. Todos se aproximaram para ver melhor o presente.

— Não gastei um centavo — garanti, retirando os fios de cabelo que caíram no rosto dela.

— Pode me dar — pediu Bella.

Emmett riu de prazer. Quase sorri quando ela revirou os olhos. Com a diferença de um milésimo de segundo, o cheiro de ferro assumiu o clima festivo. Ao lado, a mente de Jasper estava em completo caos.

— Droga — cochichou Bella, puxando o dedo para próximo do rosto. Uma gota de sangue saiu do pequeno corte.

Edward!, a voz de Alice chamou minha atenção.

Sangue! Me desculpa!, a sede de Jasper era alucinante. Conseguia se imaginar sob o corpo desfalecido e sem vida de Bella, enquanto bebia todo seu doce sangue. Ele estava fora de controle, voando na direção de Bella antes que eu pudesse ver o que Alice tinha para me mostrar.

— Não! — rugi para Jasper.


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Notas finais do capítulo

E aí?? O que acharam?? Espero que estejam ansiosos pro prox cap!



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