O Plano Infalível escrita por Gabs


Capítulo 1
Capítulo 1




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Tudo começou porque Rose Weasley estava apaixonada por seu primo James Sirius Potter. Ele era inegavelmente um dos garotos mais bonitos de todo o castelo. Ele não era tão alto, mas possuía um corpo atlético, tinha os cabelos médios que eram num tom castanho bem escuro, os olhos eram bem azuis e tinha um sorriso que fazia qualquer garota em Hogwarts derreter.

Os dois sempre foram grandes amigos, bem próximos, mas em algum momento ela passou a sentir algo mais pelo primo. Era puramente platônico, mas isso não significa que o coração dela não doía sempre que o via se agarrando com algum rabo de saia pelos cantos do castelo.

Mas, ela disfarçava bem. Muito bem. Nenhum dos seus outros primos desconfiava dos sentimentos de Rose.

As únicas pessoas que sabiam era sua melhor amiga, Mel e seu rival acadêmico, Scorpius Malfoy. O garoto era bem alto, seus cabelos loiros estavam sempre em um corte curto e tinha os olhos cinzas. A cor dos olhos deles era, na visão de Rose, a única coisa razoavelmente bonita nele. Várias garotas no castelo o idolatravam e o acham um galã. Ela nunca entendeu essas garotas

O loiro fazia parte do seu grupo de amigos e apesar de rivais acadêmicos não viviam discutindo pelo castelo, eles eram quase amigos, próximos, mas não tanto. Compartilhavam anotações sobre as aulas, tinham o hábito de estudarem juntos na biblioteca (em completo silencio) e mais importante partilhavam o mesmo gosto por piadas de gosto duvidoso.

Os dois mantinham uma relação neutra, com comentários ácidos e sarcásticos, que o resto do grupo chamava de passivo-agressiva, mas que Rose e Scorpius interpretavam como cômica.

Nenhum dos seus amigos, exceto Mel, entendia como a relação passivo-agressiva que os dois mantinham estava pouco a pouco se tornando bem ativo-agressivo.

Acontece que Rose odiava não conseguir manter o personagem de desinteresse amoroso em relação a James e Scorpius fazia questão de mostrar, por meio de comentários travessos, todas as vezes que a ruiva deixava seus verdadeiros sentimentos surgirem.  

Como tinha acontecido no primeiro jogo da Grifinória daquele ano.

...

A sala comunal da Grifinória estava em êxtase. O primeiro jogo da temporada e eles tinham arrasado o time da Corvinal com o placar de 700 a 80. Tudo graças a James Potter, que tinha sido responsável por metade dos pontos da equipe.

Rose estava em um canto da sala comunal conversando com Lilian Potter e Mel Smith sobre o jogo impecável que o Potter mais velho fizera quando foram abordadas por Albus Potter e Scorpius Malfoy.

Imediatamente Lilian e Albus começaram uma pequena discussão de irmãos sobre a presença dos dois sonserino na comemoração da Grifinória. Albus disse acidamente para a irmã que estava ali apenas para acompanhar todas as etapas do time da Grifinória. “Vocês sempre começam o ano muito bem, mas não conseguem manter o mesmo desempenho no resto da temporada”.

Rose desviou a atenção da “briga” dos dois e dirigiu sua atenção para James Potter. Era inegável que ele era um dos garotos mais bonitos de todo o castelo. Do outro lado da sala o rapaz percebeu o olhar da prima e deu uma piscadela na direção dela.

“Francamente, Weasley. Eu esperava mais de você”

Comentou Scorpius baixinho ao lado dela.

Rose tomou um susto. Não tinha percebido a aproximação do loiro.

Rose olhou para cima para dar um olhar gélido para Scorpius. Fingindo não entender o que ele disse, o que o fez aumentar o sorriso. Poucas coisas deixavam Scorpius tão animados quanto ser responsável por deixa-la sem jeito.

 “Se quer meu conselho... limpa o canto da boca está escorrendo um pouco de baba”.

Continuou a cutucar Scorpius.

Rose aproveitou que Hugo chegou atraindo a atenção de todos do grupo ao contar a história do seu recente termino e deu uma cotovelada discreta nas costelas de Scorpius. O gemido de dor e surpresa dele foi uma música para seu ouvido.

...

Mas, Scorpius era o único “amigo” homem que sabia o segredo dela e apesar das inúmeras piadinhas jamais revelou o segredo dela para ninguém, nem mesmo para Albus, que era o melhor amigo dele, e isso era alguma coisa. Significava que ele era leal.

E, justamente por isso Rose estava o procurando na biblioteca... tinha uma proposta para fazer e ele era a única opção que tinha.

Scorpius soube que estava encrencado no momento em que viu o olhar de Rose. Os olhos azuis dela estavam bem intensos, o que significava que ela estava determinada. O porquê era um mistério que o loiro não sabia se queria descobrir. Mas, quando Rose chegou perto ele soube que não teria escolha. 

—Podemos conversar em outro lugar? Tenho algo para falar contigo.

E sem esperar qualquer resposta virou as costas e foi em direção a porta. Scorpius juntou rapidamente todos os seus pertences e correu para alcançar a garota. Felizmente Albus não estava por perto, seu melhor amigo provavelmente daria um latido no meio da biblioteca, fazendo menção ao modo como Scorpius sempre agia quando Rose estava por perto.

Não era de propósito, ele só era completamente encantado pela ruiva, mesmo que na maior parte do tempo ela só ignorasse a presença dele.

Se você sempre dizer sim para todos os caprichos dela... ela jamais vai te respeitar ou mesmo te enxergar”. Disse Albus no mês anterior quando Rose o arrastou para uma campanha sobre os direitos dos duendes.

Mas, Scorpius não conseguia evitar. Era ridículo o tipo de coisa que ele se submetia por um pouco de atenção de Rose, sobretudo porque sabia que ela era completamente apaixonada por James Potter.

E ele não precisava ser um gênio para saber que entre o rei da escola e o rato da biblioteca qualquer garota escolheria a primeira opção.

Rose parou na frente da sala precisa e após alguns segundos praticamente o puxou para dentro da sala, não antes de observar se estavam sendo vistos.

A sala tinha uma aparência de escritório. Não era grande. Mas tinha um grande sofá no canto, uma escrivaninha em L, uma grande prateleira de livros no fundo.

—Vou ser bem direta - Disse Rose sentando-se na cadeira maior da escrivaninha – acho que nós deveríamos namorar.

De todas as coisas malucas que se passaram na cabeça de Scorpius aquilo era... ele estava paralisado. Não conseguia esboçar nenhuma reação. Certamente ele estava dormindo, aquilo não era real. No mínimo tinha tomado alguma poção errada...

—Não de verdade é claro – continuou Rose indiferente para a reação de Scorpius – mas, acho que seria benéfico para nós dois. Veja só... James e Emily Vance começaram a namorar. Só que eles não são perfeitos um para o outro. Se nós namorássemos... James ia deixar de me ver apenas como uma garotinha e começaria me ver como mulher. O que é ótimo para mim, pelos motivos que você vem sabe. E, Emily ficaria livre para as tuas investidas. Albus me disse que vocês tiveram um lance... então o que acha?

Scorpius encarava a ruiva com a boca aberta. Tentando acordar daquele sono louco. De fato, já imagina até o riso do Albus quando contasse o sonho quando acordasse.

Rose ainda alheia à reação do garoto interpretou o silencio como um “como isso aconteceria? ”

—O plano é bem simples. Nesse fim de semana nós vamos juntos a Hogsmeade, como um encontro. A partir disso vamos fingir uma aproximação, agir como se gostássemos um do outro, a gente pode ir acertando os detalhes aos poucos. Mas, tenho certeza que tanto James quanto Emily vão morrer de ciúmes da gente.

Scorpius levantou-se e bateu com a cabeça na parede na esperança de acordar, mas nada acontecia. Tentou se beliscar e ainda continuava ali. Rose começou a encarar o loiro com certa irritação. “Em geral ele nunca calava a boca e logo agora ele resolve se calar? ”.

—Isso é, definitivamente, a coisa mais estupida que eu já ouvi em toda minha vida

Disse ele após perceber que não havia outra alternativa a não ser aquele absurdo ser verdade.

—É um plano brilhante!

—Brilhante? Achar mesmo que te ver namorando vai modificar a forma como o Potter te enxerga? E, mesmo que numa hipótese bem remota isso aconteça... acha mesmo que é o suficiente para que ele queria ficar contigo?

—Quer saber eu sou uma idiota achando que poderia contar contigo.

—Não me tome por idiota. O único motivo para ter me escolhido para esse plano idiota é que eu sou o único que sei do teu segredo.

—Está enganado. Esse é o motivo para ser a minha primeira opção. Mas, já vi que foi um erro ter falado contigo. Sua cabeça tão fechada não seria capaz de entender a genialidade da minha ideia. Vou encontrar outra pessoa.... Não deve ser tão difícil achar algum garoto para me namorar, não é?

A ruiva comentou a última parte mais para si que para o Malfoy.

E foi somente por esse comentário que o loiro se pegou concordando com o plano idiota de Rose. A ideia de vê-la nos braços de um garoto qualquer, mesmo que numa relação de mentira, era demais para ele.  

Afinal quem mais entenderia sobre amor não correspondido do que o idiota que aceitou fingir ser namorado da garota que ele sempre foi afim para que ela tente conquistar o cara por quem ela é verdadeiramente apaixonada? 

No dia seguinte

Scorpius gostava de tomar café perto da natureza pelo menos uma vez na semana, era um hábito de Astoria que ele tinha adquirido pela convivência e mantinha, mesmo em Hogwarts, sobretudo quando precisava colocar a cabeça em ordem.

O plano de Rose não saia da cabeça dele. Era um plano completamente estupido, que não tinha a menor chance de dar certo e pior ele estaria ajudando a ruiva a conquistar um cara que nem mesmo percebe a mulher maravilhosa que ela é.

Mas, pensando bem, ele poderia usar aquele plano idiota para se aproximar de Rose, talvez ela goste da companhia dele, talvez eles se tornassem amigos, talvez, só talvez, ele plantaria uma sementinha para um possível relacionamento.

Racionalmente acreditar que estava usando o plano para fins próprios era tão estúpido quanto Rose acreditar que o plano daria certo.

Quem sabe, conclui Scorpius, a fé em coisas impossíveis fosse uma característica de pessoas apaixonadas.

—Sabia que lá dentro tem um salão próprio para refeições?

Rose comentou em um tom petulante.

—É, mas hoje cedo choveu e poucos cheiros são tão deliciosos quanto a combinação da terra molhada com um jardim florido.

Scorpius explicou enquanto comia um muffin da pequena cesta que trouxera.  Rose sentou ao lado do garoto, ainda sem compreender o que ele via de incrível em tomar café na natureza.

Definitivamente Scorpius Malfoy não era normal, pensou Rose enquanto pegava um bolinho da cesta dele.

—Eu achava que iria desistir do plano quando acordasse hoje.

Comentou Scorpius depois que Rose passou 10 minutos explicando cada detalhe do plano.

—Vai me ajudar ou não?

Rose questionou nervosa, apesar do blefe da noite anterior, não se imaginava fazendo esse plano com mais ninguém. Scorpius não tinha sido a primeira opção, tinha sido a única opção.

De um jeito estranho, percebeu a ruiva, de todas as pessoas que faziam parte do seu grupo de amigos ele era o único que sempre concordava com as ideias malucas dela.

—Ok. Mas, vou dar minha opinião sobre isso, mesmo que não tenha pedido... ele não vale a pena. O Potter nem mesmo gosta de ti, não como deveria, ele é um grande babaca que gosta de ter a atenção de todas as garotas possíveis. Esse plano não vai dar certo. No máximo ele vai ficar incomodado com a falta de atenção que recebe de ti, vai ser o ego dele falando não o coração.

—Não preciso de conselhos amorosos preciso de um cúmplice. Além do mais... você não conhece o Jay. Ele não é assim. As vezes ele pode parecer assim, mas é a forma como ele lida com a pressão por ser filho de quem é.

Scorpius bufou. 

—É claro. Pobre James. Deve ser horrível ter atenção de todos para si.

—Merlim! É incrível como não consegue deixar de ser idiota um minuto.

—Sou apenas realista e sincero. Não estou dizendo que a pressão por ser filho de um herói não deve ser difícil, mas a sua mãe é tão importante quanto o Harry Potter e você recebe muita pressão por ser filha dela e mesmo assim não age como se todos devessem te amar e te louvar apenas por ter Hermione Granger como mãe.

Rose bufou começando a se irritar. Ninguém conseguia fazer ela perder a calma tão rápido quanto o loiro ao seu lado.

—Para sua sorte a personalidade de Jay é um problema meu. O seu problema é com a Emily Vance, que certamente atende todos os seus requisitos de personalidade e temperamento.

Scorpius sorriu.

—Não tenho interesse nenhum na Vance.

—Como assim? Se não tem interesse em conquistar ela então porque está me ajudando?

Scorpius encarou os olhos azuis de Rose, era incrível como os olhos dela mudavam de cor. Naquela manhã eles estavam bem claros.

—Albus disse que eu não consigo resistir ao seu olhar de cachorro abandonado, mas pode ser também porque eu sou um especialista em sentimentos não recíprocos, e acredito que a nossa classe precise se unir. Mesmo que no final dê errado.

Rose ficou estremecida pelo modo como Scorpius a olhava, parecia que ele podia ler a alma dela através dos olhos.

—Então esse é o seu segredo? Também está apaixonado por alguém que não sente o mesmo?

—Um reconhece o outro.

Disse em um tom que encerrava o assunto.

Rose ficou bastante curiosa, queria saber quem era a garota que tinha partido o coração de Scorpius. Na visão dela o loiro era uma verdadeira fortaleza, que nunca se deixava atingir por nada nem ninguém.  

—Então estamos combinados, certo? Encontro no sábado em Hogsmeade. E ninguém pode saber desse acordo.

—Nem mesmo, Albus.

Incluiu Scorpius. Sabia bem que o amigo jamais aceitaria que ele se envolvesse assim com Rose, nem mesmo se o loiro falasse sobre o plano.

—Nós precisamos fingir que estamos começando a gostar da presença um do outro. Então, talvez nós devêssemos ser vistos conversando nos corredores entre as aulas, abraçar, tocar... essas coisas.

—E beijar?

Perguntou Scorpius sem conseguir se conter... talvez aquele plano tenha alguns lados positivos. Rose revirou os olhos, “homens”.

—Quando chegar o momento vou pensar em alguma coisa.

Respondeu olhando discretamente os lábios do loiro. “Será que o Malfoy beijava bem? ”

Acertaram os últimos detalhes e Scorpius seguiu para a aula. Rose tinha o primeiro horário livre.

Horas mais tarde

—Rose! – James gritou do outro lado do corredor que levava para a escada do terceiro andar – onde estava essa manhã? Senti sua falta no café da manhã.

—Tive que conversar com Scorpius hoje cedo e ele estava naqueles dias.

Comentou com um pequeno sorriso. “Naqueles dias” era uma expressão que James usava sempre que Scorpius demonstrava um lado estranho da sua personalidade. Rose ausava a expressão como falta de um termo melhor para definir as pequenas excentricidades do Malfoy, mas no fundo ela sempre achou esses detalhes da personalidade dele fascinante e as vezes muito divertida e idiota.

Scorpius tinha uma mania de soltar referências de livros aleatórios no meio das conversas, sempre esquecia as coisas, as vezes tirava o dia para dar voltas correndo no campo de quadribol. Por vezes ele fazia apostas idiotas consigo mesmo, como não falar com a letra “a” por um dia inteiro, só falar com perguntas, usar a varinha com a mão não dominante, entre outras tantas idiotices.

—Qual a de hoje?

James perguntou com um certo desdém, o que incomodou Rose.

—Café da manhã na natureza.

—Eu sempre disse que ele não bate bem.

—Foi até legal. Choveu hoje de manhã então de um clima de terra molhada e o cheiro de rosas...

—Eu gosto do cheiro de rosas.

Rose travou quando James se aproximou dela e respirou bem perto do pescoço dela.

—Sabe, Ro – disse pegando gentilmente nas mãos dela – fui mal em feitiços de novo. Será que você teria tempo de me ajudar com isso no sábado?

—Mas, sábado é o passeio em Hogsmeade... não vai com a Vance?

—Bom... sim, mas eu poderia voltar mais cedo por você. Eu sempre volto não é mesmo?

James disse com um sorriso galanteador no rosto que quase fez Rose gritar sim. Mas, lembrou-se de Scorpius e do plano.

—Desculpa Jay, mas eu meio que já tenho planos para o sábado.

James ficou surpreso, Rose nunca tinha dito não para ele. Nunca mesmo. Ela já tinha cancelado com namorados para ajudar ele e agora estava dispensando ele?

—Aconteceu alguma coisa? Está brava comigo por causa da Vance?

—Não aconteceu nada e não tenho problemas com ela... eu só tenho um compromisso com Scorpius. Era mais ou menos sobre isso que estávamos conversando no café da manhã.

Ok. James agora estava surpreso e confuso.

—Scorpius? O Malfoy? O seu compromisso em Hogsmeade é com ele? Desde quando vocês dois tem coisas juntos para resolver? É algo de alguma classe ou pessoal?

—É algo meio recente e pessoal, que não quero discutir com ninguém no momento.

Rose saiu em direção as escadas rapidamente, deixando um confuso James para trás.

...

Scorpius voltava para o castelo após a aula de Trato de Criaturas Mágicas quando encontrou James no meio do caminho, apesar dos dois estarem no mesmo grupo de amigos e do loiro sempre ir na casa dos Potter’s durante as férias sempre tiveram uma certa inimizade.

James não gostava de Scorpius por causa de Albus, tinha ciúmes do irmão. Ele sempre achou que seria o melhor amigo do irmão para sempre, mas os dois apesar de próximos não eram tão íntimos quanto queria que fossem e o Potter mais velho culpava Scorpius por isso.

Scorpius não gostava de James, o achava extremamente arrogante, egoísta e prepotente, agia como se todos ao redor tivessem que dar graças pela existência dele, por vezes se achava superior aos outros simplesmente por ser filho do incrível Harry Potter. Além disso, e talvez mais importante, sabia que Rose era apaixonada por ele e usava isso para garantir uma atenção permanente e alimentar o ego, bem como sempre conseguir ajuda nas notas.

Quando não havia ninguém por perto os dois se ignoravam mutualmente, mas naquele dia James queria conversar.

—O que quer Potter?

—Quero que fique longe de Rose.

Scorpius sorriu com escarnio.

—Não sabia que ela era sua propriedade.

James não deu atenção ao comentário de Scorpius e reiterou seu “pedido”.

—Fique longe de Rose ou vai se arrepender de ter nascido.

Scorpius analisou o moreno na sua frente por alguns segundos. Ele parecia irritado, provavelmente estava sabendo do encontro sábado, mas isso não o deixaria irritado... não mesmo, provavelmente ele começaria uma aposta no castelo para saber quanto tempo duraria o encontro... a menos que isso tivesse alguma interferência na vida dele, então ele entendeu o motivo da irritação.

—Deixa eu adivinhar... precisava de ajuda em alguma matéria e Rose não estava disponível? Deve ser bem triste ter que fazer as atividades sozinho como o resto dos alunos, né? Mas, pensa pelo lado bom se correr ainda dar tempo de conseguir outra pessoa para te ajudar ou talvez possa pagar para alguém fazer... deve ser mais digno do que ficar se aproveitando da Rose.

James ergueu a varinha na direção de Scorpius.

—Se acha bem engraçadinho não é Malfoy? Mas, se eu quisesse poderia facilmente te mandar para a enfermaria. O que acha de passar o fim de semana lá?

Scorpius deu um sorriso

—Eu acho que você não conseguiria fazer isso nem se tentasse.

E antes que James percebesse Scorpius lançou um feitiço estuporante o arremessando há alguns metros.

—Se quiser duelar comigo estou sempre disponível, Potter.

Disse Scorpius voltando para seu caminho inicial e deixando um James abatido e irritado para trás, mas não sem antes falar algo que ficou remoendo na cabeça do loiro.

—Se eu fosse você Malfoy não me achava tanto, todo mundo sabe como essa história vai terminar e não vai ter final feliz para você.

...

Rose estava animada com o plano, tudo estava indo bem. Ela não parava de rir lembrando da expressão irritada de James quando ela contou sobre o encontro que tinha com Scorpius.

—Que história é essa que você e Scorpius tem um encontro no sábado?

Mel perguntou assim que Rose entrou na sala de feitiços.

—Como você sabe disso?

Perguntou assustada. Além dela só James e Scorpius sabia do encontro. Será que Scorpius estava espalhando para o castelo? Ou será que tinha sido James? Espalhar fofocas não era do feitio de nenhum dos dois... talvez James tenha comentado com Vance...

—Não por você. Tive que saber pelo Sebastian do 7º ano. Dizem que James foi tirar satisfação sobre o encontro de vocês com Scorpius e que os dois duelaram. É a fofoca do momento. Todo mundo está falando disso.

—O quê? James e Scorpius estavam duelando? Tem certeza disso?

—Foi o que me disseram. Mas, então... você e Scorpius... em um encontro?

Rose mordeu o lábio em um claro conflito, por um lado ela e Scorpius tinham prometido não contar a ninguém sobre o plano por outro lado Mel era sua melhor amiga, e certamente jamais acreditaria na história do romance entre os dois.

Felizmente o professor de feitiços entrou na sala e a conversa das duas foi momentaneamente cortada. 

Scorpius chegou logo depois, o que custou 2 pontos a menos para a Sonserina e em seguida menos 3 pontos para todas as casas graças ao burburinho que a presença dele gerou na sala. Pela expressão no rosto dele assim que se sentou ao lado de Albus ele também não sabia que era o alvo de fofoca do dia.

—É tudo um plano – confessou Rose horas depois para Mel – um plano para fazer James me notar. É brilhante. Scorpius e eu vamos fingir namorar e aí ele vai ficar com ciúmes e passar a me ver como uma mulher e não apenas como sua prima mais nova. É genial! E está dando certo. Comentei mais cedo com Jay que sábado iria com Scorpius para Hogsmeade... e os dois duelaram horas depois!

Mel olhava assustada para a amiga. De todos os planos malucos que Rose já tivera aquele era com certeza o maior de todos.

—Tem certeza que Scorpius está de boas com isso?

Mel tinha uma ideia dos reais sentimentos do garoto por Rose.

—Claro que está! Apesar de não compreender a genialidade da minha ideia. Acredita que ele acha que o plano é uma grande furada?

Mel conhecia Rose há tempo demais para saber que quando ela colocava alguma coisa na cabeça era impossível fazê-la mudar de ideia.

—Não é como Scorpius soubesse como te dizer não.

Comentou Mel preocupada com os sentimentos do Scorpius.

O comentário de Mel atraiu a atenção da ruiva. Lembrou-se vagamente do Malfoy falar algo parecido

—O que quer dizer com isso?

—Só estou constatando um fato.... Scorpius sempre concorda com seus planos malucos, mesmo que tenha que coloca a integridade física e emocional em perigo.

Rose ficou com essa frase na cabeça pelo resto da noite. “Scorpius sempre concorda com seus planos malucos, mesmo que tenha que coloca a integridade física e emocional em perigo”.

Era verdade.

Durante o primeiro ano Rose reuniu alguns alunos depois da aula de poções com intuito de criar um grupo para irem a Floresta Proibida após o horário de dormir. Todos a chamaram de louca, afinal quem em sã consciência iria querer entrar em uma floresta cheia de criaturas mágicas, exceto Scorpius. Ele foi o único que ficou animado com a ideia. E nem mesmo contou para o resto do castelo que ela tinha amarelo assim que se aproximaram da Floresta, pelo contrário inventou uma história de como Hagrid havia os encontrados e por isso tinham abortado a missão. Ela nunca tinha contado o que realmente tinha acontecido naquele dia e suspeitava que ele também não.  

No segundo ano Rose colocou na cabeça que Hogwarts precisava retornar às origens e voltar com o coral da escola, ela tinha lido que o coral de Hogwarts já tinha ganhado vários prêmios internacionais. Convocou seus primeiros e fez uma reunião na sala comunal da Grifinória contando a sua grandiosa ideia, mas ninguém deu muita atenção. Na manhã seguinte ela fez o mesmo discurso no salão principal durante o café da manhã, pouquíssimas pessoas se interessaram, Scorpius tinha sido uma delas e até mesmo se propôs a colocar cartazes pela escola como forma de divulgar a campanha e fez uma reunião junto McGonnal para fazer o coral acontecer, no entanto eles não conseguiram o número mínimo de inscrições. Rose até se sentiu aliviada, só Merlim sabia o quanto ela cantava mal.

No terceiro ano em posse do mapa do maroto ela decidiu que estava na hora de encontrar novas passagens secretas para sair do castelo, pois a maioria das que constava no mapa eram inutilizáveis. Seus primos não se animaram com a ideia, mas Scorpius, que sabia da existência do mapa por causa de Albus, aceitou rapidamente a ideia. E por quatro meses eles se reuniram após o horário das aulas a procura de novas passagens secretas. Pouco conversam nesse período, Scorpius até tentava, mas Rose não dava muita bola, estava concentrada demais.

No recesso de fim de ano eles tinham achado um atalho que levava rapidamente da Torre da Corvinal para a Torre da Grifinória. Um quadro no Hall de Entrada que se você diz “quaeso derelinquas me exire” que abria um túnel que levava próximo da entrada de Hogsmeade. Umas salas obscuras no terceiro andar.

No quarto ano Rose estava animada com as passagens que tinha encontrado com Scorpius no ano anterior e tinha como principal missão atualizar o mapa do maroto. Ninguém concordou muito com ideia, seus primos disseram que eles não tinham habilidades mágicas suficientes para tal feito. Scorpius por outro lado afirmou que era uma boa ideia, afinal os marotos ainda estavam em Hogwarts quando fizeram o mapa, não era uma missão tão impossível assim. Os dois passaram meses sentados em silêncio na biblioteca tentando inutilmente entender como o mapa funcionava, até que Rose desistiu. Seus primos estavam certos no fim das contas.

No quinto ano Rose estava empenhada em fazer um baile no dia do Halloween, era uma ideia perfeito, apesar da Diretora Minerva não concorda com a ideia. Então ela apelou para a opinião popular e pediu ajuda novamente aos seus amigos para conseguirem mais gente para sua causa, como se trava de festa todos eles concordaram, mas Scorpius foi o único que participou ativamente da publicidade e foi essencial para que Minerva concordasse.

Esse ano ele já tinha ajudado na campanha sobre os direitos dos duendes e agora com o plano. O que Rose não conseguia entender era o porquê. Por que Scorpius estava sempre presente em todos os seus planos? Por que ele não conseguia dizer não para ela?

...

Sexta Feira

Merda. Foi a primeira coisa que pensou quando Albus contou sobre a fofoca que rolava em Hogwarts. Maldita hora em que se deixou levar pelo impulso e acabou discutindo com James. É claro que Albus ia saber sobre o encontro em algum momento, não tinha como evitar que ele soubesse, mas Scorpius esperava ter pelo menos uma ideia sobre o que falar para o amigo antes que a bomba explodisse.

Ele não aceitaria tão fácil que os dois tinham um encontro, Albus sabia que na visão de Rose o loiro era apenas uma mosca irritante que ficava por perto e ela não conseguia se livrar. Não tinha a menor chance de ela aceitar sair com Scorpius. Assim como não tinha a menor chance de Scorpius chama-la para sair, ele estava se adaptado a ser um mero lacaio das vontades e dos planos malucos dela, ele não a pediria para ir para Hogsmeade nem que a sua vida dependesse disso. Seria cômico se não fosse trágico para vida amorosa do loiro.

—Por favor! Eu te conheço, Scorp e conheço ela... não tem a menor chance de isso ser um encontro de verdade.

—Então eu não tenho a menor chance com a Rose? É isso que está dizendo?

—Você teria se agisse como um ser humano perto dela, mas se recolhe num papel estúpido de elfo domestico na vã esperança que ela te dê um mínimo de atenção.

Gritou Albus alto demais.

Scorpius estava irritado, sabia que o amigo não aceitaria facilmente a ideia do encontro, mas saber que ele considerava o fato de Rose aceitar ir ao um encontro com Scorpius um completo absurdo realmente o magoou. Era doloroso saber que seu melhor amigo não acreditava nele. Ok. Albus estava certo, aquele não era um encontro de verdade, mas poderia ser, não poderia?

—Ela não gosta de você. Ela mal te reconhece como um colega irritante de classe e aí você chega para mim e diz que tem um encontro e quer que eu acredite? Não importa o motivo para esse encontro acontecer... se isso for mais um dos planos de Rose... não vale a pena. Você só vai se machucar.

Scorpius ficou em silêncio, remoendo as verdades que Albus jogava em sua cara. As palavras de James ressoaram na mente dele “Se eu fosse você Malfoy não me achava tanto, todo mundo sabe como essa história vai terminar e não vai ter final feliz para você”.

—Acredite no que quiser Albus.

Disse saindo do dormitório que dividiam

—Sério? Vai me deixar falando sozinho? Muito maduro, Scorp. Muito maduro. Quer saber de uma coisa quando crescer e perceber a merda que está fazendo com a sua própria vida venha falar comigo. Seu babaca.

E foi assim que pela primeira vez na vida Alvo e Scorpius brigaram.

A rachadura na amizade ficou clara quando na primeira aula do dia, de Poções. Assim que Scorpius sentou-se ao lado de Albus, o moreno levantou-se e foi sentar em outra mesa com Finelis Smith e Zabine.

Rose encarou o primo com uma expressão curiosa no rosto, mas Albus fechou a cara e ignorou a prima.

—Por que Albus está bravo comigo?

Perguntou para Mel. A garota tinha uma bela ideia do porquê Albus estava bravo com Scorpius e Rose.

—Devia perguntar para o outro denominador comum.

Disse apontando para um Scorpius claramente irritado.

—Será que é por causa do encontro?

Mel deu de ombros.

Mas porque Albus estaria bravo por causa disso?... A não ser que Albus gostasse de Scorpius?

—Será que Albus gosta de Scorpius? E está com ciúmes do nosso encontro?

Mel não resistiu e deu um olhar de total descrédito para Rose.

—Por que eu acho que sabe de algo que não está me contando?

Rose viu Mel respirar fundo e virar o corpo totalmente para ela, como se fosse explicar para uma criança a forma correta de dizer uma palavra, mas antes que Mel conseguisse proferir qualquer frase a professora de poções olhou para as duas bravas.

—Senhorita Gordon por favor sente-se ao lado do senhor Malfoy. Senhor Zabine sente-se ao da Senhorita Weasley.

....

—Ela quer falar com você.

Scorpius ouviu Melanie falando após o fim da aula e tal como Albus disse ele ficou como um cachorrinho esperando todos saírem da sala.

—Por que Albus está bravo comigo?

Scorpius encarou a ruiva incrédulo. Sério? Albus é o melhor amigo dele desde sempre, os dois brigam pela primeira vez na vida e a pergunta dela é sobre ela?

—Eu estava enganado, Rose... você e o James se merecem.

Disse levantando-se irritado e saindo da sala.

Rose ficou para trás com uma expressão confusa e assustada. Não tinha entendido o que tinha feito para Albus e agora entendia menos ainda o que tinha feito para Scorpius e nossa como ele estava irritado, ela nunca o tinha visto assim. Na verdade, Scorpius era... era como uma calmaria. Não a calmaria antes de uma tempestade, era como aquela calmaria de fim de tarde na praia, com o pôr do sol e o mar, a presença dele causava em Rose essa sensação de paz.

...

Rose era inacreditável pensou Scorpius quando olhou o bilhete que ela mandara “Confirmado amanhã? 8am, no hall de entrada? ”.  O que mais doía ao ler aquele bilhete era saber que Albus tinha razão ele nunca teria a menor chance com Rose e o que mais lhe irritava era a incapacidade de negar os caprichos dela. Amargamente arrependido ele respondeu um simples “Sim” para a garota.

....

Muitas pessoas olhavam de soslaio quando Rose e Scorpius entraram no Três Vassouras pareciam surpresos pelo encontro ser de verdade e não apenas um dos vários boatos que rolavam pelo castelo.

Rose se sentia em qualquer lugar menos em um encontro. Seu “cumplice” estava totalmente displicente com o plano, mal trocaram algumas frases no caminho até o Três Vassouras. Em geral ela não se importava com o silêncio da companhia de Scorpius, pelo contrário achava confortável, mas aquele não era o silêncio normal, era frio, distante e irritado.

Pediram cervejas amanteigas e se sentaram ao fundo próximo a uma janela. Scorpius passou a maior parte do tempo olhando pela janela, as vezes olhava para Rose e parecia querer dizer alguma coisa, mas depois voltava a atenção para a janela.

A ruiva sentiu vontade de dizer que eles deviam aparentar estar em um encontro animado, mas alguma coisa no modo como Scorpius encarava a janela dizia que era uma péssima ideia. Então ela ficou ali o observando.

—O que você acha de mim?

Perguntou Scorpius rompendo o silêncio.

—Como assim o que acho de você?

—O que acha de mim? Você me considera um colega, um amigo, um garoto irritante ou um elfo doméstico?

Elfo doméstico? Rose encarou os olhos cinzentos de Scorpius sem entender o que ele queria com aquela pergunta.

Ponderou por algum tempo. O que ela achava de Scorpius? Nunca tinha parado para pensar sobre o papel que de fato Scorpius tinha na vida dela.

—Não sei. Nunca parei para analisar isso – Confessou – Gosto de pensar em você como um rival acadêmico, mas acho que somos mais que isso. Quer dizer... sei que não somos íntimos, mas somos próximos, certo? Eu acho... acho que se tivesse que fazer uma classificação das pessoas ao meu redor eu te colocaria como um amigo.

Scorpius deu um leve sorriso para Rose.

—Um amigo não tão íntimo, mas que eu sempre posso contar nos meus planos malucos.

Complementou animada, afinal tinha percebido esse pequeno elo entre os dois há poucos dias, mas o sorriso de Scorpius morreu.

—Então eu sou relevante na tua vida porque sou tão inteligente quanto e porque sempre concordo com teus planos?

—Sim, quer dizer não sei. Como eu disse isso não é algo que eu pense. Não é como se classificasse tudo e todos...eu te considero um amigo porque gosto da tua presença, até quando eu não noto a tua presença eu gosto.

—Você se importa comigo de alguma forma?

—É claro que me importo. Eu certamente não gostaria que nada de ruim acontecesse contigo.

Confessou Rose ainda sem entender Scorpius

—Se realmente se importa comigo porque ontem depois que percebeu que Albus e eu brigamos... você não perguntou como eu estava ou quando briguei com o Potter você não me perguntou se eu estava bem, sequer perguntou a minha versão dos fatos, simplesmente seguiu a vida possivelmente animada porque essa droga de plano estava dando certo?

Rose abriu a boca surpresa. Era por isso que ele estava irritado? Analisando seu comportamento com Scorpius percebeu que realmente estava sendo insensível com ele. E lembrou daquele garoto do primeiro que mentiu para toda turma sobre o medo dela.

—Eu... Desculpa, Scorpius. Não sei. Eu... Lembra do nosso primeiro ano? Do meu plano idiota de explorar a floresta proibida? Eu me borrei de medo, mas você parecia tão corajoso, tão animado para encontrar criaturas mágicas.... Durante os anos várias pessoas no castelo falaram da sua família para te atingir ou da tua personalidade meio estranha e nada disso parecia te atingir. Então eu meio que formei uma visão sobre você e nela você sempre é uma fortaleza.  Acho que fiz uma leitura completamente errada.

—Não sou uma fortaleza, Rose. Estou bem longe de ser. 

Scorpius voltou a atenção para a janela e Rose voltou a observá-lo.

Talvez aquele garotinho do primeiro ano estivesse tão assustado quanto ela. Talvez a atitude animada dela fosse um meio de deixa-la mais calma. Se isso fosse verdade o que isso dizia sobre a personalidade do Scorpius?

—Sinto que estou fazendo a leitura errada sobre você há muito tempo.

Declarou ela. Scorpius voltou a atenção para o rosto de Rose e encarou os olhos tão azuis dela.

—Acho que nós dois estamos.

A frase de Scorpius acendeu um alerta na cabeça de Rose. No dia anterior ele tinha dito que James e ela se mereciam. Se qualquer pessoa falasse aquilo seria algo positivo, mas ela sabia o que ele realmente achava de James.

—Acha que eu sou uma pessoa prepotente, egoísta e que se acha melhor que os outros?

—Estou começando a perceber que comigo você é exatamente assim.

Por algum motivo essa pequena frase foi como um corte profundo em seu peito.

—Eu iria perguntar o que você acha de mim, mas não sei se quero ouvir a resposta.

Confidenciou Rose.

Scorpius encarou os olhos azuis nos quais sempre quis se perder.

—Acho que eu não saberia responder. Talvez eu também tenha feito uma leitura errada sobre você.

Rose pensou em todos os planos que fizeram durante os anos que estavam em Hogwarts e percebeu que não podia perder Scorpius, por algum motivo a presença dele na vida dela era importante. Essa compreensão gerou um turbilhão de pensamentos e sentimentos.

Há alguns dias ele só o Scorpius, rival e quase amigo irritante, agora ele era Scorpius o amigo que ela não queria perder, embora sentisse que ele estivesse escapando pelos dedos.

—Isso é bom.

Scorpius a encarou sem entender.

—Em algum momento em todos esses anos que a gente se conhece nós fizemos interpretações equivocadas um do outro... então que bom que estamos aqui e podemos nos conhecer novamente.

Scorpius não sabia ao certo se aquilo era uma boa ideia.

—Ok. Eu começo – disse Rose quando percebeu o receio dele – Me chamo Rose Weasley. Amo quadribol, torço para as Harpias, sou péssima em cima de uma vassoura. Minha disciplina preferira é poções, possa ser absolutamente cega em relação as pessoas e tenho uma pequena tendência a planos geniais, ousados e completamente malucos.

O loiro sorriu.

—Sou Scorpius Malfoy. Não sou muito de esportes, adoro passar tempo ao ar livre ou na biblioteca, ainda não sei bem o que quero fazer, mas provavelmente alguma coisa que envolva trato de criaturas mágicas e não dizer não para ruivas com tendências a planos malucos.

Os dois sorriram um para o outro.

—Posso saber porque brigou com Albus? Ou nossa amizade ainda é recente?

—Se eu fizer uma pergunta promete que vai ser completamente sincera?

Perguntou Scorpius ignorando a pergunta dela. Rose assentiu.

—Está fazendo isso de recomeçar porque realmente quer isso ou porque é importante que o plano funcione?

Rose ficou surpresa com a pergunta. Ela realmente tinha estragado a imagem que ele tinha dela.

—Não pensei no plano em nenhum momento desde que começamos a conversar.

—Então... por que?

Rose respirou fundo. A verdade era que ela não sabia o porquê.

—Não sei. Achei que você tinha um tom de despedida e a ideia de não te ter na minha vida por algum motivo não é nem um pouco agradável.

Scorpius assentiu como se compreendesse o que ela queria dizer.

—Albus me disse umas verdades que eu negava para mim mesmo. Foi doloroso e de certo modo bom. Doloroso porque meu melhor amigo não acreditava que eu poderia conseguir uma coisa que eu sempre quis e bom porque me abriu os olhos para algo que eu sempre fingir não ver – que realmente é impossível que eu consiga esse algo.

—Talvez você não deva desistir, as vezes mudar a abordagem pode trazer resultados melhores.

—Falando assim você parece minha mãe. Ela é a rainha do “veja as coisas por uma nova perspectiva”.

—Ela parece muito inteligente. Como ela é?

Rose perguntou sem conter a curiosidade, não sabia quase nada sobre a mãe dele. Só sobre Draco Malfoy, mas não sabia se sua família era uma fonte confiável.

Scorpius sorriu involuntariamente ao pensar na mãe.

—Ela é incrível. Sério. Minha mãe tem uma coisa, não sei o que é... Estar perto dela é como... não sei explicar você simplesmente se sente em paz e com a sensação de que tudo vai dar certo.

Rose não percebeu mais estava com o rosto com o cotovelo apoiado na mesa a cabeça apoiada no pulso olhando-o com admiração.

—Ela se parece com você então.

Disse sem pensar.

—O que quer dizer com isso?

Rose sorriu sem jeito. Tentou formular a melhor forma de explicar a forma como ela se sentia na presença dele.

—Ontem quando eu te irritei ou te deixei mais irritado eu lembro que fiquei pensando o quão estranho era te vê irritado porque geralmente a sensação que você transmite é de calmaria, de fim de tarde na praia. Parece bem com a forma como descreveu sua mãe.

Scorpius a encarou por um longo período, mas o silêncio daquela vez era confortável.

—Meu pai parece ser completamente frio e bravo, mas na verdade é uma pessoa bem doce comigo e com a minha mãe. Ele sempre diz que aprendeu com a gente a amar. Meus avós são mais carrancudos, mas minha vó me mima bastante.

—Eu sabia que você era mimado.

Comentou Rose provocando o riso nele.

—Como é a sua família, Weasley?

—Um saco. O lado bom de ter família grande é que tem muitas pessoas então tudo que você faz de errado tem um impacto menor porque sempre tem alguém que também fez algo ruim, o lado ruim de ter uma família grande é ter uma família grande. Todo mundo está disputando a atenção de todo mundo o tempo todo, as vezes é irritante. Mas, meus avós maternos são o outro lado da moeda, visita-lo é como entrar em outra realidade. É tudo tão diferente e tão igual. Já pensou em ir para outra realidade?

—Por favor. Eu sou um rato de biblioteca. Estou sempre pensando em uma realidade alternativa em que na verdade eu sou um verdadeiro herói, nenhum pouco tímido e mais importante que fica com a garota no final da história.

—Você mudaria a personalidade para conquista uma garota? Numa noção romântica sobre o amor ela não deveria aceitar a tua personalidade real?

—Não é exatamente isso que está fazendo com James? Fingindo ser uma garota que não é para que ele te veja? A gente se molda de acordo com o que achamos que as pessoas querem. Não há nada de romântico no amor, Rose.

—Uau. Eu não esperava que fosse tão desacreditado no amor. Mas, James e eu somos diferentes.

—Em que exatamente?

—Primeiro eu não mudo minha personalidade perto dele, segundo o plano é só para que ele me veja de outra perspectiva, não vou me tornar uma nova pessoa.

—Você já se tornou. Essa é questão. Por exemplo. Nunca ajuda Albus com as atividades porque ele precisa aprender sozinho, mas se James estala os dedos pedindo ajuda sobre um assunto que nem mesmo é do seu ano você vira a noite na biblioteca e ele nem mesmo te ajuda. Odeia falta de responsabilidade ou pessoas que não respeitam o tempo alheio, eu já vi James te deixar esperando por eles por horas.... Você se molda para agradá-lo.

—Acha mesmo isso?

—Eu sei disso. Por isso que eu disse que esse plano não daria certo.

Rose analisou a sentença do garoto por algum tempo. Será que a relação dele com James era realmente daquele jeito?

—A coisa que Albus disse que nunca daria certo... é a garota que você gosta, não é?

Scorpius assentiu.

—Eu posso te ajudar a conquista-la. Se quiser nós podemos criar um plano...

O loiro gargalhou do outro lado da mesa.

—Estou falando sério!

Rose disse um pouco magoada com a risada que ele deu para ideia do plano. Planos malucos não era o elo que eles tinham em comum?

—Rose – Disse Scorpius em um tom sério – você não pode me ajudar. Porque a garota... a garota é.… é você. E nós dois sabemos que não existo plano infalível no mundo que faça você sentir qualquer coisa romântica sobre mim.

Rose perdeu a noção de quanto tempo ficou encarando Scorpius com a boca aberta. O olhar dele parecia tristonho, o que a fez perceber que não se tratava de uma brincadeira

“E nós dois sabemos que não existo plano infalível no mundo que faça você sentir qualquer coisa romântica sobre mim”

“E nós dois sabemos que não existo plano infalível no mundo que faça você sentir qualquer coisa romântica sobre mim”

—Eu não... eu não... eu estou – Rose soltou o ar e começou a massagear suas têmporas – eu definitivamente não esperava por isso... eu não tinha ideia.

Scorpius assentiu e levantou-se para sair. Rose segurou as mãos dele pela primeira vez.

—Por favor não vá.

—Está tudo bem Rose. Eu sabia que não era reciproco.

Rose o acompanhou com o olhar até que vê-lo passar pela porta dos Três Vassouras.

Era queria gritar que ele não podia saber se era ou não recíproco porque ela também não sabia. Mas, como poderia ser? Ok, eles se conheciam há muito tempo e nos últimos dias os sentimentos sobre Scorpius estavam se alterando (ou se revelando?).

Antes que pudesse concluir sua linha de pensamento James sentou na cadeira que antes estava ocupada por Scorpius. Rose tomou um susto, sequer tinha percebido a presença do primo no bar.

—Estou furioso. Simon Pollak venceu o bolão, disse que o encontro de vocês dois ia durar 3 horas. Apostei em 1 hora. Esperava mais de você, Ro.

Rose mal prestava atenção na enxurrada de informação que James contava. Era como se ele fosse uma voz no fundo de um salão.

—Então, podemos ir agora?

O moreno perguntou a tirando dos seus devaneios.

—Que?

—Você ia me ajudar...

—Eu tenho que achar Mel.

Disse saindo em direção a porta deixando um James confuso na mesa “Rose tinha acabado de dizer não? De novo? ”

...

Rose arrastou Melanie de volta para o castelo tão logo conseguiu tirá-la das garras de Michele Prout.

—Eu espero que seja realmente urgente, Rose!

Mas, a ruiva não a ouviu e seguiu na busca de um lugar completamente vazio. 

Quando chegaram na frente da Casa dos Gritos Rose contou a revelação mais bombástica do mundo para Melanie, mas a sua melhor amiga não parecia nenhum um pouco surpresa.

—Você sabia? Como...?

Mel observou o olhar de total confusão da amiga e lhe deu um olhar de compaixão.

—Eu tinha um palpite. Scorpius é tímido, geralmente ficar nos bastidores de toda ação, mas sempre que envolvia algum plano ele era o primeiro a fazer a acontecer... porque razão ele faria isso se não fosse para te agradar? E por que ele teria essa necessidade de te agradar? Eu só juntei um mais um.

—Era tão óbvio assim?

—Rose ninguém no castelo ficou surpreso com o fato de vocês irem a um encontro.

Comentou Mel, deixando claro que os sentimentos de Scorpius perceptível.

—Merlim! Como eu não percebi isso?

—Bom... sua atenção sempre esteve no James.

A menção ao primo fez Rose lembrar da descrição de Scorpius sobre os dois e se pegou perguntando:

—Acha que James me usa para conseguir boas notas?

—Eu acho que assim como Scorpius não sabia dizer não você fazia o mesmo com James.

—Mas, eu não me aproveitava disso... eu me aproveitava de Scorpius? Eu nem percebi que ele fazia parte dos meus planos até uns dias atrás e.… eu achava que isso era... Meu Deus eu sou muito estúpida! Quando percebi que Scorpius sempre aceitava meus planos eu achei que era porque ele gostava dos planos... que tínhamos um gosto em comum por planos malucos. Mas... será que de alguma forma eu me aproveitei dele?

—Uou. Calma, Rose. Eu acho que você precisa respirar um pouco.

—Eu não consigo... estou repensando toda minha relação com Scorpius. Eu não sei... estou completamente confusa e perdida, Mel!

Melanie ficou preocupada. Nas poucas vezes que via Rose perdida daquele jeito tinha matérias acumuladas envolvidas, o que não era o caso.

—Calma. Não acho que você tenha se aproveitado de Scorpius. Pelo menos não lembro de nenhuma vez que tenho feito algum plano que precisava necessariamente da presença dela, penso que a participação dele sempre tenha sido natural na tua visão.

—Estou completamente perdida. Ele me disse que era impossível que sentisse alguma coisa romântica sobre ele. Acredita nisso?

Rose disse chegando no ponto que realmente precisava conversar com alguém.

—E tem chances?

Melanie perguntou curiosa. Concordava com Scorpius, mas Rose estava demasiadamente abalada pela revelação e isso a deixou com o pé atrás.

—Não sei. Eu sinceramente não tenho a menor ideia. Primeiro eu pensei que não era mesmo recíproco porque eu gosto de James, sempre gostei. Mas, quanto mais eu penso mais perdida eu fico porque nos últimos dias eu tenho percebido cada vez como Scorpius está sempre presente na vida e no quanto eu gosto de estar na companhia dele, mesmo quando estamos em silêncio.

—Não é estranho que goste do silêncio dele? Que eu ache reconfortante? E isso me faz sentir coisas que eu não ao certo definir porque é como um... são como um tornado de sentimentos que jogou todas as minhas certezas para o alto. E aí ele diz que gosta de mim, que eu sou a garota que nunca vai ter, que eu sou insensível com ele e eu fico perdida porque sinto que o perdi, mas não quero perdê-lo.

—Não sei ao certo o que estou sentindo, mas tem uma voz martelando na minha cabeça desde o momento que começamos a conversa me advertindo que eu não posso deixa-lo ir. O que eu faço, Mel?

—Você precisa parar um pouco e respirar, Rose.

Disse Mel começando a ficar realmente preocupada com a amiga.

...

Duas semanas depois.

Scorpius estava fugindo de Rose há duas semanas, desde o dia que tinha sido estúpido o bastante para se declarar. Ele gostaria de pensar que tinha sido um belo gesto de coragem finalmente admitir os sentimentos pela garota, mas no fundo foi um conjunto de total desesperança, irritação e melancolia. A reação totalmente surpresa de Rose foi como uma facada em seu peito, ele sabia que ela não fazia ideia dos sentimentos, mas a surpresa dela foi mais que isso, foi como se fosse totalmente absurdo o fato dele sentir qualquer coisa romântica por ela, como se não fosse possível.

Pelo menos Albus e ele estavam bem. Nenhum ressentimento prevaleceu quando Albus colocou os olhos em Scorpius e percebeu que ele estava com o coração partido, que ele tinha finalmente confessado os sentimentos e recebido a resposta que no fundo sempre soube, mas como um bom apaixonado tinha se negado a ver.

Rose claramente não tinha aceitado muito bem o afastamento repentino de Scorpius e tinha procurado várias formas de conversar com ele, a ruiva sempre odiou deixar conversas pela metade.

Scorpius não queria vê-la, não conseguia encarar a garota nos olhos, não queria ver o olhar de pena ou de compaixão quando ela dissesse “eu não gosto de você desse jeito”. Era doloroso demais só a expressão que ela quando ele contou. Sabia que estava sendo covarde, mas ele nunca fingiu ser possuidor de uma grande coragem.

Mas, sentia uma enorme falta de Rose, de estar na presença dela. Era como uma grande estrela e ele era um dos astros que se pairavam na gravidade dele. Sentia falta de sorrir com elas de piadas que só os dois achavam divertidas, de fazer comentários sobre as aulas...

Ele não sabia o que era mais ridículo se esconder dela por todo o castelo ou sentir saudades dela, mesmo sabendo que ele não sentia o mesmo. Talvez, o que mais lhe infligisse dor era que os dois nunca mais poderiam ser simplesmente amigos. Sempre haveria um hipogrifo na sala quando eles estivessem juntos. E todas as conversas, as risadas ficariam perdidas em um limbo, guardadas em um canto da mente deles, com uma pequena anotação “todas as coisas que eu diria se estivéssemos bem”.

Não havia como fingir que estava tudo bem. E ele se odiava por isso, ele poderia guardar aquele sentimento para ele, já estava acostumado. Mas, agora ele tinha dito e nada mais seria como era antes e a incerta do que seria era agonizante...

Enquanto ele fugisse dela, enquanto eles não tivessem a conversa... nada estaria terminado para sempre e ele fingia se apegar isso, apesar da saudade de estar com ela.

Rose, é claro, não estava a par dos pensamentos de Scorpius e tentou ao máximo conversar, em um dia praticamente o encurralou em uma sala vazia do segundo andar, mas o loiro foi salvo por Albus que segurou a prima no corredor enquanto o loiro escapava.

—Deixe ele em paz, Rose.

Rose bufou frustrada. Scorpius estava sendo infantil.

—Albus, eu sei que você sabe que ele e eu temos coisas a acertar.

—Ele precisa de um tempo...

—Dei duas semanas para ele, Al.

Argumentou ela em um tom cansado.

—Scorpius é complicado... precisa de mais tempo. Quando ele tiver pronto garanto que vai te procurar.

Rose olhou os olhos verdes do primo. Sentiu vontade de dizer que não conseguia mais aguentar a incerta da relação dos dois, que queria esclarecer as coisas, queria voltar a conversar com Scorpius, mas não disse nada daquilo para Albus, apenas assentiu, deixando claro que esperaria o tempo de Scorpius.

—Albus.

Chamou ela quando o primo já estava saindo do corredor.

—Diga... diga a Scorpius que eu sinto falta dele.

Albus a olhou intrigado, mas saiu em silêncio. Será que ele tinha errado? Será que Rose tinha algum sentimento por Scorpius?

...

Um mês depois

Faltava duas semanas para o natal e Rose estava triste.

Ela finalmente tinha analisado completamente seus sentimentos e percebeu que gostava de Scorpius e que sentia isso há muito tempo. Mas, temia que era tarde demais.

Acontece que James sempre foi o herói de Rose, ele era mais velho, mais animado, mais ativo, parecia conhecer mais e saber mais e isso sempre a encantou. Mas, James odiava Scorpius, sempre se ria dos comportamentos estranhos dele e Rose sentiu que devia escolher um lado, escolheu James, eles se conheciam a mais tempo.

Mas, Scorpius sempre foi uma presença marcante na vida dela. Você pode negar um sentimento o quanto quiser, mas no fim das contas ele sempre vai existir e sempre vai procurar um meio de se revelar.

Em algum momento durante o tempo que passavam empenhando-se em fazer dar certos os planos infalíveis de Rose os sentimentos se fortaleceram e se aninharam em um canto do coração dela. Aguardando qualquer rebuliço para se mostrarem presentes.

Rose estava tão perdida em pensamentos que sequer notou o loiro que entrou na Sala em que ela estava. Ela se assustou quando sentiu a presença de mais alguém no local, mas sabia que era ele, somente os dois tinham conhecido de onde ficava as salas que um a pedra filosofal tinha sido escondida e fez o máximo de silêncio possível receando que ele fosse embora caso percebesse a presença dela.

Scorpius sabia que ela estava ali, tinha visto no mapa do maroto. Naquele mês ele tinha adquirido o hábito de sempre olhar no mapa para saber onde ela estava, mas a saudade de vê-la pessoalmente e de estar na presença dela tinha chegado ao nível insuportável.

Os dois ficaram em silêncio por um longo período. Um sentimento de nostalgia tomou conta de Rose... tinha esquecido como era confortável estar com Scorpius, mesmo em silêncio. Mas, logo a nostalgia se transformou em angústia, eles só teriam aquilo de agora em diante? Silêncio. O coração dela pesou e sentiu uma imensa vontade de chorar. Chorar por todas as coisas que eles nunca mais teriam, por todos os sorrisos que não iriam mais compartilhar...

—Será que algum dia você vai querer falar comigo novamente? Ou mesmo me olhar?

Perguntou segurando-se ao máximo para não chorar. Scorpius percebeu o tom embargado de choro. Antes que pudesse racionalizar seus atos se aproximou de Rose e abraçou. O gesto fez Rose soltar o choro que estava prendendo.

—Sinto sua falta, Scorpius.

Declarou em meio ao choro.

—Também sinto a sua falta, Rose. Muito. Mas, eu não... não consigo conversar sobre nós.

Rose limpou as lágrimas do rosto e se afastou de Scorpius, o suficiente para olhar nos olhos dele.

—Se isso não está fazendo bem para nenhum de nós dois, então por que continuar?

Scorpius a abraçou com mais força, desejando saber a resposta.

—Acha que existe alguma possibilidade de a gente esquecer aquele dia?

O loiro perguntou esperançoso. Ansiava em esquecer todo o pesadelo que a vida dele se tornou depois que tinha revelado seus sentimentos por Rose.

Rose virou o rosto para encarar Scorpius.

—Não sei se quero esquecer esse dia. Acho que foi um dia importante para nós, foi a primeira e única conversa profunda que já tivemos.

—Se ela não existisse eu não teria tanta vergonha em te encarar. O modo como eu... há muito tempo eu meio que tinha decidido deixar meus sentimentos só para mim, porque eu sempre soube que você não se sentia igual. É idiota, mas eu gosto de estar na sua presença e sabia que uma vez que eu revelasse nós perderíamos alguma coisa porque não é o tipo de coisa que possamos voltar atrás, não é?

—Naquele dia eu fiquei confusa. Eu nunca tinha pensado em você dessa forma – Scorpius encarou o chão, mas Rose gentilmente pegou no queixo dele e fez ele encará-la – eu nunca parei para pensar na gente, principalmente na hipótese de sermos um casala e quando você falou que eu era a garota... meio que fui forçada a pensar e eu percebi que... eu tinha muitos sentimentos por você e não conseguia decifrá-los...

—Não precisa fazer isso, Rose. De verdade. Eu entendo...

—Não. Não entende. Nós nos interpretamos errado, lembra? Você acha, e com razão, que eu te vejo como alguém que está sempre disposto para atender meus caprichos, mas para mim você nunca foi isso. Mas, nunca pensei em você como alguém que eu pudesse pedi qualquer coisa ou que faria qualquer coisa por mim e para mim. Eu não te via dessa forma.

Rose tinha planejado várias formas de explicar para Scorpius os seus sentimentos, mas a presença dele tão próximo dela era impactante. Ele tinha um cheiro tão bom e aqueles olhos cinzentos eram tão penetrantes...

Scorpius nunca esteve tanto tempo com o corpo tão próximo de Rose e isso estava enlouquecendo ele. Tentou com todas as forças prestar atenção ao longo discurso de fora que ela certamente tinha preparado, até tentou cortá-la em certo momento, mas não deu certo. O cheiro de Rose invadia suas narinas e a forma como ela o olhava causava pequenas arritmias cárdicas nele. Ele tentou se concentrar nas palavras, mas tudo que conseguiu foi se manter seus hormônios inertes.

Em um certo momento Rose respirou fundo e fechou os olhos e ele soube que aquele seria o fim do discurso, que as palavras que ele menos queria ouvir seriam proferidas pelos lábios que ele sempre quis beijar. Ele se deu o direito de desviar o olhar, não precisava relembrar daquela expressão nela, mal conseguia esquecer o da completa surpresa quando ele confessou os sentimentos.

Mas, ao contrário do que ele imaginava ela não disse nada e quando ele se deu conta os lábios estavam nos dele.

Scorpius tomou um susto quando sentiu os lábios de Rose e ficou por breves segundos paralisado, então sentiu seu corpo todo em chamas e nada mais importava. Não havia drama, não havia sentimentos não recíprocos, não exista vergonha, não exista nada... só ele e Rose em uma das salas mais escondidas de todo o castelo se beijando.

...

 

 


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