dilúculo escrita por aang


Capítulo 5
Entrando numa fria




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É segunda-feira.

E é claro, que dizer algo assim, é mais do que suficiente, para deixar óbvio que o dia começou horrível. Ninguém gosta das segundas-feiras, absolutamente ninguém. É um dia péssimo, ainda mais quando é o primeiro dia de aula na escola nova.

Felizmente caí na mesma turma de Sokka e Toph, isso, felizmente, diminuiu um pouco a minha ansiedade.

No momento, estamos numa dinâmica na aula do professor Iroh, um velhinho engraçado que entrou na sala com um bule de chá e começou a falar coisas filosóficas sobre a vida. Apenas depois descobrimos que ele leciona Filosofia e Sociologia.

O velhinho — muito fofo por sinal — pediu que escrevêssemos uma redação sobre o que nós esperamos sobre a vida, alguém perguntou: “No geral?”, e ele respondeu: “No que você conseguir pensar”. Ele é um pouco estranho. Mas todo mundo está concentrado na lição, então estou fazendo o mesmo.

— Encontraram a Yue esta noite, nos arredores da Singela Floresta Sangrenta, transando com Zuko.

Eu tiro os olhos da folha e olho para os três garotos sentados na fileira da minha direita. Estão tentando parecer concentrados na lição.

— Ele é tão sortudo! — diz o de cabelos laranja.

— Nem tão sortudo assim, cara. Os dois tomaram detenção antes mesmo das aulas começarem — completa o outro.

Viro meu olhar para o lado esquerdo, onde Sokka está sentando.

Ele desce e sobe os ombros, fazendo uma cara como quem diz: Eu não faço ideia do que eles estão falando.

Não consigo acreditar que meu colega de quarto barra amigo relâmpago barra novo melhor amigo, estava tentando me empurrar para um cara que na véspera da volta às aulas, foi dar uma na moita. É inacreditável. E é mais inacreditável ainda, eu estar — levemente — considerando estar com ciúmes de um cara desse.

— E então, crianças, já terminaram? — pergunta o professor Iroh, sorrindo. — Estou animado para ouvi-los lendo as suas redações aqui na frente. É uma ótima maneira de nos conhecermos.

O burburinho de vozes explode na sala.

— O quê?

— O senhor não falou sobre ler… Apenas sobre escrever.

— Nem fudendo, velhote. — Essa foi Toph, muito irritada, por sinal.

O professor sorri, ignorando todo o caos que está rolando na sala. Sinto que essa era a intenção dele. Não esperava nos conhecer a partir de nossas redações, mas sim de nossas reações. Eu sorrio. Ele me pega rindo e sorri também, como se tivesse percebido que descobri seu segredinho muito inteligente.

 

***

 

Pela manhã nós tivemos três aulas seguidas com o professor Iroh e duas com o professor Long Feng. Já pela tarde tivemos aula com o professor Roku — que insiste em ser chamado apenas de Roku, e com a professora Kyoshi — e ela é descolada, fala palavrão na sala e diz que não liga para nossa bagunça, pois está farta dos alunos.

Quando o sinal bateu às 17 horas em ponto, nós saímos da sala.

— Lembrem de ler a porra do texto sobre a A Segunda Guerra Mundial para debatermos na próxima aula — disse Kyoshi, enquanto eu saiamos da sala.

Estou me espreguiçando e alongando minha coluna quando Sokka passa o braço pelo meu braço direito e Toph faz o mesmo com meu braço esquerdo.

— Está na hora de conversarmos agora — diz ele.

— Sobre…?

— Sobre o que você ouviu de manhã, pateta. — Toph é tão meiga. — Não pense que não percebemos que na hora do almoço você fugiu da nossa mesa como o diabo foge da cruz.

— Zuko disse que é mentira.

— O quê?

— Para de se fazer, Aang — Sokka reclama.

— Gente! Eu não dou a mínima para o que o Zuko faz com uma garota pela noite no meio de uma floresta com nome estranho. Vocês estão fazendo isso parecer mais importante do que realmente é. Conheço Zuko há 3 dias, não é como se eu estivesse apaixonado por ele.

— Não está, sabemos — Toph fala. — Mas está interessado. Não negue.

— E decidiram ter uma amizade — Sokka completa.

— Não quero amizade com gente como ele — digo.

— Não seja tão puritano, você nem sabe o que aconteceu — Toph reclama.

— E nem quero. Vocês estão com fome? — pergunto. — Porque eu estou morrendo.

— Morta de fome.

— Estou com tanta fome que estou quase passando mal.

Solto uma risada.

— Então somos dois, Sokka. Então vamos. — Puxo os dois pelo corredor cheio de alunos e vou rumando para a área de alimentação.

— Aonde é que a gente vai?

— Vamos comer.

— Mas o jantar só é servido às 19 horas, Aang — Sokka diz.

— Vamos quebrar as regras — digo.

— É isso aí! — Toph grita. — Estava começando a achar que não iríamos nos divertir. Achei que você era certinho, Aang.

— Eu era certinho — digo. — Na outra escola…

Nós rimos.

Juntos caminhamos até a cozinha e disfarçadamente entramos, sorrateiros. E para nossa sorte a cozinha gigante da escola está vazia. Escutamos vozes vindo da dispensa, mas ninguém está nos vendo agora, então corremos para a parte dos pães. Seguro em um dos carrinhos cheios de comida em frente a uns pãezinhos e bolos embalados.

— Qual é o preferido de vocês?

Sokka aponta para um saquinho de donuts de chocolate.

— Aqueles ali.

— Eu sou cega, não sei se vocês notaram, manés. O que é que tem na nossa frente? — Toph reclama, e mesmo não a conhecendo tão bem ainda, sei que não está brava de verdade.

Pego o saquinho do carrinho e o abro. Pego um donut, enfio na boca, então pego outro e enfio na boca de Toph, antes de entregar o saco a ela.

— Meu favorito! — grita ela animada, tentando não se engasgar com a rosquinha que enfiei na boca dela.

— Vamos precisar de leite também — digo, com a boca cheia.

Eles riem animados.



Estamos sentados no chão da cozinha mesmo quando uma cozinheira, seguida por alguns ajudantes voltam da dispensa, puxando alguns carrinhos cheios de caixa de achocolatados. Quando nos vê ela revira os olhos.

— Alunos do primeiro ano. — Ela segura o nariz e respira devagar. — Nyla, vá chamar a diretora.

 

***

 

— Eu sei que esse é o primeiro ano de vocês na escola, mas é meio que óbvio que não pode invadir a cozinha! — fala a diretora. — Não posso deixar isso passar só porque vocês são novatos.

— A culpa foi do Aang! — Toph diz, enquanto estamos os três, sentados em frente à diretora.

— Toph! — reclama Sokka.

— Sim, diretora, a culpa é toda minha. Eu levei meus dois amigos até lá e os convenci a comer — digo, encarando a diretora.

Sokka me olha de cara feia e fala.

— Mentira, diretora. Fui eu.

— Eu não tive nada a ver. Sou apenas uma garota cega, fui arrastada até lá.

A diretora suspira.

— Estou falando sério. Eu posso ir agora? — pergunta Toph.

— Está bem, Toph, pode se retirar.

— E quanto a nós? — questiona Sokka.

— Detenção! — A voz da diretora sai firme. — Três dias ajudando na biblioteca da escola. Começando hoje depois do jantar. Das 19h40 até as 22h15. Dessa vez não vou avisar aos pais de vocês, mas na próxima…

É uma ameaça verdadeira e Sokka choraminga.

— Estão dispensados.

Nós levantamos e Toph está com um sorrisinho. Quando saímos da sala da diretora ela diz:

— A cartada da garotinha cega e indefesa sempre funciona para me livrar de entrar numa fria.

— Você é uma péssima namorada.

— E você me ama, benzinho.

Os dois começam a discutir e eu sorrio.

Detenção… Uau, estou mesmo vivendo coisas que nunca vivi na outra escola. O meu pai me mataria se soubesse disso. Mas acho que estou gostando disso de ser um adolescente normal.

Estou mesmo gostando.


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