Dança comigo ? escrita por kicaBh


Capítulo 1
Dança comigo ?


Notas iniciais do capítulo

Leia ao som de Frank Sinatra - I Had To Be You !



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Um brilho incomodava Jane nos últimos dias. Uma luz reluzente em um aro redondo, um objeto precioso para quem usava, mas para Jane a sensação era de estar no fundo do poço.

Lisbon estava noiva.

Noiva.

De Marcus Pike.

Eles comunicaram o fato radiantes, pelo menos Pike. Jane não conseguiu olhar para a face da colega. Um medo gigante de ver uma felicidade tão grande que ele não pudesse suportar.

Jane sabia que o romance deles estava durando. E em anos compartilhando uma profissão com Lisbon jamais viu ela tão envolvida. Mas não imaginava que sua amiga ficaria noiva e que Marcus Pike, ao ser promovido a Capital, levaria Teresa com ele. Em seu íntimo Jane esperava que este fato faria o romance dos agentes desmoronar e não que o agente do setor de artes colocasse esse aro brilhante na mão de sua amiga.

Desde então Jane nunca mais fitou os olhos de sua parceira. Ele resolveu se afastar dela e ficaria feliz pela felicidade deles. Se Lisbon percebeu, não falou com ele. E de sua parte, Jane preferia resolver os casos ou ir a campo com Kim ou Cho.

E Jane realmente achou que tudo daria certo. Mas esta semana uma movimentação diferente cravou uma estaca em seu coração, Lisbon estava procurando casas na Capital.

Ele não ia se aproximar dela, ou de sua tela de computador. Iria sair antes dela chegar ao FBI e encontrar Cho no local do crime. Infelizmente, mesmo sendo tão cedo, Teresa estava em sua mesa, concentrada.

Jane pensou em dar meia volta, mas a amiga o chamou e ele não pode recusar. Foi sem querer que ele olhou a tela dela onde várias fotos de casas em Washington. Ele não quis ler o filtro onde dizia ser indispensável 3 quartos.

Para Jane, foi a gota d’água.

Teresa fechou a tela, disse que a muito eles não saiam para o campo, mas Jane desconversou e, alegando um compromisso inadiável, deixou a amiga sozinha e foi até a sala de Abbott.

Estou saindo do FBI. Jane soltou de imediato, surpreso pelo tremor na sua voz.

Como ? foi a pergunta que seu chefe fez a ele.

Estou saindo, resolvi que preciso seguir minha vida

O olhar de Abbott para ele não dizia muito, mas Jane sabia que seu chefe não aceitaria tão facilmente seu desligamento.

Abbott o lembrou do acordo onde Jane teria que trabalhar para o FBI até pagar sua dívida com a sociedade por ter matado Red John. Vingança não é permitido pela constituição americana. 

Jane tentou argumentar, mas Abbott não permitiu, dizendo que o Consultor possivelmente estava cansado e precisava de umas férias. Que ele tinha uma missão para ele, Jane, o representar.

Lembra do caso Fergunson? Seatle ficou muito feliz com o resultado que alcançamos aqui em Austin e nossa divisão  está sendo homenageada na Câmara dos Lordes e eu não poderei comparecer à cerimônia. Eles precisam de um representante.

Jane pensou em recusar, mas Abbott o convenceu que uns dias fora fariam bem. Ele aliviaria a cabeça e pensaria na vida.

Infelizmente um agente terá que te acompanhar, Jane. Não posso ser acusado de facilitar sua fuga, eu estaria em maus lençóis . Abbott sorriu.

Você nunca facilitaria minha saída! Patrick foi direto.

Nunca. Abbott sorriu e Jane não conseguiu identificar se era um sorriso de triunfo ou preocupação, mas de certa forma agradecia ao chefe por retirá-lo da cidade por uns dias. Por deixa-lo longe de Teresa e sua aliança reluzente.

Dias depois

Jane já estava sendo no avião, distraído e receoso. Abbott havia dito que um agente o acompanharia, não mencionando quem e Jane suspeitava que alguém neste voo o vigiava de longe.

Ele não tentaria fugir, viver na ilha sul americana foi uma coisa boa, mas ele não gostaria de repetir a experiencia. O que ele realmente gostaria era de se desligar oficialmente do FBI, ser um homem livre e seguir a vida.

Talvez voltasse para o circo, Sam e Pete eram bons amigos, teriam algo para ele. Não era muito honesto, mas era dinâmico.

Ele sentiria falta de Lisbon, mas logo ela e Marcus Pike teriam filhos e a vida ganharia outras prioridades. Jane tentava ignorar seu coração nesta história toda. Ele sabia que era covardia, mas seu coração não conseguiria se entregar novamente. O medo da perda era maior do que toda a vontade de estar com uma mulher de novo.

Não qualquer mulher. Quando Kim se aproximou naquela ilha ele percebeu que a falta que Teresa fazia não era apenas como amiga. Amor era o que ele sentia, embora não conseguisse mais se relacionar.

Jane ? Finalmente te encontrei. Uma Teresa Lisbon ofegante apareceu em sua frente. Abbott me deu o horário errado do voo e eu tive que correr até aqui, senão o perderia.

É você ? O Agente que vai comigo é você ? Ele não estava surpreso, na verdade, se tivesse percebido Abbott com mais atenção, saberia que seu chefe faria isso.

Sim, Abbott não te contou ? Teresa de certa forma não estava surpresa. Seu chefe cercou tudo de mistério, dizendo apenas que Jane andava macambuzio e ele temia que ele tentasse fugir estando em longe deles. E que somente por Lisbon ele não iria embora porque isso mancharia a carreira dela. Teresa pensou em discordar, mas ela sabia que era verdade. No fundo, Jane não iria fazer algo que pudesse comprometê-la. Ela até sentia que ele ficou distante desde seu noivado e acreditava que o chefe quisesse apenas que eles fizessem as pazes, mas poderia ser que Denis Abbott quisesse que Jane continuasse a resolver casos.

Quem não foi tão compreensivo foi Marcus Pike. Mesmo com educação Teresa percebeu que o noivo se sentiu inseguro, ele as vezes duvidava que ela e Jane eram apenas amigos. E ela não discutiria isso com ele, porque Teresa sabia que, Deus a perdoasse, ela não fazia ideia de qual reação teria caso Jane algum dia na vida quisesse algo mais com ela.

Ela e Jane foram amigos, confidentes e ela entendeu a sua dor. E por isso mesmo ela sabia que ele não teria coragem suficiente para amar de novo, não quando seu coração se partiu daquela maneira quando Red John destruiu sua família.

E Teresa acostumou-se com a ideia de que nunca poderia ter o amigo como um namorado, um romance. Por isso resolveu dar uma chance ao agente que se interessou por ela. Não esperava que fosse durar tanto e ser tão sério, mas era muito boa a sensação de sonhar com uma família sua. Mesmo que perdesse Jane nesse caminho. Teresa sabia que o amigo não iria ficar no FBI muito tempo sem ela por perto, mas ela já havia disposto de muito em sua vida por causa de Jane, era o momento de seguir em frente, com ou sem ele.

Acho que Abbott realmente pensou que eu não voltaria. Jane sorriu e lembrou das palavras do seu chefe quando Lisbon sorriu calorosamente de volta para ele.  E Jane realmente se surpreendeu com a veia de cupido do seu chefe.

O voo seguia tranquilo, poucas turbulência e Jane e Lisbon apenas mantinham conversas tranquilas. Jane acabou se sentindo bobo por se afastar da colega nos últimos dias. Sentados aqui lado a lado nem mesmo o brilho do anel dela o incomodava.

Você andou distante. Lisbon falou enquanto comia o lanche ruim que era servido pela companhia aérea.

Me desculpe, eu estava resolvendo as coisas. Jane sorriu sem graça, entregando para ela o pedaço de sua panqueca de banana, que ele detestou.

E resolveu? Lisbon sorriu.

Nem de longe. Jane sorriu de volta.

Teresa perguntou a Jane o que o afligia, mas o loirinho não conseguiu responder. Não com ela e seus olhos verdes insistentes e tão próximos a ele. Não havia como dizer a ela que o que o afligia era ela e seu noivado e sua mudança.

Que ele, Jane, não poderia ficar com ela. Nem poderia viver sem ela.

Pensando em fugir novamente ?

Não, viver como foragido não foi uma experiencia tão gratificante. E não se preocupe, eu jamais fugiria com você aqui, Lisbon.

Abbott não exigiu minha presença à toa, Jane.

Era possível, Jane pensou. Ou realmente era uma última chance para Jane estar com Lisbon antes dela ir para a capital e ele deixar o FBI.

Abbott me super estima, você sabe. Com toda aquela tecnologia e pessoal todos os casos seriam resolvidos.

Mas como você é bem mais divertido.

Então porque está indo embora, Teresa ?

E ela não respondeu, porque a resposta poderia assustar a ambos. A verdade é que Teresa partia com Marcus Pike porque Patrick Jane havia definido uma vida celibatária para si, ou pelo menos era o que parecia. A mulher que Lisbon soube que ele se envolveu, que foi Lorelei, o motivo foi apenas pegar Red John. Sentimentos eram algo secundário para Jane e Lisbon queria viver uma vida completa, com marido, quem sabe filhos. 

Jane também não insistiu na resposta, sabendo que somente ele poderia impedir a partida de sua companheira de trabalho. E isso o impactava de tantas formas que ficava difícil descobrir como começar.

Para Jane talvez fosse mais fácil sair do FBI e seguir uma vida nômade, muito mais fácil do que encarar o sentimento por Teresa e se lançar ao desconhecido de uma vida ao lado dela.

Era antagônico que seu coração parecesse se despedaçar por ela ir embora, mas também parecesse partir em mil pedaços se se rendesse ao que sentia por ela.

Na dúvida, ele preferia não fazer nada.

Mas a verve cupido de seu chefe as vezes o colocava em enrascadas, como agora, num voo simples e direto, quando ele e Teresa apenas teriam uma noite, um jantar de gala, para estarem perto sem ninguém para atrapalhar.

SEATLE

Patrick Jane se viu sozinho na cidade quando sua parceira partiu para fazer cabelo e maquiagem. A chuva frequente da cidade foi diminuindo ele foi dar uma volta.

Seria tão simples fugir, ele pensou. Ele simplesmente sumiria, se juntaria a Pete e Samantha novamente e eles o esconderiam. Ele rodaria pelo país, inventaria algum número e seria feliz.

Não fosse pela mulher no hotel. Jane não poderia fazer isso, não com Teresa. Ele nunca quis que ela tivesse uma mancha na carreira, sendo causada por ele ou não. Tudo bem que ele a colocou em situações muito difíceis anteriormente, mas ele nunca deixou de salvar a pele dela nestas ocasiões.

Abbott , seu desgraçado. Jane quase disse em voz alta, maldizendo o chefe que o colocou na situação de hoje.

Ainda xingando o chefe Jane voltou ao hotel. Era hora dele mesmo tomar um banho e colocar o bonito terno que Abbott exigiu que ele alugasse. Uma marca famosa, o chefe fez questão.

Cachorro, Jane xingava ao se olhar no espelho. Ele estava um homem bonito, charmoso. O terno caia bem nele, o azul marinho contrastava com seus olhos verdes, iluminando-os. A barba por fazer foi proposital, ele achava que ficava com um ar misterioso dessa forma.

Ele pingou as gotas do perfume comprado a muito tempo atrás na ilha de seu exílio e sorriu. Quando a vendedora local lhe deu para provar as gotas disse que a árvore que cedia o odor possuía as folhas mais verdes que se tem notícia. Eram verdes esmeraldas, ela disse. E Jane sorriu, desacreditando na vendedora mas descobrindo que seria impossível não se lembrar da parceira. Ele possuía olhos verdes claros, mas de Lisbon eram verdes esmeraldas. Os mais bonitos que ele já viu.

Já estou saindo, Jane. Teresa Lisbon respondeu ao toque dele na porta do quarto. A voz abafada dela indicava que ela estava longe da porta, possivelmente terminando de se arrumar, ele concluiu.

Quando ela abriu a porta do quarto do hotel Jane ficou paralisado.

Uau. Ele não conseguiu pensar em nenhuma palavra para dizer além disso.

Teresa usava um vestido longo, vermelho muito escuro. Na frente era um vestido comum, praticamente sem decote, apenas um pequeno V identificando os seios de Lisbon. Os brincos eram discretos, assim como a maquiagem. Apenas um batom vermelho vibrante lembrava que a mulher em questão estava maquiada. Ah, sim, a base que devia esconder as sardas dela também. Para terminar o look Lisbon tinha uma echarpe preta e fina sobre os ombros, serviam para cobrir as costas de Teresa , onde o vestido era apenas um tule transparente que deixava a pele de sua parceira exposta.

Teresa sorriu de volta, agradeceu e disse que ele também estava bonito.

E Jane brincou dizendo que todos os homens parecem pinguins quando estão vestidos de gala.

— SALAO DA CAMARA DOS LORDES

 A Câmara dos Lordes era um salão estilo vitoriano. Belíssimo, na opinião de Jane. A decoração em dourado lembrava os salões franceses, embora ele nunca tenha estado em Paris.

A mulher que o acompanha também estava belíssima, o que o colocava em sérios problemas.

Ele e Lisbon foram conduzidos a uma mesa no lado sul do salão, ao lado dos diretores do FBI de Seatle. Realmente Abbott não mentiu quando disse que eles haviam ficado impressionados com a forma como Jane resolveu o caso Fergunson.

Os agentes ficaram satisfeitos com a presença de Jane no jantar e agora ele e Lisbon estavam relaxados o suficiente para travarem uma conversa amigável com o gigante diretor da unidade da cidade. Durante o caso o Diretor Skinner parecia alguém pouco dado a brincadeiras, mas aqui, neste ambiente informal, descobria-se que ele era um ótimo contador de histórias.

No momento ele questionava Jane sobre a ideia usada para pegar o culpado.

— Foi apenas um truque simples de circo. Algo que as crianças veem o tempo todo, mas esquecemos dessas brincadeiras quando adultos. Jane explicava a Sam Skinner. O bandido havia fugido para Austin e Jane o capturou usando bolhas de sabão e ilusionismo.

Foi realmente brilhante, sr Jane. A agente Lisbon tem muita sorte de trabalhar a tanto tempo com o senhor. Nós ficaríamos honrados em tê-lo aqui nos ajudando com alguns casos emperrados.

Jane sorriu em agradecimento e sentiu que Lisbon se sentia orgulhosa pelo elogio dirigido a ele. Isso era algo que ele nunca entenderia, mesmo testando a paciência desta mulher por tanto tempo, ela sempre se orgulhava do profissional que ele era.

Oh, não, meu objetivo já foi alcançado. Eu não pretendo caçar bandidos para a vida toda. Eu penso sair em breve, inclusive já falei com Abbott sobre isso e estamos praticamente acertados. Jane respondeu sem parar para pensar na reação da parceira.

Jura, Sr Jane. Seria uma grande perda para a divisão de Austin. Não acha Agente Lisbon ? Sam Skinner questionou surpreso.

Lisbon estava paralisada. Jane iria sair ? Em breve? Então era por isso que Abbott a enviou hoje? Ela não sabia como responder e diante da demora em falar qualquer coisa, Jane interviu.

Ela não sentiria tanto. Está de mudança para a capital. Jane respondeu por ela.

E Lisbon voltou a si, concordando com Jane, dizendo que estava pensando em se transferir para a capital. Não entrou nas minucias, sequer mencionou que seria transferida com seu noivo. Não achou necessário. Apenas concordou com o diretor Skinner que a saída de Jane seria uma grande perda para o FBI, que ela também achava que ele nasceu para fazer este serviço.

Sentindo a tensão da parceira, Jane resolveu quebrar o clima e quando ouviu os primeiros acordes de I Had To Be You chamou a parceira para uma dança.

Ele sabia que se estivessem apenas os dois na mesa Teresa teria recusado e possivelmente ido embora, o largando sozinho, brava por ele não contar a ela de sua decisão. Mas Lisbon era muito educada para isso e, cedendo sua mão ao parceiro, aceitou a oferta da dança rezando para que a noite terminasse logo e ela pudesse perguntar a ele o que ele quer fazer da própria vida.

O cantor emulava um Frank Sinatra nos versos que compunham a bonita canção It had to be you, it had to be you I wandered around, and finally found the somebody who Could make me be true

Que curioso, pensou Jane, a canção casava exatamente com o que ele pensava da mulher em seus braços. Por mais que negasse, ele cederia a qualquer vontade dela.

Ele passou os braços ao redor de Teresa Lisbon, a echarpe preta dela ficou por cima de sua mão, e Jane tocou a pele de Lisbon por sobre o pano fino do vestido.

Ambos arrepiaram.

Jane não retirou a mão ou a colocou sobre a echarpe, ao contrário, ele deixou que seus dedos sentissem a textura da pele da parceira e a puxou para mais perto ainda, deixando que alguns fios de cabelo dela tocassem suas narinas e o perfume suave que ela usava invadissem seus sentidos.

A respiração da Lisbon era curta e Jane não sabia se ela estava nervosa, brava ou excitada. Ele apenas sentia o ar saindo da boca dela e tocando sua orelha. Ele não ousou olhar para ela, preferiu se balançar ao som da canção e fechar os olhos para curtir o momento. 

Lisbon queria questionar Jane, mas ela não conseguia falar absolutamente nada porque ele simplesmente mantinha pressionada a mão quente sobre as costas dela. E o perfume de folha de árvore dele invadia seus sentidos e a ponta dos dedos dela iam de encontro ao cabelo macio que ele possuía. A música soava pelo salão e tudo que ela conseguiu fazer foi sentir a vibração e se aconchegar nele, fechando os olhos.

Uma mágica se deu, porque ambos não pensaram em absolutamente nada. Sequer ouviram os sons ao redor, exceto pelos versos melódicos da canção.... I wandered around, and finally found the somebody who

Jane e Lisbon se permitiram viver aquele momento , sendo levados pela presença um do outro. O calor dos corpos, o cheiro que estava além do perfume que usavam, tudo isso contribuía para a deliciosa sensação de ambos de estarem no lugar certo, com a pessoa certa.

A música terminou cedo demais na opinião de Jane. Eles não se afastaram e Jane tomou coragem para olhar para ela. Os olhos verdes esmeraldas o fitavam e ela era indecifrável para ele neste momento. Ele mesmo não se reconhecia, seu coração parecia querer sair pela boca enquanto ele permitia que seu nariz tocasse o da parceira.

Se era possível, Jane conseguiu puxar Lisbon ainda mais para perto dele, a prendendo com medo de que ela fugisse. Os rostos cada vez mais próximos. Jane sentiu os dedos da parceira em sua barba rala, tocando-o como se testasse até onde poderiam ir. E ele sabia que iria acabar cedendo ao desejo de beijar a parceira, não fossem interrompidos por um discurso :

E neste momento gostaríamos de agradecer a todos os presentes pela imensa colaboração a esta cidade.

Palmas foram ouvidas e Lisbon se assustou por ainda estar no meio do salão, colada ao seu parceiro, perdida no olhar dele e sentindo os pelos de sua barba entre os dedos.

Ela se afastou rapidamente e acompanhou as palmas.

O discurso continuou com todos os presentes e após todas as apresentações e honrarias, inclusive para Jane e sua solução não convencional de casos, o que fez com que Jane subisse ao palco para receber uma salva de palmas especial.

Ele agradeceu gentilmente, dizendo que sem a equipe que acreditava nele e em suas teorias, e pela paciência da Agente Lisbon ali presente, nada daria certo para ele. Então Jane iria descer do palco quando o cerimonial pediu que ele escolhesse a próxima canção, o que ele fez prontamente.

Lisbon olhou surpresa da banda para Jane quando os acordes de More Than Words começaram. E Jane abriu seu melhor sorriso enquanto a conduzia para uma nova dança.

Dessa vez ela conseguiu dizer alguma coisa quando ele a colocou em seus braços.

Jane, você se lembra.

Palácio da memória, esqueceu ? Ele falou apontando o dedo para a própria cabeça. Você adora essa música.

Sim, sim. Eu adoro.

A canção seguiu suave, as notas melódicas e a letra romântica embalavam Jane e Lisbon mais uma vez. A primeira vez que dançaram essa música foi a anos atrás, ambos se lembraram.

Um caso envolvendo um reencontro de uma turma do ensino médio e no final, quando a canção tocou, Jane percebeu os olhos sonhadores de Lisbon. Naquele dia ele apenas a chamou para dançar por amizade. Pura e genuína amizade. Ele gostava muito dela e já era muito grato por ela ter ajudado a ele num momento difícil.

Hoje era outro momento para ambos. E eles estavam longe de tudo e todos e havia muito entre eles.

Ambos queriam negar a atração, mas era impossível. Longe de Austin, sozinhos neste salão onde ninguém se importava com eles, ou com o que eles faziam, não havia motivo para resistir.

Lisbon deixou que ele a colocasse bem perto e passasse novamente a mão por suas costas e se aproximou novamente dele. Ela tinha consciência de que poderia ser um erro, mas não fugiria.

Já Jane entendeu completamente o que Abbott jogava em sua cara nos últimos tempos e ele negava, ou fingia não entender. Ele amava a mulher aconchegada em seus braços, a queria pra si e nada mais importava.

Sair ? do FBI ? Lisbon disse suave, longe da raiva que deveria sentir, enquanto se balançavam ao som da música. Ela tinha a cabeça descansando nos ombros de Jane, como da primeira vez.

Sim. Jane a apertou.

Porque ? Ela ousou olhar para o parceiro. Jane a fitava intensamente, pensando em quanto poderia se entregar naquele momento. Se era melhor jogar todas as cartas na mesa ou simplesmente sair a francesa.

Porque não posso perder você, Teresa. Patrick Jane se assustou com a sinceridade com que estas palavras foram ditas. E isso o assustava até os ossos.

Curiosamente Teresa não parecia assustada com a declaração, a música ainda tocava e ela simplesmente se aconchegou mais ainda nele.

Então porque está perdendo?  Lisbon falou baixinho e Jane parou de dançar, olhando fixamente para ela.

E Teresa Lisbon sorriu para Patrick Jane. E ele simplesmente entrou em pânico. O salão estava pouco iluminado, seus ouvidos bloquearam as palavras da canção e ele simplesmente olhou para sua parceira. O coração estava disparado, ele sentia que as mãos estavam frias e suadas e o mais curioso, Teresa Lisbon simplesmente sorria para ele, calma e serena, como sempre foi a vida toda.

E ele se sentia um tremendo covarde neste momento por não tomar a mulher para si. O medo de perdê-la ou de tê-la eram do mesmo tamanho. E admitir qualquer um dos 2 soava terrível para Jane.

A sorte é que Lisbon não estava em pânico como ele. De certa forma, Lisbon sabia que era preciso tomar uma decisão. E por isso foi ela quem juntou os lábios aos dele e se permitiu confirmar que Patrick Jane era o homem que ela desejava para si.

Foi um beijo suave, a meia luz num salão cheio. Um roçar suave de lábios e línguas que se descobriam. Havia uma mistura de gostos de whiskies e champagne e um sabor que era único, algo que fazia ambos terem a vontade de experimentar muitas e muitas vezes.

Era um beijo de reconhecimento, um beijo de decisão para Lisbon. Em sua cabeça ela sabia que não poderia ficar longe deste homem, mesmo que ele parecesse bastante assustado diante dela. 

O beijo terminou tão suave quanto começou e Jane não soltou o aperto de seus braços ao redor dela. Pensando no que fazer, no que dizer. Outra musica começou e ele também não retornou a dança, ao contrário, abraçou sua parceira enquanto a banda tocava algo que ele mal distinguia.

Lisbon tampouco falou alguma coisa. Uma certeza de estar fazendo a coisa certa, com a pessoa certa e estar no lugar certo a invadiu e ela se sentia calma e em paz consigo mesmo como a muito tempo não acontecia. Ela retribuiu o abraço do homem que ela queria estar e deixou o momento acontecer.

Eu amo você, Teresa. Jane sussurrou no ouvido dela, beijando suavemente a orelha de sua parceira, inspirando o cheiro dela.

Eu... também sinto o mesmo. Lisbon corou, perdendo a coragem de admitir que o amava com as mesmas palavras. Mas ele sabia, tinha que saber, tudo que aconteceu aqui não deixava dúvidas.

Então Washington só na lua de mel comigo ! Jane afirmou e beijou devidamente sua parceira, que ele sabia, vencido alguns obstáculos, seria sua esposa.

F I M


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Notas finais do capítulo

obrigada por lerem



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