Contrato de Casamento escrita por Emmy Alden


Capítulo 44
Quarenta e Quatro


Notas iniciais do capítulo

boa noite, amores!! espero que gostem do cap!!



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"The lingering question kept me up

2 AM, who do you love?

I wonder 'til I'm wide awake"

(Enchanted)

 

SEBASTIAN

Então o encontro de Olivia iria mesmo acontecer naquela noite.

Eu não estava surpreso. Embora parte de mim ainda esperasse que fosse...

O quê? Esperava que fosse o quê?

Mentira?

Algo que Olivia estava fazendo para arrancar alguma reação de mim?

Por que ela faria isso?

"Porque ela está apaixonada por você! Porque a cada dia eu vejo ela se apaixonando um pouquinho mais..."

Inspirei profundamente, tentando controlar meu coração disparado.

De alguma maneira, ao ver Mathias se aproximando, era óbvio que ele seria alguém que Patricia escolheria para a amiga.

Ou melhor, alguém que Olivia escolheria para um encontro.

O jeito que ele a olhava— como tinha olhado o dia inteiro — acendeu algo na minha mente.

O que quer que eles tenham sentido um pelo outro no passado, ainda era real para aquele cara.

Estava bem cristalino no seu rosto.

A reverência quase patética com que a observava. O pingo de esperança ao ver ela assentindo enquanto ele perguntava se eles se veriam mais tarde... Aquilo embrulhava meu estômago.

— Sebastian! — A voz da amiga de Olivia cortou meus pensamentos. — Que tal a gente ir pegar umas bebidas mais legais para a nossa mesa?

Pisquei.

Mathias já tinha voltado para sua família e eu provavelmente havia ficado os últimos minutos olhando para o nada. Provavelmente com uma cara de quem estava sofrendo de uma dor de barriga horrorosa.

Patricia estalou os dedos na minha frente e eu me ajustei no presente:

— Hm, claro. — murmurei, enquanto Olivia e Hunter olhavam para nossa interação com expressões suspeitas.

— Não dê muito espaço para essa folgada. — Olivia segurou meu pulso quando fiz menção de levantar. — Se você odeia que eu fique te ordenando a torto e a direito, saiba que Patty é mil vezes pior.

Analisei o sorriso de canto que agora parecia permanente em seu rosto.

Ela parecia radiante depois da breve interação com o antigo amor. Com a ideia de se reunir com ele novamente.

Desviei o olhar do seu rosto e disse, tentando manter uma expressão divertida:

— Acho que estou começando a perceber isso.

Ela soltou meu braço e fui seguindo Patricia que murmurava alguma coisa sobre mim.

Pelo visto, todas as celebrações eram colaborativas por ali e, naquela noite, tudo era de graça.

Como uma festa de família em um nível astronômico.

Uma grande mesa (grande de um jeito que eu nunca tinha visto) estava repleta de comidas e petiscos e localizada em um dos cantos do salão. Ao lado dela havia um freezer também enorme e um balcãozinho onde alguém havia se proposto a fazer drinks mais elaborados.

Deus realmente estava abençoando aqueles caipiras. O que eles tinham ali? Petróleo?

Continuei sendo guiado por Patty e sabia que ela não me levou ali por bebidas, mas segui a deixa enquanto ela esperava para fazer o pedido que Hunter e Olivia tinham escolhido.

— E então?

Virei na direção dela, que já me encarava com sobrancelhas arqueadas.

Ela era alguns centímetros mais baixa do que Olivia e muitos centímetros mais baixa do que eu. Ainda assim Patricia parecia ser alguém que me imobilizaria em um milissegundo, bastava eu falar algo errado.

— E então o quê?

— O que achou dele?

— Nada contra. Nem a favor. Quer dizer, não conheço o cara...

A mulher meio que bufou, meio que deu uma risada.

— Também não conhecia nenhum dos outros que sugeri há cinco minutos, mas fez questão de deixar sua opinião bem clara.

Dei de ombros.

— Eles eram tão ruins que não precisei nem conhecê-los.

— Então acha que fiz uma boa escolha para...— Ela fez uma pausa, evitando falar nomes. —...essa noite?

Respondi quase num resmungo:

— Pelo modo como ela parece prestes a sair girando pelo salão e ele mal pode esperar para entrar sob o seu vestido, diria que foi uma ótima escolha. — Patricia me encarava com um olhar questionador. — O que foi? Ele parece perfeitinho para ela, não era isso que você queria?

— Por que você não admite logo? — Andamos um pouco na fila.

— Admitir o quê?

— Que está com ciúmes. É ridículo fingir que não está.

Dei uma risada sem humor.

— Não estou com ciúmes. — Abaixei a voz novamente. — Por que eu estaria com ciúmes? Ela é minha amiga, estou...feliz por estar seguindo em frente depois daquele traste que chamou de noivo um dia.

As palavras saíam com certa dificuldade e involuntariamente me vi olhando por cima do ombro, na direção exata onde Olivia estava.

Hunter contava algo para ela, que ria de maneira contida. Seu rosto estava corado de controlar o riso, parte do cabelo caía sobre os ombros e...

Aquele aperto no meu peito era a coisa mais injusta da face da Terra. Injusto com Olivia.

Injusto com a minha consciência.

Injusto para caralho.

— Você não poderia ter feito uma escolha melhor, Patricia. — Encarei-a com um sorriso nada espontâneo. —Você é uma ótima amiga para Olivia...e eu definitivamente não sou o que você procura.

A melhor amiga de Sartori ainda me encarava em silêncio. Só parou quando chegou nossa vez de fazer o pedido.

Esperava que ela soltasse um "ahá, eu sabia". Porém, Patricia não parecia ser o tipo de pessoa que se gabava da sua percepção, ela agia em cima dela.

Quando estávamos fazendo o caminho de volta, ela parou e disse, de repente:

— Você tem razão, Sebastian. Olivia não precisa de alguém covarde. Não de novo. Alguém que não consegue nem mesmo admitir o que sente para si mesmo.

Suspirei, voltando a andar e ela levou dois segundos a mais do que o necessário para me acompanhar.

— A quanto tempo você finge que não gosta dela? — Patricia disse ao meu lado e eu parei encarando-a.

Algumas pessoas em volta se viraram para nos observar por um instante e perderam o interesse no seguinte.

Mesmo assim abaixei a minha voz:

— Não sei do que você está falando.

Patricia me deu um sorriso que qualquer um fora da conversa não imaginaria que suas palavras eram:

— Você é um mentiroso do cacete.

Sorri para ela também, mantendo a cena.

— Obrigado.

— Consegue ficar feliz, consegue se contentar apenas com esse arranjo louco entre vocês dois... — Senti meu maxilar se tensionar involuntariamente. — Por Deus, você aceitou isso de bom grado mesmo, não foi?

— Se você acha que por um segundo, eu planejei todo esse circo você está muito enganada. Deixe-me te lembrar que foi sua amiga que me arrastou para isso.

— Ela pode ter te arrastado, mas não tem como você agir do jeito que age com ela e me dizer que passou os últimos 5 anos sem suportá-la.

Bufei.

Não adiantava discutir com aquela garota. Eu não queria, nem iria discutir com Patricia.

Não sobre aquilo.

Nem com ela. Nem com ninguém, para falar a verdade.

Não enquanto aquele acordo ainda estivesse em andamento.

— Estamos numa celebração e Olivia está a um minuto de perceber que estamos discutindo. Não vou mais conversar sobre isso com você. — Quando olhei na direção de Sartori, ela estava mesmo nos observando com curiosidade. Dei um sorriso, que ela retribuiu quase instantaneamente.

Claro que sua amiga acompanhava tudo que se passava entre nós dois e se pôs a andar na minha frente depois de lançar um "Patético" direcionado a mim.

 

OLIVIA

Eu sabia que Patricia estava infernizando Sebastian por algum motivo, mas nenhum dos dois parecia inclinado a me falar qual.

Porém, depois que voltaram com as bebidas, minha amiga pareceu deixá-lo em paz, embora Sebastian tenha ficado mais pensativo do que de costume.

Eu não conseguia me concentrar muito naquele detalhe pois minha barriga estava embrulhando e eu estava extremamente nervosa pensando no que aconteceria depois daquela abertura.

Nunca em mil anos eu imaginaria que Patty teria conseguido arranjar um encontro tão rápido quanto aquele.

Assim como eu, Mathias passava pelo mesmo tipo de escrutínio daquela cidadezinha, que era fiel até demais ao local em que moravam, desde que ele havia escolhido se mudar para a capital, embora todos fossem mais maleáveis do que comigo.

Era muito raro eu conseguir cruzar com ele pela cidade quando eu vinha para os feriados, mas ele continuava do mesmo jeito de ser de quando éramos adolescentes.

Mathias e eu tínhamos tido um rolo anos atrás. Eu havia me desentendido feio com Max: a primeira de muitas outras brigas sérias relacionadas a onde eu queria passar meu futuro e o dever dele para com sua família.

Nós oficialmente nos separamos e, na época, Mathias era algo mais próximo de um amigo homem que Max ainda deixou que permanecesse na minha vida.

Eu sabia que ele tinha uma quedinha por mim, mas Mathias sabia que eu era apaixonada por Max.

Estávamos ciente que ficar juntos não levaria a nada, porém eu estava magoada o suficiente com Maximus para me deixar levar.

E também não era como se fosse um sacrifício.

Mathias era um cara genuinamente legal. Não tinha dificuldade em demonstrar seus sentimentos, era carinhoso e não se importava que eu fosse mais reservada em relação em muita coisa.

Nós compartilhávamos o sonho de fazer carreira fora dali e não fazia mal que ele fosse um dos garotos mais bonitos da escola.

Ficamos juntos por alguns meses e foi muito divertido. No começo, eu estava feliz em causar alguma reação em Max, mas depois eu realmente comecei a apreciar a companhia de Mathias.

Ele foi o único cara que eu cheguei perto de namorar, tirando Max.

Contudo, meu ex nunca gostou de ficar por baixo e tinha um senso de posse ridículo em relação a mim, e como eu disse...eu ainda o amava.

Partiu meu coração ter que contar a Mathias que o que eu sentia por Maximus ainda estava ali, mas ele foi um anjo. Ficou perceptivelmente triste, no entanto disse que sabia que eu tinha uma história com Max. Falou que tinha aproveitado e apreciado cada momento comigo e que eu era uma garota incrível.

Depois que reatei com Max, Mathias conseguiu uma bolsa para estudar em outro lugar e foi sem olhar para trás.

Às vezes eu pensava se aquilo não foi para se afastar de mim, mas me censurava por pensar algo tão convencido assim.

Eu ainda estava perdida em pensamentos, olhando sem ver de fato a pista de dança, com um braço de Sebastian jogado sobre meus ombros e então uma figura obstruiu minha visão.

— Boa noite, casal do momento! — Senti Sebastian me apertar mais e ergui a cabeça para encarar, com nenhuma surpresa, Max.

— Boa noite, Maximus. — eu respondi, respirando fundo. Esperando o que viria a seguir.

Desde o dia do jantar na casa dos meus pais, ele não tinha tido a coragem para se aproximar de novo.

Para falar a verdade, eu sequer tinha o visto durante as preparações para feira.

Mas, com Max, tudo o que era bom durava bem menos que o normal.

— Como está sendo seu reencontro com Mathias, Oli?— As palavras eram direcionadas a mim, mas Max analisava atentamente Sebastian.

— Estou muito feliz em ver ele. É bom rever velhos amigos.

Max soltou um risinho nasalado.

— Velhos amigos...ele não foi bem apenas um amigo, foi? Se eu fosse você, Ferrante, ficava esperto. Mathias é bem sutil e discreto em determinados assuntos.

Sebastian suspirou e respondeu com uma voz séria:

— Acho que já passou da hora de você superar Olivia, não acha? — Ele deve ter percebido a tensão no meu corpo, indicando que eu definitivamente não queria um show bem ali, pois acrescentou de forma mais leve enquanto seus dedos acariciavam meu ombro exposto. — Se você veio aqui para alimentar algum tipo de intriga, Maximus, eu sugiro que procure algo melhor para fazer.

Meu ex, doente como era, apenas deu um risinho:

— Não vim aqui para isso. Vim aqui para chamar Olivia para a primeira dança.

 

SEBASTIAN

A audácia daquele filho da puta era enervante.

—Você só pode estar de brincadeira... — Olivia murmurou, olhando para os lados. — Sério, Max?

Algumas mesas já assistiam à nossa interação. O ex de Olivia continuava com a mão estendida de forma patética para Olivia.

A mesa do resto da família dos Sartori — que não estava muito longe de nós — parecia prender a respiração.

— Ela não vai dançar com você.... — intervim, me esforçando para manter o tom de voz calmo. Sartori virou o rosto para me encarar, mas eu continuei olhando na direção de Max. —...porque ela já se comprometeu a dançar comigo essa noite.

O ex de Olivia arqueou as sobrancelhas.

— Vejo que não contou nada a ele sobre a festa, Oli. A primeira dança nunca é com nosso... parceiro e...

— Eu não ligo. — Cortei seu falatório com um ar de desinteresse. — Olivia prometeu que dançaria comigo essa noite. Você deve saber que ela é uma mulher de palavra.

Encaixei minha mão na dela, que não ofereceu nenhuma resistência enquanto eu a ajudava a se levantar da cadeira.

Olivia me encarava com algo parecido com deslumbre em seus olhos enquanto sua outra mão ajeitava a saia do vestido.

— Pensei ter ouvido diversas vezes que você odiava caras territoriais e que não deixavam você expressar suas próprias escolhas. — Maximus comentou com Sartori.

— Sebastian acabou de expressar minha escolha. — Olivia disse baixinho, numa classe invejável. — O que eu odeio mesmo é caras que não respeitam ela. Como você está fazendo agora.

Ele pareceu parar de respirar por um instante e analisou nós dois.

Sartori continuou com a expressão séria e eu dei um sorrisinho afetado para o seu ex.

— Como quiser. — ele disse entredentes, se virou, foi para uma mesa próxima — aparentando não ter ficado nenhum pouco abalado com a recusa de Olivia — e puxou outra pessoa para dançar.

Ele estava na pista quando Olivia soltou a respiração.

— Ele é incansável. — ela murmurou e acenou ironicamente, como se nada tivesse acontecido, para quem ainda nos observava, provavelmente esperando que eu estourasse bem ali na frente de todos.

— Sempre é assim quando você vem visitar? — perguntei com curiosidade.

Se fosse, eu conseguia entender porque ela odiava tanto ter que voltar para aquele lugar. Era, no mínimo, cansativo.

— Não, está pior por sua causa. — Seus olhos se arregalaram e ela tentou se explicar — Não que seja sua culpa. Não é. Max não se importa comigo de verdade. Sim, ele ainda não superou que eu não o aceitei de volta depois das traições, contudo o ponto crucial é a imagem que eu e você juntos passamos para o resto das pessoas.

Inclinei a cabeça e ela continuou:

— Max estava contente em fazer parecer que eu era o único e exclusivo problema da nossa relação. Ele era o namorado amoroso e suficiente e eu era...disfuncional. Fria, reclusa, durona. Uma parede sem emoções. Todo mundo achava que ele fazia um esforço enorme para estar comigo, já que eu sou tão difícil de conviver.

— E quando você aparece com outra pessoa apaixonada por você...

—...eu quebro essa teoria que sou impossível de amar. — ela completou, como se tivesse satisfeita consigo mesmo por todo aquele esquema, mas eu conseguia enxergar o desgaste que todos aqueles julgamentos causavam nela.

Era insano perceber que ela realmente acreditava naquela baboseira. Meu Deus, por quantos anos ela pensava aquilo sobre si mesma?

— Você não é impossível de amar, sabe disso, certo? — Olivia me lançou um olhar rápido e o desviou: — Ninguém é. Quer dizer, exceto seu ex escroto.

Olivia riu e deu um tapa de leve no meu braço.

— Obrigada por não morder a isca dele. — ela disse baixinho.

— Eu estava louco de vontade para dilacerar essa isca, mas não fiz por você. Sei que não precisa de mais atenção negativa.

Olivia não respondeu, mas havia uma expressão leve de gratidão em seu rosto.

A pista de dança estava vazia agora, todos se preparando com seus pares.

Estendeu a mão para Sartori.

— O que você está fazendo?

— Ué, você me prometeu as danças dessa noite.

Ela estreitou os olhos:

— Tenho quase certeza que não fiz isso.

— Tenho quase certeza que você fez. Max pode até ser usado como minha testemunha.

Olivia fez uma careta, mas estendeu sua mão em direção a minha.

— Olha que interessante, pode ser nossa piadinha interna. — comentei enquanto a guiava para a pista. — Os noivos de mentira dançando na hora em que deveriam estar com qualquer pessoa exceto seus parceiros oficiais.

— Uma piada bastante complexa para o restante do mundo. — Olivia observou enquanto eu apoiava as mãos em sua cintura e a virava para mim.

— Meu humor é refinado. — retruquei e quando Olivia deslizou os braços pelo meu pescoço, me esforcei para não estremecer sob o toque dela.

Sartori sorriu:

— E você é muito humilde também.

Dei de ombros.

—É um dos meus traços de personalidade mais marcantes. — Ela me encarou por um instante e então gargalhou. De uma maneira tão livre e despreocupada que eu queria registrar, mas teria que me contentar com o armazenamento da minha mente.

Queria que ela tivesse a oportunidade de rir assim todos os dias.

Você, meu amigo, está muito ferrado, minha mente comentou.

Olivia pareceu perceber a mudança em mim, pois seu sorriso foi sumindo aos poucos.

Para minha sorte, a música começou e eu me pus a guiá-la pela pista de dança.

— Considerando a primeira vez que dançamos, eu esperaria que você mantivesse distância de qualquer possibilidade de dançar comigo.

Franzi a testa:

— Que eu me lembre, eu te agarrei e...

As bochechas de Olivia pegaram fogo.

— Não! Não. Não dessa vez. Na empresa, quando teve um happy hour de "integração" e fomos forçados carinhosamente a dançar com todo mundo do nosso setor pelo menos uma vez na noite.

Ah, sim. Eu lembrava daquela noite. Foi um porre.

Na época, estávamos começando a nos afastar e chegando muito perto de receber nossas promoções.

Eu estava puto com Olivia porque ela estava sendo uma merda comigo a semana inteira e ela estava puta comigo porque...

— Eu estava muito brava naquela semana. Nós dois não estávamos nos melhores termos.

— Sim, você estava a própria enviada do demônio e eu não sabia o que estava fazendo de errado.

Olivia deu um sorriso triste e percebi que seus olhos adquiriram uma sombra intensa.

— Ninguém estava fazendo nada errado. — ela admitiu baixinho quase como se tivesse vergonha — Eu estava brava com todo mundo. Estava...estava acontecendo umas coisas na minha vida e eu não conseguia... ser melhor.

— Tem época que isso acontece com uma certa frequência, né?

Ela me deu um tapa nas costas, mas seu sorriso ainda era forçado e seus olhos ainda estavam extremamente tristes.

Se eu não soubesse a linha do tempo da época em que ela descobriu a traição de Max e Rebecca poderia supôr que aquele evento tinha acontecido na mesma época. Contudo, aquilo foi anos antes e soube que havia algo mais.

Olivia piscou e tudo sumiu do rosto dela num instante.

Era impressionante a naturalidade do seu gesto. Quantas vezes ela já havia feito aquilo?

— Enfim, eu praticamente vomitei nos seus caros sapatos. Pensei que seria uma ameaça boa o suficiente para você manter distância.

Mordi o lábio, fingindo indecisão para lhe revelar algo.

— Talvez... talvez eu tenha te girado mais vezes do que o necessário. Só para me vingar um pouquinho.

— Você. Não. Fez. Isso!

— Se você fingir que nunca aconteceu, eu também finjo.

— Sebastian! Eu te odeio!

Nós dois começamos a rir que nem idiotas e pelo canto do olho eu conseguia ver, claro, que estávamos recebendo olhares surpresos de bastante gente.

Ótimo.

Eu faria o que fosse preciso para que cada um engolisse suas indiretas indiscretas sobre Olivia e seus olhares tortos.

— Você me chama de Rainha Má, mas você não fica muito atrás. — Olivia comentou se recuperando do riso. — Fiquei vomitando por horas no banheiro.

— Eu sei.

Minha afirmação fez Olivia perder momentaneamente o ritmo:

— Como assim você sabe?

— Talvez...— comecei.

— Talvez? — ela indagou.

— Talvez, eu tenha ficado com a consciência pesada e esperei até você sair do banheiro aparentando ser gente novamente.

— Aw, não estava esperando essa revelação. Isso é fofo, você é um fofo.

Fiz uma careta quando ela apertou uma das minhas bochechas:

— Nenhum homem quer ser chamado de fofo, Sartori. — Abaixei o tom de voz só para provocá-la. Para ver suas bochechas ficarem coradas e ela desviar o olhar.

Contudo, Olivia apenas me encarou de volta, sem hesitar e com um tom semelhante ao meu, perguntou:

— E do que você gosta de ser chamado, Ferrante?

Droga, agora era eu quem estava prestes a corar?

Minha mente foi jogada diretamente para algumas noites antes, quando Olivia havia me feito uma pergunta tão instigante quanto aquela e eu havia perdido o pouco autocontrole que eu tinha.

Instintivamente, meu olhar desceu para os seus lábios e então voltou para seus olhos.

Tão instigantes e desafiadores. Tão... Olivia, embora aquela versão destemida dela aparecer raramente.

E eu só poderia estar ficando louco porque por um momento me deixei pensar em como seria se ela fosse apenas uma garota aleatória numa festa, dançando comigo e flertando sem preocupações.

Como seria se eu não estivesse naquela situação complicada e Olivia não estivesse prestes a sair num encontro com um cara aparentemente decente. Um cara que provavelmente faria bem a ela.

Como seria se eu me deixasse levar pelo desafio em seus olhos, ainda que fosse quase certo que ela estivesse apenas tirando uma com a minha cara.

Tudo isso passou pela minha cabeça traidora por um milésimo de segundo e então ela se lembrou quem eu era e em que merda eu estava metido.

— Pela sua perda de palavras, devo acreditar que não estou tão enferrujada assim? — Olivia perguntou, alheia aos meus pensamentos.

Pisquei uma, duas vezes, me forçando a pegar o ritmo da música novamente antes que ela percebesse que eu era um idiota.

— Enferrujada?

— Sim, para o encontro. Eu não faço a menor ideia de como agir. — Então eu percebi o nervosismo mal disfarçado sob sua expressão. Era o motivo para ela estar com a mão mais fria que o normal, o porquê apesar de estar ouvindo toda nossa conversa, sua mente ainda parecia estar em outro lugar.

Fazia sentido.

O que eu estava esperando?

Que Olivia estivesse nervosa por minha causa?

Só porque estávamos dançando tão próximos um do outro que parecia que seu novo perfume, que ela havia comprado para o meu bem estar, havia se tornado o meu? Porque seu coração estava batendo tão forte e intensamente que estava com medo que eu ouvisse?

Era bom mesmo que não estivesse.

Só complicaria as coisas.

Complicaria...tudo.

Olivia não precisa de alguém covarde.

Sempre achei que Olivia pesava a mão nas crueldades ao tirar nosso couro na empresa, mas ela tinha uma ótima professora pelo visto porque eu não duvidava que Patricia tivesse armado toda aquela situação para me torturar.

Talvez você só seja um covarde mesmo, minha mente retrucou.

— Eu não faço a mínima ideia de como agir.— ela repetiu parecendo chocada com sua própria conclusão. — Já tive alguns encontros depois de Max, mas a maioria foi um desastre total ou eu alcançava meu objetivo muito antes de eu sequer pensar em conquistar alguém. Queria testar se eu ainda sei como...flertar. — ela riu como se fosse a coisa mais sem noção que já tinha dito.

E de certa forma, era mesmo.

Como se alguém como Olivia Sartori precisasse saber flertar para ganhar qualquer cara.

Lembrei da primeira vez que a vi no escritório, do aperto de mão, do "há algo errado com meu rosto?" porque eu não tinha a capacidade de parar de olhar para ela, do beijo de despedida na bochecha.

—Você ficou quieto de repente. Estou enchendo seu saco com esse papo, não é? — Ela me lançou um sorriso de desculpas.

Neguei com a cabeça, tentando encontrar alguma palavras que não estragasse tudo ou saísse da maneira errada.

— Não está. Estou apenas impressionado em como você não percebe o quanto Mathias é sortudo por ter um encontro com você. E poderia ouvir você falando sobre qualquer coisa por horas. Gosto do som da sua voz.

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Notas finais do capítulo

Heeyyy, meus amores!

ME DIGAM O QUE ACHARAM DO CAP?

nosso sebs tá caindo no poço do amor e não quer admitir kkkkkkk max como sempre, deveria ser explodido e nossa olivia precisa ter mais confiança no seu taco e agarrar esse homem kkkkkk


Espero que vocês estejam bem (e n tenham desistido de mim)

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A gnt se vê amanhã!

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