Contrato de Casamento escrita por Emmy Alden


Capítulo 42
Quarenta e Dois


Notas iniciais do capítulo

oláaaa, um cap p vcs!!!



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"As i feel myself fall,

Make a joke of it all."

(Moments)

 

OLIVIA

Acordar com Sebastian grudado em mim já não era tão surpreendente nem assustador quanto na primeira vez.

Para quem gostava de reclamar que eu reivindicava a maior parte da cama por ser espaçosa, Ferrante era extremamente grudento.

Verdade seja dita, às vezes eu acordava com um braço ou uma perna jogada sobre ele, mas Sebastian simplesmente me prendia com seus braços.

E o pior, era como cair em areia movediça, quanto mais você se movia mais presa você ficava.

No começo, eu achava que era só ele tentando me irritar, mas sua respiração sempre estava profunda e seus olhos não vacilavam uma vez sequer.

Tentei me mexer só para testar como estaria minha sorte naquele dia e se ele me deixaria levantar sem ter que guerrear com seus braços.

Mas foi uma péssima — péssima e terrível — ideia.

Sebastian afundou o rosto nos meus cabelos, que tinham se soltado durante a noite. Percebi ele inspirando profundamente, seu braço era uma prisão em volta da minha cintura.

Ele murmurou alguma coisa, sua voz rouca e pesada, seu peito grudado nas minhas costas.

— Seb... — sussurrei entre um risinho nervoso. — Não é engraçado.

Ferrante não respondeu, pelo menos não com palavras, seu braço se afrouxou e eu quase dei graças a Deus, não fosse pelo caminho que sua mão começou a trilhar.

Àquela altura, eu já tinha autonomia suficiente para sair, mas fiquei paralisada quando a mão se espalmou na minha coxa nua. O toque de Sebastian era como brasa na minha pele, não doía, nem ardia, mas aquecia meu interior.

Senti minha respiração ficar pesada, meu coração se rebelar no peito quando seus dedos deslizaram para cima, passando pelo tecido leve do shorts que eu usava por baixo da camisola.

Ele murmurou mais alguma coisa no seu tom sonolento, mas mesmo eu não conseguindo discernir, todo meu corpo respondia, se arrepiando, querendo se rebelar contra minha força de vontade e pressionar-se contra o dele.

Sua mão tocou a pele da minha barriga e eu arfei baixinho.

O toque de Sebastian era seguro e firme, mas calmante.

Fechei os olhos imaginando o que aconteceria se eu ficasse ali, se sua mão subisse mais um pouco descobrisse que não havia barreira nenhuma entre seus dedos e meus seios, se ele ousaria explorar mais do meu corpo, se a sensação dele me tocando seria o suficiente para aplacar toda a confusão da minha cabeça. A mão de Sebastian não tinha pressa, embora eu percebesse que seu corpo estava tão inquieto quanto o meu. Seu peitoral pressionava minhas costas como se quisesse que eu ficasse impossivelmente mais perto.

Minha imaginação não teve muita paz, pois minha consciência tinha hipóteses muito mais reais: o que aconteceria quando Ferrante percebesse o que estava fazendo, quando ele visse que era eu que estava ali e ninguém mais.

A visão da culpa que tomaria seus olhos era tão real que poderia estar acontecendo naquele momento. Ele se sentiria péssimo. Se perguntaria por que eu havia esperado tanto tempo para parar com aquilo.

O que eu responderia?

Devo ter feito algum movimento indicando que iria levantar porque o braço de Sebastian voltou a me prender contra si.

— Por que até nos meus sonhos você foge de mim? — Dessa vez ouvi com clareza cada uma das suas palavras, mas não era isso que chamou minha atenção. O que chamou minha atenção foi que no momento em que Sebastian voltou a me puxar contra si, praticamente todos os pontos do nosso corpo estavam colados um no outro.

Todos.

Por isso, eu...o senti.

Completamente rijo às minhas costas.

Eu não sabia o que dizer.

Eu não sabia o que fazer.

— Sebastian... — falei meio sem fôlego, sentindo meu rosto pegar fogo. Minha voz saindo mais como um gemido estrangulado do que qualquer outra coisa. Sebastian se moveu minimamente mas o suficiente para eu ter uma ideia de sua extensão. — Meu Deus.

Não poderia ficar ali.

Me levantei num ímpeto.

Coloquei as mãos em minhas bochechas, tentando esfriá-las.

Sebastian se sobressaltou por um instante, seus olhos se abrindo com sonolência.

Esperei que o reconhecimento tomasse suas feições.

— Volte para cama, Lili.

Minha boca abriu e fechou, mas Sebastian apenas deixou a cabeça cair no travesseiro novamente e voltou a um sono profundo.

Eu ainda o encarava, chocada demais para assimilar qualquer coisa.

Mas...

Que porra havia acabado de acontecer?

 

SEBASTIAN

Não lembro por quanto tempo ficamos em silêncio, mas não era exatamente o que eu esperava.

Queria que Julie gritasse comigo.

Me desse um tapa na cara.

Me chamasse de cretino desgraçado.

Estávamos sentados em uma das cercas mais afastadas da propriedade. Para qualquer lado que olhássemos só era possível ver um campo infinito.

Havíamos saído juntos: eu, Julie e Hunter. Pelo olhar encorajador que me lançou, Hunter sabia sobre o que se tratava aquele encontro e tratou de arranjar algum lugar para ir.

Julie olhava para o lado contrário ao que eu estava, assimilando minhas palavras.

— Fala alguma coisa, Ju.

Ela soltou um riso sem humor, passando a manga da camisa sob um olho. Meu coração se apertou.

— O que exatamente você quer que eu diga, Sebastian? — Ela fungou. — Que eu diga que estou surpresa? Honestamente? Não estou. Eu só pensei que se acreditasse o suficiente, viraria real. Um dia você acordaria se sentindo diferente e sei lá...

— Eu sinto muito. Realmente pensei que... — Respirei fundo. — Que eu poderia fazer dar certo dessa vez.

Julie soltou o ar pelo nariz.

— Bem, não foi tão difícil imaginar onde isso daria quando era óbvio que você sentia uma repulsa palpável pela ideia de transar comigo. Eu me sentia idiota, me jogando para cima de você como uma vagabunda e você agindo como se tivesse acabado de fazer um voto de castidade e...

Segurei seu braço e ela me olhou com os olhos marejados.

— Julie, por favor, eu nunca senti repulsa de você. Você é linda e incrível e... E as noites que passamos juntos anos atrás foram...inesquecíveis. Eu queria que isso aqui desse certo, de verdade.

Ela balançou a cabeça de um lado para o outro.

— Isso não é verdade, Seb. — Ela segurou a lateral do meu rosto e então soltou. — No fundo, você sabe disso. Anos atrás você ficou comigo para tentar esquecer Eloise, para não ir atrás dela. Mesmo depois de tudo que ela te fez. Agora você ficou comigo para tentar tirar Olivia de sua cabeça, porque por mais que vocês se esforcem, sabe que esse negócio de acordo e contrato não vai dar certo no fim. E você vai sair machucado de novo.

— Não coloque Olivia no meio da história. Ela não tem nada a ver com isso. Sugeriu várias vezes que terminássemos esse acordo.

— Claro que ela sugeriu. Olivia sabe que você não vai quebrar o contrato, ela convive com você há 5 anos. — Julie saltou da cerca e juntou as mãos. — Deixe-me adivinhar: você estava meio receoso com esse contrato porque como algo assim daria certo? Você e Olivia Sartori fingindo estar juntos! Quem imaginaria!? Olivia ofereceu esse acordo, ela sabe muito bem quais são os riscos de você cair fora.

— Julie...

— ... sabe que se ela não encenar um pouquinho, você não vai ficar. Ela precisa que você se apaixone, pelo menos até o emprego e o cargo dela estarem seguros. E então ela vai te descartar.

Respirei fundo, embora uma voz na minha mente dissesse que a teoria de Julie meio que faria sentido.

Se eu não conhecesse Olivia.

Eu conhecia Olivia?

— Em anos ela nunca mostrou querer nenhum tipo de proximidade com você. Conveniente ela se tornar outra pessoa agora que está te usando.

Desci da cerca e parei em frente à Julie.

— Olhe para mim. — Segurei seu rosto. As lágrimas caíam livremente agora. — Essa não era a maneira que eu queria fazer você se sentir. Acha que eu queria partir seu coração de novo, Ju? Acha que não está doendo em mim também? As coisas saíram de controle e eu deveria ter sido honesto com você. Essa conversa não é sobre Olivia. É sobre nós dois. Não sabe o quanto eu queria que déssemos certo.

Ela não tinha ideia de como seria mais fácil se desse certo.

Julie tirou minhas mãos do seu rosto.

— E eu só queria uma chance, Sebastian. — Ela levantou o dedo indicador. —Uma chance e nem isso você permitiu que eu tivesse, mesmo eu estando sempre aqui para você. Mas nunca serei ela, não é? Eloise, Olivia, qualquer outra mulher parece uma escolha melhor para você.

Passei a mão pelo rosto cansado e ela limpou as lágrimas.

— Está bem. Eu não vou tornar isso ainda mais patético do que já está sendo, só me responda uma coisa. — Ergui o olhar para ela que me encarava com intensidade. — Algum dia me amou? Ou chegou a sequer cogitar essa possibilidade?

Olhei cada detalhe em Julie, revirei cada canto dentro de mim, procurando algo para dar exatamente o que ela queria e esperava. Qualquer fagulha, qualquer sinal.

Mas quando acordei, eu tinha prometido a mim mesmo que não daria voltas.

E que resolveria aquela situação.

— Eu te amo, Julie. Mas não dessa forma.

Ela me encarou por alguns instantes, tentando deixar sua respiração sair de controle. Eu conseguia ver as lágrimas se acumulando na beira de seus olhos, mas ela não as deixou cair.

Assentiu com a cabeça e passou para o outro lado da cerca:

— Não posso te obrigar a me amar, mas sou sua amiga e estarei sempre aqui. Inclusive quando ela quebrar seu coração.

 

OLIVIA

Lucy ria descontroladamente enquanto eu a equilibrava sobre meus pés.

— Abra os braços para distribuir o peso.

— Se isso der errado, vai dar muito errado e infelizmente eu terei que te matar, Oli-oli. — Eliza cantarolou.

— Só estou fazendo meu papel de tia e deixando que o papel de rabugenta reclamona na vida da minha sobrinha seja ocupado por você. Eu sou a tia legal.

Dobrei os joelhos e Lucy soltou um gritinho de divertimento enquanto minha irmã soltou um grito de horror.

— Juro que serei um pesadelo de tia com seus filhos. Eles vão voltar para sua casa tão mimados que você não vai aguentar.

— Até parece que a Liv vai deixar alguém além dela mesma doutrinar os filhos. — meu cunhado disse e eu virei a cabeça fazendo uma careta para ele.

—Sebastian não vai ter a menor chance de autoridade dentro de casa. — PJ comentou enquanto eu colocava Lucy sã e salva no chão.

— Eu não acho. — minha mãe interveio. — Olivia tem gente que tem o coração mole nesse quesito. Sempre levou jeito com crianças.

Respirei fundo e levantei da grama, me limpando.

— Quantos filhos vocês acham que eles vão ter? — Lucas perguntou cutucando para PJ que cruzou os braços.

— Se depender do jeito que Ferrante só falta devorá-la com os olhos, estou quase certo que teremos uma creche inteira.

Andei até a mesinha que havia posto do lado de fora da casa e peguei um copo de limonada.

Percebi tarde demais Julie na entrada, longe do campo de visão do restante do pessoal, mas perto o suficiente para ouvir o assunto.

Senti minha garganta fechar. Julie me encarou, seus olhos vermelhos, indicando que Sebastian provavelmente já tinha conversado com ela.

Eu conseguia vê-la me culpando.

Minha mãe continuou, alheia ao jogo de quem pisca primeiro que eu e Julie estávamos jogando:

— Ai, será maravilhoso ver a casa cheia de crianças de novo.

— Principalmente crianças que não serão de minha responsabilidade. — meu pai comentou e todos riram.

Julie entrou na casa com passos pesados e eu virei o copo de limonada, numa tentativa de manter o café da manhã — que ameaçava voltar pela minha garganta — dentro da barriga.

— Ei! Parem de conversar como se eu não estivesse aqui. — Virei para encará-los com meu olhar mais ameaçador e abaixei a voz. — E, por tudo que é mais sagrado, esqueçam esse assunto de crianças quando Sebastian estiver presente, obrigada.

 

SEBASTIAN

Eu não sabia se eu e Olivia estávamos de fato nos desencontrando acidentalmente ou deliberadamente, mas passamos quase o dia todo sem nos olhar por mais de dois segundos. Quer dizer, eu ainda fazia o esforço de mostrar que eu lembrava que ela existia.

Olivia, por sua vez, desviava o olhar assim que seus olhos pousavam em mim e, algumas vezes, tive a leve impressão que sua bochecha se enrubescia levemente quando isso acontecia.

Tentei me aproximar algumas vezes e perguntar se estava tudo bem ao que ela me dava uma resposta monossilábica e voltava para o lado do ex-namorado/amigo/ou o que quer que aquele Mathias se intitulava dela.

Talvez ela estivesse se sentindo culpada por minha situação com Julie.

Talvez ela simplesmente tivesse achado alguém mais interessante para passar o tempo e...

E agora eu estava sendo contagiado pelo pensamento de Julie.

Olivia era minha amiga. Não me devia nada.

Eu deveria estar contente de vê-la com alguém que aparentemente parecia gostar dela e ter a capacidade de ser a pessoa que ela precisava ter ao seu lado.

Alguém que ela confiasse. Que ela conhecesse. Que a fizesse rir.

Principalmente depois de tudo que passou com seu noivo infeliz.

Mathias parecia ser uma cara decente o suficiente. Apesar de praticamente parecer um cachorrinho atrás de Sartori, não invadia o espaço dela ou a olhava como se fosse um pervertido.

Aparentava, acima de tudo, ter um grande respeito por ela.

— Sabe que eles são amigos há muito tempo, não é?

Otávio, um dos irmãos de Olivia, comentou depois de puxar um dos fones do meu ouvido. Ele me olhou com uma sobrancelha arqueada e pegou um dos pacotinhos de doces da minha mão fazendo um laço muito mais caprichado e mais bonito do que eu jamais seria capaz.

Àquela altura eu já tinha ajudado a preparar tanta coisa que eu nem sabia mais o que estava fazendo.

— Ouvi falar. — disse respondendo sua pergunta.

Otávio balançou a cabeça.

— E sabe que é com você que ela vai se casar daqui a alguns dias? — Apenas o encarei. Ele levantou as mãos na altura dos ombros. — Só estou checando. Não precisa ficar medindo o cara por horas, imaginando quantos saquinhos plásticos desses doces você teria que usar para colocar os pedacinhos dele.

— Não estou fazendo isso.

— Está sim.

— Não estou não.

Otávio me olhou com um olhar de julgamento e que indicava que ele iria apresentar argumentos irrefutáveis para sua teoria.

Eu conhecia bem aquele olhar.

— Você rasgou um saquinho toda vez que Mathias se inclinou para falar algo com Olivia. — Ele apontou para os saquinhos descartados há centímetros de mim. — Deu um nó errado toda vez que ele cutucou o braço da minha irmã pra chamar atenção dela para algo. — Ele segurou uma das fitinhas que tinha um nó mais cego uma lâmina velha. — E cortou a mão com o estilete quando ele segurou a cintura dela só para eles trocarem de lugar.

Ele indicou minha mão esquerda aberta, com uma linha avermelhada quase no centro da palma.

— Eu preciso continuar?

— Pelo visto, eu não era o único medindo alguém aqui. Devo me preocupar? — alfinetei, mas Otávio apenas sorriu.

— Só sou muito observador, mais do que o restante dos meus irmãos. Além disso, você estava bufando como um touro a cada três segundos. — Ele me entregou um saquinho perfeitamente arrumado. — Mas Olivia só vê Mathias como um amigo. Não se permitiria nada além estando comprometida.

Olhei para Olivia e Mathias, os dois estavam rindo de algo.

O que poderia ser tão engraçado para eles não pararem de sorrir por um minuto sequer?

— Você acabou de bufar de novo, cunhadinho. — Otávio comentou.

— Era só isso, Otávio?

Ele riu.

— Acho que sim. E, ah, Olivia está incomodada ou envergonhada com alguma coisa que aconteceu entre vocês dois, mas ela não vai puxar esse assunto nem sob tortura. Aconselharia você a tomar a iniciativa.

— Você é o quê? Aquele cara do YouTube que lê microexpressões?

— Não sei porque você tá me ofendendo. — Otávio disse, colocou o fone de volta no meu ouvido e saiu andando.

Quando eu fosse embora daquela cidade, eu iria direto para um hospício.

Perto do final da tarde todos fomos dispensados para quem quisesse descansar ou já começar a se arrumar para a abertura da Feira.

Embora nenhuma barraquinha fosse ser montada no meio da noite, todos da cidade se reuniriam no Salão de Eventos e na praça ao redor para oficializar o início da colheita.

Os ajudantes e funcionários que moravam na cidade vizinha também estavam chegando para começar a trabalhar.

Depois do meu merecido banho — Olivia tinha desaparecido novamente — eu estava saindo do banheiro com uma toalha em volta da cintura quando dei de cara com Patricia, segurando dois cabides com vestidos.

—Ah, que bom que te encontrei, Sebastian. — ela me cumprimentou já jogando um dos cabides na minha mão. Completamente indiferente ao fato de eu estar seminu na sua frente.

— Lógico que você me encontrou, eu durmo aqui, Patricia.

Ela me ignorou.

— Separei esses vestidos para Olivia e deixá-los aqui para ela. Liv pediu para eu escolher o mais bonito que eu tivesse, maaas...fiquei em dúvida. Pode me ajudar a escolher? Ela precisa estar linda essa noite.

Aquilo chamou minha atenção e eu analisei os vestidos envoltos nos plásticos transparentes.

Eram vestidos de verão que agora eu tinha me acostumado a ver Olivia usando pra lá e pra cá mesmo que há um mês atrás fosse parecer uma visão impossível.

Esses, no entanto, pareciam mais elaborados e encorpados. O corte parecia mais definido, os tecidos, mais ricos. De alguma maneira eu conseguia imaginar quase que perfeitamente como eles cairiam nela, mas não era nisso que minha mente estava focando.

Inclinei a cabeça, um pouco confuso:

— Vai ter algo especial essa noite? Quer dizer, além do início da festividade? Olivia não me avisou que eu precisava me arrumar.

Patty gesticulou displicentemente:

— Ah, não. No salão vai ter algumas interações, mas nada digno de nota. Vai ser mais para apresentar o cronograma da feira. — Fiquei em silêncio esperando que ela continuasse. — Porém, se tudo der certo, Olivia vai ter um encontro essa noite.

Patricia só faltava bater palminhas e eu tive que controlar minha voz para parecer casual ao perguntar:

— Sério? Ela não me falou. Com quem vai ser?

Não tinha ideia do porquê tinha perguntado.

Eu sabia bem quem seria.

— Ah, com o Mathias. Você não acha mesmo que eles ficam uma graça juntos? Mas enfim, a fila de interessados em Olivia está cada dia maior desde que ela e Max terminaram. Ela que não dá trela para ninguém.

— É mesmo? — Me forcei a dizer e a melhor amiga de Olivia assentiu com a cabeça.

— Você nem imagina. Sempre houve um grande interesse nela, mas Max meio que amedrontava todo mundo.

— E eu não amedronto?

Patricia parecia se segurar para não rir, mas eu não entendia a graça:

— É diferente. Vocês não estão juntos de verdade e o pessoal daqui não conhece muito você. — Patty fez uma pausa.— Acho que você deveria ajudá-la, sabia?

Eu estava ocupado demais analisando cada corte dos vestidos que me desnorteei com sua pergunta:

— O quê?

—Ajudar Olivia a achar alguém. Quero dizer, essa é a desvantagem de ser melhor amiga há muito tempo: sua opinião acaba ficando um pouco enviesada e defasada. Além disso, será bom para ela ter uma visão masculina sobre os... pretendentes.

— Confie em mim quando digo que você não deveria pensar que Olivia levaria em conta logo a minha opinião.

— Vocês não são amigos agora? — Patricia parecia pronunciar a palavra como se fosse um insulto.

— Não por tempo suficiente para ela levar em consideração o que eu acho.

Ela olhou para mim como se eu fosse louco.

— Se tivéssemos voltado no tempo em algumas semana, eu teria concordado com você. Mas será que não percebe?

— Percebe o quê?

Ela respirou fundo.

— Esquece. — Passou a mão pelos cabelos. — Eu preciso terminar uns negócios para meu pai, mas e então, vai ajudá-la?

— A achar um cara decente? — Patty assentiu com a cabeça e eu suspirei. — Não garanto que vou ser útil.

— Só prometa que vai tentar o seu melhor. Por Olivia.

Havia alguma coisa no olhar daquela garota quando ela me encarava. Algo como desconfiança, impaciência e, ao mesmo tempo, expectativa.

Ou tudo isso poderia ser muito bem coisa da minha cabeça, o que era o mais provável.

As palavras de minha mãe escolheram aquele instante para ecoar na minha mente.

Faça um teste. Demonstre o que sente e veja como ela reage.

Demonstrar o que eu sinto? O que eu sinto?

Aquele acordo havia acabado com tudo. Antigamente era muito mais fácil definir meus sentimentos por Olivia.

Impaciência. Birra. Ressentimento pelo seu jeito general, e às vezes escroto, de ser.

Mas agora...

O que eu sentia por Olivia?

Havíamos mesmo virado amigos ou ainda estava na fase de "colegas"?

Imaginá-la em um daqueles vestidos para se encontrar com o "impecável" Mathias e sentir o coração acelerar era ciúmes ou medo que ela se machucasse?

Faça um teste.

Ah, mãe, só se for um teste comigo mesmo porque eu não sei que merda está acontecendo com minha cabeça, quem dirá com o meu coração.

— Por Olivia. — respondi sem ter muita convicção.

— Quando ela chegar, indique o que vestido que achou melhor para Olivia. Achei os dois lindos.

Ela tirou o outro vestido da minha mão e o colocou na cama.

Patricia pela primeira vez me analisou de cima a baixo:

— É uma pena que você e Olivia partiram para a amizade, você é uma gracinha. — ela disse caminhando em direção à porta. — Embora Mathias...

— Tchau, Patricia.

— O que eu fiz? — ela perguntou, antes de eu fechar a porta em sua cara o mais delicadamente possível.

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Notas finais do capítulo

Heeyyy, meus amores! APOSTO QUE VCS NÃO ESTAVAM ESPERANDO ESSE INÍCIO DE CAPÍTULOOOOO alguém vivo ai?

ÀS VEZES TUDO O QUE A GENTE PRECISA EH DE UMA CECÍLIA FERRANTE COM UMA FACA NA NOSSA CARA PRA FAZER A GNT TOMAR VERGONHA NA CARA (ou pelo menos começar a tomar vergonha na cara

esse cap me fez surtar por vários motivos diferentesAAAAAAAAAAAAAAAAAAA (to emocionada demais, perdão)

Agradecimentos Especiais: M Lauren que está acompanhando a historia !!!! espero q esteja gostando.

Não se esqueçam de comentar o que estão achando, deixar aquele favebásico e compartilhar a história com os amigos ♥

A gnt se vê amanhã!!

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