Contrato de Casamento escrita por Emmy Alden


Capítulo 40
Quarenta


Notas iniciais do capítulo

Oláaa, alguém por aí? ♥ Espero que gostem do cap!



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"I can't help thinking this is how it ought to be

Laughing on a park bench thinking to myself

Hey, isn't this easy?"

(You Belong With Me)

 

OLIVIA

O andar de baixo estava silencioso e sem ninguém além de Patty e eu zanzando por ali, como sempre que combinávamos de passar a noite juntas.

O microondas apitou indicando que a pipoca estava pronta.

Patty vestia o pior pijama de flanela que tinha em casa porque era tradição, e nós três — quer dizer, nós duas, agora — compararíamos para ver o de quem era o pior.

O dela era verde e pelo menos uns três tamanhos maior que ela. Era estampado com vários desenhos de ursinhos que, apesar de eu apostar terem sido feitos com muito carinho, tinham a cara do Freddy de FNAF.

O meu era roxo berrante e de "seda" com a estampa de vários bigodes dourados como se ainda estivéssemos em 2012.

O espírito competidor para ver quem estava mais brega só bateria dali a algumas horas quando estivéssemos embriagadas das bebidas disfarçadas em garrafas de água e Gatorade.

Lógico que não precisávamos mais esconder dos nossos pais que bebíamos, mas, assim como os pijamas, era tradição.

A única coisa que não era tradição era a ausência de Becca. E aquela era a quarta noite da tradição que passávamos sem ela porque, há dois anos, ela resolveu dormir com Max.

Era óbvio que ela fazia falta: Rebecca era a mais animada de nós três. Patty sempre foi mais fechada, eu era a intermediária e Becca dava vida à festa.

Eu lembrava que na primeira noite sem ela, nós só ficamos em silêncio assistindo a um filme. E então eu comecei a chorar e Patty depois de alguns minutos começou a chorar também — porque a bebida já estava fazendo efeito e porque "Como ela pôde? Aquela filha da puta do caralho."

— O que você quer ver hoje? — perguntei quando nos ajeitamos sobre os colchões estirados na frente do sofá.

Patty deu de ombros:

— Qualquer um de namoro de mentira ou casamento arranjado. — ela respondeu como se não fosse uma alfinetada e eu a olhei com uma cara feia. — O que foi? Eu sei que você adora esses temas.

Eu a empurrei e nós começamos a rir.

O escolhido obviamente foi o maior de todos: "A Proposta", com a Sandra Bullock e o Ryan Reynolds. E claro que foi Patty que colocou pé firme para ser ele.

— Como você está? — Patricia perguntou. — Tipo, de verdade. Parece que só consegui passar cinco segundos com você desde que você chegou. Mesmo tendo fugido para minha casa de madrugada outro dia.

Bufei..

— Você tem estado muito ocupada e eu nem estava lembrando da Feira da Colheita. Sua família vai montar alguma barraca para vender esse ano?

Patricia assentiu com a cabeça:

— Eu insisti. Seu amigo até se ofereceu para ajudar.

Franzi a testa.

— Sebastian?

— Hunter. Pelo visto, não era conversa fiada quando ele disse que gostava de artes. Ele foi lá na loja esses dias.

Balancei minhas sobrancelhas para ela.

Patricia estava precisando mesmo conhecer alguém novo. Fazia muitos e muitos anos que eu não a via com ninguém e quando eu perguntava ela dizia:

"Não me conectei com ninguém que eu achasse que valeria a pena ficar."

Minha amiga analisou minha expressão.

— Ó, por favor, não faça essa cara para mim. Ele foi lá para saber sobre mais estilos de escultura de argila, disse que achava relaxante.

— E essa é a hora que você me conta que vocês sentaram em banquinhos e recriaram a cena de Ghost?

Foi a vez dela me empurrar.

— Você é completamente ridícula. Nosso assunto foi estritamente profissional, ele quer que eu lhe ensine algumas coisas.

Soltei um risinho e Patty percebeu seu erro.

Levantei as mãos na altura dos ombros.

— Suas palavras, não minhas.

— Então, dona Olivia "eu sou uma mestre em desviar o assunto" Sartori. Você não me respondeu, como você está?

Respirei fundo.

— Eu estou bem.

— De verdade?

— De verdade, por incrível que pareça. Preocupada com meu trabalho? Sim. Preocupada com toda essa...situação? Com certeza. Mas estou... não sei, mais leve?

— Como foi no médico da última vez?

Meu coração errou uma batida. Patricia me conhecia bem o suficiente para saber que deveria ser direta sobre aquele assunto ou eu me esquivaria completamente. Ela sabia como eu era, mas ainda era difícil para mim de qualquer forma.

Engoli em seco.

— Nenhuma melhora. Mesma coisa. — Olhei para a tela. Os protagonistas estavam explicando que eles iriam se casar para o agente. — Acho que vou deixar fluir, não tenho mais dinheiro para jogar fora. Grace disse que era melhor assim, não é como se fosse afetar significamente a minha vida.

Patty deitou a cabeça em meu ombro.

— Sinto muito, Oli. Você vai ficar bem. — Ela me olhou. — Sei que vai. Sempre fica.

— Ei, eu estou bem. — Tentei dar meu sorriso mais artificial e Patricia gargalhou.

— Claro que você está bem. Olha o homem com quem você está dormindo todas as noites.

Estreitei os olhos.

— Então agora você é Time Sebastian?

— Não sabia que tinha outro time além desse e se tiver, por favor, me avise. Preciso avaliar.

Abaixei a voz só para o caso de alguém aparecer na escada.

— Não tem. Acho que vou ficar encalhada pelo resto da vida. — Minha amiga me lançou um olhar descrente. — Sério, meus últimos encontros foram um fiasco e agora eu estou num relacionamento de mentira.

— Talvez fosse o que faltava para você arranjar seu amado. — Patty comentou e eu gargalhei. — Deu certo no filme.

— No filme. Além disso, ele e Julie estão firmes e fortes.

— Quem? A melhor amiga? Pfff... Eu até esqueço que essa garota existe.

— Fala baixo.

— Foi mal, mas não...ela definitivamente foi... friendzonada.

— Agora você inventa palavras também?

Patty fez uma careta.

— Você entendeu o que eu quis dizer? Ótimo, esse é o propósito da comunicação. Ser entendido.

— Tão grossa...perto de você eu sou uma flor. Mas enfim, de jeito nenhum Julie está...friendzonada. Provavelmente eles estão se pegando lá em cima. — Mexi no canto da minha unha. — Conversamos mais cedo. Eu e ela. Disse que ficou aliviada quando soube que eu e Sebastian não éramos um casal de verdade, pois aparentemente não sou o tipo de mulher que faria com que ele crescesse nas áreas de sua vida.

— Ela disse isso? — Patty olhou para mim, chocada.

— Não foi por mal. Ela não está errada. Sou crítica demais com Sebastian, embora faça isso porque geralmente ele fica fazendo corpo mole e desperdiça seu potencial, mas ainda assim...

— Que desnecessária.

Dei de ombros.

— Ela o conhece melhor do que eu. E apesar de eu ter me precipitado ao dizer que ele a amava, sei que, no fundo, Sebastian gosta dela. Já teria esclarecido as coisas se não gostasse.

Patricia estalou a língua.

— A questão não é se ele gosta dela. É como.

Eu virei o meu corpo parcialmente na direção dela com os pés e as mãos cruzados.

— Pois me ilumine, ó perspicaz deusa.

— Interessante como você ficou atenta agora que o assunto estava em direção a como ele se sente. — Patty provocou. — Mas perceba, por mais que ele tente, ou por mais que ele esteja confuso, ele não vê a garota como mais do que uma amiga querida.

— E como você sabe disso se não teve a oportunidade de estar no mesmo ambiente em que os dois estão juntos sem reservas? Julie só falta flutuar perto dele e Sebastian é um bom ator quando o assunto é o nosso acordo, não tem como ele ficar demonstrando sentimentos por outra pessoa enquanto estamos juntos. Seria boicotar nosso próprio plano.

Patricia se virou para mim e apertou minhas bochechas:

— Quando o assunto é sentimentos não tem essa de ser "bom ator", bobinha. Mais cedo ou mais tarde, ainda que por um milésimo de segundo, acontece um deslize. E eu tenho observado seu Sebastian muito bem. — Ela deu dois tapinhas de leve no meu rosto.

— O que isso quer dizer?

— Bem, várias coisas. Contudo, o mais importante nessa conversa é que ele gosta da menina como uma amiga, quase uma irmã. Quase porque seria nojento a situação dos dois se ele a visse como uma parente. — Patricia fingiu um calafrio que combinou com a minha careta de repulsa. — Enfim, ele a vê como uma figura feminina que ele tem a responsabilidade de proteger. Ele a ama, mas não do jeito que deveria. Ele tem medo de machucá-la porque ela significa muito para ele, mas não do jeito que ela gostaria. Por isso, ele está receoso de sair dessa situação que você e o amiguinho irritante dele o enfiaram.

— Essa é a sua análise? — perguntei cética.

— Esses são os fatos que estão estampados na cara de Sebastian. É perceptível o jeito que ele olha para ela e o jeito que ele olha para uma mulher que ele deseja.

Franzi a testa tentando lembrar de alguma mulher que Sebastian tenha flertado além de Julie desde quando chegamos na cidade.

Então lembrei do brilho perigoso nos olhos dele quando nos beijamos no quarto.

Olhei para a tela, para evitar chamar atenção de Patty para o meu rosto.

Margaret e Andrew estavam a minutos de trombarem pelados um com o outro.

Pisquei.

— Eu não faço a mínima ideia de como chegamos ao ponto de dissecarmos a vida sentimental de Sebastian.

— Ah, mas eu faço. — Patty retrucou enquanto eu abria uma garrafa de Gatorade que tinha vodca no lugar do hidrotônico. — Estávamos divagando sobre como essa seria uma ótima oportunidade para você viver sua própria comédia romântica com relacionamento de mentira.

Eu praticamente engasguei.

— Pois vamos voltar para a realidade porque isso definitivamente nunca vai acontecer.

Patty me lançou um sorriso inocente e ao mesmo tempo maquiavélico. Se é que isso era possível.

Comecei minhas orações silenciosas para Deus quebrar toda ideia absurda que ela viesse a ter.

Minha amiga pegou um punhado de pipoca e enfiou na boca:

— Como diria Justin Bieber, nunca diga nunca.

 

SEBASTIAN

Passamos o resto do filme em silêncio, mas eu não estava realmente prestando atenção na tela.

Tanto que eu dei umas cochiladas em algumas cenas, embora fosse uma das poucas comédias românticas que eu curtia assistir.

Quando o filme acabou, — segundos depois de acordar de um desses cochilos — olhei para o lado apenas para encontrar Julie no celular, digitando com um olhar determinado.

Ao perceber que eu a encarava, ela me lançou um sorriso:

— Emergência no trabalho.

Arqueei uma sobrancelha:

— Às uma da manhã.

— Você ficaria surpreso com hora mais absurda que eu já tive que acordar porque alguma campanha deu errado.

Julie trabalhava como Relações Públicas e tinha que lidar com todo tipo de figura importante, celebridade e subcelebridade aprontando na madrugada.

Mas algo sobre ela parecia tenso, como não estava antes.

— Está tudo bem? — questionei quando ela desligou a tela do celular e me encarou sorrindo novamente.

Era um sorriso que não chegava aos seus olhos.

— Sim, a pessoa que está me substituindo é tão ágil como uma porta, mas acho que consegui passar tudo o que podia para ela resolver a situação.

Assenti com a cabeça, desligando a televisão.

— Eu acho que vou dormir. O dia foi...cansativo. — Expliquei.

Julie se inclinou e me deu um beijo de boa noite, um na bochecha e outro suave nos meus lábios e se aconchegou mais em meus braços.

Ela não falou nada sobre voltar para o seu quarto — considerando que aquela cama era de Olivia — e eu estava me sentindo estranho demais para dizer qualquer coisa.

Acho que eu não deveria ter que dizer que dormir com uma mulher na cama de outra era desconcertante, para dizer o mínimo. Mas, provavelmente, a cabeça de Julie ainda estava no trabalho.

— Boa noite, Seb...— ela disse contra o meu pescoço. Eu estava prestes a respondê-la quando Julie acrescentou. — Eu te amo.

Senti todo o meu corpo se retesar.

Olhei para seu rosto, mas ela já estava de olhos fechados.

Engoli em seco.

— Boa noite, Ju.

Não consegui ficar mais de dez minutos tentando pegar no sono depois que Julie dormiu e saí do quarto, tentando organizar minha mente.

Ouvi alguém gargalhar no andar de baixo.

Olivia tinha dito que todo mundo ali sabia que quando ela e Patricia passavam a noite juntas ninguém poderia ficar espreitando.

Mas eu não pretendia espreitar nada...

...só dar uma olhadinha.

Me inclinei na escada apenas o suficiente para ver as figuras sentadas na frente do sofá gargalhando.

Eu ainda não estava acostumado com o som da gargalhada de Sartori e o efeito que ela causava em mim.

— Eu não acredito que você disse isso a ele! — Olivia exclamou, chocada.

— Fiquei com pena, sabe? Toda aquela situação estava acontecendo por causa do meu pai desesperado para me casar com alguém.

Sartori gargalhou mais um pouco e eu estreitei os olhos com suspeita. Não demorei para ver duas garrafas de água e Gatorade com um líquido transparente dentro.

Estava explicada a quantidade de risadas.

— Eu juro que vou escrever um livro de romance de época e vou colocar o nome de "Fugindo dos Primos". — Olivia disse entre risos e foi a vez de Patricia gargalhar. — Ainda vou colocar um mocinho forte, alto, dos olhos azuis para ser seu prometido.

A amiga fez um som de desaprovação:

— Eu peguei a referência, sua infeliz, mas se você vai escrever um livro sobre mim, vou escrever um sobre você: um romance contemporâneo com aquelas capas ilustradas e o nome vai ser "Meu Noivo de Mentira".

O riso de Olivia parou quase que instantaneamente e eu tive que segurar o meu.

— Você não sabe brincar, Patty.

— Por que não? A história vai ser sobre uma garota que está gostando bastante de andar de mãos dadas e trocando beijos descompromissados com um cara bonitão. — Eu poderia imaginar Sartori fazendo uma careta. —Vai, ele é bem mais bonito do que Max.

Olivia ficou em silêncio por um instante e, quase sem perceber, eu me inclinei mais para ouvir sua resposta.

— São belezas diferentes.

— Ahá! Eu sabia! — Patricia gritou.

— Ai, meu Deus, o que é agora?

— Há uns dias você torceria a boca ao cogitar falar sobre a beleza de Sebastian e agora "são belezas diferentes"? — ela imitou a voz de Olivia com maestria. — Ele está detonando as paredes em volta do seu coraçãozinho.

— Cale a boca, Patricia. — Todos leves sinais de embriaguez tinham sumido de sua voz. — Sim, minha opinião sobre Sebastian era equivocada. Sim, acho que ele é um cara decente. Não, não estou criando ideias sobre nós dois. Não, não estou confortável nesse papel do nosso relacionamento. Mas sim, descobri que gosto da companhia dele e de falar com ele. E tire essa expressão do rosto, ele está comprometido.

Patricia deixou um minuto passar.

— E se ele não estivesse?

O som da televisão não estava tão alto e as falas soavam desconexas para mim. Ou talvez fosse apenas o resultado da minha respiração acelerada e meu coração começando a soar alto demais.

Sem convite, as lembranças dos beijos que demos até aquele momento, fossem de verdade ou de mentira e a sensação de envolver Olivia com os braços, voltaram à tona, como sempre faziam.

Sua voz era quase um murmúrio quando ela disse:

— Seria idiota me envolver com alguém que tem um contrato de casamento comigo. Não me olhe como se eu fosse insensível. Eu e Sebastian estamos em busca de um objetivo. Amizade é o mais longe que poderíamos chegar. Ele sabe disso.

— E se ele não souber? — A pergunta de Patricia me surpreendeu.

— Ele vai ter que aprender. — Sartori disse com seu tom de voz muito conhecido. Inflexível, implacável. — Chega de bebida para mim. Vou pegar um pouco de água.

 

OLIVIA

Acordei com o pé de Patricia na minha cara e praticamente não tinha amanhecido ainda.

A casa ainda estava no silêncio precioso antes de todo mundo acordar.

Quer dizer, todo mundo exceto meu pai que apareceu descendo a escada pronto para tomar café da manhã e começar sua rotina.

— Hey, Oli.

— Oi... — eu disse tentando tirar o peso praticamente morto de Patty e seu sono de defunto de cima de mim. — Posso começar o dia com você? Como nos velhos tempos?

Meu pai arqueou uma sobrancelha e, depois de segundos excruciantes, abriu um sorriso.

— Já estava na hora. — Eu me levantei estava prestes a dizer que só iria escovar os dentes quando ele continuou: — Achei que eu não tinha mais valor agora que você só quer começar o dia agarrada com seu namoradinho.

Passei por ele e dei um empurrão de brincadeira:

— Desço num instante.

Para quem estava enchendo meu saco por dormir como uma estrela do mar, bem que Sebastian estava bastante confortável esparramado nos meus lençóis. Ainda assim, pude reparar que seu corpo parecia respeitar boa parte do meu espaço da cama. Um sorrisinho apareceu em meu rosto e sumiu quase que no mesmo instante.

A voz de Patricia perguntando o que aconteceria se Sebastian não estivesse comprometido voltou em minha cabeça assim como minha falta de palavras, considerando que há uns dias a resposta teria saído facilmente da minha boca.

Observei o homem que eu nunca imaginaria deitado na minha cama, muito menos no quarto onde eu cresci.

— Pelo amor de Deus, Olivia, se controle e não estrague tudo. — murmurei para mim mesma.

Julie estava certa. Claro que estava.

Eu não era alguém para Sebastian. E a ideia de machucá-lo tanto quanto sua ex havia feito, me deixava preocupada.

No entanto, me esforcei para não admitir nem para mim mesma que estava aliviada de não ter que entrar no quarto e encontrar Julie e Sebastian dormindo juntos.

Por mais que isso provavelmente fizesse de mim uma pessoa horrível.

Eu e meu pai trabalhávamos em silêncio. Ele cortava mais tábuas de madeira enquanto eu martelava e vice-versa. Ele ainda estava no seu projeto de construir o que eu achava que seria quase como uma casinha para festividades. Com a ajuda extra de Sebastian e companhia, a construção estava quase completa, mas eu ainda não sabia qual era o objetivo dele.

— Não sabia que o senhor estava planejando fazer isso aqui. Crise da meia-idade? — provoquei e meu pai me olhou com uma cara feia.

— Para a sua informação, eu venho planejando isso aqui há anos, sua pentelha.

— E agora que arranjou a mão de obra escrava de Sebastian, Hunter e Caleb você está se aproveitando?

— Que bom saber que você anda engraçada que nem seu namoradinho. — Foi minha vez de fazer uma careta.

— Noivinho. Preste atenção. — Alertei e meu pai soltou um "humpf", mas nós estávamos sorrindo um para o outro.

Era bom ter aquela sensação de leveza ao lado dele novamente. Desde meu término com Max as coisas, que tinham começado a ficar tensas quando decidi ir para a capital, ficavam meio pesadas entre nós.

— Acho que ele passou. Ou pelo menos está passando. — Meu pai comentou quando trocamos as tarefas.

Franzi a testa confusa:

— Quem passou no quê?

— Sebastian. No meu teste.

— Então você admite que estava testando o pobre homem? Eu acho que você conseguiu deixá-lo paranóico e obrigada por isso. — eu disse suavemente.

— A relação de vocês é...diferente. Eu tinha todo direito de ter minhas dúvidas. — Pedro Sartori começou a explicar. — Na frente de todos, vocês agem como apaixonados, mas quando acham que ninguém está olhando vocês implicam com outro como duas crianças birrentas...mas também demonstram carinho entre si.

Era bom que ele pensasse aquilo, porém eu não queria pensar muito na sua última observação sobre carinho.

Minha mente já fazia um bom trabalho sozinha, passando todos nossos momentos juntos em repetição.

— Sim, nós temos algo...diferente.

— São quatro anos trabalhando juntos?

— Quase cinco. E não, eu nunca olhei para Sebastian com segundas intenções quando estava com Max.

— Sei disso, mas Sebastian olhava com outros olhos para você.

— Acho que nã... — Comecei e então percebi o seu tom. — Isso não foi uma pergunta.

Meu pai negou com a cabeça.

— Eu e sua mãe fomos naquela festa de fim de ano da sua empresa, lembra? Logo depois que você foi contratada oficialmente?

Eu quase tinha esquecido.

— E o que tem?

— Acho que Sebastian já tinha reparado em você antes de você reparar nele, apesar de fingir que não.

— Acho que o senhor está vendo isso agora porque eu e Sebastian estamos juntos.

Meu pai parou de martelar, me encarou por alguns segundos e pareceu pensar um pouco.

— Não... Aquele garoto definitivamente já prestava atenção em você. — Ele fez uma pausa — Mas agora, assunto sério, sei que as relações modernas estão diferentes, — ele disse com seu tom solene de quem viveu na época de Matusalém. Entretanto...você o ama, filha?

Foi como se todo o ar tivesse sido arrancado de mim de uma vez e voltado de novo.

Eu quase tossi.

Meu pai me encarava sem julgamentos.

— Eu sei que tenho sido um saco. E sei como isso parece para você. É verdade que passei uma boa parte da minha vida achando que você e Max ficariam juntos. Que ele era o cara perfeito para você. Porém, pelo visto, eu estava errado e já passei do ponto de questionar suas decisões. — Respirei fundo. — Apesar de ser a mais responsável, você ainda é a minha caçula e eu ainda me preocupo com você. Sempre vou me preocupar. Lógico que eu ficaria mais em paz se seu marido fosse alguém que eu conhecesse e confiasse.

— Como Max...— eu disse ironicamente.

— Como achei que era o caso com Max... mas vocês não ficaram juntos e não há nada que eu possa fazer a respeito além de me certificar se esse casamento é algo mesmo que você quer. — Ele apoiou as tábuas e pegou as que estavam nas minhas mãos. — Tenho conversado e observado Sebastian e ele parece ser um bom homem. Ele se importa com você e te faz sorrir e te defende, mas às vezes isso não é o suficiente...

— Eu não sei. — Interrompi, respondendo sua pergunta. — Eu não sei se o amo.

Meu pai assentiu com a cabeça.

— E não há nada de errado nisso, mas entenda que o matrimônio é algo sério, paixão não segura um casamento e se você não estiver pronta para isso, não precisa provar nem explicar nada para ninguém.

Assenti com a cabeça e ele continuou.

— Não quero que se ressinta comigo, mas me importo com você.— Ele olhou em volta e acrescentou rapidamente: — E com todos seus irmãos também. E se você contar para eles algo diferente disso, nós teremos um problema.

Nós dois rimos.

— Quero entregar minha filha para um homem que a mereça, mas não sou eu que tenho que decidir se ele a merece ou não. Só você pode fazer isso.

Ele esvaziou as mãos e passou um braço pelo meu ombro me abraçando.

— Te amo, Oli. Você não precisa carregar o mundo sozinha, sabe disso, não sabe?

Eu sabia.

Mas era muito mais fácil falar do que agir.

— Vocês são fofos juntos. — Pattie declarou enquanto estávamos elaborando arranjos no Grande Salão da cidade.

Ou pelo menos, eu estava elaborando. Ela estava fuxicando no celular.

— Hm? — perguntei distraída.

— Vocês dois formam um belo casal. Você e Sebastian. — Patricia esclareceu como se já não estivesse óbvio pelo seu tom de voz. Ela virou a tela do celular para mim e vi uma foto minha com Sebastian que alguém, entre as centenas de fofoqueiros daquele lugar, havia tirado.

Na foto, Ferrante conversava comigo, me abraçando de lado, seu braço em volta da minha cintura e seus olhos fixos em mim enquanto eu sorria.

Ele olhava com outros olhos para você, as palavras do meu pai ecoaram na minha mente.

Quando tentei analisar a foto mais de perto, Patricia puxou o celular.

Nos últimos tempos, ela vinha enchendo o saco sobre o meu falso relacionamento com Sebastian.

— Ei, onde você encontrou isso? — falei me referindo à foto.

— Do grupo Gossip Girl Caipiras. As notícias sempre saem primeiro lá.

Fiz uma cara de horrorizada:

— Gossip Girls Caip... qual o problema de vocês?

Ela fingiu que não me escutou:

— Pelo que você falava, eu achava que Sebastian seria um canalha mulherengo, mas ou ele atua muito bem ou ele ficou amarradão em você e resolveu consertar suas veredas.

Fiz uma careta:

— Pela milésima vez, — murmurei. — É claro que é tudo atuação.

Patty virou a cabeça para me olhar.

— Por que você parece triste com essa observação?

Olhei em volta e soltei o ar:

— Sempre sou honesta com você, mas se você tirar uma com a minha cara, nunca mais falo nada.

Minha amiga tentou segurar o riso e levantou as mãos na altura do ombro.

— Está bem. — respirei fundo. — Sabe que passei boa parte da minha vida com Max. E apesar de todos aqueles anos que eu achava que estava sendo amada por ele...era diferente.

— Como assim diferente?

Suspirei:

— Que deixemos claro que tudo entre mim e Sebastian é uma atuação, certo? — Patricia rolou os olhos mas assentiu. — Comecei a sentir falta de alguém que se importasse comigo. Que demonstre que gosta de estar comigo. Que faz questão de mostrar que está comigo. E então, eu percebi que nunca tive isso com Max. Estávamos juntos porque todo mundo já sabia que estávamos juntos. Você sabe quantas vezes marcávamos de fazer algo juntos e ele simplesmente lembrava em cima da hora que tinha marcado algo com os amigos? Como ele agia diferente quando estava perto deles?

Limpei a garganta, tentando diminuir o bolo que estava se formando ali.

— Não tem nada a ver com Sebastian. É só que eu achava que tinha ficado sozinha depois que Max e eu terminamos, mas acabei percebendo que estava sozinha muito antes disso.

— Ô, amiga. — Patty passou o braço por meus ombros. — Você merece toda felicidade do mundo e você vai ter, eu não tenho dúvidas.

— E se meu destino for ficar sozinha para sempre?

—Não é! Você é linda, inteligente e bem sucedida, qualquer cara decente morreria por você. Subiria num arranha-céu e se jogaria do topo. Correria pelado pela rua num frio de -42ºC. Pularia de um avião sem paraquedas.

Dei uma risada quase sem humor:

— Você é tão dramática.

— É a verdade. E posso garantir que tem uma lista de interessados em você.

Minha cabeça virou tão rápido que meu pescoço protestou:

— O quê?

— Pois é, lindinha. Desde que você chegou na cidade, vários pretendentes vêm me perguntar se a situação com Sebastian é séria ou sutilmente perguntando seus gostos e preferências. Você é uma Sartori, afinal.

— E você não me falou isso antes por quê....?

— Porque ainda estou avaliando os candidatos. — Rolei os olhos e Patty levantou um dedo. — Além disso, eu já tenho um preferido.

— E planeja me contar algum dia quem é?

Patricia deu de ombros:

— Se minhas desconfianças e cálculos estiverem certos, prometo que você será a primeira a saber muito em breve.

✥✥✥


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Notas finais do capítulo

Heeyyy, meus amores!

me perdoem se encontrarem algum errinho

O capítulo ficou ENORME e eu pretendo (PRETENDO) dar alguns mimos pra vcs durante essa tal de feira(danças? beijos? um cuidando do outro doente? oq ? eu n disse nada ) uhwshwuhsuwhhuwhuw

Agradecimento Especial para: Srta. Oliveira que está acompanhando e comentou na história!

Não se esqueçam de comentar o que estão achando, deixar aquele favebásico e compartilhar a história com os amigos ♥

A gnt se vê amanhã!!

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