Contrato de Casamento escrita por Emmy Alden


Capítulo 28
Vinte e Oito


Notas iniciais do capítulo

o último de >>hoje



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"It's not me, it's not you, there's a reason

I'm just tryna read the signals I'm receiving."

(Another World)

 

OLIVIA

Se Max tinha um talento era ter um timing perfeito.

Principalmente para tornar minha vida mais difícil.

Sebastian e eu estávamos na cidade há quatro dias e ele escolheu o pior momento para aparecer na casa da minha família.

Depois que Liz me deu a notícia, foi como se eu tivesse entrado em modo automático.

Max estava vindo jantar com minha família.

Desejei bom dia para todos, mas nem mesmo cheguei a ouvir quais foram as respostas antes de subir pela escada.

Eu havia tomado banho e comido o café da manhã na casa de Patty, mas sentia como se tudo fosse voltar pela minha garganta a qualquer momento.

Minha mente tentava e falhava em encontrar uma estratégia que fizesse aquela noite ser um sucesso.

Eu e Sebastian estávamos praticamente brigados e ainda que eu pedisse desculpas, o clima ainda ficaria meio estranho por causa do...Erro.

Por Deus, eu havia saído dali na madrugada pondo em dúvida a própria continuação do nosso contrato.

Tudo bem que eu mandei uma mensagem para Sebastian dizendo que continuaríamos, mas eu não vi como ele reagiu ao recebê-la.

Se existisse alguém que fosse perceber algo estranho entre mim e Ferrante, certamente seria Max e sua família.

Parte de mim estava querendo se conformar que aquilo ali estava fadado ao fracasso, mas a outra parte gritava e chorava de frustração só de imaginar a humilhação que os Fontana me fariam passar por causa desse esquema.

Mal tinha sentado na cama quando levantei num pulo.

Eu precisava falar com Sebastian.

 

SEBASTIAN

— O que acha?

Me sobressaltei com a voz do pai de Olivia me perguntando sobre algo que provavelmente ele estava falando nos últimos cinco minutos e eu não estava prestando o mínimo de atenção.

— Hm, eu...

— Não ouviu nada do que eu falei, não é? — ele suspirou.

Abaixei a cabeça, envergonhado.

— Perdão, é só que...— Deixei as palavras morrerem.

Aquele homem nunca gostaria de mim.

O que de certa forma não deveria importar.

Nunca deveria ter importado.

Talvez toda aquela minha atitude em relação ao contrato tivesse me levado àquele desastre monumental.

Havia ficado confortável demais no papel que estava interpretando e tinha confundido as coisas.

O contrato estava praticamente por um fio.

Olivia me odiava e era provável que achasse que eu era o pior tipo de pessoa que já pisou na face da Terra.

Senti uma mão se apoiar no meu ombro.

Quando ergui a cabeça, Pedro Sartori me encarava segurando o riso.

— Pois é, meu rapaz. Poucas coisas podem tirar um homem do eixo como a pessoa por quem ele está apaixonado. Mesmo depois de anos de casado, Lucinda consegue olhar para mim de um jeito mais...ameaçador e fazer com que eu fique incomodado o dia inteiro, me perguntando o que eu fiz de errado.

Uma risada nervosa saiu da minha boca.

— Arrisco em dizer que os olhares da sua filha são muito mais ameaçadores do que o da mãe.

Pedro deu de ombros.

— Isso é verdade. Foi o meu olhar que ela herdou, mas a intenção sem dúvidas é a da mãe. — Ele encarou o horizonte como se lembrasse de diversas ocasiões em que tinha estado em uma situação semelhante à minha. Ou quase isso. Pedro riu mais um pouco. — O único remédio é tentar distrair a mente, dar espaço e com certeza o que você fez de errado aos olhos dela será esclarecido.

O problema é que Olivia já tinha deixado bem claro o que eu tinha feito de errado. O que nós havíamos feito de errado.

— Todo mundo na nossa família é meio cabeça-dura e toma algumas decisões no calor do momento. — Pedro continuou e tirou a mão do meu ombro. — Bem, exceto Olivia, que gosta de pensar em algo 300 vezes antes de tomar uma decisão. Embora, considerando o relacionamento de vocês e esse casamento, creio que ela esteja mudando um pouco.

Esperei ouvir o tom de repreensão na voz dele como de costume, mas apenas havia curiosidade e um pouco de divertimento.

— Não vou mentir para você e dizer que não fui contra essa decisão de casamento desde o começo. Acho que você está bem ciente disso. — Pedro voltou a andar e eu o acompanhei, dando a volta no espaço da construção em que ele esteve trabalhando nesses últimos dias. Ainda não tinha forma certa, mas parecia uma pequena casinha, como um depósito. — Olivia é minha caçula. Veio inesperada, mas não indesejada. Apenas um resultado de uma noite de férias um tanto animada demais depois de tantos anos de correria e trabalho, se é que você me entende?

Nós dois rimos.

— Era a filha que seria mais mimada, se não tivesse tanta sede de ser independente desde cedo. Então o que deveria ser mimo, virou senso de proteção, vindo de todos aqui em casa. Não foram poucas vezes que eu a ouvi dizer que se sentia sufocada aqui. E era verdade. — Pedro deu um sorriso triste. — Somos extremamente super protetores com Olivia. É aquele impulso de quando algumas pessoas vêem um pássaro bonito e especial e querem guardá-lo, mantê-lo próximo, mas, na verdade, sabem no fundo que é só na liberdade que ele será completo. Aprendi a me conformar com isso quando minha filha foi embora.

"Então não, não consigo parar de me preocupar com ela e com as escolhas que toma, apesar de quase sempre tomar as melhores. Eu só preciso ficar me lembrando disso. Se ela escolheu você, mesmo com meses de relacionamento ou mesmo se fossem anos, sei que confia que isso dará certo. A rapidez me pegou de surpresa? Sim, mas como Eliza me lembrou esses dias: vocês estão tecnicamente juntos há 5 anos. Ainda que não romanticamente, mas são 5 anos convivendo todos os dias. Nesse ponto acho que você conhece melhor a versão atual de Olivia do que nós."

— Confie em mim quando digo que parece que ainda tenho muito mais a conhecer. — retruquei.

— E tem mesmo, é algo inato nós relacionamento. Todo dia avançamos um pouquinho mais. Quando esse avanço para por algum motivo, aí sim, é hora de se preocupar. — Paramos embaixo da sombra de uma das árvores. — O que estou querendo dizer com essa conversa é que, embora minha natureza de pai ainda seja receosa — no dia que você tiver uma filha, vai entender que é difícil imaginar que alguém seja o suficiente para sequer beijar os pés dela —, vejo que você se importa com minha Olivia. Com a sua felicidade. Com o seu bem-estar. Acho que é tudo o que um pai pode desejar. Não há nada mais que eu deseje.

Um bolo estava querendo se formar na minha garganta quando disse:

— É apenas uma fração de tudo que eu quero poder proporcionar a ela.

Foi a coisa certa para se falar porque Pedro assentiu com a cabeça e ficamos em silêncio por alguns segundos, embora eu — por convivência com Olivia — soubesse que havia mais a ser dito.

E não demorou muito para aquilo se confirmar.

— Só te peço uma coisa. — ele começou com a voz firme. — Não quero supor nada, nem julgar. Não sei como foi sua vida até esse momento, mas parte mim sente que você tem alguns assuntos com... outras pessoas a serem resolvidos. De novo, não estou duvidando do que sente por minha filha. Mas, sei que o coração é confuso, contraditório e imprevisível às vezes. Olivia precisa de uma pessoa que esteja 100% com ela. Se você perceber que seu coração está em outro lugar, não suba no altar. Porém, se perceber que ela é realmente o que quer... — ele respirou fundo, mas seu tom era completamente honesto ao dizer com um sorriso: — Ficarei mais do que feliz em ter você como parte da família.

 

OLIVIA

Ver Sebastian e meu pai conversando como velhos amigos trocando segredos e sorrisos era algo que eu não esperaria ver tão cedo. Talvez nunca.

Me aproximei de onde eles estavam. Meu pai foi o primeiro a me avistar.

Ele limpou a garganta e Sebastian percebeu minha presença, olhando por cima do ombro:

— Espero que tenhamos esclarecido algumas coisas.

Buscando o meu olhar, Sebastian respondeu:

— Impossível ficarem mais claras.

Eu não poderia nem imaginar do que se tratava aquele aparente código entre eles e não tinha certeza se queria saber. Além disso, minha mente não processava mais nada além dos olhos de Sebastian nos meus.

Aquela conexão era tão intensa quanto seu toque em minha pele.

Eu estou tão ferrada.

Meu pai se afastou da árvore chamando tanto minha atenção quanto a de Sebastian.

— Bem, acho que vocês devem ter alguma coisa para conversar e eu tenho muitas coisas para fazer. — Ele andou até parar ao meu lado e me dar um beijo na bochecha. — Bom dia, querida. Pegue leve com o rapaz, ele estava praticamente arrancando os dedos com os dentes.

E com isso, ele começou a fazer o caminho de volta para casa.

— O que acabou de acontecer? — perguntei quando ele já estava a vários passos de distância. — Pedro Sartori acabou de te defender?

— Não está sabendo da novidade? Viramos melhores amigos inseparáveis. — Sebastian disse, suas palavras eram leves, mas seu tom era sério. — A partir de hoje ele me pedirá dicas de melhores gravatas para usar e em troca vai me dizer o segredo para ter um negócio de sucesso.

Uma risadinha escapou da minha boca, mas o rosto de Ferrante não tinha um pingo de humor.

— Sebastian, eu...Eu sinto muito por ontem à noite.

— Por me beijar, por surtar pela segunda vez por causa de um beijo ou por me acusar de ser um cafajeste?

— Por tudo. Por todas essas coisas e mais. Eu realmente sinto muito. — Olhei para os meus pés. — Toda essa situação é difícil para mim. Eu...estou confusa.

— Não pense que é fácil para mim também. Ter que mentir para minha família. Mentir para a sua. — Ele suspirou. — Sabe o que seu pai estava fazendo aqui? Estava me dando sua bênção para casar com você.

Olhei para Ferrante, incrédula.

— Ele não fez isso.

Sebastian confirmou com a cabeça.

— Sinto muito por te colocar nessa situação e...

Ele deu um passo na minha direção.

— Esse é o problema, Olivia. Você fala como se a culpa fosse sua por estarmos nessa situação. Como você disse sobre nosso beijo ontem, eu não fui forçado a nada, não fui forçado a entrar neste contrato e...

— Eu te coagi a compactuar com a mentira que eu inventei para o advogado da empresa.

Ferrante bufou.

— Você não acha que eu poderia ter desmentindo tudo aquilo um segundo depois? Eu poderia ter te poupado, rido e dito que era apenas uma piada interna entre nós. Eu poderia ter sido cruel e dito que era só você tentando salvar seu emprego. Poderia ter ido atrás de Santiago depois e desmentido tudo, dizendo que você era louca. — Suas palavras eram baixas e firmes e, de alguma forma, eu preferia mil vezes que ele estivesse gritando comigo. — Porém, escolhi continuar na mentira. Eu poderia te jogar no fogo e arranjar qualquer outra mulher para fazer o mesmo contrato comigo. Por Deus, seria muito mais fácil se eu soubesse que você se sentiria tão culpada e tão indignada por estar perto de mim.

— Você não entende, não é nada disso. Prometi te ajudar com Julie, eu fui até ela para contar que tudo isso era uma mentira. Eu fui até ela para lhe dar esperanças quando ela já não tinha nenhuma. Isso faz com que eu me sinta desleal. — Senti as palavras saírem com dificuldade. — Sei como é confiar em uma pessoa, achar que ela quer o seu melhor e então descobrir que ela te traía com a pessoa que você amava. Não desejo isso para ninguém.

Percebi sua mão se erguer até meio caminho em direção ao meu rosto e depois cair ao lado do corpo novamente.

— Sartori, olhe para mim. — Obedeci. — Não fiz nenhuma promessa para Julie além de que tentaria fazer isso dar certo dessa vez. Não fiz juras de amores, nem declarações de chacoalhar a terra sob nossos pés. Julie sabe que estamos todos numa situação complicada, para dizer o mínimo. Não seria justo com ela dizer que a amo e que ela é a mulher da minha vida quando estou envolvido numa condição dessas.

Não pude impedir a culpa de aparecer no meu rosto, e Sebastian percebeu instantaneamente.

— O que foi?

— Não, eu... — Era difícil aceitar que Sebastian estava levando todo o nosso caso com muito mais prudência do que eu. — Eu...disse essas coisas a ela.

Sebastian franziu a testa tentando assimilar minhas palavras, seus olhos se arregalando quando ele finalmente entendeu.

 

SEBASTIAN

— Você disse que eu a amava?

Quase me engasguei com as palavras.

Pela expressão de Sartori, eu tive minha resposta.

Por isso Julie parecia tão...disposta a estar comigo. Tão...acelerada no quesito da nossa relação.

O que poderia ficar no meio de duas que estavam apaixonadas uma pela outra?

— Eu disse que ela era a mulher da sua vida. — Olivia disse em um tom de desculpas e eu dei dois passos para trás, voltando a me encostar na árvore e fechei os olhos apertado. — Desculpa, eu só achei que... Faz tanto tempo que vocês gostam um do outro...O cuidado que você tem pelos sentimentos dela... Não queria que se privasse de viver o seu amor por medo, ou por causa do nosso contrato.

Eu queria sumir, desaparecer.

Minha tarefa de conversar com Julie tinha acabado de ficar trezentas vezes pior. O dano que eu causaria seria muito pior do que eu tinha imaginado.

Quando abri os olhos novamente, Olivia abraçava o próprio corpo e piscava rapidamente.

— Entende agora porque a culpa é minha por mais que você tente negar? — ela disse, com um tom inflexível que não combinava nada com sua postura vulnerável. — Seria muito melhor e mais fácil se pegasse suas coisas e fosse embora. Estou ferrada de qualquer jeito. Tenho lido a situação de maneira completamente equivocada desde que começamos com esse acordo. Me intrometi entre você e Julie e só piorei as coisas. Max está prestes a vir aqui essa noite e eu só vou fazer papel de idiota. — Olivia soltou um grunhido frustrado. — Só continuarei estragando tudo até esse acordo acabar. Seria melhor se acabasse o mais rápido possível.

— O que você disse?

Ela me olhou, confusa.

— Disse que continuarei estragando...

— Não. Antes disso. Sobre o Max.

Sartori soltou os braços ao lado do corpo e deu um sorriso amarelo.

— Pois é, meu dia começou com uma notícia boa: A família de Max e o próprio irão jantar aqui essa noite. Max vai ver através de cada uma das minhas mentiras, cada uma das minhas falhas... Eu não sei porque acreditei que vir para cá seria uma boa ideia. — Ela abriu os braços. — Mas pelo visto, eu não ando tendo muitas boas ideias ultimamente. Sinto muito, Sebastian.

Olivia esperou alguns segundos antes de me dar as costas, pronta para andar em direção à casa, mas antes que ela pudesse dar o primeiro passo, eu segurei o seu braço.

Quando ela voltou a me encarar pude ver em seus olhos a mesma lembrança que estava na minha mente: a noite anterior.

Soltei-a, mas não me afastei.

— Ele não vai ver através de mentira nenhuma porque para todo mundo que mora aqui isso é real e não vamos dar motivos para eles pensarem o contrário. Ele não vai ver falha sua porque não existirá nenhuma. Somos Olivia Sartori e Sebastian Ferrante, estamos noivos, extremamente apaixonados e vamos nos casar daqui a alguns dias. Essa é a verdade para todos e essa vai ser a verdade para nós enquanto estivermos na frente deles, combinado?

Olivia apenas me encarou e eu daria qualquer coisa para saber o que estava passando por sua mente.

— Combinado? — repeti e ela assentiu. — Não ligo se não quiser trocar uma palavra comigo quando estivermos sozinhos, se não quiser passar um segundo a mais do que o necessário na minha companhia. Mas essa noite, nesse jantar, seremos eu e você. Vamos seguir o contrato da melhor forma possível e vamos fazer isso dar certo, está bem?

Sartori abriu a boca, mas nenhum som saiu, a cor dos seus olhos parecia ter ficado mais intensa e profunda, como se quisesse passar alguma mensagem. Uma mensagem que eu não sabia ler.

Eu estava tão cansado.

Ela pigarreou.

— Está bem. — concordou, passando as duas mãos no cabelo preso em um rabo de cavalo. — Preciso voltar, vou ver se minha mãe precisa de ajuda.

Quando ela já estava a alguns passos de distância, eu falei alto:

— Não ligo para essa bagunça. Não ligo se quiser se afastar. Cumpro com minha palavra. — Olivia parou de andar, mas não se virou. — E eu vou continuar aqui. No mesmo lugar.

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Notas finais do capítulo

Heeyyy, meus amores!

DIAS DE LUTA, DIAS DE LUTA PQ ATÉ HOJE NÃO VIMOS A GLÓRIA KKKKKKKKKKKKKK

Estou com estômago embrulhando só de imaginar o quanto vcs me xingam na mente husahusahusahusahuahuhusahua

ME CONTEM O QUE ACHARAM? QUAL SUAS TEORIAS PARA O QUE AINDA VAI ACONTECER?

ME CONTEM ME CONTEM (perdoem os errinhos de revisão)

AMANHÃ TEMOS CAPS NOVOS NO PLURAL, espero vcs aqui, meus anjinhos pacientes ♥

Não se esqueçam de comentar o que estão achando, deixar aquele votinho básico e compartilhar a história com os amigos ♥

A gente se vê amanhã!!

bj bj meus amores, obg por serem incríveis

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