Kihyun sentiu sua alma sair do corpo quando a ponta da maldita garrafa parou na sua frente, não conseguiu evitar olhar para o outro rapaz que havia feito ela rodar em cima da mesinha de centro da sala. Hyungwon não esboçou nenhuma reação nem olhou para si, apenas se levantou e passou a caminhar para a porta do armário embaixo da escada. 

Aquela noite a festa era na casa de Shownu, namorado de seu irmão mais novo, Changkyun. Hyungwon era amigo de seu “cunhado” e ambos estudavam economia. Eram populares no campus pela beleza, principalmente Hyungwon com seus um oitenta e três de altura, porte atlético e ombros largos. Ultimamente ele havia aderido a uma rotina na academia e estava tendo ótimos resultados e isso só contribuiu ainda mais para a sua popularidade. 

Mas apesar disso, o rapaz era muito reservado e raramente era visto com alguém, seu último envolvimento havia sido com Minji, irmã de Minhyuk, mas ela agora namorava Wonho. Kihyun sabia dessas coisas por causa de Changkyun, que andava com eles por causa do namorado. 

Já o Yoo mais velho evitava um pouco se envolver com a turma do irmão por se sentir deslocado, ele não era popular, nem alto, não se achava muito bonito e muito menos atlético. Não tinham muitas coisas em comum e por isso acabava evitando contato com eles. 

Andava muito com seu melhor amigo Jooheon, que arrastava uma asinha para Jaebeom, um dos amigos de Shownu. 

Mas o fato que fez Kihyun se levantar devagar, sentindo as pernas tremerem enquanto dava pequenos passos até onde Hyungwon já tinha entrado, era que ele tinha uma grande queda pelo mais alto. E por causa disso se achava inferior e nem sequer teve vontade de fazer algo a respeito de seus sentimentos. Olhava para si, seus um e setenta e cinco de altura, mania de limpeza, óculos de grau e roupas um pouco bregas, porque ele não tinha senso de moda, o faziam nem sequer cogitar pensar em tentar algo.

Sua roupa no momento atual era uma camisa preta sem desenho larga demais, seu cabelo estava meio grande e ficava tocando o óculos, sua calça jeans larga na cor bege e tênis branco velho era sua vergonha quando olhava para Hyungwon, que estava deslumbrante naquela noite. 

Seu amor platônico vestia uma camisa social branca de tecido mole com alguns botões abertos, calça jeans preta justa e botas pretas de cano alto. O cabelo estava platinado, e ele ainda usava um brinco longo de corrente que tocava a parte nua do pescoço. Hyungwon parecia um ser divino, não um humano qualquer. 

Ele tinha uma boca carnuda perfeitamente desenhada, nariz arredondado extremamente charmoso e olhos intensos, receber uma mirada de olhar dele fazia o corpo inteiro de Kihyun tremer.

O mais baixo fez a caminhada da vergonha em silêncio porque todos se limitavam a observar a ida dos dois para o armário, já que eram totalmente opostos entre si, entrou no local mal iluminado, Hyungwon fechou a porta e devagar se virou para ele. Kihyun estava muito envergonhado e segurava as duas mãos em sinal claro de nervosismo. Ele tinha certeza de que o outro não queria estar ali com ele, então tentando manter sua dignidade, decidiu ser claro.

— Hyungwon — o maior estava parado encostado na porta e apenas respondeu com um Hum?

Kihyun engoliu em seco porque o platinado o encarava intensamente. 

— Não precisa me beijar, sei que você provavelmente gostaria que fosse outra pessoa. Tudo bem, eu digo que a gente se beijou depois que sairmos, mas não se sinta obrigado a isso — disse tudo em um fôlego só.

Kihyun sequer o encarava e segurava forte as mãos que tremiam, assim como seu corpo.

— Por que você acha que eu não quero te beijar? — Hyungwon desencostou da porta, dando pequenos passos até o Yoo.

— E-eu não sou muito bonito, o-ou popular, nem mesmo sou alto o ba-bastante… Sou a pessoa mais sem graça do mundo — respondeu sentindo o coração acelerar conforme o rapaz se aproximava ainda o fitando intensamente. 

— Você não poderia estar mais errado — a voz grossa de Hyungwon saindo sussurrada lhe fez sentir um novo tremor, e piorou quando os dedos do rapaz tocaram seu queixo — Sabe há quanto tempo eu venho desejando uma chance como essa? 

Aquilo pegou Kihyun de surpresa, naquele momento ele sentiu que iria enfartar quando o olhar do outro desviou dos seus olhos e desceu para sua boca. Hyungwon levantou gentilmente o queixo de Kihyun para cima, fitando todo o rosto do menor. 

Ele nunca falou para ninguém, mas achava o irmão de Changkyun lindo e extremamente adorável. Ele tinha o rosto pequeno e delicado, a boca miúda com a pintinha no canto superior dos lábios, o nariz fino e olhos pequenos, até mesmo o óculos redondo de grau ficava lindo em seu rosto. 

Naquele momento , com o rosto corado de vergonha e surpresa em seu olhar, ele não poderia estar ainda mais lindo aos olhos de Hyungwon. Não entendia porque o rapaz estava tão inseguro, já que naquele momento, estava louco para beijá-lo.

— Eu posso? — perguntou olhando novamente nos olhos de Kihyun, que se arrepiou.

O moreno não conseguiu dizer sequer uma palavra, mas timidamente acenou que sim com a cabeça. Hyungwon sorriu miúdo e aproximou o rosto, se abaixando por causa da diferença de altura. Nenhum dos dois fechou os olhos e apenas houve um toque leve nos lábios. Apenas estavam experimentando e mesmo assim o singelo gesto fez com que ambos os corações reagissem.

Hyungwon fez sua palma direita acariciar o rosto de Kihyun com um sorriso sem mostrar os dentes. O pequeno rapaz não podia acreditar no que tinha acabado de acontecer, parecia que estava sonhando, seu peito estava sentindo uma pressão enorme das batidas do coração.

— Posso te beijar de novo? — pediu sussurrando.

Kihyun segurou a mão dele em seu rosto com um pouco mais de firmeza em seu olhar e em vez de responder, ele agiu e colou os lábios no maior segurando o rosto dele com a mão livre, fechando os olhos. Ele sabia o que estava fazendo? Não, aqueles eram os seus primeiros beijos e mesmo correndo o risco de desagradar o outro com sua inexperiência, deixou a adrenalina comandar seus atos.

Pressionando seus lábios nos de Hyungwon, sentindo a maciez deles, levou as duas mãos para o pescoço e nuca do maior, segurando o beijo agora com os olhos fechados. Quando o platinado conseguiu se recompor com a ação repentina de Kihyun, o puxou pelo tronco aproximando os corpos puxando o corpo do menor um pouco para cima.

Abriu a boca para que sua língua tocasse os lábios do moreno, pedindo passagem e Kihyun cedeu movendo um pouco a boca, esperando Hyungwon tomar o controle. Devagar o maior tocou o interior quente que tanto desejou, fazendo ambos sentirem o gosto um do outro. Kihyun percebeu um leve toque de álcool enquanto Hyungwon sentiu o doce de um dos cupcakes que havia disponível na cozinha.

Hyungwon moveu a língua devagar sobre a de Kihyun, para ajudá-lo a se acostumar, pois percebeu que ele não se movia, então sentiu uma euforia em seu peito em cogitar a possibilidade de ser o seu primeiro e apenas o apertou ainda mais em seu braços. O menor o abraçou pelo pescoço gemendo quando o outro lhe chupou a língua. 

Permaneceram com o contato até que o ar faltou, e devagar Hyungwon finalizou o beijo, os dois tinham a respiração pesada mas não se separaram. O mais alto sorriu como se tivesse terminado de degustar algo delicioso e aquilo mexeu com Kihyun, parecia que estava sonhando e só não se beliscou porque não queria largar o rapaz que estava em seus braços.

— Melhor do que eu imaginava — Hyungwon sussurrou ainda controlando a respiração.

— Tem certeza? — Kihyun perguntou, estava mesmo preocupado.

— Claro, ainda mais porque acho que sou o seu primeiro — Hyungwon disse olhando para ele com expectativa — Eu sou? — perguntou.

Kihyun arregalou os olhos, então ele havia mesmo percebido, acabou desviando o olhar, se moveu com vergonha querendo desfazer o abraço que compartilharam, mas Hyungwon o segurou.

— Não precisa ficar com vergonha — a voz calma de Hyungwon estava no pé do ouvido de Kihyun, sentindo o perfume dele, não sabia o que era, mas gostou demais — Eu amei saber disso — sussurrou dando um beijo no pescoço de Kihyun, sentindo ele se arrepiar.

Fez uma trilha de beijos até a mandíbula e queixo do menor, que se deleitava com os toques e o aperto dos braços de Hyungwon em seu tronco, não parou até que eles voltassem a se beijar novamente, dessa vez com um pouco mais de intensidade.

Porém a porta foi aberta abruptamente e fez uma barulho assustando Kihyun, que saltou desfazendo o beijo olhando para o recém chegado por cima do ombro de Hyungwon.

— Acabou o tempo — Jaebeom disse alto — Eita que aqui tá pegando fogo! — falou rindo — Mas agora é a minha vez, então vazem — ele ficou de lado para dar passagem.

Hyungwon se virou e então pegou na mão de Kihyun, entrelaçando os dedos enquanto sorria.

— Vamos para outro lugar? — perguntou para Kihyun, não havia malícia em sua voz ou olhar.

Não queria assustar Kihyun, agora que sabia que ele era inexperiente, seria extremamente cuidadoso e paciente com ele.

— S-sim — o pequeno aceitou mesmo que envergonhado.

Os dois saíram do pequeno espaço e Kihyun viu Jooheon ao lado de Jaebeom, e sorriu para o amigo que estava claramente nervoso, mas não pôde fazer nada, apenas tentou lhe desejar boa sorte com o olhar. De mãos dadas com Hyungwon, passaram pela sala e não sentaram mais no círculo que ainda brincava, e mesmo ouvindo todos assobiarem ao ver que eles rumavam para a escada, não pararam.

Hyungwon levava o outro para a sacada, mas não planejava fazer nada além de continuar os beijos, só queria aproveitar a companhia do outro que tanto quis ter desde que o conhecera. Sabia que deveria ter cautela, mas Kihyun era o tipo que valia a pena esperar, e ele esperaria.