— Padrinho Sirius, podemos ter um animalzinho de estimação? – Harry perguntou, os olhinhos verdes brilhando.

Nesse momento, Sirius teve certeza de três coisas: 

1° Se eles adotassem um bichinho no meio de um turnê por toda a Inglaterra, Lily Evans surtaria; 

2° Não seria fácil cuidar de um ser dependente como um animal enquanto faziam shows constantemente; 

3° Era impossível dizer não ao seu afilhado quando ele arregalava os pequenos olhos e mordia o lábio inferior – era fofo demais para que Sirius resistisse;

— Vamos ver, Little Rockstar.

Harry sorriu e bateu palmas, correndo para Sirius e se jogando contra as pernas dele. O Black pegou o afilhado no colo e bagunçou os cabelos espetados como os de James, procurando as chaves e sua carteira com os olhos. 

— Six, não faça promessas que você não pode cumprir. – Alertou Remus. – Você sabe que é impossível termos um animal de estimação com a nossa rotina.

— Mas tio Rem, eu posso cuidar dele. – Argumentou Harry, estendendo os braços para o outro. – Prometo que cuido muito, muito bem. Vai ser só um cachorrinho!

— Mas é muita responsabilidade, Little Rockstar. – Disse Remus, compreensivo. – É muito difícil para você conseguir sozinho.

— Então eu peço ajuda para o Neville, ele sempre está viajando com a gente. – O pequeno sorriu. – Nós dois vamos nos divertir muito brincando com o nosso animalzinho de estimação.

Desde que a turnê começou, os The Marauders decidiram viajar no ônibus oficial da banda, com o advogado e a produtora. O que, no início, era para ser apenas os três músicos se transformou em uma verdadeira excursão com Harry e Lily acompanhando James e Alice e Neville indo junto com Frank. Para completar, Marlene decidiu que eles precisavam de alguém cuidando especialmente do marketing e das redes sociais e agora Dorcas também viajava com eles para isso. Em resumo, era uma verdadeira bagunça e um animal de estimação apenas traria mais caoticidade para o ambiente. 

Além disso, como eles iriam cuidar de um gato ou cachorro vivendo durante meses em hotéis e viajando no ônibus? Até mesmo Sirius sabia que aquilo era uma péssima ideia, entretanto, não conseguia dizer “não” a Harry nem que sua vida dependesse disso. Por isso, olhou na direção de Remus, procurando por ajuda. O Lupin colocou Harry sentado no sofá e se agachou na frente, sendo seguido por Sirius.

— Harry, todos nós adoramos animaizinhos de estimação e seria incrível se pudéssemos ter um, mas não é só responsabilidade que se precisa ter para adotar um. – Explicou Remus. – Ele vai precisar de um lar e um cotidiano adequados para crescer feliz e, morando no ônibus e fazendo shows quase todos os dias, nós não podemos oferecer isso para ele.

Harry já tinha seis anos, era uma criança esperta e adorava o dia a dia com a banda. Durante os meses em que tinha aula, morava em Londres com Lily e possuía uma rotina fixa; entretanto nas férias, acompanhava as bandas em todas aquelas viagens pelo país. Com as palavras de Remus, ele entendeu que não seria possível convencer o tio e o padrinho a adotar um filhote, não importava o quanto argumentasse e implorasse. No fundo, Harry compreendia todos aqueles motivos lógicos e complicados, todavia, seu coração infantil ainda queria um amiguinho. Por isso, uma feição de choro começou a aparecer em seu rosto.

— Ei, ei, ei. Nada disso, Little Rockstar. – Adiantou-se Sirius, pegando o garoto no colo. – Vamos fazer assim: nós podemos ir ao parque, onde com certeza vai ter um cachorrinho e se ele não for perigoso você pode brincar com ele, o que acha?

Remus olhou para Sirius de lado, pensando no quanto aquele plano poderia dar errado. Eles não sabiam se realmente teriam um cachorro no parque e o pior, como teriam certeza se era realmente seguro deixar Harry brincar com o animal? Entretanto, o jovem Potter não estava nem um pouco preocupado com as considerações do tio, haja vista que possuía um grande sorriso no rosto, as lágrimas já esquecidas e a animação evidente nos pequenos pulos que ele dava.

— Six…

— Tranquilo, Rem. Vai dar tudo certo. Vamos.

Sirius foi pegar o carro enquanto Remus conversava com Alice para ver se poderiam levar Neville, afinal os dois garotos faziam tudo juntos. Já prontos para sair, com as crianças no banco de trás e Remus ao seu lado, Sirius colocou um óculos escuro, entregando uma toca para o marido.

— Acho que não somos tão famosos para precisar usar disfarce em um parque, Sirius.

— Não importa. Fica estiloso, Rem. Olha, estamos lindos. – Ele apontou para o espelho e piscou. – Quem quer sorvete?

Neville e Harry gritaram, animados. Até chegarem ao parque, as crianças fizeram uma algazarra enorme, cantando as músicas dos marotos que tocavam – aquelas que Lily e Alice consideravam adequadas para os pequenos ouvirem – e logo que chegaram, viram uma garotinha de volumosos cabelos castanhos carregando um enorme gato laranja nos braços.

— Vamos lá, Neville. – Disse Harry, pulando do carro e puxando o amigo até a garota.

Sirius precisou correr até os pais da garota para conversar antes que as crianças a alcançassem. Depois de explicar como os garotos queriam apenas brincar um pouco com o gato, os pais concordaram e se sentaram em um banco ao lado do Black, observando Remus levar os garotos até a menina.

— Oi. – Harry abanou a mão. – Eu sou Harry.

— Eu sou Neville. – O garoto Longbottom olhava para o gato, encantado. – Seu animalzinho é lindo.

— Esse é o Bichento. Eu sou a Hermione.

Ela ofereceu a mão para os garotos e em uma cena tão engraçada quanto fofa, Sirius assistiu as crianças comprimentarem-se como verdadeiros adultos. Logo, muitas crianças ruivas se juntaram a eles, os filhos de um casal muito simpático que estavam conversando com Remus.

Sirius pegou a mão do marido e a apertou, sentindo o polegar de Remus deslizar por sua pele. Amava momentos como aquele, nos quais descobria pela primeira vez como era ter uma família carinhosa e amorosa que estava ao seu lado nos bons e maus momentos.

— Padrinho Sirius! – Exclamou Harry.

— Sim, Little Rockstar?

— Vem brincar com a gente!

Sendo puxado pela mão, Sirius se viu rindo e se divertindo em meio a uma multidão de crianças, tornando a infância de Harry o mais diferente da sua o possível.