Meu Amor é Teu escrita por Karry


Capítulo 3
2018


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi um dos maiores surtos coletivos dessa fic, mas eu adoro ahushsuahauha
É nesse capítulo também que enfiei a bendita exigência que vc pediu, Winnie! Enfim... Boa leitura.



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2018

Rose estava com os pés doloridos porque seus sapatos eram pequenos demais para ela agora, cambaleava enquanto descia do trem com os malões e os pés apertados, pelo menos tiraria uma soneca longa e tranquila quando chegasse em casa. 

— Ei, Al, vem conhecer meus pais — chamou Scorpius — Você também, Weasley.

Hermione e Ron ainda não tinham chegado à estação, Rose viu Albus correr sem nem mesmo cogitar se conhecer os Malfoy era uma boa ideia ou não e por isso também acabou cedendo. 

Os Malfoy eram… muito diferentes do que Rose esperava. Draco era alto e muito pálido, os cabelos loiros não ajudavam em nada com contraste, tinha olhos acinzentados e frios como os de Scorpius, mas tirando o tom de cabelo idêntico de ambos e os olhos, Scorpius não havia puxado mais nada do pai. Já Astoria se parecia com uma modelo, alta, magra e elegante, mas ao contrário de Draco, explodia em cores: tinha bochechas rosadas como Scorpius e lábios pintados de vermelho, usava um vestido verde que, mesmo simples, Rose deduziu que deveria custar muito caro. 

— Pai, mãe, estes são Rose Weasley e Albus Potter. 

— É um prazer — Albus estendeu a mão para Draco, que a apertou cordialmente, Rose imaginou ter visto uma mancha sobre o braço de Draco, mas percebeu que seria rude ficar encarando-o sem se apresentar corretamente. 

Astoria não estendeu a mão para Rose, mas abriu os braços em sua direção como se fossem velhas amigas. Rose a abraçou porque não queria ser rude e recusar afeto da mãe de um amigo, mas se sentiu bem estando sobre os braços dela, era confortável, como se Astoria irradiasse calor e conforto. 

— Você é tão bonita quanto Scorpius diz — brincou Astoria ao se desvencilhar de Rose. 

— Ah… Eu não sabia que Scorpius falava sobre nós em casa — respondeu Rose embaraçada. 

— Fala o tempo todo e…

Mãe! — Scorpius estava de olhos arregalados e bochechas queimando de vergonha.

— Ah, olha só! Aquele não é o seu pai, Rose?! — desconversou Astoria, com um sorriso brincalhão no rosto. 

— O que?

Rose pensou ter visto Draco arrumar a postura à menção de seu pai, mas ela se virou a tempo de vê-lo se aproximar. Ron não escondeu a surpresa ao encontrar Albus e Rose conversando com os Malfoy, mas sorriu educadamente – provavelmente porque Hermione havia lhe ensinado com o passar dos anos, que o que acontecia em Hogwarts ficava em Hogwarts, e agora eles eram adultos e pais responsáveis. 

— Ah, aí estão vocês, James e eu estávamos procurando os dois por todo canto — sorriu Ron, acariciando o cabelo de Rose com ternura, ergueu os olhos para Draco e Astoria e assentiu. Rose percebeu uma certa hesitação no sorriso que estava tão brilhante no rosto de Ron segundos atrás, como se estivesse um pouco decepcionado pelas companhias dela e de Albus. 

Astoria estendeu a mão para Ron com um de seus sorrisos gentis e gigantescos. 

— Prazer, Astoria Malfoy. 

Ron segurou sua mão meio sem jeito. 

— Ronald Weasley. 

Os seis ficaram em silêncio de repente, até que Rose não aguentou mais o desconforto e agarrou a mão do pai. 

— Mamãe já está nos esperando, né? Ela tinha me dito que precisávamos fazer umas compras… 

— Hm?! Ah, sim, é verdade — concordou Ron — Muito… erm… Muito bom ver vocês, até mais! 

Albus e Scorpius se abraçaram uma última vez e Rose agradeceu por ter aprendido a arte diplomática de fugir de uma saia justa com sua mãe.

×

Natal ou não, foi bom estar com sua família novamente. Rose não gostava de admitir mas sentia muitas saudades de todos quando estavam em Hogwarts, a comida da avó e as piadas de seu tio George eram algo que nenhum colégio enfeitiçado conseguiria suprimir. 

Já tinham acabado a sobremesa quando uma coruja bateu à janela. Rose não imaginou que a correspondência fosse para ela, mas não quis deixar a pobre corujinha no frio, então a deixou entrar, se surpreendeu ao ver que ela o destinatário era ninguém mais ninguém menos do que ela mesmo.

 

'Quão bizarro foi o encontro dos nossos pais em King's Cross? Será que eles têm alguma rixa que não contaram para a gente? 

Meu pai disse que era meio babaca quando ainda estudava em Hogwarts, acho compreensível que seu pai não vá muito com a cara dele. 

É por isso que você me odiava?

Feliz Natal, Weasley. Espero que esteja se divertindo!

Com carinho,

Scorpius'. 

 

Rose sabia que não se tratava de rixa alguma, conhecia muito bem a índole de Draco Malfoy quando ainda era um estudante em Hogwarts. Sua mãe havia lhe contado tudo, ou quase tudo, Hermione dizia que haviam coisas que Rose ainda não estava preparada para saber, mas tio Harry lhes assegurou que Draco agora era uma pessoa diferente. Rose até acreditava em Harry, mas a convicção com a qual sua mãe falou a respeito de um Draco ruim, lhe marcou com mais firmeza.

Talvez fosse esse o motivo que fez Rose ter tanta cautela quando se tratava de Scorpius. Os Malfoy não tinham uma fama muito boa entre os Weasleys. Entretanto, Scorpius se provou extremamente gentil e carinhoso, tirando a raiva que Rose sentiu por passar uma semana inteira escolhendo presentes para Alice, não tinha muito o que reclamar dele. Era um ótimo amigo. 

De qualquer forma, se Scorpius não sabia de toda a situação Malfoy-Weasley, não seria Rose que contaria as coisas a ele. 

 

'Não faço ideia, acho que só não eram próximos em Hogwarts. 

Mas a sua mãe é muito bonita, parece modelo… Não sei nem explicar! Gostei de conhecê-los.

E Scorpius, eu não odiava você. Além do mais, não são nossas diferenças que farão meus olhos deixarem de ver suas qualidades.

Enfim… O Natal aqui está sendo ótimo, senti falta de todo mundo, é bom estar em casa. Também espero que o seu Natal esteja sendo legal. 

Com carinho, 

Rose'.

 

Rose teve pena de liberar a corujinha no frio mais uma vez, mas decidiu que ela deveria voltar para casa. Não esperava por uma resposta de Scorpius, não tinha certeza se ele mandaria mesmo uma carta de volta.

Os convidados estavam indo embora e Rose já estava de pijama quando a coruja voltou. 

 

'Eu preferia ter passado o Natal em Hogwarts com você e Albus, mas meus pais me disseram que teriam uns convidados importantes aqui e por isso fui obrigado a vir. 

Nem os elfos falam comigo de tão ocupados que estão com esse jantar chato. 

Mas estou feliz que você está feliz (isso fez sentido? Estou com sono, espero que você entenda alguma coisa que escrevi). 

Feliz Natal de novo, Weasley.

Com carinho e tédio,

Scorpius

P.S. Qualidades, é? Fiquei curioso! '.

 

Rose sentiu pena de Scorpius. Sua casa estava sempre tão cheia e animada que não conseguia imaginar um Natal sem gritaria, risadas e comida boa. 

E elfos? Quem é que ainda tinha elfos em casa? Os Malfoy não chegaram ainda em 2018? 

Bem, se a família de Scorpius tinha dinheiro o suficiente para ter elfos então provavelmente teriam dinheiro para manter uma biblioteca legal o suficiente para distrair alguém. Rose sabia muito bem o poder que um livro pode ter sobre uma pessoa, se ela ao menos tivesse um livro para mandar para Scorpius naquele Natal… 

 

'Sinto muito que seu Natal esteja chato, talvez você possa passar o Natal com a gente da próxima vez aqui em casa! 

Albus adoraria a ideia. 

Feliz Natal, Scorpius. 

P.S. Talvez a sua noite melhore depois de um chá bem gostoso e um livro viciante. 

P.S² Sem comentários sobre as suas qualidades, você já é convencido o suficiente sem saber quais são.

Com carinho, 

Rose'.

×

Rose não conseguia parar de pensar em Scorpius. 

Quer dizer, na verdade, Rose não conseguia parar de pensar em como o Natal de Scorpius foi horrível porque estava entediado. Simplesmente não conseguiu tirar da cabeça que uma de suas noites de Natal foi preenchida com a companhia de um livro maravilhoso enquanto Scorpius afundava em tédio, decidiu que Scorpius também merecia ter um livro que o deixasse tão alegre quanto Um Conto de Natal a deixou. 

Rose pensou em todas as possibilidades que poderia indicar para ele, foi mais difícil do que imaginou porque os gostos de Scorpius eram muito variados. 

Sim, Scorpius gostava de histórias infantis, porém apreciava comédia, fantasia e romances. Havia também o grande problema de que a lista de leituras de Scorpius era extremamente vasta, o que indicar para alguém que já leu tanto? 

Rose estava a ponto de ter uma síncope, mas a resposta, na verdade, veio mais rápido do que ela imaginou. Como um estalo.

O Grande Gatsby.

Clássico, atemporal, dramático e com uma pitada de conteúdo histórico. Rose tinha certeza de que Scorpius adoraria o livro. 

 

'Que você encontre em Nick e Jay uma boa companhia para os jantares chatos de Natal' 

 

Rose não pensou em assinar a dedicatória do livro, era presunçoso demais, mas estava satisfeita com a piadoca que inventou. Ela até mesmo embrulhou o livro com as cores da Grifinória, vermelho e dourado, uma pequena vingança pelo embrulho em verde e prata que Scorpius lhe deu. 

Albus, Scorpius e ela haviam combinado de se encontrar nos jardins depois das aulas. Iriam colocar as novidades em dia e Albus finalmente lhes apresentaria Alice como sua namorada real e oficial. 

Rose estava sentindo um frio tão grande na barriga que precisou respirar fundo à medida que se aproximava dos jardins. Estava pronta para se deparar com Scorpius, Albus e Alice mas percebeu uma quarta silhueta no grupo. 

Uma garota que Rose nunca havia visto. 

Se aproximou do grupinho do mesmo jeito, só precisava entregar o livro, dar parabéns a Alice e Albus e voltar para o Salão Principal (não, ela não queria ver a reação de Scorpius abrindo o livro de jeito algum), mas houve uma mudança súbita em seus planos.

— Finalmente, Rose — Scorpius se levantou, estava com um sorriso no rosto. Rose não teve tempo de sorrir de volta, viu que Scorpius e a garota desconhecida estavam de mãos dadas — Quero te apresentar à Serena, minha namorada. 

Rose mal conseguiu disfarçar a surpresa. Serena era baixinha, tinha os cabelos e a pele escura, o cachecol da Lufa-lufa bem amarrado no pescoço e seus olhos estavam escondidos atrás de um par de óculos quadrado. 

Serena deixou o livro que estava em seu colo sobre a grama e se levantou para cumprimentar Rose, ela conhecia aquele livro, é claro, reconheceria aquela capa em qualquer lugar. Um Conto de Natal. 

— É um prazer te conhecer, Scorpius falou muito de você — a garota sorriu. 

Rose sorriu de volta, porque mesmo com o desconforto no estômago sabia que não era justo ser mal educada com alguém que havia acabado de conhecer. Segurou a mão da garota com firmeza e sorriu.

— Eu não sabia que Scorpius tinha uma namorada. 

Scorpius e Serena trocaram um olhar cúmplice. 

— Foi tudo muito rápido, na verdade, a gente já se conhecia, mas nunca tinha rolado nada além de uma amizade, a gente voltou a se falar no Natal lá em casa, acredita? — respondeu Scorpius, ele tinha voltado o olhar para Rose agora, mas seu rosto transparecia preocupação — Você está bem, Rose?

Ela sabia muito bem que suas bochechas ardiam em calor e suas mãos suavam, mas assentiu mesmo assim.

— O que é isso aí? — interrompeu Albus, apontando para o embrulho que estava nas mãos de Rose. 

— Ah! É só… Seu presente de Natal atrasado — entregou para Scorpius, ele não conseguiu responder, pois ela o interrompeu no mesmo segundo — Mas preciso ir agora, McGonagall queria falar comigo, foi um prazer te conhecer Serena e parabéns, Alice! Bem-vinda à família! 

E Rose correu para longe do grupo, com os olhos marejados e a garganta entalada e o mais rápido que conseguiu, fingindo não ouvir os protestos de Albus atrás dela.


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