Retrospectiva escrita por Lola Royal


Capítulo 1
rose - emmett mccarty


Notas iniciais do capítulo

Olá, a ideia dessa fanfic surgiu no dia que o Spotify liberou a retrospectiva desse ano, espero que vocês curtam. É apenas uma one, esse é o único capítulo da história. Boa leitura! ♥



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Conheci Isabella Swan na festa de 18 anos dela, era dia 13 de Setembro de 2015. Eu tinha me mudado para Palo Alto em meados de Agosto e comecei a frequentar a mesma escola que Jacob, o irmão caçula dela, logo viramos amigos e dias depois me vi em sua casa naquele domingo para o churrasco de aniversário da sua irmã.

Bella, como Isabella preferia que lhe chamassem, já tinha se formado na escola e estudava na Universidade de New York. Pelo que Jacob tinha me contado, antes da festa, ela nem queria ir passar o aniversário com a família em sua cidade natal, porém os pais a obrigaram.

Como eu poderia descrever a Bella de 18 anos? Ela tinha um lado da cabeça raspada, usava roupas pretas com símbolos de bandas de rock, tinha um piercing na sobrancelha e outro no nariz, algumas tatuagens nos braços e usava um batom roxo, Jacob dizia que o visual roqueiro dela fazia a mãe deles reclamar todo santo dia.

Quem é esse, Jake? — Bella indagou quando me viu entrando no quintal, a família Swan estava em peso ali. O lugar estava cheio, algumas pessoas até nadavam na piscina imensa que eles tinham.

Bells, esse é Edward Cullen, meu novo amigo da escola! — Jacob contou animado.

Ele e Bella não eram nada parecidos, não só no visual, mas fisicamente. Ela era uma garota branca, ele tinha clara ascendência nativa americana, os pais deles — que também conheci aquele dia — eram brancos, foi quando suspeitei — e depois Jacob confirmou — que ele era filho adotivo dos Swan.

Oi, feliz aniversário! — parabenizei Bella e estendi o presentinho que tinha levado para ela. Minha mãe nunca me deixaria ir de mãos vazias, sendo assim me fez levar um pote de sorvete, que a senhora Swan já tinha guardado, e um batom para a aniversariante.

Hum, obrigada — Bella agradeceu e abriu a pequena caixa, claramente ficando desanimada quando viu a cor rosa clara do batom. — Ok, valeu. Aproveita aí esse churrasco… Qual seu nome mesmo?

Edward! — respondi e sorri.

Isso, come o que quiser — disse e se afastou até uma garota loira que parecia ter a idade dela.

Ela não usa nada rosa desde os 12 — Jacob cochichou para mim e revirou os olhos. — Está numa fase bem chatinha nos últimos 6 anos — resmungou. — Já foi até presa por dirigir bêbada, minha mãe quase infartou. Mas, Bella é inteligente pra caralho e até pulou um ano na escola, isso meio que limpa a barra dela. — Deu de ombros. — Quer um refrigerante?

Claro, pode ser Pepsi?

Jacob me olhou como se eu tivesse xingado sua mãe.

Cara, quem prefere Pepsi? Mas vou te trazer, para sua sorte a doida da minha irmã também gosta mais de Pepsi.

Meu amigo se afastou, eu olhei para Bella que bebia refrigerante direto da latinha. Ali meu coração bateu de um jeito diferente, naquela época eu sequer já tinha beijado alguma garota — era segredo para todos que já tinha trocado alguns beijos com um garoto na minha antiga escola —, mas daria tudo para beijar Isabella Swan, mesmo que fosse acabar todo marcado por seu batom roxo.

Eu senti que tínhamos sido feitos um para o outro, gostavamos até do mesmo refrigerante!

xxxx

Era quarta-feira e eu já estava exausto daquela semana, queria que o recesso de final de ano começasse de uma vez, precisava dele desesperadamente após aqueles meses extremamente cansativos com a faculdade e o trabalho no McDonald's, fora os desenhos que fazia por encomenda para vender. 

— Edward… — Jessica começou a falar quando sentei ao lado dela na sala de aula.

— Não — a interrompi. — Tá muito cedo e eu não quero te ouvir falar sobre Mike, o cara da equipe de natação, agora.

Minha amiga bufou e abriu seu caderninho de anotações, era aula de história da arte italiana. Jessica só estava a cursando para obter créditos extras, afinal ela queria mesmo ser uma advogada, não uma artista falida como eu queria.

Suspirei e ajustei meus óculos no rosto, eles estavam levemente embaçados, porém fiquei com preguiça de limpá-los. Pelo canto do olho vi Jessica pegar seu celular, também queria pegar o meu, mas estava cansado demais até para mexer na mochila largada aos meus pés.

— Saiu a retrospectiva do Spotify — ela contou.

— Sério?

— Sim. Sobre isso você quer falar, né? Idiota — reclamou, eu soltei uma risadinha. 

— Não tenho culpa, estou exausto de te ouvir falar sobre Mike. 

A garota e eu nos conhecíamos desde que tínhamos começado a estudar na UCLA, tínhamos algumas aulas em comum e viramos amigos extremamente unidos, tanto que aquela altura da faculdade dividiamos um apartamento. Muitos achavam que nós já tínhamos nos pegado, mas era apenas fofoca, Jessica e eu nunca tivemos qualquer interação do tipo.

Víamos um ao outro como irmãos. Eu não era filho único, mas meu irmão era dez anos mais velho, sendo assim nunca fomos muito ligados, isso me fazia ter uma relação bem mais próxima com meus amigos.

Jessica, Demetri, Benjamin, Bree, Laurent… Bom, Laurent era o único amigo próximo com quem já tinha ficado, isso quase estragou nossa amizade, mas superamos. E eu não poderia esquecer meu melhor amigo, Jacob.

Eu era muito amigo de Jessica, pra caramba. Porém, Jacob e eu tínhamos uma amizade de mais tempo, uma irmandade criada em uma escola de ensino médio que sobrevivia mesmo com o Swan morando na Flórida desde que se formou no colégio.

— Não posso fazer nada se Mike é um gostoso — Jessica sussurrou. — Ontem a noite no apartamento dele foi muito bom.

— Percebi, você dormiu lá e tá com as roupas que usou ontem — comentei, olhei para ela e a vi fazer uma careta.

— Um erro, vou começar a colocar roupas extras na minha mochila.

— E vocês ainda estão apenas se pegando ou colocaram algum rótulo nessa relação?

— Estamos apenas nos pegando, quero que continue assim e ele também. Não tenho tempo para ser namorada, preciso só transar quando der vontade.

— Ele também continua só querendo isso?

— Aparentemente sim, espero que ele não queira namorar, odiaria perder essa foda garantida.

— Você é um doce, Jessica.

— Sou, né? — Ela voltou a atenção para seu celular. — Ai que saco, tô doida para ver o que deu na minha retrospectiva.

— Dua Lipa, é só o que você escuta, Jess.

— Ok, você está certo. Aposto que na sua deu aquele cantor lá, o Emmett.

— Vai ser uma surpresa caso não seja. — Cocei a ponta do meu nariz e bocejei. — Nem acredito que ele vai fazer show aqui na semana que vem e não vou porque os ingressos esgotaram rápido.

— Ele tá cada vez fazendo mais sucesso, né? Acho que no próximo show em Los Angeles até vou com você, mesmo que não seja fã de indie rock. Ai, eu nem te contei, o Mike gosta de Green Day, quem ainda gosta deles em 2021, cara?

Bella, pensei. Green Day era a banda favorita dela desde sempre, até onde eu sabia. E pelo pouco que a garota postava no seu Instagram continuava sendo, ao menos ela tinha postado uma foto usando uma camiseta deles. Isso três meses atrás, a garota quase não usava a rede social, isso era um tormento para mim.

Não que eu continuasse nutrindo sonhos adolescentes com e por ela, claro que não… Certo, só um pouquinho, ainda possuía uma paixão platônica pela irmã mais velha do meu melhor amigo.

— Pelo menos ele é muito, muito, muito gostoso — Jess continuou a falar sobre Mike, mas eu não prestei atenção nisso.

Fiquei o resto da aula pensando em Bella. Aquela altura ela já tinha 24 anos, morava em Los Angeles também, mas eu não a via pessoalmente desde o enterro do avô dela e de Jake em Janeiro do ano passado. 

Nem sabia se ela continuava namorando o cara que lhe acompanhou ao funeral, um tal de Jasper. Eu evitava perguntar sobre Bella para Jacob, a paixão que sentia por ela era a única coisa que meu melhor amigo não sabia sobre mim. Tinha medo dele rir da minha cara, ou pior, querer me dar um soco por gostar da sua irmã. Não que eu fosse ter qualquer coisa com Isabella Swan, ela nunca me daria qualquer chance.

xxxx

Eu estava de folga do McDonald’s aquele dia, isso me permitiu passar a tarde desenhando em meu apartamento, precisava estudar para algumas provas, mas queria aliviar a tensão. Estava sozinho ali, Jessica ainda estava na universidade, sendo assim coloquei meus cavaletes na sala de estar e fiquei por ali mesmo com meus lápis, minhas folhas em branco e meus fones de ouvido tocando Rose de Emmett McCarty.

A música do cantor australiano, mas que vivia nos Estados Unidos há alguns anos, tinha sido a mais tocada no meu Spotify naquele ano de 2021. Ele também tinha ocupado o primeiro lugar de artista da minha conta, mesmo que tivesse só um álbum com 10 músicas, eu era louco pelo trabalho do cara, todas as canções eram fodas.

Rose falava sobre a ex-namorada de Emmett, o relacionamento deles começou quando tinham 17 anos e acabou com a mudança de país do cantor. A canção era puro sofrimento, com ele se culpando por ter deixado o amor da sua vida, mas sabendo que precisava voar para o outro lado do mundo e perseguir seus sonhos de perto.

Meu celular, que estava embaixo da minha perna, vibrou. Eu o peguei e vi que tinha recebido uma mensagem de Jacob.

Jake: Por que as mulheres são tão complicadas?

Edward: Problemas no paraíso?

Ele tinha uma namorada nova, Kate. A garota era líder de torcida da equipe da universidade que ela e Jacob estudavam, eram um casal popular por lá, uma vez que meu amigo jogava em uma posição de destaque no time de basquete. 

Eu não conhecia Kate pessoalmente, mas já tinha falado com ela por chamada de vídeo no dia de Ação de Graças. Sempre passava aquela data na casa dos Swan, uma vez que meu irmão tinha tradição de ficar com a esposa, os filhos dele e a família dela em Boston. E minha mãe, depois da morte do meu pai, não comemorava mais a data, ela gostava de tirar o dia para si, nossa comemoração acontecia mesmo na sexta-feira fazendo compras.

Então, desde que conheci Jacob, os pais dele e ele me faziam ficar com eles todo dia de Ação de Graças. A senhora Swan até tinha me ensinado a fazer torta de abóbora, ela ficava feliz que finalmente podia passar sua receita de família para frente, já que seus filhos só pisavam na cozinha se fosse para pegar a comida já feita por outra pessoa e sair.

Jake: Kate quer que eu vá passar o Natal na casa dela em Houston, tá insistindo sem parar, só que não vai rolar. Minha mãe nunca mais olha na minha cara se eu não passar o Natal em casa, principalmente esse ano que a Bella jurou passar as festas com a gente.

— O quê? — exclamei e tirei os fones do ouvido, estava muito surpreso e meio revoltado.

Eu sempre passava os Natais em Palo Alto com minha mãe, algumas vezes meu irmão até ia com meus sobrinhos e a esposa dele, isso me permitia ir visitar os Swan durante o recesso de final de ano. Jacob também sempre dava uma festa de ano novo para o pessoal que estudou com a gente no ensino médio… A questão era, fazia um bom tempo que Bella não pisava em Palo Alto para o Natal e quando ela finalmente iria eu tinha combinado de voar para Boston com minha mãe para comemorar a data na cidade que meu irmão morava.

Aquilo era uma pegadinha da vida comigo, sério!

Edward: Sua irmã vai mesmo para Palo Alto?

Não me aguentei, precisava saber mais sobre o assunto.

Jake: Vai, mamãe deu um ultimato nela. Disse que ela já tinha passado o dia de Ação de Graças com os amigos esse ano, que podia lembrar que tinha uma família e ir ficar com a gente pelo menos uma vez.

Jake: Mamãe também dramatizou falando que podia morrer a qualquer momento como foi com a vovó Marie... Como se aquela senhora não tivesse morrido porque fumava mais que você no começo da faculdade.

Rolei os olhos ao escutar a comparação, eu fumei durante os dois primeiros anos na UCLA, mas já tinha parado. Meu irmão descobriu, contou para minha mãe e ela me xingou por três horas ao telefone, cortei o cigarro no mesmo dia.

Jake: Agora Bella jurou ir.

Jake: Se você não fosse para Boston podia pegar uma carona com ela para Palo Alto.

Jake: Ela comprou um carro novo, um Jeep, acredita? 

Jake: Acho que eu não estou desfrutando como deveria do privilégio de ter uma irmã rica. Espero que ela me dê um bom presente no Natal, é o mínimo que mereço como o irmão pobre.

Jacob digitava tão rápido que eu quase não conseguia acompanhar suas mensagens.

Edward: Cara, você é rico.

Charlie Swan, o pai de Jacob, era um advogado importante em Palo Alto. Renée, a senhora Swan, era herdeira de uma rede de lojas de artigos esportivos pela Costa Oeste, herdou aquilo do seu primeiro marido e os pais dela foram cirurgiões que nadavam em grana. Os Swan sempre tiveram dinheiro, tanto que no meu aniversário de 16 anos ganhei de presente de Jake um relógio que minha mãe fez devolver na hora que o viu em meu pulso.

Tá doido? Não pode ficar com isso, ele é mais caro que o aluguel desse apartamento!

Eu devolvi, Jacob reclamou, mas aceitou. No meu aniversário de 18 anos ganhei o relógio novamente, também ganhei dele uma festa e uma ressaca de cinco dias.

Jake: Ok, corrigindo: não estou desfrutando do privilégio de ter uma irmã dona de boate.

Jake: Uma boate que nunca pisei, porque estou preso na Flórida com uma namorada que quer me arrastar para o Texas!

Eu tive de rir. Jacob nunca tinha ido à boate da irmã, ela tinha inaugurado em Julho daquele ano e ele estava viajando com a sua ex para o Havaí. Eu até recebi um convite, enviado pelo meu amigo, mas não consegui ir já que estava fazendo uma viagem com outros amigos pela América do Sul.

Na época, enviei uma mensagem, pelo Instagram de Bella, a parabenizando pelo negócio. Ela não respondeu, não tinha nem a visualizado ainda. A rede social dela era tão abandonada, quase nem postava sobre a boate ali, o lugar tinha uma conta própria, mas a dona dele nunca dava as caras, quem mais aparecia era o sócio dela, um tal de Alistair.

Eu acabei indo à boate quando voltei de viagem, Bella não estava por lá e fiquei com vergonha de perguntar para Jacob, ou para algum funcionário, quando poderia a encontrar no lugar. Fui lá mais duas vezes, só que era um lugarzinho caro que meus amigos universitários e eu não conseguiamos frequentar sem acabar com um rombo em nossas contas, e em nenhuma das vezes cruzei com a Swan.

Jake: A boate nova, em São Francisco, deve ser inaugurada em Fevereiro, vou dar um jeito de ir e virar o rei da área VIP.

Edward: Se você não estiver preso no Texas com sua futura esposa.

Edward: Tá pronto para ir morar lá?

Jake: Para, cara! Você sabe que quero ir jogar no Chicago Bulls, nem fodendo que vou viver no Texas. Não gosto tanto assim da Kate.

Jake: E como está seu coração? Apaixonado por alguém, Cullen?

Pela sua irmã, desde os meus 15 anos. Pensei, mas claro que não respondi aquilo, eu era um covarde.

Edward: Nem tenho tempo para isso.

Jake: Que falta eu faço na sua vida. Se ainda morassemos na mesma cidade você não ia viver sem uma foda. Ia conquistar mulheres e caras por você, seria seu cupido!

Edward: Você é muito convencido.

Jake: Sou realista, sei que as pessoas me amam logo de cara.

Jake: Meus pais viram um bebê largado em uma lata de lixo e decidiram na hora que seria o novo filho deles, fala sério, não tem quem olhe para Jacob Swan e não o ame no mesmo instante.

Eu nem me surpreendia mais em como Jacob conseguia fazer piada sobre seu abandono.

Jake: Você me ama desde que me conheceu!

Jake: Tá que desde a UCLA você tem Jessica como sua amiguinha, mas sei que me ama mais do que ama ela.

Jake: Ela ainda tá gostosa?

Jacob era louco para pegar Jessica, mas das vezes que tentou ela o rejeitou.

Edward: Você tá namorando!!!

Jake: Kate vai acabar comigo, quer apostar? Não vai aceitar que eu não vá para Houston com ela. Bom, talvez consiga fugir de Palo Alto com minha irmã querida para a boate dela, vai que acabo conhecendo alguma mina rica de Hollywood lá para sustentar meus luxos.

Jake: Cara, passa o Natal comigo. Não vai para Boston :(

Jake: Ei, como eu faço pra ver esse negócio de retrospectiva do Spotify que você postou no Instagram?

Era bem difícil acompanhar o falatório dele, mas era meu melhor amigo e estava acostumado.

xxxx

Mais tarde naquele dia recebi uma mensagem de Jessica.

Jess: Vou dormir no apartamento do Mike, tive que comprar umas roupas na farmácia. Mas pelo menos vou transar!!!

Eu ri, só que nem me dei ao trabalho de responder. Continuei a comer meu macarrão instantâneo com Pepsi e entrei no Instagram, a TV estava ligada passando um filme de comédia natalino aleatório. Era 1º de Dezembro, o Natal estava vindo com força total, afinal.

Cliquei nos stories do Instagram, o primeiro era de Jacob. Meu amigo tinha postado uma foto sua em um dos seus treinos, depois uma foto dele tomando café com Kate e por fim um vídeo dele cantando uma música da Lady Gaga enquanto dirigia. Depois apareceram os stories de Jess, todos eram sobre a retrospectiva dela do Spotify.

Muitos dos stories seguintes, das outras pessoas que eu seguia, eram sobre isso, por isso quase passei despercebido pelo story de Bella, porém algo ali foi o suficiente para prender minha atenção. Ela também tinha compartilhado sua retrospectiva do Spotify e assim como eu sua música mais escutada naquele ano tinha sido Rose e seu artista mais escutado foi Emmett McCarty.

Eu surtei, ela e eu gostávamos do mesmo cantor!

Quando, na minha adolescência, descobri que ela amava Green Day eu passei a ouvi-los direto. Comprei até camisetas da banda, mas não gostava pra valer deles, era só algo que tentava gostar para ter algo em comum com ela.

Mas, todos aqueles anos depois, ela e eu finalmente tínhamos nosso gosto musical sincronizado. Bella gostava de Emmett McCarty, o cantor australiano tocava tanto na casa dela quanto tocava na minha!

Será que ela também morria de curiosidade de descobrir se a musa inspiradora de Emmett ainda estava solteira? Porque eu vivia pensando no cantor voltar a namorar Rose.

Eu não pensei muito, acabei respondendo o story dela.

e.a.cullen: Emmett também foi o cantor que mais ouvi por aqui :)

No instante que enviei me senti derrotado, ela não me responderia, nunca. Sabe-se lá quando eu poderia a ver pessoalmente para a garota finalmente falar comigo, queria que ela dissesse algo, para que suas últimas palavras para mim não fossem as que me disse no enterro do avô.

Ele queria ser cremado, isso tá tudo errado.

Depois disso ela saiu do cemitério acompanhada de Jasper e passou o resto dos dias trancada no seu quarto na casa de seus pais com ele. 

Desliguei meu celular, sem querer ficar com ele ligado esperando uma resposta que nunca chegaria. Terminei de comer, tomei um banho, fingi estudar por meia hora e deitei.

Foi preciso ligar meu celular, tinha de conferir se o despertador estava acionado. Entretanto, as notificações que recebi do Instagram me fizeram esquecer completamente do alarme.

bellaswan: Ele é simplesmente o melhor.

bellaswan: Ai, cara. Eu só vi sua mensagem sobre a boate agora, desculpa não ter respondido antes.

bellaswan: Eu mal entro no Instagram, prefiro o Twitter, lá não tem minha mãe haha

bellaswan: Mas respondendo sua mensagem de um milhão de anos atrás… Muito obrigada!!!

bellaswan: agora sobre Emmett McCarty, parece que eu que terminei com a tal Rose de tanto que sofro escutando essa música.

Eu estava tremendo!

Bella Swan tinha me respondido, puta merda!

A vida era muito boa!

Limpei minhas mãos suadas no lençol da cama, respirei fundo e respondi ela.

e.a.cullen: Fico feliz que um dos irmãos Swan gosta do Emmett. Faz tempo que não nos falamos, tudo bem?

Larguei o celular sobre a cama, acreditando que ela não me responderia mais. Entretanto, ela respondeu, uns cinco minutos depois, que parecia uma hora.

bellaswan: Jacob caiu do berço algumas vezes, não espere muito dele.

bellaswan: Tudo bem por aqui, só muito trabalho com a boate de Los Angeles e agora a de São Francisco terminando as obras para abrir ano que vem.

bellaswan: E como você tá, Cullen?

Meu Deus, Bella queria saber como eu estava. Aquilo só podia ser um sonho, por isso me vi mandando uma mensagem para Jessica.

Edward: Eu acho que tô delirando.

Jess: Aquele baseado tá guardado no meu armário tem muito tempo…

Edward: Sabe aquela garota de Palo Alto que eu gosto? Tô falando com ela.

Jessica sabia que eu era apaixonado por uma menina de Palo Alto desde a minha adolescência, ela só nunca tinha conseguido arrancar o nome da garota de mim. Eu dizia que não tinha importância, a verdade era que não queria contar sobre a paixão platônica para qualquer amigo, não parecia justo esconder de Jake e contar para os outros.

Jess: Meu Deus???

Jess: Vai me dizer o nome dela?

Edward: Não.

Jess: VOCÊ VAI CHAMAR ELA PARA SAIR, GAROTO?

Jess sabia que eu nunca tinha sequer saído para um encontro com a garota de Palo Alto, sempre falei que ela era inacessível. 

Jess: Edward, chama a Bella pra sair logo, porra!

Bella? Ela sabia?

Edward: Oi?

Jess: Sei bem que é a irmã do Jacob, tá? Você sempre pediu para não falar sobre essa tal garota na frente dele.

Jess: Até cogitei ser uma ex do Swan, mas você ficou TÃO animado quando fomos na boate dela e depois TÃO triste quando não a viu.

Jess: Chama essa mulher pra sair, logo. Se ela disser não pelo menos você tentou.

Jessica estava certa? Talvez aquela fosse minha única chance… Eu sonhava em ir para New York depois da faculdade, podia acabar cruzando com Bella novamente apenas nos futuros casamentos de Jake, isso se ela fosse.

Voltei para o Instagram, li outra vez a mensagem da Swan e lhe respondi.

e.a.cullen: Estou bem, o último ano da faculdade só tem me enlouquecido.

Me culpei por falar da faculdade, ia parecer uma criancinha para Bella, a mulher mais velha e que já tinha um negócio de sucesso em mãos.

e.a.cullen: Mas também tô trabalhando muito.

Isso ajudaria um pouco o meu lado.

bellaswan: Aproveita a faculdade, sério.

Droga, ela estava falando como se eu fosse uma criancinha como temi.

Recebi uma notificação de mensagem de Jessica.

Jess: Chamou ela pra sair, homem?

Eu precisava chamar, tinha de criar coragem. Mas e se ela negasse? E se contasse pro irmão? Jacob ia surtar?

Ela me enviou outra mensagem.

bellaswan: Seus desenhos estão bem bacanas!

Bella estava olhando meu perfil? Olhando meus desenhos e gostando deles? Porra, ela estava me dando mole?

— Jacob, eu sou muito seu amigo, não esquece disso — murmurei para mim mesmo quando tomei minha decisão.

e.a.cullen: Bella, você topa sair comigo?

Ela não respondeu, eu passei a noite em claro morrendo de ansiedade. Também coloquei Rose para tocar direto, no meio da madrugada me vi enviando uma mensagem para Emmett, que também não me respondeu, claro.

e.a.cullen: Tô aqui sofrendo ouvindo Rose, é a minha música favorita e agora também é a canção favorita da garota que eu gosto desde que tinha 15 anos. Chamei ela para sair, mas nem recebi uma resposta. Como faço para superar isso?

xxxx

Eu estava saindo da minha segunda aula no dia seguinte quando meu celular vibrou, peguei ele do meu bolso e li a mensagem de Jacob.

Jake: Kate ameaçou terminar, acho que vou terminar antes. O que você acha?

Estava me preparando para responder, mas naquele instante o Instagram me enviou uma notificação. Mais uma vez achei que estava delirando, Bella tinha me respondido, só que com outra pergunta.

bellaswan: Tipo um encontro?

Não pensei muito, respondi na hora, a noite acordado tinha tirado qualquer vergonha do meu corpo.

e.a.cullen: Sim.

bellaswan: Eu topo… Mas tem uma condição.

e.a.cullen: Qual?

bellaswan: Você conta pro meu irmão, se tiver tudo bem por ele a gente se vê.

bellaswan: Não quero causar problemas, sei que vocês são melhores amigos desde sempre e Jake pode não curtir isso.

bellaswan: Vai falar com ele?

Nem lhe respondi, liguei para Jacob, que por sorte me atendeu na hora.

— Acha que devo terminar com ela primeiro? — ele perguntou ao atender.

— O quê?

— Terminar com a Kate antes dela fazer isso primeiro — falou. — Não foi para responder minha mensagem que ligou?

— Não — confessei. — Preciso te contar algo. — Parei em um banquinho do corredor da universidade e sentei ali. Inspirei fundo, Jacob percebeu meu nervosismo imediatamente.

— O que foi, cara? Você tá uma pilha com tanta coisa pra fazer da faculdade e trabalho, né? Olha, eu não sei muito bem como te ajudar, mas fala que faço qualquer coisa pra te dar uma força.

— Não é sobre isso — murmurei.

— É sobre o que?

— Eu tô gostando de alguém…

— A Jessica? — ele gritou em meu ouvido.

— Não.

— O Laurent? Cara, você acha que daria certo tentar uma segunda vez com ele?

— Jake, não é Jessica, nem Laurent. É uma garota que eu gosto desde que era adolescente… — Parei de falar, não consegui concluir.

— Ué, quem? A Tanya do colégio? Edward, nós fomos no casamento dela ano passado, eu fui padrinho, você é amigo do marido dela também. Porra, o Santiago morre se ela largar ele. Ou é alguém que você conheceu antes de se mudar para Palo Alto?

Engoli em seco e consegui responder.

— Jacob, eu gosto da sua irmã. Convidei ela para um encontro e queria saber se você está de boa com isso.

Silêncio total. Então, ele desligou.

— Caralho, eu fodi minha amizade com o Jake — me lamentei e estava quase chorando quando recebi uma notificação não esperada.

Jake te adicionou no grupo ‘SE CASEM!’

Entrei ali e vi que Jacob também tinha adicionado outro número que eu não conhecia, só reconheci o código de Los Angeles.

Meu amigo enviou algumas mensagens naquele grupo antes que eu processasse o nome dado.

Jake: Vocês podem ir a quantos encontros quiserem, sééério!

Jake: Por favor, eu não sabia que torcia por vocês como um casal até esse momento!!!

Jake: Tô me sentindo o Ross vendo a Monica com o Chandler. A parte que ele fica animado.

Jake: Se casem.

Jake saiu do grupo.

Chocado fiquei relendo aquelas mensagens, até que o outro número, que aquela altura eu já sabia de quem era, mandou uma mensagem no grupo.

+1(323) 555-0713: Então, acho que temos um encontro, Cullen ;)

Eu ia a um encontro com Bella e Jacob estava de boa com isso? Talvez eu tivesse batido a cabeça no banheiro naquela manhã e estivesse alucinando em um coma.

+1(323) 555-0713: Eu tenho uma reunião agora, mais tarde nos falamos.

+1(323) 555-0713 saiu do grupo.

— Edward! — Jess surgiu na minha frente. — Eita, você tá pálido, o que foi?

— Eu vou sair com a Bella — sussurrei em choque.

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Já estava no McDonald’s quando Bella me enviou uma mensagem, corri para o banheiro para conseguir falar com ela melhor. Por sorte o movimento estava baixo, eu conseguiria enrolar um pouquinho antes de voltar para o balcão.

Bella: Oi :)

Edward: Oi!

Bella: Meu irmão deve ter te assustado pra caralho, né?

Edward: Um pouco.

Bella: Eu disse que ele tinha caído muitas vezes do berço hehe

Bella: Você tá livre no sábado pra mim?

Um arrepio cruzou meu corpo, ela queria mesmo sair comigo? Por quê? Parecia que a qualquer momento Bella gritaria que era uma pegadinha. Eu sabia que não era feio, tinha tido namoradas, namorados e outras pessoas que só fiquei que diziam que eu era bem bonito e também me achava bonito, mas Bella achava isso? Ou ela só estava com pena?

Bom, eu podia conviver com uns beijos de pena? Talvez sim, isso é, se ela me beijasse.

Edward: Eu trabalho sábado à noite.

Edward: Podemos jantar amanhã?

Bella: Amanhã tenho que tá na boate, vai rolar apresentação de um DJ importante. Não te chamo para ir porque eu vou tá bem enrolada e não iríamos nem conseguir conversar.

Edward: Jantar domingo?

Bella: Vou para São Francisco no domingo de manhã, só volto sexta-feira que vem :/

Bella: Onde que você tá trabalhando que tem que ir sábado de noite?

Bella: Não tem como faltar? É só um diazinho.

Edward: Infelizmente não, meu chefe demite qualquer um que falta sem atestado médico.

Bella: Olha, não me pergunta como, mas posso conseguir um atestado pra você. Conheço pessoas…

Bella: Quer?

Quis aceitar, mas eu tinha sido criado por uma mãe que aterrorizou minha mente e me fez ter pavor de falsificar qualquer coisa que fosse.

Edward: Acho melhor não, Bella. Não quero me envolver em encrencas.

Ela não me respondeu mais, eu me senti um pedaço de bosta. A garota ia desistir, eu era um universitário enrolado e falido, não tinha sentido ela toda bem sucedida sair comigo.

Tinha acabado de deitar na minha cama para dormir aquela noite quando Bella me enviou uma mensagem.

Bella: Eu tinha que ir acompanhar minha amiga em umas coisas no sábado de manhã, mas consegui que ela me liberasse. Você topa sair esse horário?

Ela tinha arranjado um jeito de me ver? Ok, era uma pegadinha! Mas e se fosse real?

Edward: Eu tenho uma palestra para assistir sábado de manhã, mas ela acaba lá pelas 11 e depois não tenho nada até o trabalho às 18… Podemos nos ver depois da palestra?

Bella: Beleza!

Bella: Me manda o endereço depois, eu vou te buscar.

Edward: Não precisa, posso te buscar, tenho um carro.

Um de terceira mão, nada comparado ao Jeep que Jacob dizia que ela tinha, mas meu carro funcionava bem. Tinha sido um presente do meu irmão, algo muito necessário para sobreviver naquela cidade.

Bella: Ai, para com isso!

Bella: Eu te busco.

Bella: Amanhã manda o endereço.

xxxx

Na palestra, no sábado, eu contava os minutos para ir embora. Queria ter faltado, mas o evento era importante para meu currículo universitário. Não podia simplesmente ter deixado de comparecer, ou deixar de assinar a maldita lista de presença no final.

Senti alguém atrás de mim cutucar meu ombro, depois perguntar:

— Essa palestra é sobre o que?

Eu reconheci a voz, era a mesma voz que no dia de Ação de Graças de 2015 tinha dito:

Feliz Ação de Graças, Cullen!

E logo depois naquele ano a dona da voz me abraçou pela primeira vez.

Virei para trás e vi Bella. A irmã do meu melhor amigo sorriu para mim e tirou a mão do meu ombro. Eu não conseguia acreditar que ela estava mesmo ali, muito menos meia hora antes do horário combinado.

Ela estava diferente da sua última foto postada no Instagram, os cabelos estavam cortados um pouco abaixo de seus ombros, estavam naturalmente ondulados como eram, mas a cor diferente. O cabelo dela era castanho, um tom de mogno, mas Bella tinha clareado um pouco, só que ainda era castanho e não loiro.

— Cheguei mais cedo, né? — Ela passou uma mão pelos cabelos, fazendo com que eu sentisse o cheiro de morango que eles tinham desde sempre. — Posso esperar no carro se você quiser, quer?

— Não! — exclamei, por sorte o palestrante usava microfone e era um auditório cheio, minha fala alta não chamou a atenção dele.

Bella assentiu, ela estava na penúltima fileira do auditório, perto da entrada/saída. Tinha um lugar vago ao lado dela, os lugares perto de mim todos ocupados, querendo ficar perto da Swan tive a ideia de subir na minha poltrona e passar para a fileira dela. Isso a fez rir, também fez as pessoas próximas chamarem minha atenção.

— Oi, é muito bom te ver! — exclamei quando sentei ao seu lado, meu ombro encostando no dela.

— Também é bom te ver. — Bella deu um sorrisinho malicioso. — As suas fotos no Instagram estavam ótimas, mas pessoalmente você está muito melhor. — Piscou para mim.

— Ei, tem gente querendo ouvir — a garota sentada do outro lado de Bella reclamou com a irmã de Jake.

Nós dois nos calamos, eu tentei voltar a focar na palestra, só que obviamente não consegui. Isabella Swan estava ali ao meu lado, esperando eu acabar de assistir aquele homem falar para começarmos nosso encontro.

Aproximei um pouco meu rosto do dela e sussurrei:

— Bella. — Ela pareceu se arrepiar com isso, eu também estava arrepiado, minha boca quase tocava o rosto dela. Nunca tinha ficado tão perto. — Pode esperar no carro, isso deve tá sendo mesmo uma chatice pra você.

— Não, de boa — sussurrou de volta, olhando para frente. — Estou adorando ouvir sobre a arte na Indonésia.

— Tailândia —  a corrigi.

— Isso aí. — Ela deu de ombros.

Eu me afastei dela, respirei fundo e controlei meu corpo que começava a dar sinais de notar muito mais do que devia a presença dela. Controlado, consegui pegar pelo menos os últimos minutos de palestra, enquanto minha acompanhante parecia estar fazendo um grande esforço para ficar ali ouvindo.

Quando a palestra finalmente acabou eu quis me sentir livre, mas ainda precisava esperar uma das listas de presença chegar em mim. Porém, Bella estava ali e sem o palestrante falando ela podia falar o quanto quisesse.

— Pensou para onde vamos saindo daqui? — perguntou para mim.

No dia anterior, quando trocamos mensagens para combinar o local, ela disse que eu seria o responsável por escolher o que faríamos.

— Eu pensei no Museu de Arte do Condado de Los Angeles, mas talvez isso seja algo que não te agrade tanto.

— Ok, o que eu vou falar pode parecer bobo e com certeza é, mas tem algo que nunca fiz desde que mudei para essa cidade.

— O quê?

— Não tenho uma foto com o letreiro de Hollywood.

— Tá brincando?

— Não tô! — Ela riu suavemente. — E eu sempre quis ir, mas adio toda vez, hoje parece um bom dia. Podemos ir para o museu depois, dá tempo, almoçamos no meio do caminho. O que me diz?

— Perfeito.

— Perfeito — ela fez coro.

xxxx

Nós deixamos o auditório quando enfim assinei a lista e seguimos para o estacionamento ali ao lado, Bella apontou para um Audi Q5 azul dizendo ser seu carro. Isso me confundiu, eu esperava o Jeep que Jacob tinha falado no outro dia.

— Pensei que você tivesse um Jeep — comentei já dentro do carro, ela franziu o cenho, então relaxou a testa e começou a rir.

— O Jacob é fofoqueiro que só, pelo amor de Deus! — exclamou e ligou o carro, que era muito bonito por fora e por dentro. — Você promete manter segredo se eu te contar algo sobre esse tal Jeep?

— Claro, pode falar. — Assenti e coloquei meu cinto, reparei que ela não tinha colocado o seu e falei. — Seu cinto, Bella.

Ela resmungou, mas colocou o cinto.

— Sempre esqueço essa merda, obrigada por lembrar, não posso levar mais uma multa por isso.

— Talvez fosse melhor eu estar dirigindo — brinquei, isso a fez rir novamente.

— Nem pensar, só eu dirijo o Viagrinha.

— Viagrinha? — indaguei, então percebi, o carro azul dela tinha nome de remédio para disfunção erétil, só que no diminutivo. — Muito criativo — elogiei, ela sorriu e mexeu em seus cabelos com uma mão, seguindo dirigindo apenas com a outra.

— Enfim, a história do Jeep, eu realmente comprei um, só que não para mim. É um presente de Natal para o Jacob.

— Isso é sério? Seu irmão vai surtar! 

— Pois é, depois as pessoas, ele, ainda dizem que sou uma irmã relapsa. — Parou o carro no sinal vermelho, quase em cima da faixa de pedestres, mas conseguiu dar a ré e não bater no carro que estava atrás.

Bella não era mesmo uma boa motorista.

— Uma pena que ele só vai pegar o Jeep lá na Flórida depois do recesso de final de ano. Até pensei em comprar por aqui, mas não quero Jacob se metendo a voltar dirigindo — disse preocupada. — E eu mandei uma foto do Jeep para ele enquanto comprava, queria ter certeza de que o zé mané gostaria, mas falei que era meu. Ele vai surtar quando descobrir, não vai?

— Com certeza! — exclamei. — Queria estar lá para ver a cara dele, você pode gravar?

— Ah, você não estará em Palo Alto no Natal? Como Jake vai fazer a tradicional festa de ano novo sem o braço direito dele? — ela parecia chateada. — Até eu vou estar em Palo Alto, isso é tipo um acontecimento celestial que só ocorre a cada trezentos anos.

— Combinei de viajar com minha mãe para Boston, vamos passar as festas com meu irmão — falei cabisbaixo, sem querer pensar na minha falta de sorte que significava não poder estar na mesma cidade que Bella no Natal e Ano Novo.

— Entendo. Como tá sua mãe? 

— Tá legal, ela ainda trabalha naquele restaurante em Palo Alto como gerente.

— Eu adorava aquele restaurante, talvez passe lá quando estiver na cidade. E seu irmão? Como é o nome dele mesmo? Acho que só o vi uma vez.

— James — respondi. — Tá legal também, tem dois filhos e continua casado.

— Agora me diz onde você tá trabalhando — ela pediu, já estava dirigindo de novo e freou bruscamente em mais um sinal vermelho. — Não se preocupa, eu não vou bater.

— Quem te ensinou a dirigir mesmo? — perguntei tenso e segurei na alça de segurança perto da porta do meu lado.

— Foi meu pai, mas eu demorei um pouco mais do que devia para conseguir tirar a carteira, acontece. Mas juro que só sofri um acidente na vida e foi só porque estava bêbada e agora tô bem sóbria, não dirijo mais alcoolizada. Sou uma nova mulher! — Olhou para mim e piscou. — Sim, você ainda não me respondeu sobre seu emprego, tô esperando.

Fiz uma careta e perguntei baixinho:

— Promete que não vai rir do que é meu emprego?

Ela ficou séria e indagou de volta.

— Por que eu riria? Você por acaso é coach? Porque se for não vou rir, mas vou te expulsar do meu carro!

Isso me fez gargalhar, Bella acabou rindo comigo, mas questionou.

— É sério, você não está trabalhando como coach, né? Já cometi o erro de sair com um, não vou cometer esse erro pela segunda vez.

— Relaxa, não estou envolvido na máfia coach — afirmei. — Eu trabalho de caixa no McDonald’s, até setembro estava na chapa, mas fui promovido. — Fiz um som que podia ser considerado comemoração, só que era mesmo deboche. — Provavelmente você ainda pode sentir o cheiro de comida em mim — resmunguei.

— Não sinto, pelo contrário, seu perfume é muito bom — declarou e vi as bochechas dela ficarem levemente vermelhas, eu também me senti meio corado com suas palavras. — Por que achou que eu fosse rir do seu trabalho? — Tinha um tom sério em sua voz.

— Porque você tem um negócio de sucessos e eu sou um estudante de artes que trabalha no McDonald’s.

Bella balançou a cabeça em negação e proclamou:

— Não sou uma babaca, Cullen. Se acha que sou vou te colocar pra fora do carro mesmo que você não seja um coach.

— Não, eu não te acho uma babaca — me apressei em falar. — Apenas sei que sou um simples funcionário de fast food e você tem uma boate que o drink mais barato custa 20 dólares, nossos trabalhos são bem diferentes.

Ela revirou os olhos.

— Foda-se, tô saindo em um encontro com você, não pedindo seu currículo ou seu saldo bancário.

Ficamos em silêncio, me senti um idiota por ter falado aquelas coisas, mas não me controlei e acabei perguntando:

— Por que você topou sair comigo? — Eu estava olhando para minha mão esquerda sobre minha coxa, mas virei meu rosto para ela e vi a garota corar mais uma vez, daquela mais do que antes. Porém, sua resposta veio em tom de deboche e raiva.

— Na verdade não é um encontro, tô te levando para passear porque sei que está passando dificuldades sendo um simples operador de caixa e precisa de alguém pagando seu lazer. Gosto de fazer caridade.

Voltei a olhar para minha mão, tinha merecido aquela resposta, sabia disso.

— Foi mal — sussurrou. — Fiquei chateada pelo que você disse, fez parecer que sou uma escrota que acharia engraçado um cara trabalhar no McDonald’s. Não sou esse tipo de pessoa, mesmo que a minha boate seja um lugar com preços altos isso não quer dizer que estou desprezando quem não ganha tanto quanto eu. 

O silêncio voltou a dominar o carro, me senti até um pouco enjoado com a tensão, mas talvez fosse culpa da direção perigosa da Swan. Então, depois de longos minutos, ela disse:

— Quer saber por que aceitei sair com você, Cullen? A primeira vez que te notei pra valer, como um cara foi ano passado, não só como o amigo do meu irmão, quero dizer. Eu vi as fotos e os vídeos que o Jacob postou na viagem de vocês no verão, para Santa Cruz. Vocês estavam naquele final de semana de comemoração do casamento daquele amigo do colégio… Sebastian?

Meu rosto se voltou para o dela, Bella estava concentrada na direção daquela vez.

— Santiago — murmurei.

— Isso, ele casou com a Tanya, né? Ela era filha do professor de história na escola? Enfim, vi as fotos e os vídeos que você aparecia no Instagram do meu irmão e te achei um… Grande gostoso! — Ela soltou uma risada nervosa e meio tímida. — Foi durante aqueles dias que te segui de volta no Instagram, eu nem sabia que você já me seguia. É sério, não sou a maior fã daquela rede social. No seu perfil tinha algumas fotos suas, mas a maioria eram desenhos seus, todos maravilhosos, por sinal. Jacob provavelmente não lembra, mas em um dia daquela viagem de vocês eu mandei mensagem para ele e perguntei sobre você.

— Perguntou?

— Nada muito direto ao ponto, por isso ele não deve ter percebido qualquer coisa, só perguntei como você tava. Só que meu irmão respondeu falando que tava de rolo com a dama de honra da Tanya, me contou muitos detalhes que não pedi sobre a garota. — Bufou. — Eu pensei em te mandar uma mensagem no Instagram. Te chamaria para sair, eu já morava em Los Angeles, mas surtei um pouco, pensei que Jake poderia ficar puto comigo querendo te pegar e também achei que você não fosse corresponder.

— Você tá brincando comigo? — eu gritei, Bella me olhou assustada, ela freando bruscamente daquela vez foi culpa total minha, mas não me importei. — Tá me dizendo que há mais de um ano você pensou em me dar mole, mas não deu?

— Sim, calma.

— Bella, é claro que eu ia corresponder! — exclamei desesperado, ela voltou a dirigir. — Puta merda, eu sou afim de você desde o primeiro dia que te vi no seu aniversário de 18 anos.

— Você tava no meu aniversário de 18? — Ergueu uma sobrancelha.

— Sim, foi onde nos conhecemos.

— Foi? Pensei que tivesse sido no Natal daquele ano.

— Não, seu irmão me levou para seu churrasco de aniversário, eu te dei um batom rosa de presente, você odiou. Em minha defesa, foi minha mãe que escolheu.

— Caralho! — Bella gritou e olhou para mim. — Você estava mesmo no meu aniversário de 18 anos, eu esqueci totalmente disso, Edward. Me deu um presente ainda?

— Dei, no Natal também, mas foi um…

— Um caderno do Green Day! — ela gritou animada. — Eu me lembro disso, usei aquele caderno como meu caderninho de composições, na época jurava que ia montar uma banda na faculdade e virar a próxima Joan Jett. Acho que esse caderno foi perdido numa casa de fraternidade, tava rolando uma festa com tanta droga que a polícia bateu lá, perdi uma mochila na correria e ele tava dentro. Espera, você gosta de mim desde que tinha 15 anos?

— Sim — confirmei, ela esticou uma mão e bagunçou meus cabelos.

— Que bonitinho, eu fui sua primeira paixonite, Cullen?

— Não. — Tentei afastar minha cabeça da mão dela, mas deixei ela continuar mexendo em meus cabelos, era gostoso e eu queria ser tocado por Bella. — Eu já tinha me apaixonado antes de mudar para Palo Alto, meio que tive um rolo com um cara em Seattle, onde morava antes. E antes disso eu fui apaixonado pela Miley Cyrus, eu assisti muito Hannah Montana — admiti.

— Tá, então isso tudo significa que ainda é apaixonado por mim, né? — Fiquei calado. — Vou entender isso como um sim. — A mão dela deixou meu cabelo, mas acabou repousando sobre a minha que continuava em minha coxa.

Isso me fez sorrir, movi minha mão e entrelacei meus dedos aos dela.

— Tem quase dois anos que a gente não se vê pessoalmente, né? — perguntou. — Te vi no funeral do vovô, obrigada por ter ido, aliás. Lembro que você me deu comida e tudo no velório, antes da gente ir pro cemitério.

— Fiz torta de abóbora — falei, concentrado em olhar para nossas mãos unidas, a dela era tão macia. — A receita que sua mãe aprendeu com ele.

Bella apertou minha mão e depois suavizou o toque, mas não me soltou.

— Você tava namorando um cara, o tal Jasper.

— Ele é meu amigo desde New York, nos conhecemos em um show. Só começamos a namorar depois que nos formamos, era um relacionamento aberto, foi bem de boa, mas acabou algumas semanas após o funeral do vovô — contou. — Eu me apaixonei por outro na época. — Sua mão soltou a minha, eu me sobressaltei, mas vi que ela só precisava das duas mãos para colocar seu carro numa vaga da rua que parariamos para tirar as fotos com o letreiro de Hollywood. — O Alistair, no caso.

— Espera. — Reconheci o nome. — O seu sócio na boate?

— Sim, na verdade ele é mais que um simples sócio, é o cara da grana, integralmente. Eu não coloquei um dólar na boate, não queria gastar a herança que recebi dos meus avós nisso, tinha medo de dar errado e perder tudo, mas surgi com a ideia e Alistair topou investir. Ele deu o dinheiro, eu entrei com o trabalho pesado. Só que isso foi depois de nós dois nos envolvermos em um rolo por alguns meses, na época que pensei em te chamar para sair ele e eu ainda estávamos nessa. Foi bem conturbado. — Ela terminou de estacionar o carro. — Eu gostava dele pra caralho, mas Alistair se apaixonou por outro, depois por outra e percebi que não ia ser a única da vida dele, não era um namoro, estávamos só ficando, mas queria que fosse algo sério. Depois me afastei dele, até o Natal do ano passado, eu acabei indo numa festa de amigos em comum e lá percebi que ainda tinha saudades dele, mas não estava mais apaixonada, voltamos a sermos amigos. E aí veio a ideia da boate, ele é filho único de um cara bilionário do meio da tecnologia, tem outros investimentos, a boate foi só mais um, mas é bem famosinho e tem contatos, então a cara dele e o nome é uma ótima forma de publicidade para nosso negócio.

Bella tirou seu cinto, se moveu no banco de forma que ficasse sentada com suas costas coladas na porta.

— Foi melhor eu não ter te mandado uma mensagem no verão de 2020 — falou e suspirou. — Te achei gostoso pra caralho e teria sido legal sair contigo, mas te jogaria no meio do caos que tava sendo minha vida com uma paixão não correspondida por outro. Você ia acabar me odiando.

Tirei meu cinto também, depois me mexi no banco e também coloquei as costas apoiadas na porta perto de mim. Ficamos de frente um para o outro.

— E se eu tivesse feito você esquecê-lo? — me vi perguntando.

— Ainda prefiro agora, você já tem 21 anos e eu posso te dar drinks de 20 dólares na minha boate!

Resmunguei.

— Você não vai esquecer disso, vai?

— Não vou, meu Sol é em Virgem, mas meu ascendente é Escorpião, sou bem rancorosa.

— Não posso fazer nada se sua boate é mesmo cara. — Estiquei uma mão e voltei a segurar a dela. — Mas é bem legal lá, fui três vezes, só não te vi nenhuma. 

— Vou te levar lá, antes de você voar para a fria e distante cidade de Boston — dramatizou.

Sorri e me vi levando a mão dela aos meus lábios, depositando um beijo na palma.

— Câncer! — ela gritou.

— O quê? — perguntei nervoso, tirando a mão dela da minha boca. — Você tá doente, Bella? — Senti as lágrimas em meus olhos, então a garota começou a rir.

— Não, não, Edward — falou rapidamente. — Eu tava querendo lembrar quando era seu aniversário para saber seu signo. Você é de câncer.

— Hum, não. — Ergui meus óculos e limpei o canto dos meus olhos. — Sou de gêmeos.

— Não, você é câncer, 21 de junho.

— Eu sou do dia 20.

— Ai, merda. Sério?

— Sim. — Eu ri, aliviado que câncer era só um papo sobre signo. — Acho que sei o dia do meu aniversário, senhorita Swan.

— Me dá um desconto, minha família faz aniversário em dias estratégicos de lembrar. Papai dia dos namorados, Jake dia das bruxas e mamãe véspera de Natal. E você deve ter câncer bem forte no seu mapa astral.

— Por que sou um cara sensível? Já ouvi essa antes.

— Tem certeza de que o hospital não errou a hora do seu nascimento?

— Espero que não, que absurdo seria todos esses anos que passei acreditando ser um geminiano, iria ter uma crise de identidade terrível — debochei, ela fingiu rir daquela vez. — Acho que deu pra sacar que eu não ligo muito pro assunto, né?

— Você só não me conhece direito ainda, até o final do dia vai querer tatuar o símbolo do seu signo na cara.

— O nome da sua boate — percebi o óbvio ali. — Signum é Signo em latim.

— Nossa, você demorou para se tocar, Cullen. Mas vou te dar um desconto, ficou preocupado demais com o preço das bebidas e nem ligou para o nome.

— Ok, garota meu ascendente é escorpião e sou rancorosa, podemos ir tirar suas fotos agora? — Apontei para fora do carro.

— Podemos, você acha que pode fazer um desenho inspirado na melhor foto depois? Eu pago, mas quero receber até o Natal.

— Tenho alguns pedidos, mas acho que consigo te encaixar, nem precisa pagar nada, eu não vou aceitar dinheiro seu.

Ela abriu a boca, ia começar a reclamar, mas fui mais rápido.

— Vai dar de presente para alguém?

— Não, é para meu apartamento, quero colocar numa moldura e me lembrar de você sempre que olhar para ele. — Piscou para mim. — Não é todo dia que vou a um encontro com o cara que é apaixonado por mim há 6 anos, quero uma recordação desse dia e quero que seja algo mais especial que só uma foto.

Ok, eu não sei de onde veio a coragem, mas acabei dando fim a toda distância que nos separava. Em questão de dois segundos eu tinha o rosto dela entre minhas mãos, seus lábios contra os meus e suas mãos em meus cabelos. Bella retribuiu o beijo, ela até sorriu, eu fui aos céus.

Esperei por aquele beijo por mais de 6 anos, mais precisamente 6 anos, 2 meses e 21 dias. Ele foi o melhor do que o esperado, não importava se ela não tinha mais o visual roqueiro daquele dia de Setembro de 2015, não importava que vendesse bebidas super caras, não importava que dirigisse mal pra caramba e pudesse me matar em um acidente de carro.

A única coisa que importava era que eu estava realizando um sonho, então percebendo que a realidade era mil vezes melhor do que minha imaginação era capaz de criar. 

Ela acabou se afastando primeiro, mas apenas nossos lábios, suas mãos permanceram em meus cabelos. Eu abri meus olhos, vi Bella dando um sorrisinho e depois falou:

— Você é o primeiro geminiano que eu beijo.

— Pergunta o signo de todos?

— Sim! — Abriu seus olhos, castanhos como chocolate. — E foi bom, mas vamos repetir para eu ter 100% de certeza, ainda tô desconfiada que você é canceriano.

— Não sou, mas aceito te bei… 

Ela me calou, seus lábios estavam nos meus antes que eu pudesse terminar minha fala. Ainda faltavam 21 dias para o Natal, porém sentia que aqueles beijos seriam os melhores presentes que ganharia aquele ano.

xxxx

As fotos demoraram a ser tiradas, mas consegui tirar várias ótimas de Bella e ela insistiu em tirar algumas minhas, nelas vi que eu tinha uma mancha de tinta no cabelo, fruto dos 10 minutos que inventei de pintar antes de sair de casa aquela manhã.

Por que você não disse antes que eu tava com o cabelo sujo? — perguntei para Bella quando ela me mostrou a primeira foto que tirou de mim.

Achei charmoso, um pintor sexy sujo de tinta, me faz imaginar coisas!

Aquilo foi o suficiente para eu não me achar mais um idiota por estar sujo de tinta no meio da rua. Principalmente quando depois de dizer isso Bella me beijou, então antes do próximo beijo pediu para uma mulher nos fotografar juntos. Essas fotos ficaram terríveis, a mulher colocou o dedo na frente da câmera, ou tremeu em todas.

— É bacana tirar essas fotos com o letreiro, eu entendo o que leva as pessoas a isso todo santo dia, mas seria mais bacana tocar na maldita placa!

— Você não pode.

— Eu sei que é proibido, mas que saco não poder chegar mais perto. Sabe, mudei para Los Angeles porque Jasper tava vindo trabalhar aqui e achei que seria legal voltar para a Costa Oeste, mas cada dia sinto mais falta de New York. Não tem cidade melhor, aquele lugar pisa em Los Angeles sem pena. Coloca algo pra tocar? Conecta seu celular no som do carro, vamos honrar o que nos trouxe a esse encontro e escutar Emmett?

Ela tinha algo em comum com o irmão, os dois podiam falar sem parar, emendando um assunto no outro, quase sem pausas para respiro. Fiz o que ela pediu, enquanto Bella voltava a falar sobre New York, contando seu primeiro dia na cidade da Costa Leste.

— Ai, eu amo a voz desse homem! — gritou quando o álbum de Emmett começou a tocar, a primeira canção se chamava Verão Inverno. — Se ele quisesse ajuda pra esquecer a tal Rose eu seria a primeira voluntária da fila… Quer dizer, foi mal, eu não devia tá falando esse tipo de coisa durante um encontro. — Fez uma careta.

— Relaxa, talvez eu também fosse querer ser voluntário.

— Bi ou Pan?

— Bi.

— Saquei, eu não tinha certeza, na verdade ainda fico confusa com os dois termos. Você pegou meu primo Tom numa das festas de aniversário do Jake, não foi?

— Não peguei não. Ele espalhou que peguei porque queria fazer ciúmes no ex dele. Quem peguei foi o Thomas, o vizinho de vocês, no aniversário de 20 do Jake.

— Ai, credo. Aquele moleque metia o dedo no nariz e comia o que tirasse de lá quando era criança. Eu era adolescente e sonhava em dar uma bolada na cara dele. O que você quer almoçar?

— Esse papo te deu fome?

— Não, mas a gente tá indo comer, né? Eu já tava com fome antes, só tô querendo saber para onde dirigir. — Apontou para a rua diante de si. — Leva em conta que sou alérgica a frutos do mar, não queremos acabar o encontro comigo tendo um choque anafilático.

— Eu sei, lembro que Jake dizia que podia te matar com um camarão. Vamos comer qualquer coisa contanto que não seja hambúrguer, tô enjoado deles.

— Pizza, nada melhor do que uma boa e velha pizza.

— Eu penso em ir morar em New York — retomei o assunto.

— Sério?

— Sim, quero muito ir depois da formatura — murmurei olhando pela janela ao meu lado. — Mas ainda fico meio assustado de deixar minha mãe sozinha na Costa Oeste, querendo ou não estou perto dela aqui. 

— Você não pode se privar do que quer só para estar sempre perto dela.

— Eu sei, mas desde que meu pai morreu basicamente fiquei só com ela. Meu irmão já era bem mais velho, morava em outro estado, tava noivo, me apoiei muito nela e o contrário também.

— Isso do seu irmão te magoa, né? Percebo isso desde que te conheci. Sempre falando dele em tom de chateação.

— Ele se afastou muito depois da morte do nosso pai. Na verdade, antes disso, quando papai já estava doente — Dei de ombros. — Mas quando está perto finge ser o homem responsável pela família. Sendo que não era ele quem tava do lado da nossa mãe quando ela se viu viúva, eu aguentei muito só. James tava em Boston, livre, longe do luto interminável. Foi ideia minha deixar Seattle, alguns meses depois do papai morrer, mamãe mal conseguia sair do quarto no apartamento que morávamos lá, fiquei com muito medo dela acabar morrendo de tanta tristeza.

— Já tem muito tempo, Edward — Bella disse e senti uma mão dela acariciar meu ombro. — Sua mãe deve tá bem agora o suficiente para você conseguir ir para New York e deixá-la na Califórnia sozinha.

— Não sei, talvez sim. — Suspirei. — Eu provavelmente vou ter que ficar na casa dela um tempo depois da formatura e trabalhar por lá, preciso de grana para me mudar para o outro lado do país.

— Você faria uma boa grana em New York com esse rostinho bonito — falou e entendi de cara o que ela quis dizer, isso me arrancou uma risada. Bella afagou mais meu ombro antes de deslizar a mão até a minha, eu puxei a sua para meus lábios, outra vez beijando a palma. — Eu pagaria, não sei se mais do que 20 dólares, mas… Ai, Edward! — Soltou um gemido quando beijei seu pulso.

— Seu pulso? Sério?

— Sim, para, ou eu vou bater. — Puxou seu braço. — E meu pescoço também, pode anotar se quiser.

— Não se preocupa, acho que não sou capaz de esquecer nada que se refere a você.

— É?

— Sim, por exemplo, nunca diria que você faz aniversário dia 14 de setembro, porque tenho certeza de que seu aniversário é dia 13.

— Supera, eu errei por um diazinho.

— Também posso ser rancoroso — debochei. — Talvez meu ascendente também seja escorpião. Qual o signo do Emmett? — perguntei, mudando de assunto, ao notar que eu não tinha ideia daquela informação.

— Pisciano, coitado. Eu acho que a Rose é leonina, mas não tenho certeza, não tem muita informação sobre ela na internet. Você torce para eles voltarem? Sei que eu seria uma voluntária, mas o cara ama essa menina, pelo menos amava muito quando escreveu esse álbum.

— Sim, eu vivo me perguntando se ela ainda tá solteira porque imagino eles dois voltando.

— Seria fofo — Bella sussurrou e notei que ela estava lacrimejando um pouco. — Não ri de mim por chorar, mas escuta isso, cara! — Gesticulou para o som do seu carro. — Ele fala que realizou o maior sonho do mundo dele quando beijou essa garota pela primeira vez. — A música que tocava naquele momento se chamava O Sonho. — Você já se sentiu assim por alguém? — perguntou.

Não respondi, Bella olhou para mim e sorri para ela.

— Você gosta mesmo de mim, né? E se eu for apenas um sonho adolescente seu? Amanhã você pode acordar e perceber que sou uma chata.

— Você não é uma chata, Bella.

— Acredite, sou sim.

— Bom, tanto faz se você for, eu ainda vou me lembrar de que realizei meu maior sonho quando te beijei hoje mais cedo. Como Emmett, quando ele beijou Rose.

— Emmett pode amar a Rose, Edward. Mas o maior sonho dele nunca foi ela de fato, se fosse ele não teria a deixado para perseguir a carreira de cantor nos Estados Unidos.

— Sonhos podem coexistir.

— Qual seu maior sonho de fato, Edward? — questionou em tom de exigência. — Sei que não sou eu.

Coloquei uma mecha de cabelo dela atrás de sua orelha e honestamente lhe dei uma resposta.

— Quero poder viver, financeiramente falando, apenas vendendo minha arte. E o segundo maior sonho? Nunca mais pisar em um McDonald’s.

Bella riu, estava focada em olhar para a frente.

— Qual seu maior sonho?

— Eu não posso realizar.

— Por que não?

— Porque seria pedir desculpas para minha avó, a vovó Marie, mãe da Renée.

—  O que aconteceu? Por que pedir desculpas a ela?

— Porque semanas antes do meu aniversário de 12 anos eu reclamei de ir a uma festa com ela, o batizado da filha de uma amiga dela. Passei o caminho todo na volta para casa dizendo que tinha sido chato, que ela era chata e que eu queria ter ido para o aniversário de uma amiga que aconteceu no mesmo dia. Vovó Marie ficou bem triste com minhas palavras e alguns dias depois ela sofreu o infarto que a matou, as últimas palavras que ela disse para mim foi algo sobre um dia eu ser mais velha e gostar de me divertir com ela.

Eu não esperava ouvir nada daquilo, continuei olhando para Bella, que logo voltou a estacionar o carro. Talvez já estivéssemos perto do lugar onde iríamos comer, mas não queria olhar para fora e confirmar.

— Você era muito novinha, Bella.

— Eu sei, mas me sinto péssima por ter perdido a oportunidade de me divertir com ela na última vez que estivemos juntas.

— É por isso que você não fica muito tempo com sua família, né?

— É, sei lá, eu sinto que não me encaixo. Você se encaixa melhor com eles do que eu. — Olhou para mim, os olhos marejados. — Tudo ficou tão doido na minha cabeça depois que a minha avó morreu, você entende, não entende?

— Perfeitamente. — Afaguei o rosto dela. — E qual seu segundo maior sonho? 

Bella sorriu, segurou minha mão ainda sobre sua bochecha e a beijou. 

— Voltar para New York e abrir uma boate lá, mas para isso acontecer a boate de Los Angeles precisa se manter bem como está e a de São Franciso precisa ser tão bem sucedida quanto, o que eu não sei se vai ser, morro de medo de ser um desastre.

— Por que boates?

— Porque podemos nos divertir nelas: dançar, beber, beijar. 

— Espero ser convidado para a inauguração da boate em New York. No momento é meu quinto maior sonho, o terceiro é dar uma casa própria para minha mãe, o quarto ver o McDonald’s falir.

A garota comigo gargalhou, se aproximou e colocou seus braços ao redor do meu pescoço.

— Você odeia o McDonald’s.

— De corpo, alma e signo.

— Eu gosto da comida deles, se a gente sair mais, uma hora ou outra você vai me ver comendo uma batata frita de lá.

—  Terrível, mas acho que posso assistir uma cena chocante dessas sem passar mal.

— Tem certeza? E se você cair no chão desmaiado?

— Você poderia me acordar com um beijo, que tal?

— Um beijo, é?

Assenti, Bella me beijou na hora.

xxxx

Nós tínhamos algo em comum sobre pizza também, nosso sabor favorito era pepperoni. Bella nem precisou perguntar sobre qual refrigerante pedir para mim, ela lembrava que eu também era grande fã de Pepsi.

Depois do almoço íamos para o Museu, mas eu vi uma loja de discos de vinil quase na frente da pizzaria e acabamos indo parar lá. O lugar estava bem quente para contornar a temperatura mais baixa que fazia em Los Angeles naquele sábado, sendo assim acabamos tirando nossas jaquetas ali, Bella amarrou a sua na cintura e eu segurava a minha em meu braço.

A garota usava uma camisa branca com uma grande listra bege, calça jeans azul que paravam na altura de seu tornozelo deixando suas meias brancas aparecendo, assim como os tênis da mesma cor. Sua jaqueta também era azul, só que um pouco mais escura que a calça. Ela não usava mais piercing algum, maquiagem também não, nem mesmo um batom, tinha um pouquinho de olheiras, mas não parecia se importar com isso e eu muito menos, só me fazia pensar em como ela devia passar muitas noites acordadas por conta da boate e mesmo assim ainda trabalhar mais na manhã seguinte.

Ela ainda carregava uma bolsa carteiro gigante, disse que não sabia sair com pouca coisa.

— Gostei da sua tatuagem — ela comentou enquanto eu olhava uns discos, por eu ter tirado minha jaqueta Bella conseguia ver a tatuagem de ondas que tatuei em meu braço direito alguns meses antes. — É única?

— Sim, fiz em agosto. Você tem novas. Quantas ao todo agora?

— Onze, a mais recente foi essa aqui. — Indicou a tatuagem acima do cotovelo esquerdo, era o nome da sua boate. — E minha amiga quer que a gente faça tatuagens iguais antes do casamento dela, temos até maio para decidir.

— É alguma amiga da faculdade?

— Não, é Alice Brandon, minha amiga desde que a gente tinha uns 9 anos. Conheci ela no acampamento que íamos quando crianças, ela morava perto de Palo Alto, o acampamento era da Barbie. — Bella revirou os olhos e apoiou um braço em meu ombro, dando um rápido beijo na minha bochecha. — Ela vai casar com o Jasper.

— O seu ex?

— É! — Bella assentiu e me deu outro beijo no rosto. — Eles se conheceram quando ela foi me visitar em New York uma vez, depois que Jasper e eu terminamos eles começaram a ficar. Isso depois de Alice chorar por uma hora e dizer que não ficaria com ele sem minha benção, achei besteira, eu não era dona do cara, mas dei a bendita benção e vou dar de novo sendo a dama de honra.

— Você parece mesmo bem com os dois juntos.

— E estou, sério. Eu amo os dois, são meus melhores amigos, e são perfeitos um para o outro. Ajudei o Jasper a escolher o anel de noivado e tudo. Eles vão casar no quintal da casa dos pais dela, brega que só, mas fico emocionada só de pensar. Você tem um toca discos?

— Não, mas gosto de olhar os vinis. 

— Talvez Alice e eu façamos a tatuagem da silhueta da cabeça da Barbie, é representativo.

— Alguém já te disse que você e Jake falam sobre mais de um assunto ao mesmo tempo?

— Sim, nosso pai fala direto, o pobrezinho sofre quando mamãe, Jacob e eu estamos na mesma sala falando sem parar.  Por que você tatuou ondas?

— Meu pai amava o mar, ele morava perto da praia quando era adolescente e surfava.

— Eu tive aulas de surfe ano passado, foi um terror, fiquei apavorada de medo. Não sou muito boa com mar no geral, é muito misterioso. Você é lindo! — Seus lábios estavam nos meus, foi tão rápido que me assustei e desfiz o beijo. — Foi mal.

— Não, tudo bem, você só me pegou de surpresa. — Me inclinei e a beijei calmamente.

— Ai, você ficou muito alto! — protestou quando o beijo chegou ao fim.

— Eu sei. — Beijei o topo da sua cabeça. — Quando te conheci eu estava um pouco acima dos seus peitos.

— Edward! — Beliscou meu braço, mas rimos juntos, era bom estar tão à vontade com ela. 

Continuamos a ver os discos e conversar sobre música, principalmente Emmett.

— Meu sexto maior sonho era ir no show dele semana que vem, mas os ingressos esgotaram muito rápido e não consegui comprar. Você vai?

— Vou estar trabalhando no sábado, outro DJ importante tocando na boate daqui. Qual o seu sétimo sonho?

Eu pensei sobre eles, chegando à conclusão.

— Você.

Bella segurou meu queixo.

— Justo, é uma boa posição.

— O sétimo lugar?

— É meu número da sorte.

— Jura?

— Sim, tenho o número 7 tatuado entre meus seios, um dia eu te deixo ver. — O rosto dela ficou vermelho, o meu corpo esquentou e sabia que não era nada sobre o aquecedor da loja. — Museu?

— Museu? Ah sim, museu!

xxxx

Passamos horas no museu, conversando sobre as artes expostas ali e sobre o que mais surgisse de assunto. Aquele dia foi tão bom ao lado de Bella que me senti extremamente irritado quando precisamos deixar o museu porque eu tinha de trabalhar, mas ganhamos alguns minutos extras porque ela fez questão de me deixar no McDonald’s.

— Boa viagem — desejei quando ela parou o carro. — Espero que dê tudo certo em São Francisco, com essa loucura das obras.

— Boas provas, espero que você tire A em todas.

— Não vai rolar.

— É, não mesmo, você devia ter passado o dia estudando. Se tivesse me dito que ainda teria provas não tinha te raptado pelo sábado inteiro.

— Dane-se. — A mão dela estava entre as minhas, sendo assim não perdi a oportunidade de lhe beijar ali. — Foi muito bom.

Ela concordou com um aceno de cabeça e se aproximou, devagar daquela vez, mas não me beijou, apenas repousou o rosto em meu ombro.

— Eu gosto de você, Edward. Obrigada pelo dia, foi maravilhoso.

— Vamos nos ver de novo?

— Vamos ver, você ainda pode acordar amanhã e estar arrependido.

— Não estarei. — Puxei o rosto dela para mim e a beijei. — Você é o sétimo, o oitavo, o nono, o décimo e todos os outros sonhos possíveis, Bella. 

— Eu não sei em qual posição você está para mim — confessou, se soltou de mim e me olhou apreensiva. — Não quero te machucar, caso não corresponda totalmente aos seus sentimentos. Você está em uma página, eu em outra.

 — Não me importa, espero estar na mesma página.

— E caso não aconteça?

— Eu vou poder chorar com propriedade sempre que escutar Rose, vou entender perfeitamente a dor de perder a garota dos meus sonhos como Emmett perdeu.

— Quase vale a pena ter o coração perdido.

— Pois é!

Bella indicou o lado de fora do seu carro.

— Hora de ir trabalhar, você ainda não está livre do McDonald’s.

— Eu sei, que ódio! — Peguei a mochila que mais cedo aquele dia guardei no seu carro. — Me avisa quando estiver em São Francisco? — Ela sorriu.

— Aviso sim, pode deixar. Não esqueça que você tá me devendo um desenho.

— Não esquecerei. Tô indo.

— Mais um beijo?

— Por favor!

xxxx

Eu estava entrando no meu apartamento mais tarde naquela noite quando recebi uma mensagem de Jake.

Jake: Passei o dia quieto, mas preciso saber como foi o encontro com a minha irmã!!!

Edward: Foi perfeito, ela é maravilhosa.

Jake: Vocês estão namorando?

Edward: Não...

Jake: Aff!

Jake: Fiquei acordado direto pra nada.

Jake: TCHAU!

Eu ri e fui para meu quarto, no quarto ao lado ouvi Jessica conversando com Mike, ela tinha avisado que ele ficaria com ela ali aquela noite. Tomei banho, vesti um moletom velho e me joguei na cama, estava quase dormindo quando recebi uma mensagem, podia ser de Bella e isso me fez conferir o celular na hora. E estava certo, era ela.

Bella: Já tá em casa?

Edward: Tô sim, você tá no seu apartamento?

Bella: Tô na praia…

Edward: Alguma festa?

Bella: Não, eu tô só, fiquei com vontade de ver as ondas.

Edward: Tá ouvindo Azul?

Era uma das músicas de Emmett, sobre a calmaria que o mar lhe proporcionava

Bella: Sim!!!

Edward: Boa escolha ;)

Edward: Não é perigoso ficar aí sozinha?

Bella: Estou legal. 

Bella: Nos falamos mais amanhã, vou ficar aqui só mais um pouquinho, ainda preciso terminar minha mala em casa.

Bella: Bons sonhos!

xxxx

Dias depois, na sexta-feira seguinte, eu estava em casa ouvindo Rose, após mais uma noite no McDonald’s, quando recebi uma mensagem de Jake e uma de Bella ao mesmo tempo.

Jake: O que eu preciso fazer para você desistir de Boston?

Bella: Tenho uma surpresa para você!

Respondi ela primeiro, durante aqueles dias nos falávamos todo dia por mensagens. Bella também me obrigou a fazer um Twitter, aquela era mesmo a rede social favorita dela, mas eu não curti e desativei no terceiro dia de uso.

Edward: Qual? O que você me trouxe de São Francisco?

Ela tinha voltado há algumas horas, mas ainda não tínhamos nos encontrado.

Bella: Consegui aqui em Los Angeles mesmo.

Bella: O que me diz de ir ao show do Emmett amanhã? 

Edward: O QUÊ?

Edward: Como assim?

Edward: Os ingressos estavam esgotados!

Bella: Tenho meus contatos ;)

Bella: E ainda consegui me livrar do trabalho para ir.

Bella: Vai comigo?

Bella: Tô louca pra te ver.

Edward: Claro que vou!

Edward: E também quero te ver logo, OBVIAMENTE.

Outra mensagem de Jacob chegou.

Jake: Kate e eu não vamos terminar.

Achei melhor responder ele logo.

Edward: Vocês entraram em um acordo sobre o Natal?

Jake: Sim, ela vai comigo para Palo Alto.

Jake: Achamos que será mais fácil contar para meus pais primeiro.

Edward: Contar o que?

Jake: Kate tá grávida :)))

Puta merda!

Edward: JACOB!!!

Jake: Eu sei, tô fodido, mas vamos ter.

Jake: Passa o Natal em Palo Alto?

Jake: Vou precisar de aliados.

Eu ia dizer que não podia prometer nada, mas com aquela bomba tentaria desfazer minha viagem e ir o ajudar em Palo Alto. Porém, antes que pudesse responder, Bella me mandou uma mensagem desesperada.

Bella: O MEU IRMÃO VAI TER UM FILHO?????

Bella: Ele já deve ter te contado também, né?

Bella: Eu vou matar o Jacob!

Também não tive tempo de responder ela, logo a garota criou um grupo, comigo e seu irmão. O nome era ‘JACOB TÁ FODIDO!’

Jake: PARA, ISABELLA!

Bella: VOCÊ É MUITO NOVO, SEU IDIOTA!

Bella: Mas espero que seja uma menina.

Bella: Quanto tempo de gravidez? Preciso saber qual será o signo!

Edward: Eu vou para Palo Alto no Natal.

Enviei a mensagem, decidido. Mamãe poderia ir sozinha passar as festas com James, eu não podia deixar Jacob sem seu melhor amigo, como também queria estar com Bella no Natal.

Jake: AMÉM!!!

Jake: OBRIGADO, CARA!

Bella: :D

Bella: Melhor notícia!!!!!

xxxx

Bella tinha conseguido lugares na área vip, estavamos perto do palco e eu via dali até o suor escorrendo no rosto de Emmett. 

— Ele é incrível! — exclamei para Bella, falando em seu ouvido, estava a abraçando por trás. Era um gesto de carinho, mas também queria impedir que ela retribuísse o empurrão que uma garota perto da gente tinha dado nela.

— Eu tô toda arrepiada, ele é ainda melhor ao vivo! — gritou de volta para mim, assenti e beijei sua bochecha.

— Tenho uma música nova que gostaria de tocar para vocês — Emmett anunciou no palco. — Ela se chama Lily, eu a compus alguns dias atrás, quando Rose me mandou a retrospectiva musical dela e eu era o artista mais tocado.

— Ai caralho! — Bella gritou, eu por outro lado escutava aquilo em choque.

Lily é o segundo nome da Rose. A segunda flor favorita da mãe dela. A segunda tatuagem que fiz. E hoje eu tenho uma segunda chance de viver ao lado da mulher dos meus sonhos. Ela me disse que sou o segundo maior sonho da vida dela agora, o primeiro é abrir uma floricultura, queria dizer que me sinto muito honrado de ser o segundo lugar nos seus sonhos e o primeiro na sua retrospectiva, minha Rose.

xxxx

A mão de Bella percorreu meus cabelos lentamente, estávamos no meu carro depois do show, ainda em êxtase com tudo que tinha acontecido lá. A música nova, a declaração, eu pegando a palheta que o músico jogou para a platéia no final da apresentação.

— Será que Lily será a música mais tocada nas nossas retrospectivas ano que vem? — ela me perguntou baixinho. 

Meu carro estava parado na fila do drive thru do McDonald’s, um pedido dela, estava com vontade de comer batatas fritas de lá.

— Não sei, mas estou feliz que a retrospectiva desse ano me fez ir falar com você.

Bella sorriu, tirou a mão do meu cabelo para pegar a minha entre as suas e beijar a palma.

— Até que eu gosto um pouquinho do Instagram agora, eu nem ia compartilhar a retrospectiva lá.

— Por que compartilhou?

— Não sei, na hora deu vontade. Acho que foi obra dos astros para a gente se falar.

— Ei, cadê meu mapa astral? — indaguei, me lembrando que mais cedo ela tinha dito que o fez.

— Sim! — Se agitou e pegou o celular da sua bolsa. — Vou ler enquanto a gente encara essa fila.

Ela leu, eu não acreditei em nada. Mas, sabia que no futuro, quando olhasse para trás e pensasse na retrospectiva dos melhores momentos da minha vida, estar no carro com aquela garota, na fila do McDonald’s, após o melhor show que estive, seria um daqueles momentos especiais e inesquecíveis.


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Notas finais do capítulo

Qual música você mais escutou esse ano? Me contem nos comentários. Beijos!
Lola Royal.
04.12.21