Invisible Play - Cursed City escrita por Douglastks52


Capítulo 7
Vidas na Balança


Notas iniciais do capítulo

Não consigo postar no dia certo XD sempre surge alguma coisa. Essa semana estive o sábado inteiro na praia e hoje só tive tempo livre agora. Próxima semana! Oremos, soldados! Próxima semana postarei no dia certo! Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/804667/chapter/7

Sasesu caminha durante várias horas enquanto observa os vestígios de civilização ao seu redor. Os únicos sinais de vida que avista são corvos e abutres a comerem restos humanos espalhados pela cidade. Já se sentindo desconfortável com a paisagem que observa, ele finalmente vê uma forma nova surgir no seu campo de visão: um pequeno templo de mármore e o que parecem ser pessoas à volta. Sasesu empolga-se com a possibilidade de finalmente interagir com outro ser humano e começa a andar com mais pressa. 

Conforme se aproxima, ele distingue melhor a situação: várias figuras vestidas em trapos negros dentro do templo, alguns indivíduos amordaçados e amarrados a estacas presas ao chão e um pequeno aglomerado de pessoas que observa à distância. Sasesu decide esconder-se atrás de alguns destroços e olhar melhor antes de agir. Daquela distância era difícil entender as palavras, mas as figuras vestidas de negro pareciam discursar para o aglomerado de pessoas: 

—Ei, tio, o que você está fazendo? -Pergunta uma voz próxima a Sasesu. 

Ele instintivamente vira-se na direção da voz e prepara-se para atacá-la. Mas o que os seus olhos encontram é uma criança suja de poeira com uma grande cicatriz no seu olho direito. O menino traja umas calças verdes e uma camiseta branca rasgada enquanto mastiga um pedaço de pão seco: 

—Quem é você? -Pergunta Sasesu confuso. 

—Eu? -Responde ele com alguma dificuldade em mastigar o pão. -Meus amigos me chamam de pirata. E você, tio, quem é? 

—Não sou tão velho assim para você me chamar de tio... -Diz Sasesu ainda sem saber como reagir. -Meu nome é Sasesu. Olha, você não devia aparecer do nada atrás das pessoas. Eu quase te ataquei. 

—Ah, desculpa. Eu fiquei curioso porque nunca vi ninguém de fora. Porque você está aqui? 

Sasesu não sabe se tem o luxo de perder tempo conversando com uma criança, mas talvez essa fosse uma boa oportunidade para obter informação: 

—Eu estou aqui para fazer uma missão, mas antes disso você podia me explicar o que está acontecendo ali na frente? 

—Você está falando dos Abutres? -Responde o menino casualmente. -De vez em quando eles aparecem aí. Eles dizem que a cidade está uma bagunça então eles precisam colocar ordem nas coisas. Nunca vi eles fazerem isso para ser sincero. Eles normalmente só matam as pessoas que não fazem o que eles querem e dão armas e comida para as pessoas que fazem o que eles querem. 

—Você quer dizer que as pessoas presas nas estacas vão ser mortas? 

—Provavelmente. -Responde ele terminando de comer o seu pão. -Eu estou à espera que eles comecem a distribuir coisas, se eu der sorte talvez consiga roubar algo. 

—Ninguém vai fazer nada para impedir essas pessoas de morrerem? 

—Nem é uma morte tão ruim assim se você parar para pensar. Eles normalmente cortam a tua garganta ou atravessam o teu coração, bem melhor do que ser lentamente derretido pela chuva ácida ou comido por um monstro. 

Sasesu finalmente entende que está muito longe de casa, num ambiente tão hostil e cruel que a morte é uma salvação. O senso comum dos moradores daqui era completamente diferente de tudo aquilo que ele já tinha visto: 

—Isso não é certo... 

—O que não é certo, tio? 

—Pessoas serem executadas como animais por não seguirem ordens. 

—Hmnn, talvez não seja mesmo. -Responde aquela criança depois de pensar durante alguns segundos. -Mas pensar sobre isso não faz diferença. Ninguém consegue lutar contra os Abutres.  

Sasesu observa enquanto os Abutres aproximam-se das pessoas presas às estacas: 

—Não estou em Masteam para salvar pessoas que nem conheço. Estou aqui para ajudar Lizzy. Não tem nada a ver comigo. Pelo contrário, me envolver vai apenas trazer problemas para mim e para o resto do grupo. -Pensa ele enquanto vendo os Abutres cada vez mais próximos das suas vítimas. -Isso quer dizer que a decisão certa é observar essas pessoas morrerem? Fingir que isso é normal? 

Ele se levanta e começa a correr o mais rápido que pode em direção ao templo: 

—Ei, tio! O que você vai fazer? -Pergunta pirata arregalando os seus olhos. 

Um dos abutres é brutalmente atingido pelo martelo de Sasesu e arremessado para longe: 

—Retorne! -Diz Sasesu ainda um pouco distante chamando o seu martelo de volta. 

Os restantes Abutres sacam as suas armas: 

—Você não parece ser daqui. -Diz um deles. -Vir de longe para morrer aqui por um inseto...não consigo parar de imaginar a cara que você vai fazer quando eu abrir o teu estômago... 

—Você acha que eu realmente me importo com alguém que nunca vi antes na minha vida? -Responde Sasesu. -Eu sou uma pessoa egoísta. Só estou fazendo isso porque teria pesadelos à noite se visse pessoas indefesas morrerem na minha frente.  

—Se você tivesse calado a boca teria morrido como um herói. -Provoca um Abutre enquanto se aproxima com duas adagas em mãos. 

Sasesu consegue se esquivar do primeiro golpe, mas é forçado a bloquear o segundo. Ele percebe que outros dois inimigos se aproximam e por isso não pode perder tempo. Ele se mantem na defensiva até que um segundo adversário portando um machado aproxima-se para atacá-lo: 

—Onda de Choque! -Diz Sasesu atacando o solo com o seu martelo para ativar uma habilidade. 

O impacto é forte o suficiente para quebrar o chão e desequilibrar os dois Abutres que tentavam atacá-lo. Sasesu usa essa oportunidade para desferir um ataque horizontal. Um deles é atingido e mandado para longe enquanto o outro consegue desviar. Ele sequer tem tempo para terminar o seu golpe quando percebe o ataque do seu terceiro oponente. Uma corrente repleta de espinhos metálicos voa na sua direção mais rápido do que ele consegue reagir: 

—Fluxo de mana! 

Sasesu envolve a corrente em mana para controlar a sua trajetória. Ele puxa-a na direção de uma das suas mãos e agarra-a. Os espinhos atravessam a sua pele, mas ele ignora a dor, pensando apenas no que tem de fazer a seguir. Sasesu rapidamente puxa a corrente trazendo o homem que a usa na sua direção e acertando-o com um golpe pesado do seu martelo. Resta de pé apenas o Abutre que carrega um machado. Sasesu respira ofegantemente enquanto observa o seu inimigo: 

—Se você desistir agora vou te dar uma morte indolor, pirralho. 

—Isso...é tão clichê... -Responde ele tentando recuperar o seu fôlego. 

Aquele homem dispara na direção de Sasesu e os dois começam a trocar golpes. Sasesu rapidamente percebe a diferença de força que existe entre ele e o seu oponente, mas mesmo assim não hesita. Ele desfere um ataque sempre que tem uma oportunidade, mas o Abutre consegue bloqueá-los sem muita dificuldade. Enquanto que Sasesu quase não sente mais as suas mãos devido a todo o dano que sofreu: 

—Isso acaba aqui! -Exclama o seu adversário colocando todo o seu peso naquele ataque. 

Sasesu é pressionado até o seu limite. Os seus braços e pernas tremem enquanto ele faz o seu melhor para não largar o seu martelo. Ele consegue defletir o machado usando uma grande quantidade de mana, mas o seu corpo está exausto: 

—Ufa...isso foi bem perto... 

—Não se preocupe, o próximo vai te matar. 

—Realmente...o próximo me mataria... -Diz Sasesu respirando fundo. -Mas não vai haver próximo, lixo. 

Ele desfere um golpe com o seu martelo mais rápido do que o Abutre consegue reagir. Aquele homem percebe que algo está errado e tenta recuar, mas Sasesu não lhe dá essa oportunidade. Outro ataque, ainda mais rápido do que antes que atinge um dos dedos da mão do seu oponente. Mais um ataque, esse é bloqueado, mas quebra a postura defensiva do seu adversário. O próximo ataque arremessa o machado do seu inimigo para longe. O seguinte atinge uma das suas pernas, quebrando-a e forçando-o a cair no chão. E o último acerta a sua cabeça e esmaga o seu crânio. Sangue espirra no rosto de Sasesu e nos arredores 

Ele respira de forma irregular enquanto observa o que acabou de fazer. Ao perceber o sangue nas suas mãos e o estado do corpo do homem que matou, ele acaba por ajoelhar no chão e vomitar: 

—Ih, que nojo, tio. -Comenta Pirata se aproximando. -Mas eu não sabia que você era tão forte assim! 

Sasesu procura uma posição confortável enquanto limpa a sua boca e tenta ignorar o quão horrível se sente: 

—Você está bem? 

—Não...nem um pouco... 

—Entendo...mas você devia matar os outros Abutres que estão caídos e depois dar o fora daqui.  

—Eu não quero ter que matar mais ninguém... 

—Sério? Você parecia tão legal antes. Você é uma pessoa estranha, tio. Mas tudo bem. -Diz Pirata se aproximando do Abutre que carregava adagas. 

—Ei...o que você vai fazer...? 

Aquela criança agarra numa das adagas caídas e sem hesitar corta a garganta de um daqueles homens. Pirata caminha sem muita pressa até o próximo Abutre. Sasesu não sabe como reagir, por mais que quisesse dizer que aquilo fosse errado, ele estaria morto se fosse encontrado por inimigos naquele estado. Quem era ele para questionar as ações de Pirata quando ele também havia matado alguém? Mas mesmo assim, ver uma criança cometer tal atrocidade sem pensar duas vezes causava-lhe um grande sentimento de desconforto: 

—Pronto, já terminei o resto. -Sorri Pirata carregando aquela adaga ensanguentada em mãos. -Acho que vou ficar com isso. O que você vai fazer agora, tio? 

Sasesu se levanta com alguma dificuldade. 

—Me ajude a soltar essas pessoas. 

—Eu não me importo, mas é bem provável que elas sejam capturadas pelos Abutres de novo. 

—Tanto faz. -Responde Sasesu ainda bastante cansado. -Eu não sou deus. Não consigo salvar todas as pessoas no mundo. Mas eu consigo salvar as pessoas na minha frente.  

Pirata ri: 

—Você é realmente estranho, tio. 

Os dois libertam as pessoas presas pelos Abutres. Algumas delas se ajoelham no chão e agradecem intensamente enquanto outras apenas fogem para longe. Existem ainda aquelas que devido à tortura e outros tipos de abuso perderam a sua racionalidade. Essas, incapazes de entender o que acontecera, apenas andam sem rumo e falam sobre coisas sem sentido: 

—Tio, daqui a pouco devem aparecer mais Abutres então eu vou dar o fora daqui. -Explica Pirata enquanto se afasta. -Se você ficar vivo espero que a gente se encontre de novo! 

Sasesu balança o seu braço para se despedir sem encontrar as palavras certas. Ele em seguida abre o seu inventário, tira uma poção e cura e bebe-a. Apesar dos seus ferimentos não serem profundos e do seu cansaço ser menor, as suas mãos não param de tremer. Ao ver o sangue do homem que matou ainda presente no seu corpo, ele consegue vividamente lembrar-se daquela cena: 

—Como alguém pode gostar desse sentimento...? -Pensa ele enquanto segue o seu caminho. 

Mesmo que tentasse se focar na procura do fragmento do mapa, a sua mente acabava por retornar àquele incidente. Sasesu entendia o quão arriscado e irresponsável aquilo tinha sido: 

—Eu só ganhei por causa da minha habilidade que me permite atacar progressivamente mais rápido se eu me focar em um único oponente. -Pensava ele. -Se eu tivesse deixado o meu martelo cair, a velocidade de ataque que a habilidade me dá teria reiniciado e eu teria morrido...  

Sasesu continua andando enquanto explora novas partes do mapa de Masteam e reflete sobre o que aconteceu: 

—Pirata me disse que as pessoas que iam ser executadas não tinham feito o que os Abutres queriam, mas isso não significa que elas sejam boas pessoas...Eu posso ter solto um bando de assassinos em Masteam por causa de uma única decisão precipitada. Tenho que pensar melhor em como vou agir daqui em diante. Quase morri nas primeiras horas que começamos a explorar esse lugar. Eu não sou o Kurokawa, não posso estar fazendo esse tipo de coisa. É isso, vou ser mais discreto e não me envolver em problemas!  

—Olha que sorte, nos encontramos de novo, tio! -Sorri Pirata se aproximando. 

Sasesu observa-o incrédulo do contraste entre as suas expectativas e a realidade: 

—Não parece que vai ser fácil... 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O peso de uma vida? Uma vida vale tanto em Masteam quanto grãos de areia valem num deserto. E mesmo sabendo as consequências e incoerências das suas ações, Sasesu se coloca em perigo para protegê-las. Uma atitude honorável? Ou mero egoísmo? O que vocês acham?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Invisible Play - Cursed City" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.