Invisible Play - Cursed City escrita por Douglastks52


Capítulo 10
Conversas Sob o Brilho da Lua


Notas iniciais do capítulo

Tenho me mantido fiel ao compromisso de publicar no sábado!! Esse capítulo volta para o ponto de vista de Kaiser. Ter tantos personagens com personalidades diferentes para contar a história de Masteam facilita transmitir certos detalhes. Raizer é especialmente útil de abordar pela curiosidade gigante dele pelo mundo de IP, assim também posso expor mais conceitos a vocês, os leitores. De qualquer forma, boa leitura!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/804667/chapter/10

Sasesu junta gravetos e pedras para fazer uma fogueira enquanto espera pelo restante do grupo. Lizzy chega alguns minutos depois acompanhada de Takeda e um pouco mais tarde Kurokawa aparece: 

—Já tem quase meia hora que anoiteceu... -Comenta Sasesu. -Kaiser está atrasado... 

—Espero que ele tenha se perdido. -Responde Kurokawa. 

—Porque você tem de ser tão negativo? -Suspira Sasesu. 

—Eu não consigo mentir!!!  

—Mesmo que você conseguisse mentir, você estaria sendo negativo na mesma! -Retruca Sasesu. 

—Kaiser está por perto. -Diz Lizzy observando o seu mapa. -E se alguma coisa tivesse dado errado, ele teria mandado uma mensagem. Acho que podemos fazer a comida e guardar o que sobrar para ele.  

—Tudo bem. -Responde Sasesu acendendo a fogueira. 

—Me mostrem os vossos mapas, eu preciso saber quais áreas vocês já exploraram. -Ordena Kurokawa. 

—Uau, não achei que você fosse estar assim tão interessado em explorar Masteam. -Comenta Takeda. 

—Claro que não estou, eu tenho segundas intenções. -Diz Kurokawa se lembrando que tem de tomar muito cuidado ao falar. -De qualquer forma, vai logo, mostra o teu mapa. 

Ele observa o mapa de Takeda e marca no seu mapa as áreas já exploradas: 

—Tua vez agora, Lizzy. 

—Tudo bem. -Responde ela. 

—Você explorou mais os arredores de Masteam do que Masteam. 

—Eu...acabei me envolvendo com umas pessoas...  

Kurokawa sorri enquanto anota no seu mapa as zonas que Lizzy explorou: 

—Sasesu! 

Sasesu abre o seu mapa: 

—Vê logo, estou ocupado. -Reclama ele. 

Kurokawa começa a gargalhar: 

—Eu explorei mais do dobro que vocês!!!! Patético!!! 

—Você é tão infantil, Kurokawa. -Responde Sasesu. -Eu perdi muito tempo por causa dos Abutres, mas amanhã vou cobrir mais terreno. 

—Não precisámos de muita coordenação no primeiro dia, mas a partir de agora temos que dividir melhor a exploração para evitarmos passar várias vezes no mesmo lugar. -Sugere Lizzy. 

Takeda ouve a conversa que o grupo tem, mas a sua atenção está focada em outra coisa: Não muito longe dali, o Abutre que passou o dia inteiro a segui-lo continua observando-o à distância. O comportamento daquele assassino muda subitamente, ele começa a mover-se em direção a Masteam com alguma pressa: 

—Hora de reportar ao chefe tudo aquilo que ele viu durante o dia... -Pensa Takeda. -Momento perfeito para descobrir onde a base dos Abutres fica... 

Ele percebe que Kaiser começou a mover-se também: 

—Kaiser pode ser uma pessoa cuidadosa, mas ele não faz ideia de onde está se metendo. Espero que a curiosidade não mate o gato. 

Kaiser segue o seu alvo silenciosamente durante vários minutos até o centro de Masteam. Ele vê o Abutre aproximar-se de um pequeno templo de mármore. O homem fala com uma figura dentro do templo e desaparece de um momento para o outro. Kaiser demora alguns segundos para acreditar no que acabou de ver: 

—E agora? Aquela era a minha única pista... 

Ele aproxima-se do templo com cautela e percebe a presença de uma mulher envolvida num vestido e véu de seda verde esmeralda: 

—Você deseja entrar? -Pergunta ela. 

Kaiser assusta-se ao entender que a sua presença foi descoberta, mas algo acerca daquela mulher acalmava-o: 

—Você não é uma jogadora... 

—Correto, eu sou a responsável pelo tráfego de pessoas do templo.  

—Se isso é um templo, que tipo de religião é seguida aqui? 

—Muitos anos atrás, os moradores de Masteam consideravam o feiticeiro do labirinto um apóstolo de deus e por isso construíram esse templo. Atualmente, esse é apenas um lugar que os Abutres usam para executar pessoas. 

—Feiticeiro do labirinto? Do que você está falando? 

—Embaixo de onde estamos existe o Laberinto da Névoa, uma das mais aterrorizantes construções humanas. E no fim desse labirinto está o seu criador, um feiticeiro de poder inimaginável.  

—Calma, aquele cara que passou aqui antes entrou no labirinto então? 

—Não, ele avançou para a parte secreta de Masteam. 

—Eu posso ir para lá também? 

—Apenas depois de ter sobrevivido ao Labirinto da Névoa. 

Kaiser suspira frustrado enquanto pensa no que fazer a seguir: 

—Esse parece ser o calabouço mais difícil de Masteam...nível 130...impossível de completar sozinho no momento...vou ter que voltar aqui com o resto do grupo... 

Ele senta-se num dos degraus que levam ao templo e percebe que tinha perdido o seu foco devido a tudo o que aconteceu recentemente: 

—Sim, descobrir quem e porquê estamos sendo seguidos é importante, mas não é por isso que eu vim a Masteam. Mestre Shen disse que eu precisava aprender mais sobre o mundo e por isso me mandou vir aqui, mas porquê? Eu já li vários livros que explicavam a história de Masteam: Uma cidade pobre envolvida permanentemente em névoa até que um dia o Rei Demónio aparece. Grande parte da população foi dizimada e no fim o Rei Demónio foi derrotado. Infelizmente o Miasma do Rei Demónio permaneceu e agora esse lugar é praticamente inabitável. Será que fui mandado vir aqui porque a história que é contada nos livros não é a verdade? 

Kaiser tenta entender mais sobre a situação, mas falta-lhe informação: 

—É como se eu estivesse tentando resolver um quebra-cabeça sem todas as peças...por onde eu deveria começar? A verdadeira história de Masteam ter sido escondida é uma possibilidade, mas sendo assim, quanto da história contada é verdade e quanto é mentira? 

Ele coloca as suas duas mãos na cabeça enquanto resmunga irritado: 

—Minha cabeça!!! Estou pensando demais, mas não estou fazendo nenhum progresso!! 

A figura vestida em seda observa os comportamentos de Kaiser com alguma curiosidade: 

—Está tudo bem com você? 

—Sim, mas eu preciso entender melhor o que está acontecendo e não sei por onde começar. -Responde ele. 

—Eu estou aqui para ajudar jogadores, você pode falar comigo se quiser. 

—Bem...eu não tenho nenhuma outra ideia então isso vai ter de servir. Hmnnn...acho que vou rever a história de cidade contigo e você vai me dando a tua opinião, tudo bem? 

—Tudo bem. 

—Ótimo, primeiro de tudo, foi há...calma estou tentando lembrar...ah...14 anos atrás que o Rei Demónio apareceu em Masteam, certo? 

—Correto. 

—Na época, essa cidade era considerada o lugar mais pobre do continente? 

—Errado, apesar de Masteam ter uma má economia, a construção da locomotiva a vapor por engenheiros locais e a proteção que a névoa oferecia davam prosperidade à cidade. 

—Locomotiva a vapor? Eu nunca vi uma no mundo de Invisible Play. 

—Não é a forma mais eficiente de movimento e aqueles que tinham conhecimento sobre como fazê-la morreram com a chegada do Rei Demónio. 

—Okay, até agora não é muito diferente do que eu li, mas uma coisa, de onde a névoa da cidade veio? Do Laberinto? 

—Não, a névoa foi criada pelo feiticeiro com a intenção de proteger a cidade. Com medo que a sua vida fosse alvejada, o feiticeiro construiu o Laberinto e se escondeu lá.  

—Calma, como a construção de um jogador se tornou um calabouço? 

—Você conhece o conceito de Poder? 

—Sim, é uma forma de jogadores criarem habilidades no sistema de IP. -Responde Kaiser. 

—O Laberinto da Névoa foi criado de maneira semelhante. 

—Mas porquê? 

—Isso é algo que você deveria perguntar ao feiticeiro, mas eu acho que a resposta não é muito difícil. Como você se sentiria caso a sua criação tirasse a vida daqueles que você tentava proteger? Ele provavelmente foi consumido por angústia e arrependimento tão intensos que mesmo a sua morte não conseguiu amenizar. Fadado a existir mesmo sem querer, talvez ele apenas queira companhia na sua miséria.  

—Essa parte também está de acordo com os livros, a névoa criada para impedir que forasteiros facilmente invadissem a cidade acabou causando a morte dos moradores quando eles tentavam fugir do ataque do Rei Demónio. Mas sabe tem uma parte dessa história que não está... 

—Alguém vai sair do labirinto. 

—Agora?? -Pergunta Kaiser arregalando os seus olhos e lembrando que não podia ser visto aqui. 

—Sim. 

Ele levanta o mais rápido que pode e tenta correr para longe, mas a sua pressa excessiva faz com que ele tropece no seu próprio pé e caia no chão. O contorno de um ser humano é projetado no templo enquanto Kaiser desesperadamente rasteja em direção a destroços próximos. Os contornos da figura tornam-se mais nítidos até que a aparência do Abutre fica visível. Ele olha os seus arredores com alguma suspeita: 

—Estranho, tenho certeza que vi alguém aqui no meu mapa. 

Kaiser repara que tinha parado de esconder a sua presença com mana durante o tempo que estava conversando com a porteira. O Abutre abre o seu mapa e verifica que não existe ninguém nos arredores. Ele permanece parado durante alguns segundos e logo em seguida fala com a porteira para retornar à área escondida. Kaiser espera até que a poeira abaixe para se aproximar novamente: 

—Isso foi perto demais...acabei por me descuidar... -Comenta ele. -Na próxima vez me avise um pouquinho antes, por favor. 

—Eu só consigo detectar a presença de um jogador quando ele se aproxima da saída do Laberinto ou da entrada da área escondida. -Responde ela. 

—Eu quase tive um ataque cardíaco...já agora, qual é o teu nome? 

Ela para durante alguns segundos como se lembrasse de acontecimentos de um passado distante: 

—Sim, eu tinha um nome, lembro-me de vê-lo chamar o meu nome com um sorriso no rosto... 

—Você está falando de quem? 

—Não...consigo lembrar...a memória foge...como se não quisesse ser encontrada. -Responde ela fazendo uma pausa. -Atualmente sou chamada de “Porteira do Laberinto”. 

—Hmn...tudo bem... -Diz Kaiser achando aquela situação um tanto estranha. -Meu nome é Kaiser. Quer dizer Raiser. Prazer em te conhecer, Porteira! 

Ela apenas sorri: 

—Agora voltando ao que estávamos falando antes, eu nunca entendi porque o Rei Demónio apareceu em Masteam. A cidade não se destacava por nada: Não era a mais rica, nem a mais pobre, nem a mais fraca ou a maior. Foi realmente aleatório? Ou existe um critério que determina onde ele vai surgir?  

—Sim, existe um critério, o Rei Demónio aparece no corpo do jogador nível 200 que cometeu mais atrocidades. 

—Eu achava que o Rei Demónio fosse um monstro. 

—Sim e não, o Rei Demónio que aparece fisicamente no mundo é considerado um monstro, mas o verdadeiro Rei Demónio, aquele que continua a existir mesmo depois da sua forma física ter sido destruída é mais uma parte do sistema de IP do que outra coisa. 

—Isso é informação nova para mim. Mas o que você quis dizer com “atrocidades”? 

—Qualquer ação considerada má: homicídio, tortura, escravidão ou roubo são alguns exemplos. 

—Isso também é novo. Então essa tal pessoa, o jogador de nível 200 mais maléfico estava em Masteam? 

—Não. 

—An? Como assim? 

—O Rei Demónio apareceu em Masteam, mas ele não nasceu aqui. 

—Onde ele nasceu então? 

—Não sei responder essa pergunta. 

—Tá, mas se ele não nasceu em Masteam, como ele veio parar aqui? 

—Eu não sei. 

—Isso está ficando difícil...O Rei Demónio se move segundo algum critério? 

—Não, ele ataca os jogadores que encontra e destrói tudo indiscriminadamente.  

—Será que o Rei Demónio nasceu próximo de Masteam e acidentalmente acabou por vir aqui? Hmnn, acho que não. Os livros diziam que ele nasceu em Masteam, se ele tivesse nascido nos arredores de Masteam a história teria sido praticamente a mesma. Não faz sentido contar uma mentira para esconder um detalhe tão pequeno assim. Mas sendo assim...como diabos ele veio parar aqui? 

Kaiser lembra-se das palavras que a Porteira acabou de dizer: 

—Calma, se eu aparecesse na frente do Rei Demónio, o que ele faria? 

—Te atacaria. 

—Mas e se eu fugisse? 

—Ele continuaria te perseguindo enquanto conseguisse detectar a tua mana. 

—Então atraí-lo para um lugar era uma coisa possível? 

—Sim. 

Kaiser sente um calafrio deslizar pela sua espinha. No pouco tempo em que esteve vivo, ele presenciou crueldade o suficiente para entender que existiam pessoas capazes de cometer atos horríveis sem hesitar. Mas ainda era muito cedo para ter certeza que essa era a realidade, ainda havia espaço para outras possibilidades. Ainda faltando peças do quebra-cabeças, Kaiser decide que talvez já tenha pensado o suficiente por hoje: 

—Acho que vou embora por hoje, Porteira. Está ficando tarde e eu ainda tenho de jantar. 

—Tudo bem. 

—Muito obrigado pela ajuda, até a próxima! 

—Fico feliz em ter ajudado, Raizer. 

Ele se despede e começa a correr em direção ao ponto de encontro do seu grupo: 

—Espero que eles tenham deixado comida para mim. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Muitas perguntas e poucas respostas, o mistério de Masteam continua longe de ser resolvido. E vocês, o que acharam do capítulo? Deixem aí os vossos comentários! Eu normalmente respondo a todos e me ajuda a continuar publicando frequentemente!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Invisible Play - Cursed City" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.