EPÍLOGO

PDV SAM | CARTA Nº 1

"Querido, Freddie...

Não dormi desde o ocorrido e sinto que você, seja lá onde esteja, também não. Doeu o meu coração vê-lo sair daquele jeito; arrastando pelos policiais e xingado de nomes por pessoas que você nunca nem viu. A culpa foi minha. Tudo poderia ter sido diferente. 

Mal tivemos tempo de conversar. A nossa última troca de olhares, enquanto você era algemado, continua pertinente na minha mente; como se isso fosse um flashback, um replay de um filme ruim...

Bom, agora sei como é viver um romance proibido, com todos os seus clichês inclusos. Nós, os mocinhos da história, somos separados e forçados a seguir as nossas vidas até onde dá; mas, sempre, ansiando pelo final feliz. Um final em que eu fico com você. E somos felizes até a eternidade. E etc...

Torço para que isso aconteça logo.

Fica bem.

Beijos, Sam"

CARTA Nº 2

"Freddie,

Não sei se você recebeu a minha primeira carta. Gostaria muito que você pudesse me responder, ao menos dizer se está bem.

As coisas não vão nada bem comigo. Recentemente passei por VÁRIAS provocações e fofocas daquelas pessoas maldosas. Chegou em um nível onde o único assunto abordado nos corredores era o meu ‘caso com o assistente do treinador’.

A melhor opção que tive foi mudar de cidade. Minha mãe e eu encontramos uma casa bacana numa residência pacata da Florida (local onde te escrevo essa segunda carta). Admito, está bem difícil. Difícil para me adaptar a essa nova vida, essas novas pessoas... Mas estou levando da forma que posso.

Por favor, me manda notícias. O endereço está no verso dessa carta.

Beijos, Sam."

Um mês após toda a confusão na quadra de handebol, completei os meus tão sonhados 17 anos. Muito embora não houvesse motivos para comemorar. Não tinha amigos naquela cidade e, ainda por cima, a minha mãe não tinha dinheiro suficiente para fazer uma festa. Então, para mim, era apenas mais um dia comum/sem graça.

Naquele dia, levantei-me da cama, tomei o meu café e fui para a escola em minha bicicleta. Assisti 2 horas interruptas de uma aula chata de geografia, desejando que aquele professor tagarela parasse de falar. O único momento de alívio era a ‘hora do recreio’ (momento em que eu podia devorar os meus sanduiches e bolos gordos).

Até então nada de anormal acontecia no dia do meu aniversário...

Tirando uma buzina irritante, que ecoava pelos corredores do meu novo colégio. Mas não dei muita relevância para isso. Empenhei-me em terminar o meu lanche e voltar para a sala. Restava poucos minutos para o fim do intervalo.

De repente, notei uma movimentação estranha. Os estudantes, em grupinhos, se encaminhando para a entrada do colégio, local de onde vinha a poluição sonora (a buzina).

— O que está acontecendo? – levantei-me do meu cantinho e questionei a umas garotas, que estavam seguindo o 'bonde' dos estudantes.

— Não sei, estamos indo lá na entrada para ver. – respondeu uma morena. - VEM TAMBÉM!

E fui.

A buzina só parou quando cheguei na grade do portão. O porteiro não sabia se mandava os alunos voltarem para dentro do colégio ou se expulsava um cara, o ‘buzinador’, montado em uma moto.

‘Freddie?’

Custei a acreditar. Pouco me importava como ele se livrou da cadeia ou como ele me encontrou naquele fim de mundo. Só sei que fiquei feliz em revê-lo. E justamente no dia do meu aniversário!

Empurrei e pedi passagem para as pessoas a minha frente. O moreno abriu um sorrisão quando me avistou. Largou a moto de lado e veio em minha direção.

Pulei em seus braços. Freddie me agarrou com tamanha firmeza, além de me rodopiar no ar. Trocamos um beijo apressado, desesperado, seguido de vários selinhos e caricias quando os meus pés tocaram em terra firme novamente. Era ótimo tê-lo de volta. O apertei, sentindo a sua musculatura. Ele era real.

Freddie estendeu a mão para mim. Nada mais era do que um pedido, um convite para ir com ele. Aceitei sem hesitar. Sentei na garupa, me aconcheguei em seu corpo e zarpamos, levantando muita poeira para o alto.

[ FIM ]