In Your Body escrita por Julie Kress
Notas iniciais do capítulo
O título já diz tudo.
Sem enrolação, vamos ao que interessa.
Boa leitura!!!
P.O.V Do Beck
Fomos escoltados para fora da van ainda vendados, sendo segurados pelos homens do Chefão, não sabíamos o nome do bigodudo que tomou posse do nosso gato, Jade estava magoada e triste demais, por dentro devia estar morrendo de raiva do chileno, o filhotinho era o preço alto que pagaríamos para destrocarmos de corpos, já que não tinha nenhum acordo justo a ser feito, por mais doloroso que fosse, fomos obrigados a entregar o Dolfinho para o bandidão.
Broncas e ordens em espanhol, o homem gritava com os comparsas.
Seguimos eles às cegas, sem saber se não era nenhuma emboscada fatal, poderíamos estar indo parar num abatedouro e se caíssêmos em mãos de traficantes de órgãos?
Poderíamos estar mesmo correndo perigo.
E por fim, chegamos ao nosso destino, ouvindo uma porta pesada bater atrás de nós e cadeiras sendo puxadas, nossas vendas foram retiradas e nos vimos cercados por vários artefatos estranhos, o ambiente era cabuloso, com crânios e velas acesas.
Parecia até mesmo um santuário indígena, incensos queimavam, cheirava à folhas secas e temperos indianos picantes, o cheiro forte fez minhas narinas pinicarem e arderem, vi cordões de alhos pendurados e uma senhora surgiu por detrás de uma cortina vermelha defumando o cômodo e a densa fumaça com forte odor de ervas nos envolveu.
Jade e eu começamos a tossir, agoniados.
Abanamos as mãos incomodados com o fumaceiro, ouvimos a canção na língua da senhorinha que circulava chocaolhando algo barulhento e soprava a fumaça de um cachimbo, era no idioma dela, a velha índia deu voltas e mais voltas, eu estava com medo e Jade permanecia parada ao meu lado.
A cantoria parou e toda a fumaça se dissipou, restando apenas o aroma forte no ambiente, ervas queimadas.
West e eu olhamos para os três homens ajoelhados, com as cabeças abaixadas.
A tal curandeira, avó do Chefão, foi até o neto e os seus comparsas, jogando um líquido em suas cabeças os benzendo e citando palavras que nunca ouvi na vida.
Língua antiga dos índios do Sul, só podia ser... Eram tantos idiomas mesmo entre eles.
— Almas gêmeas! - Apontou para nós.
Pulei de susto.
A senhorinha também falava inglês.
— Almas gêmeas? - Jade ao meu lado, riu com deboche.
Era mesmo uma índia, usando um vestido longo e típico, descalça, com os cabelos brancos compridos e trançados, toda enrugada e baixinha.
Devia ter uns 90 anos ou mais...
— Nasceram destinados um ao outro. Como Sol e a Lua. Você morreu por ela na outra vida! - Exclamou usando aquele tom de arrepiar.
Que papo maluco era aquele?
— Dá para pular esse papo bizarro e nos destrocar logo, vovó? - Jade cruzou os braços, impaciente.
— Vocês terão gêmeos. Dois meninos, batizem as crianças assim que elas completarem 1 ano. - Tá legal, aquilo estava me assustando e pra valer.
Eram grandes revelações.
— Chega de falar essas baboseiras e anda logo com o ritual ou sei lá o quê, eu já estou puta porque perdemos o nosso gato! - Minha namorada se estressou.
Ouvimos barulhos das armas sendo engatilhadas, estávamos sob a mira dos homens que trabalhavam para o Chefão.
Engoli em seco, ainda sem palavras.
— Olha como fala com a minha abuela, garota petulante! - O bigodudo avisou ameaçador.
— Peço desculpas, ela está muito abalada e não sabe o que diz... - Puxei minha garota para os meus braços. - Se acalme, por favor, somos jovens demais para morrer... - Cochichei.
— Crianças, vou fazê-las retornarem para seus corpos. - A vovozinha tentou nos tranquilizar.
Nos mandaram sentar e aguardar.
Quietos, vimos ela preparar um aguento ou seria uma poção?
Aquilo foi demorado.
Jade olhava para o Dolfinho no colo do coroa chileno, segurando a vontade de roubar o filhote e estrangular o homem, eu também sentia a mesma coisa.
— Está pronto! - A curandeira derramou o líquido espesso dividindo em dois copos feitos de barro vermelho.
E se aquilo matasse a gente?
Juro ter visto ela tirar veneno de uma serpente presa num aquário.
— Rápido, bebam! Bebam! - Nos apressou entregando os copos.
Sem ter outra escolha, Jade e eu tomamos aquela bebida estranha num gole só ao mesmo tempo.
Gosto horrível e amargo.
Senti meu corpo todo formigar e minha visão foi ficando turva.
[...]
P.O.V Da Jade
Acordei sentindo minha cabeça latejar e meu corpo inteiro protestar, me sentia toda mole e febril, pisquei atordoada... Após alguns minutos, despertei por completo e percebi que o Oliver estava dormindo com a cabeça no meu ombro.
Oliver.
Era o seu corpo. Beck era ele mesmo.
Havia funcionado.
Olhei para minhas mãos e fitei minhas unhas com o esmalte preto descascado.
Agarrei meus seios feliz da vida.
Fomos mesmo destrocados.
Estávamos sozinhos ali naquele cômodo bizarro.
— Beck! - Chamei o sacudindo.
Ele resmungou.
— ACORDA, OLIVER! - Gritei o estapeando.
Ele ergueu a cabeça e quase foi tombando com a cadeira, levantou sobressaltado.
— O quê? O que aconteceu? - Estava confuso.
— Funcionou! - Exclamei alegre e aliviada.
— Meu Deus! Você é você! - Ficou eufórico. - Ai, tudo dói. - Gemeu fazendo careta.
Nos abraçamos, ele estava febril também.
— Cadê todo mundo? - Olhamos ao nosso redor.
Foi então que vi o Dolfinho dormindo ali no cantinho, dentro de uma caixa de papelão.
As velas estavam todas apagadas e os incensos também.
Fomos abandonados ali, sabe Deus onde.
Chefão, vovó curandeira e os comparsas mal-encarados haviam desaparecido.
Nem rastros deles.
Corri para pegar o filhote, Beck abriu a porta e corremos fugindo com o nosso bebê de quatro patas.
Vimos que estávamos o tempo todo dentro de um galpão abandonado no meio do nada... Só havia terra batida e nenhuma alma viva por perto.
Andamos rápido porque o Sol estava se pondo, avistando uma estrada ao longe.
Ao menos saímos ilesos daquele ritual indígena.
— Tem uma marca de Sol no meu pulso direito. - Avisou encabulado.
Mostrando a parte interna, era mesmo verdade, como se fosse uma marca de nascença em formato de Sol.
Ele agarrou o meu pulso e virou, seus olhos arregalaram quando vimos a marca da Lua gravada na minha pele também, no mesmo local.
— Almas gêmeas. - Falamos juntos.
— A abuela não é uma charlatã. Você terá gêmeos comigo. Dois garotões bonitos como eu. - Sorriu todo convencido.
— Aquela velhinha é uma anciã biruta, ela pode ter inventado isso, eu não vou ter filhos. Não quero ser mãe! - Falei na defensiva.
— Aposto 100 pratas que tudo que ela falou é verdade. Agora faz sentido, por isso trocamos de corpos, porque somos almas gêmeas e isso já tinha sido predestinado, sou o seu Sol e você é minha Lua, se não tivéssemos trocado de corpos, não estaríamos juntos agora e ainda temos ele. - Mostrou o Dolfinho.
Orgulhosa, eu não ia concordar com ele.
— Tudo tinha que ser como aconteceu. E ainda nos serviu como uma lição. Nunca mais vou julgar você. - Estava conformado.
— Tá legal... - Bufei. - Foi mesmo uma grande lição. E não deixa de ser uma loucura mesmo que tudo isso tenha tido um propósito. - Admiti.
Chegamos na beira da estrada, já era de noite e estava ficando frio.
Ficamos ali pedindo carona até uma boa pessoa parar e nos levar de volta para L.A.
O dia tinha sido longo, louco e cansativo.
Ao menos voltamos para os nossos corpos.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Chegamos ao fim? Sim!
Mas calma, pessoal, que ainda teremos o epílogo.
O que acharam do capítulo???
Vovó do chefão resolveu o problema.
Os caras sumiram e ainda deixaram o Dolfinho para trás. Esperavam por isso?
Até o próximo que será o epílogo. Bjs