everything for the crown escrita por Martell


Capítulo 1
Aquecimento & Primeiro Set


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus leitores lindos, olha que de novo com outra one que virou short kkkkkkk é sobre isso…
Como de praxe, uma fem!harry para lavar a alma.
Não foi betado!!! qualquer erro podem apontar, mas com carinho.
Enfim, boa leitura!



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Aquecimento

Ginny Weasley poderia ser descrita de inúmeras formas, tendo criado uma certa fama durante os seus anos no ensino médio, mas a conclusão geral seria: Ginny era intensa.

Não sabia apenas gostar ou não de algo, suas emoções sempre estavam nos extremos — quando uma coisa não a agradava imediatamente passava a odiar tudo que estava relacionado, assim como ficava obcecada caso apreciasse algo ou alguém. 

Era a regra para todos os aspectos de sua vida: Ginny não gostava de sorvete de menta com chocolate, ela amava, a melhor coisa que já havia sido produzida no universo; Ginny não achava o uniforme do time de futebol feio, achava horrível, tenebroso, quem ousaria sair de casa com isso em sã consciência?

Ginny não gostava de vôlei, Ginny nem mesmo amava vôlei — não existia palavras em seu vocabulário para descrever o que o esporte a fazia sentir; nada poderia ser melhor do que a sensação de uma partida ganha, de aprender um novo movimento, de sentir o couro em suas mãos, calejadas de anos de prática. Ia para a escola todos os dias imaginando o momento em que entraria na quadra, cercada por sua equipe, e passaria horas apenas jogando, jogando e jogando.

O vôlei havia se tornado o seu porto seguro desde cedo, onde poderia depositar a sua energia, vendo o seu progresso a cada temporada — o seu trabalho duro havia conquistado o espaço como uma das melhores levantadoras da liga feminina, depois de anos de esforço constante. Poucos que estavam na mesma divisão poderiam clamar superioridade ao time de Hogwarts e menos ainda ser mais habilidosos do que ela.

E por isso Ginny não apenas detestava Hera Potter, a odiava — Hera, com sua obsessão por vôlei extremamente familiar, com sua baixa estatura e corpo delicado demais para quem clamava anos em quadra, com sua habilidade natural em qualquer uma das posições, aprendendo truques que custaram anos de trabalho como time para serem construídos em dias. Hera, que seria escalada como titular inevitavelmente, mesmo no seu primeiro ano na equipe e com outras garotas mais experientes e com melhor química em quadra no time.

Hera Potter que amava vôlei e odiava perder, mas que ameaçava a posição de Ginny como levantadora — porque a menina era boa no ataque e na defesa, mas se destacava logo no nicho que a capitã do time ocupava. O lugar de ambos estava garantido, é claro, a treinadora nunca retiraria Ginny de quadra a menos que fosse necessário e seria estupido não abusar do talento quase sobrenatural da Potter, mas os rumores (de que a mais nova era melhor e mais habilidosa, uma adição que salvaria o time) haviam começado desde a primeira vez que colocara os pés no ginásio. E Ginny a odiava profundamente.

 

Primeiro Set

— Hoje finalmente vamos conhecer as candidatas, — comentou Demelza, alongando os braços sobre a sua cabeça, — eu nem sabia que a McG ia fazer uma triagem esse ano.

— O nosso time está basicamente completo, D, e você sabe que apenas os melhores podem fazer parte da equipe — Ginny respondeu, um sorriso levemente arrogante em seu rosto.

Hogwarts não havia mantido o primeiro lugar nos esportes por acaso: a escola levava investia constantemente nos times, mantendo uma prática regular para todos os interessados, mas as equipes titulares eram a elite, um grupo seleto que recebia apoio do diretor e da comunidade acadêmica para competir regional e nacionalmente.

Infelizmente, o time de vôlei feminino não era escalado para o nacional a algumas temporadas — uma mistura de falta de sorte, jogadoras habilidosas e um treinador decente. Mas Minerva McGonagall havia sido contratada no ano anterior, voltando para o posto que largara quando os pais de Ginny ainda estavam na escola, provando de uma vez por todas o porquê de ser considerada uma das melhores treinadoras do nível — o time havia progredido em um ano o que não conseguira na última década.

A rigidez da mulher combinava com os planos de Ginny para o seu ano como capitã, pois pretendia levar as suas meninas para o nacional a qualquer custo — nunca iria se perdoar se encerrasse o ensino médio sem um grande embate e, além disso, como poderia ser recrutada para um time profissional se não conseguisse tocar em pódio, por menor que fosse?

— Bem, Weasley, espero que mantenha essa determinação quando a quinta caloura quase acertar a sua cara com a bola, — disse Astoria, sem tirar os olhos do celular.

— Não se preocupe, Ast, tenho certeza que depois de um ano dividindo a quadra com você meus reflexos ficaram melhores. 

— Uau, como estamos hostis hoje, — Daphne riu, revirando os olhos para a expressão ofendida da irmã.

— E distraídas também, a qualquer momento teremos que ajudar a treinadora a escolher as duas melhores e vocês estão aqui, brigando! — Hermione, com suas mãos na cintura numa pose irritada, reclamou, lançando um olhar chateado na direção de Ginny.

As Greengrass, com o humor seco e levemente maldoso, gostavam de provocar suas companheiras de time quando estavam entediadas — Hermione, com sua praticidade e atitude superior, sendo a maior vítima das gêmeas. Luna, por outro lado, parecia adorar as piadas sarcásticas, para a surpresa de todo mundo menos Ginny — nunca deixaria de ser engraçado quando as pessoas esqueciam que por trás dos olhos sonhadores, a Lovegood era uma das melhores jogadoras do time, com uma mente tão astuta quanto criativa.

— Vamos, gente, Hannah acabou de dizer que elas chegaram! — Exclamou Susan, que estava calada até o momento.

Susan e Hannah eram as eternas reservas, boas o suficiente para estarem no time e ótima nos treinos, mas não costumavam jogar como titulares, entrando apenas em situações extremamente necessárias. O time, na verdade, já estava completamente preenchido — Daphne e Hermione como centrais, Luna como libero, Astoria como ponta junto a Demelza, que também atuava como oposta a Ginny, a levantadora.

Mas o time acabaria por se dissolver no fim dessa temporada se não buscassem novatas — Ginny, Demelza e Luna estavam em seu último ano, enquanto Daphne e Hermione pretendiam sair para focar no estudo, já que estavam no segundo. Astoria, que assim como Ginny pretendia seguir carreira no esporte, já estava sabia que o posto de capitã passaria para si e estava mais ansiosa do que todas as outras para ver o futuro do seu time.

Juntas, a equipe caminhou até onde a treinadora estava. McGonagall segurava uma prancheta, séria como de costume, enquanto inspecionava cinco garotas que pareciam ser do primeiro ano, e foi aí que a viu pela primeira vez.

Com seus cachos pretos pesados erguidos em um rabo de cavalo frouxo, pele tão clara que poderia ser figurante em um filme de crepúsculo e olhos verdes enormes por trás de óculos adaptados para praticar esporte, Hera destacava-se das suas colegas por ser, de longe, a mais baixa — as roupas de educação física largas a faziam parecer ainda menor. Estava nervosa, se o lábio inferior levemente ferido indicava alguma coisa, e suas mãos pareciam tremer. Ginny, olhando para a figura levemente patética da menina, não achou que teria coordenação para acertar uma bola.

— Nossa, Hera está aqui?! — Sussurrou Hermione agitadamente, segurando o braço de Luna com força.

— Quem? — perguntou, pouco interessada no que a amiga tinha a dizer.

— Hera Potter, a de óculos, — respondeu, gesticulando vagamente na direção das outras garotas, — nós estudamos na mesma escola antes dos pais dela se mudarem para a França, a gente jogava no mesmo time.

— Aquele toquinho? Jogando vôlei? — Ginny riu, cruzando os braços. — E ela deveria ser ainda menor, eu imagino.

— Hera é incrível, — retrucou Hermione, — seriamente incrível.

— Você está tentando me convencer que essa bonequinha de porcelana sabe alguma coisa sobre vôlei?

— Ginny, algo me diz que você vai engolir as suas palavras, — cutucou Demelza, sorrindo levemente, — porque eu conheço Hera e, bem, você vai ver.

— É, vamos ver.

Mal prestou atenção nas outras meninas, mais focada na Potter — que parecia frágil ao lado da gigante Millicent, tentando pela segunda vez sair do time iniciante e entrar na equipe oficial, ou até mesmo da empolgada Lavender Brown, que não havia parado de falar um segundo desde que entrara no ginásio.

E então McGonagall pediu para as candidatas demonstrarem o que sabiam, primeiramente apenas imitando movimentos básicos e depois em um jogo rápido contra o time. As que restarem iriam para a última etapa, que seria se juntar ao time para ver a química que teriam em um primeiro momento.

Hera Potter, para o seu horror e felicidade de todas as outras integrantes da equipe, não fazia jus ao que Hermione havia dito — incrível não parecia chegar aos pés do que estava demonstrando. Uma fluidez natural guiava os seus movimentos, força em seus ataques que não combinava com a delicadeza de seus braços, determinação em seus olhos que não pertenciam a menina nervosa que havia visto minutos antes.

Nenhuma das outras conseguiu se destacar com Hera dominando a quadra completamente — até mesmo Susan, que estava a um ano no time, empalidecia ao lado da novata.

Algo frio tomou de conta de Ginny, mesmo que soubesse que ela apresentava uma oportunidade — sangue novo na equipe, já conhecia 1/3 da formação principal, daria mais espaço para uma rotação melhor entre os reservas e os titulares. Mas ela era boa demais, não deveria ser possível. Passara anos dando tudo de si para o esporte e mesmo assim sabia que em

pouco tempo a Potter poderia ultrapassa-la. 

Ginny Weasley havia sido a estrela de Hogwarts desde o seu primeiro ano, competente, dedicada, esforçada — popular, com boas notas, todos a queriam ou queriam ser ela. Estava satisfeita em viver o seu clichê no ensino médio, sabendo que após isso teria que dar tudo o que lhe restava para o vôlei, buscando se profissionalizar. Não apreciava uma garota qualquer chegar do nada, pronta para destruir o seu último ano.

— Eu disse que ela era incrível, — Hermione, convencida, sorriu sarcástica para Ginny enquanto McGonagall parabenizava as duas novas adições ao time.

Pansy Parkinson tinha uma atitude quase maior do que o seu talento, mas de longe fora a melhor dentre as outras — que não fossem Hera. Astoria parecia não gostar muito da garota, que aparentemente era amiga de Daphne, mas seus olhos brilhavam a cada vez que via Hera, pronta para beijar o chão que ela pisava, provavelmente já pensando que faria dela a sua sucessora — mesmo que Ginny ainda fosse a capitã nessa temporada e que estivesse tentada a dar o posto para qualquer pessoa que não a Greengrass.

— Bem, ela poderia ser melhor, — respondeu Ginny, dando de ombros, enquanto procurava a sua garrafa de água, sem sucesso.

Ouviu a risada incrédula da amiga, mas estava mais preocupada em achar a bendita garrafa, impaciente para cumprimentar as novatas e expulsá-las da sua quadra. Quando estava prestes a desistir, o som de alguém limpando a garganta a tirou de seus pensamentos e a fez virar para descobrir quem a estava chamando.

— Er, — Hera Potter, vermelha do esforço, estava encarando os pés de Ginny, uma garrafa rosa com glitter em suas mãos, — eu acho que isso é seu.

A olhou por longos segundos, dos tênis de boa qualidade, passando por suas pernas que pareciam maiores e mãos definidas do que notara antes, pela blusa que grudava em seu torço com o suor, até o rosto ainda mais corado, com cachos soltos caindo por cima de seus olhos.

— Obrigada por apontar o óbvio, Potter, — respondeu bruscamente, a fazendo dar um pequeno passo para trás, e arrancou a garrafa das mãos trêmulas, — e bem-vinda ao time.

— Certo, — a voz estava trêmula, assustada com a amargura inesperada, mas levantou o rosto para encarar Ginny e estreitou os olhos, quase a desafiando, — é um prazer estar aqui.

E com isso deu as costas e saiu em direção a Hermione, sendo interceptada por Astoria no caminho, voltando a parecer tímida e retraída, esquivando-se discretamente das mãos insistentes da mais velha em seu braço. Incrédula e levemente ofendida, Ginny revirou os olhos para as figuras que se afastavam. Deus, odiaria dividir a quadra com a Potter.

Com um mês, todos haviam notado a hostilidade com que Ginny tratava Hera, e rumores corriam não apenas no time sobre o porquê — mesmo que estivesse claro que a mais nova nunca fizera nada que pudesse atrair a ira da Weasley.

Hera havia encaixado-se na rotina de treinos com uma facilidade absurda, intensa em sua dedicação ao esporte, vibrante dentro da quadra como não costumava ser fora dela. Hermione a adorava completamente, as duas reatando a amizade após anos sem contato, mesmo que ambas fossem inaptas socialmente e pareciam conversar exclusivamente sobre vôlei ou sobre matérias da escola.

A desculpa que Ginny usara para disfarçar o seu comportamento relacionava-se a isso — no caso, o fato de Hera não ter ideia de como se comportar de maneira normal. A garota era tão tímida que chegava a parecer estranho, seus únicos interesses limitados à esportes em geral, gatos e a sua família. Ginny, por outro lado, com sua extroversão e personalidade gigantesca, não conseguia engolir o comportamento irregular da garota — e acabava saindo como a babaca egocêntrica que odiava pessoas diferentes.

Mas achava melhor chegarem a essa conclusão do que pensarem a fundo sobre os motivos de a detestar. Ser chamada de arrogante? Tolerável. Descobrirem que tinha inveja das habilidades de uma novata? O fim de sua carreira. Passou a evitar Hera como se esta fosse uma praga, deixando Astoria deliciar-se com a oportunidade de moldar uma caloura aos seus desejos e Demelza supervisionar o que fosse necessário. 

Perdida em seus pensamentos, notou as suas colegas se aproximarem do canto em que estava — deitada atrás do banco onde estavam as garrafas, tentando se fundir com o chão pegajoso para esquecer o saque perfeito de Hera, enquanto deixava Hermione agir como babá, tomando de conta tanto das novatas quanto de Susan e Hannah.

Pensou em anunciar a sua presença, mas as duas sentaram no banco sem a ver, ficadas no grupo de garotas aglomeradas ao redor da rede, onde Hera demonstrava novamente a sua perfeição inata com seus saltos e defesas tirados diretamente de um manual.

— Deveria ser impossível ser tão boa, – Demelza comentou com Astoria, sem saber que Ginny estava a escutando, enquanto observavam as novatas treinarem com Hermione.

— Com Potter no time finalmente temos uma chance de ganhar o nacional, – Astoria respondeu distraidamente, olhos fixos em sua mais nova obsessão.

— Quer dizer que não acreditava que Ginny conseguiria nos levar para o nacional?

— Weasley é boa, muito, e Hogwarts com certeza chegaria longe, mas Potter… essa garota é natural. Outro nível.

E Ginny, não pela primeira vez desde que vira a confusão de cabelos pretos e ansiedade social entrar na quadra, sentiu ódio.

O primeiro jogo seria em duas semanas e a Potter nem mesmo estava no time titular, como assim ela seria a chave para o nacional? Ridículo, absurdo. Iria provar para Astoria que não precisava de Potter ou do seu talento para levar Hogwarts à vitória.

E foi por isso que convenceu a treinadora a não tirar Hera do banco durante o jogo contra uma escola menor, afinal, ela mal havia treinado com o time, não conseguira se encaixar ainda com o ritmo bem alinhado que formaram durante a temporada anterior. Não precisavam dela para vencer — e Ginny estava certa, pois ganharam sem a adição de nenhuma novata. Teria sido o seu grande momento de triunfo, se Daphne, no bloqueio decisivo, não tivesse caído de mau jeito e torcido o tornozelo.

E se, em uma decisão quase unânime, o time não tivesse escolhido Hera para substituí-la nos jogos a partir de então, mesmo com a sua inexperiência. Para piorar, a Potter precisaria de treinos extras para acompanhar o ritmo do time, talento inato ou não, e todos haviam chegado à conclusão óbvia, mesmo que ninguém tivesse tido coragem de se pronunciar.

Ginny, ainda tentando entender a piada que a sua vida havia se tornado ultimamente, estava ocupada demais procurando sua garrafa fugitiva, pensando no que tinha sido decidido na reunião de equipe, onde não se manifestara mesmo sentindo os olhos de todos sobre si.

— Weasley, — a voz irritantemente familiar a chamou, no mesmo tom baixo e ansioso de sempre.

— Potter — respondeu, sem parar a sua busca.

— Acho que isso é seu, — disse Hera, andando até ficar à frente de Ginny e balançando a garrafa rosa.

— Claro, — puxou a garrafa e deu um sorriso falso, jogando a sua bolsa por cima do ombro, — obrigada Porter.

Enquanto amaldiçoava Daphne, o seu tornozelo, o chão escorregadio do ginásio, McGonagall e Porter, ouviu a última chamar o seu nome, uma, duas vezes, insistente.

— O que é? — Perguntou, sem parar de andar ou se virar.

— Quando vamos começar os nossos treinos particulares? 

Deus, Ginny odiava a sua vida.




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Notas finais do capítulo

Por hoje é isso, espero que esse final de semana eu conclua, porém sem promessas!
Como sempre, aceito comentários, críticas e sugestões, até a próxima!



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