Atos 4 escrita por Bia
Notas iniciais do capítulo
Weasley Ginevra - A favorita.
Potter Harry - O devedor.
Weasley Ronald - O sortudo.
Granger Hermione - A insegura.
Ato I - Weasley Ginevra.
A Favorita
Não era correto, nem sequer gostava de pensar nisso, mas íntima e profundamente Gina sabia que, caso Sirius ou Lupin estivessem vivos, dificilmente ela se tornaria a senhora Potter.
Admirando-se no longo espelho delicadamente moldado com ouro, presente generoso e inesperado de Jorge, a Weasley conseguia ouvir claramente o som alegre dos convidados. Suas vozes altas soando através das paredes da Toca, seus passos apressados, uma risada, uma provocação.
A única voz que não conseguia ouvir era a do noivo. E de nada adiantava tentar se convencer que era devido à distância; o jovem Potter tinha se arrumado debaixo do mesmo teto que ela, vestido seu smoking preto e elegante no quarto dos irmãos dela, a uma curva e um corredor dali. A frustração, somada ao decepcionante fato de Harry não ter tentado espiá-la nenhuma vez, descendo seca por sua garganta.
Gina fingiria acreditar que se tratava do imenso respeito que o futuro marido nutria para com seus pais ou respeito às tradições e superstições, mas, na realidade, o motivo era outro, diverso e simples. Harry não tinha ido até ela unicamente porque estava ocupado demais com Hermione Granger e o que quer que sentisse pela amiga.
Na parede atrás do espelho, pela grande janela aberta que dava para o jardim onde os bancos e o altar branco estavam sendo montados, ela os viu. Ele arrumado, bonito, as mãos nos bolsos ladeando uma figura feminina de cabelos castanhos revoltos, vestido vermelho e dourado, braços cruzados, coluna apoiada no tronco do salgueiro.
Estavam à vista de todos, não se tocavam. Tão inocente, dois amigos, irmãos.
Gina também pensaria dessa forma ou costumava pensar dessa forma.
Antes, quando a situação ainda estava relativamente estável, a ruiva temia calada a influência de Sirius sobre o afilhado. Não era segredo para ninguém, e o Black não fazia questão que fosse, seu óbvio favoritismo por Hermione. Nem mesmo os olhares matadores da senhora Weasley o impediam de dizer a Harry o quanto a Granger era espetacular, o quanto era leal, o quanto se assemelhava a Lilian. Mas, então, Sirius morreu e Gina julgou que qualquer ideal romântico que pudesse ter criado morreria com ele.
Doce engano.
Lupin era bem mais discreto em relação aos seus afetos, mas não conseguiu disfarçar completamente a admiração pela ex-aluna, vez ou outra deixando escapar comentários sobre a sua bondade, sabedoria, o dom de enxergar a beleza nos outros. No entanto, mesmo a interferência dele ou de Sirius, não impediu Harry de escolher por ela e Gina sentiu-se a mulher mais feliz do mundo. Nos meses em que estavam juntos o apanhador fazia questão de demonstrar o quanto era especial e única.
Porém, tudo mudou. A guerra chegou e Harry se foi. Durante dias sem fim, a Weasley se fez forte e corajosa, ajudando como pudesse mesmo sentindo o coração pequeno de medo. De medo de várias coisas....
No fim, com Voldemort derrotado, Harry foi até ela instantâneo e determinado. Foi lindo, apaixonante e suficiente. Quer dizer, isso até ela notar que cometeu um grave erro de julgamento.
Sirius e Remo não estavam influenciando Harry, eles o estavam encorajando!
Conhecendo o Potter pai tão bem, ler o Potter filho não passaria de brincadeira de criança. E, evidentemente, eles seriam os primeiros a notar e entender o significado do constante olhar esverdeado na direção de Hermione, a intensa aproximação física, os sorrisos tortos e secretos, a voz alterada. Pequenos detalhes que davam indícios antes, que se fortificaram e sobreviveram aos marotos.
Estremecendo no vestido branco, a Weasley acariciou os braços cobertos por renda perolada. Não devia pensar nisso. Não gostava de pensar nisso. Ficar se questionando era o caminho perfeito para arruinar o que tinha conseguido até então. Harry estava com ela, gostando os falecidos amigos do pai dele ou não.
Saltou, assustada, ao ouvir uma batida na porta.
— Gina, querida. Está na hora. — a voz do pai soou divertida e emocionada.
A noiva fechou os olhos, fez uma oração silenciosa pedindo que os mortos descansassem em paz, ergueu o vestido, respirou fundo e saiu.
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