Tired of Being Myself escrita por Dorinda


Capítulo 1
ÚNico


Notas iniciais do capítulo

Olá, nação fanfiqueira! Oi Tahii, Feliz aniversário! Escrevi essa fic para celebrarmos o seu dia, a única escorpiana possível e também para vangloriar o ícone da next gen Albus Severus Potter. Esta história surgiu após um surto de Waiting for you, que ainda caminha comigo - muito amor por ela e por que não escrever sobre o mais azarado entre os Potter? O Albus é personagem incrível e passei a gostar ainda mais depois de "Sorte do Azar". Espero que você goste desta pequena contribuição para o Albusverse e que aproveite muito seu dia, você é uma das pessoas mais legais e engraçadas do mundo fanfiqueiro, gosto muito de você!
Agradço a Carla Patrícia, ícone da consultoria fanfiqueira que leu essa primeiro.
Boa leitura!



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Encontrar uma palavra para definir Albus Potter era uma tarefa árdua, talvez impossível.  Ele mesmo não encontrava palavras boas o suficiente para descrevê-lo ou um conjunto de palavras que poderiam expressar muito bem a sua essência. Brilhante certamente não era uma delas; não mesmo, brilhante combinava com a energia caótica e vívida de James Sirius. Tampouco criativo e muito menos paciente. Albus odiava esperar, odiava a calmaria e muito menos o silêncio, este último era o que menos gostava. O silêncio lhe trazia várias reflexões, como estava ali fazendo, nem sempre boas, nem sempre caóticas, nem tristes ou felizes, contudo odiava o barulho dos próprios pensamentos. Por isso, falava em demasia, falar atrapalhava a confusão de seus neurônios e não lhe trazia tantas angústias quanto o silêncio. Sorriu, com toda certeza a palavra fofoqueiro poderia lhe cair bem. Seus amigos sempre ralhavam no tempo que alguma informação confidencial vinha à tona em suas conversas. Não era intencional, obviamente. Todavia Albus era péssimo em se lembrar de quem partiu a informação e quando se dava conta já estava em apuros. Céus, não fazer comentários era difícil.

O  jovem mirava o farfalhar das folhas nas árvores através da janela do seu quarto enquanto dobrava algumas peças de roupa e as colocava no malão; havia uma beleza em arrumar os pertences a moda trouxa. Uma tempestade logo chegaria e desejava chegar à chave de portal antes da chuva e não suportaria a tagarelice de James Sirius caso se molhasse. Riu ao pensar em seu irmão, jamais o chamara de James Sirius, era deverasmente formal, JaySix soava mais simples e contrastava com o conjunto de cabelos rebeldes, roupas coloridas e sorriso maroto. JaySix, o popular, o brilhante, o modelo. Completamente diferente do tagarela e azarado Albus Severus. Era engraçado pensar em como os três filhos de Harry Potter eram extraordinariamente diferentes entre si. James possuía uma alma marota, Albus uma energia caótica e Lily era estonteante e cheia de si. Havia tantos traços de seus pais em seus dois irmãos que na adolescência Albus se questionava frequentemente se pertencia àquela família. Era tão diferente dos demais. Claro, que após a fase de hormônios e muita terapia, percebeu que era uma grande bobagem. As diferenças eram essenciais para o bom convívio, pois os princípios exercidos pelos membros da família Potter eram todos iguais; carinho, amor e respeito nunca deixaram de acompanhá-los. Albus era um exímio comunicador, prova disso era a sua nomeação para o Departamento de Cooperação Internacional em Magia, adorava fazer amigos, conversar, aprender novos idiomas — era fluente em nove, conhecer novas culturas e proporcionar grandes experiências nos eventos internacionais. A Copa Mundial de Quadribol era o grande projeto de Albus dentro do Ministério, foram meses de trabalho árduo, constante comunicação com as entidades internacionais, com os clubes e com os demais departamentos. Se lembrava muito bem das noites sem dormir, do horário de almoço reduzido, da perda de alguns eventos. Tudo para que a Copa estivesse a altura da comunidade internacional e agora Albus deixava todo o esforço e glórias para trás. Suspirou pesadamente. Às vezes, sentia-se exausto. 

Ainda imerso em seus devaneios, percebeu a presença de sua mãe no batente da porta com o queixo erguido e ar decidido. Ginny estava descontente com os últimos acontecimentos e o moreno sabia que, internamente, a mãe discordava de sua decisão. 

Há pouco mais de dois meses, surgiram diversas denúncias de corrupção e de vazamento de informações cruciais no Ministério da Magia, entre os maiores escândalos abrangiam o Departamento de  Albus. Manchetes e atualizações constantes sobre possíveis fraudes na escolha da Inglaterra como sede dos jogos, além de propina. Obviamente, o nome de Albus Potter estava presente no caos. Foi aberto um inquérito para apurar o envolvimento dos funcionários e Albus estava entre os investigados, o que lhe rendeu vários ataques de ansiedade. Trabalhara duro por muitos anos e de repente seu nome foi jogado ao vento como cinzas, toda uma reputação em jogo.

Ginny pigarreou e aproximou-se do filho, ajudando-lhe a depositar algumas camisetas e jeans no malão. 

— Vejo que está bem adiantado. - disse cortando o silêncio. — Para a minha infelicidade.

— Mãe, por favor. Não vamos entrar neste assunto novamente. - respondeu o moreno, em ligeiro tom impaciente. 

Ginny chacoalhou a cabeça em sinal de negação: — Como eu queria dizer algumas verdades para aquela horrenda da Skeeter. 

Albus não respondeu. Adorava retalhar e defender os seus ideais, contudo naquele momento sentia-se cansado. Sabia muito bem ao que sua mãe se referia. Há algumas semanas, durante o período de denúncias, Rita Skeeter publicara um grande artigo sobre Albus Severus Potter e sua carreira construída em nepotismo e mentiras. A jornalista não poupou ao escrever que o filho do meio do famoso casal Harry Potter e Ginny Weasley só consquistara a chefia do Departamento, no ano anterior, devido ao seu sobrenome famoso e pela influência da tia, Hermione Granger. Albus ficou devastado com o arsenal de mentiras da matéria, era nojento. Tantos acontecimentos distorcidos, inverdades sobre sua formação e até depoimentos sobre o comportamento estrela e privilegiado do Potter. Todas sem fundamento. O que mais lhe doeu foi a abordagem sobre sua vida pessoal e sexualidade. Para comprovar o temperamento difícil de Albus, Skeeter obteve algumas declarações de antigos namorados. Não sabia se eram declarações verdadeiras ou se houve distorções no texto, contudo o que lhe machucou foi a grande exposição de sua vida publicada no jornal de maior circulação da Inglaterra. Céus, ela foi venenosa!. Nada parecia ser o suficiente para apagar o incêndio que Rita Skeeter iniciou, nenhuma nota ou comentário surtiam efeito e o assédio da imprensa só aumentava .Após a repercussão de seu depoimento no inquérito, Albus decidiu abandonar o país. Era triste lutar contra a maré. Não sofria  pelas suas escolhas, pelo que ele era ou mesmo pela maneira como conduziu sua carreira e sim, pela perseguição midiática que sempre sofreu e pelo desgaste emocional - foi o ápice. Sempre o maior alvo de piadas, de manchetes sensacionalistas e na maioria das vezes, abordavam sua sexualidade como algo sujo ou promíscuo. Não era difícil encontrar artigos que, a princípio, são críticas ao seu trabalho e ao final reafirmavam seus envolvimentos considerados polêmicos. Grande parte de seus primos não sofriam com o tribunal da opinião pública, oh não! Eram perfeitos demais. As mazelas cabiam a Albus, Dominque e Molly. Devido ao seu esgotamento, decidiu que passaria alguns meses na Albânia, estudando o dialeto dos vampiros locais - extremamente diferente do britânico. Albânia, o país onde o sobrenome Potter não significava nada. 

— De todos os meus filhos, eu sempre soube que você seria o primeiro a sair de casa. - sentenciou Ginny. Sua voz possuía um leve toque de embargo. 

 — Mãe, por favor!- disse o moreno. — Temos quase trinta anos, acho que estamos deverasmente atrasados. 

— Eu sei, eu sei - a ruiva secava o canto dos olhos tão rápido que Albus quase não notou seu choro. —Você sempre foi o mais independente dos três. 

O moreno não pôde desconsiderar o aperto em seu coração. Ginny não era exatamente sentimental, todavia sabia que não era fácil para ninguém. 

— Desculpe, querido. As últimas semanas foram tão tumultuadas que ainda estou processando que não teremos você aqui mais. - disse olhando diretamente para Albus, que parou o que estava fazendo. Retribuiu o olhar da mais velha. Albus e Ginny eram conectados pelo olhar, sabia que ao olhar a sua mãe, ela o entenderia e vice-versa. Era uma conexão única. Sentiria falta da confiança no olhar da ruiva e de seus conselhos. Ginny, era ótima em conselhos, pois era muito prática, o que ajudava muito Albus  também lhe rendia algumas risadas. 

— Também vou sentir sua falta. - retribuiu. Albus envolveu a mãe em um abraço apertado. Ela precisava de um e ele também. Nunca iria admitir, mas estava com medo da mudança e dos desafios que iria enfrentar e nos braços de sua mãe era permitido ser vulnerável. 

Ao se separarem, Albus começou a andar pelo quarto. Estava fotografando em sua memória cada espaço e lembrança vivida ali. Parou diante do mural de fotos que possuía desde a adolescência. Eram tantas lembranças, fotos em Glasgow durante os estudos, em Hogwarts, com Rose e Scorpius, das muitas viagens pelo interior da Inglaterra, fotos das falésias que conheceu durante o período que passou na Irlanda, fotos da despedida de Scorpius quando o mesmo foi para a África do Sul. Eram a vida de Albus, sentiu grande nostalgia. 

— Não vai mesmo levá-las? - ecoou Ginny ainda próxima a cama, finalizando a mala. 

— Não. Elas pertencem a esse quarto, não as vejo em outro lugar. 

— O que você preferir. - Ginny deu de ombros. Albus lembrou-se dos pensamentos iniciais daquela noite. Estava muito sentimental, sua cabeça doía com as reflexões. O silêncio era um peso. 

— Dramático é uma palavra que poderia me definir, não é? - indagou ainda admirando o mural. 

— Absolutamente. 

Albus virou-se para a mãe e notou que a sua mala estava pronta. Estava na hora, não havia mais como voltar atrás. Respirou profundamente, na esperança de guardar em seu ser o cheiro de seu quarto. 

— Está na hora. Vou chamar JaySix- sentenciou Ginny, saindo. Parou um instante e deu uma olhadela para o filho. —Sempre terei orgulho de você, Al. Não importa o que aconteça. 

Albus assentiu, com pequenas lágrimas nos olhos. Aquilo era tudo o que Albus precisava ouvir. Precisava de apoio e carinho, pois estava cansado de ser ele mesmo. Foi reconfortante ouvir tais palavras da mãe, não estava sozinho, não importava o que viria pela frente. 

Foi ao batente da porta e pela última vez apagou o interruptor. Um novo capítulo em sua vida se iniciava. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, foi curtinho e eu amei escrever. É a primeira vez que escrevo sobre um personagem LGBTQ+ e não tenho lugar de fala, apesar do desafio eu gostei bastante de escrever. Na minha cabeça, Albus sempre sofreu assédio da mídia tanto pelos pais famosos como pelo comportamento, também tem o fato que a imprensa britânica é sagaz e persistente, é bem comum a perseguição ser mais cruel com personalidades que são abertamente posicionadas e que não tem medo de lutarem pelo que acredito.Enfim, achei interessante trabalhar. Muito obrigada a quem leu e até a próxima!



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