O Titã de Ataque escrita por Yongyuan


Capítulo 2
Capítulo 139 - As Asas da Liberdade


Notas iniciais do capítulo

Glossario:
戦え > "Tatakae", do japonês "Lutar".
進撃の巨人 > "Shingeki no Kyojin", nome da Obra original.



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Presas ao bote, Kiyomi e Yelena encaravam-se em silêncio. Havia mais dois ou três botes além do delas, todos soltos em alto mar após o Titã Mandíbula destruir o navio Azumabito. Nenhum deles tinha coragem de dizer qualquer coisa, mas a verdade é que a esperança, para cada um, esvaía-se pouco a pouco. Seria possível, à eles, chegarem em qualquer terra firme e sobreviverem, talvez, somente se o Estrondo fosse parado. Por terem mais instrução e presença de mente que qualquer um dos outros engenheiros Azumabito ali pelos botes, as duas mulheres tinham ciência de que a chance de algumas poucas pessoas - ainda que de grande talento - derrotarem o maior dos Titãs, unido ao exército dos Colossais, não eram grandes.

Assim que pousou-se ao chão, o Titã Mandíbula permitiu que seus aliados descessem de suas costas. Mikasa foi a primeira à avançar, por meio da pouca fumaça de poeira que ainda havia pelos arredores, em direção ao centro das ruínas do esqueleto do Fundador. Armin, ao mesmo tempo, fazia sair sua figura humana por de dentro da nuca do Colossal. Olhou para cima, enquanto lágrimas escorriam de seus olhos. Havia conflito dentro de si; seu consciente não lhe deixaria, tão facilmente, tomar pranto por ter salvado o mundo do Estrondo, ainda que o custo tivesse sido a morte de seu amigo. Levi, por sua vez, ainda próximo à Falco, mantinha o olhar alerta ao horizonte; os titãs Colossais, apesar de terem parado de avançar, não caíram e nem começavam a sumir sob fumaça. Para ele, algo ainda parecia errado ou inacabado.

— ... É isso? - retrucou Connie, respirando fundo apressadamente. - Ele... morreu? O Eren tá morto?

Ele, assim como Mikasa, eram os que estavam mais próximos ao que havia sido o centro da explosão da transformação de Armin. Por esse motivo, foram os primeiros à terem visão de uma cena triste; à esquerda, o corpo do titã de Reiner, que, totalmente destruído, caía-se ao chão de barriga para cima, enquanto que, à direita, por meio dos ossos da Marionete, havia uma cabeça humana, decapitada, com o rosto de Eren. Havia diversos fios presos às laterais dela, como se fossem teias que a tivessem mantida presa à alguma outra coisa, talvez à cabeça do Fundador de fato. Mikasa caiu de joelhos ao chão; seu corpo tremia e suas mãos pressionavam, com força, o próprio rosto. Ela tinha vontade de gritar mais que nunca havia antes gritado na vida; tinha, também, vontade de fazer silêncio absoluto. Sua segunda vontade venceu, ao final.

CAPÍTULO 139 - FINAL

AS ASAS DA LIBERDADE

Historia, sentindo a dor inédita do parto, tinha a própria voz gritada por todo o quarto quase que involuntariamente. Suas mãos amarravam-se com força à um par de paus de madeira, trançados numa corda, presos à cama. A parteira, experiente, sabia que não teria como ser diferente. Outras mulheres estavam ali para lhe ajudar, mas ela tinha ciência de que não seria necessário.

Muitos gritos distanciaram o início de trabalho de parto do final dele, mas o processo todo não levou muito tempo. Em poucos minutos a parteira já acolhia, nos braços, a criança recém nascida. O bebê chorava, contorcendo-se como podia em seu pequeno corpo, coberto por um pano branco e limpo, quase como se quisesse demonstrar tristeza por ter trazido tanta dor à própria mãe.

— Minha Rainha... - disse a mulher, com um sorriso no rosto. Não sabia se encarava a criança ou a mãe dela. - meus parabéns... é uma menina...

Sem dizer nada, Historia estendeu os dois braços para a frente, soltando, pela primeira vez, as madeiras amarradas à cama. A parteira ergueu-se, então, e caminhou, ao mesmo tempo em que as outras mulheres saíam do quarto. Além delas, estava também, ali no cômodo, um homem, encostado à parede, com as duas palmas das mãos unidas frente ao peito. Trazia consigo cabelos pouco longos e castanhos, além de uma boina à cabeça, roupas de um fazendeiro qualquer e muita preocupação no coração. Ao ver que a criança havia nascido saudável e que Historia estava bem, ele encheu-se de alívio, como faria - talvez - somente o pai da criança.

— Meus parabéns... - repetia a parteira, enquanto entregava a criança aos braços de Historia. A mãe, por sua vez, tratou de olhar fundo nos olhos da própria filha. Eles eram verdes, tão verdes quanto as folhas de um salgueiro, e poucos cabelos louros à menina na parte da frente da cabeça. Os dois olhares se encontraram e, então, a criança parou de chorar. Não podia ser diferente, já que sentia-se aconchegada; aquele, mais que qualquer um no mundo, era seu verdadeiro lugar.

Foi então é que, pela primeira vez em algum tempo, Historia sorriu. A imagem daquele sorriso penetrou fundo a alma do homem que ainda via-se presente no quarto. Ele teve certeza de que nunca se esqueceria daquela cena; nunca.

— Eu vou deixar vocês à sós - finalizou a parteira, erguendo-se uma vez mais, enquanto corria o olhar entre o homem e a rainha. Virou-se de imediato e tomou rumo em direção à porta, deixando-a fechada uma vez que saiu.

— ... Ela é linda... - disse Historia, após alguns segundos de silêncio, usando do pano branco para limpar o rosto e o corpo da própria filha. Sua fala serviu como convite, ao homem, para que se aproximasse. Somente então é que ele desgrudou-se da parede e caminhou à frente. Não ousou, entretanto, aproximar as mãos da rainha ou da criança.

— Sim. Tão linda quanto você.

Historia continuou acariciando a filha por alguns momentos, sem dizer mais nada. O bebê parecia sentir um misto de emoções primitivas; não sabia se abria a boca ou se a mantinha fechada; se contorcia o corpo ou se ficava imóvel, deixando-se aconchegada. Era uma cena engraçada e bonita, ao mesmo tempo, para os dois adultos ali presentes.

O casal permaneceu ali por mais bons instantes, aproveitando a companhia um do outro e, claro, do novo ser humano que havia nascido naquele mundo. Como havia uma janela de vidro logo ali à lateral do quarto, a luz do Sol radiava em brilho pelo cômodo, e dali de dentro era possível ver os dois policiais, do lado de fora da casa, que faziam a escolta de segurança, bem como todo o verde dos bosques que cercavam a região.

No devido tempo, os dias se passavam, um após o outro. Num deles o Sol brilhava mais forte; noutro, a chuva caí-se. Historia, ocupada demais preocupando-se com a saúde e bem estar da própria filha, via-se perdida no passar do tempo. Houve um dia que, para ela, foi especial. Não sabia dizer se havia sido dois dias depois do parto, ou cinco, ou dez. Ela simplesmente tomou a própria filha nos braços, enrolada num pano branco, caminhando até bem perto da janela de vidro de seu quarto, podendo ter visão de quase toda a parte de fora da casa. O céu estava azul como nunca e as árvores quase brilhavam de tanto verde. O contraste das cores fazia com que aquela fosse a vista mais linda que a rainha e sua filha poderiam ter. Dois policiais militares ainda garantiam a segurança de Historia e sua filha, porém, como não havia ameaça, os dias passavam-se tediosos à eles.

— Pretende voltar logo pro castelo com ela? - indagou uma voz, masculina, vinda de perto da porta. Historia não precisou virar-se para saber quem era.

— Por enquanto não, acho que não. Eu gosto mais do campo... - respondeu. Respirou fundo e virou-se, encarando o fazendeiro nos olhos. - mas... quando eu resolver voltar pra lá... você vem comigo, Doumai ?

Doumai, em resposta, sorriu. A rainha sorriu também.

— Eu vou pra qualquer lugar do mundo com vocês duas.

O sorriso do rosto de Historia aumentou um pouco com aquela resposta. Enquanto o rapaz aproximava-se, ela também deu um ou dois passos à frente, fechando os olhos. O rapaz, no devido cuidado com a criança que repousava nos braços da rainha, levou as duas mãos ao pescoço da moça e lhe beijou à boca, gesto esse retribuído por ela. Mais que nunca, todos aqueles dias ali naquela casa, para Doumai, haviam lhe feito um homem diferente; um homem mais completo.

Foi de súbito que um grito de um dos dois policiais, que faziam escolta do lado de fora da casa, assustou o casal.  Sua voz ecoou com força por todos os arredores.

— Parado aí!

Doumai pôde ver os dois policiais atravessarem com pressa a varanda da casa com as armas em mãos, indo à direita. Historia, assustada, abraçou a filha com mais firmeza, enquanto que o rapaz distanciou-se. Era natural que, numa situação daquela, sua reação fosse de sair pra ver o que é que estava acontecendo. Apressadamente ele passou-se pela porta do quarto, atravessou o pequeno corredor que havia ali, virou-se à esquerda e, em mais alguns passos, alcançou a porta.

— Eu mandei parar! - repetiu o mesmo policial. Os dois ainda avançavam enquanto Doumai atravessava-se para o lado de fora da casa. Assim que o fazendeiro viu o que é que estava acontecendo, sentiu um aperto no coração.

— Não! - gritou ele. Os policiais, de imediato, pararam de avançar, mas estranharam aquele grito. Olharam um ao outro de canto de olhos, sem saber o que fazer.

Bem à frente dos dois oficiais, à cerca de dez metros de distancia, trazia-se Eren Yeager, vestido ainda nas mesmas roupas já desgastadas, em postura desleixada e respiração funda, como se estivesse mais cansado que nunca, como se estivesse prestes a cair-se ao chão.

— Não atirem! - gritou Doumai novamente, descendo-se pelas escadas da entrada da casa e disparando à frente.

— Senhor, esse é... - murmurou um dos homens, ainda com o rifle apontado à Eren.

— Eu sei quem ele é. - respondeu o fazendeiro, já aproximando-se. Levou a mão esquerda até o ombro do policial à sua frente, em gesto de pedido pra que ele recuasse. - Podem voltar, está tudo bem.

Os dois oficiais olharam-se brevemente uma vez mais. Num gesto qualquer, combinado previamente entre eles, a decisão final foi feita.

— “Tudo bem” merda nenhuma. - disse o homem à direita de Doumai. Ele ergueu um pouco mais a arma, apontando-a ainda para Eren. - Mãos na cabeça!

O fazendeiro desviou o olhar, encarando o portador do Titã de Ataque. Respirou fundo e tomou uma decisão que, para ele, seria difícil em qualquer caso. Com força, jogou a própria cabeça para a frente, acertando violentamente a parte de cima dela contra a nuca do policial à direita. O choque não mataria o homem, mas o deixaria desacordado por um bom tempo. O oficial à esquerda, surpreendido por aquele ataque contra seu amigo, hesitou por alguns momentos, sem saber como é que deveria reagir. Tal hesitação permitiu que Eren, num golpe rapido, segurasse o corpo do rifle com a mão esquerda, desviando-o para o lado. Levou, ainda, o punho direito fechado contra o rosto do policial, acertando-o em cheio.

— O que... - murmurou o oficial, em meio aos ataques. Doumai, logo em seguida, meteu a perna direita por de trás do homem, empurrando-o no peito em seguida com a palma da mão, dando-lhe uma rasteira. Ele caiu-se ao chão com força, mas teve resposta ágil o suficiente para levantar a cabeça e começar a reagir logo em seguida. Fez isso somente para perceber que o rifle, que antes via-se em suas mãos, estava agora sob posse de Eren; o rapaz atacou-lhe na cabeça com a parte de trás da arma, nocauteando-o instantaneamente.

Eren deu um urro  baixo, jogando o rifle para o lado com a pouca força que ainda tinha. Ergueu a cabeça e endireitou a postura, ao mesmo tempo que Doumai dava um salto para aproximar-se dele.

— Senhor Yeager... - disse o fazendeiro. Em gesto de cuidado, fez passar o braço direito do rapaz por trás de seus ombros, ajudando-o a caminhar.

— Eu estou bem - murmurou ele, em resposta, caminhando ao lado de Doumai. - Como ela está?

— Está bem, também... o filho nasceu.

— ... Ah, é?

— É uma menina, senhor.

Eren respirou fundo, balançando brevemente a cabeça em gesto positivo. Sua caminhada, ao lado do fazendeiro, durou pouco; em poucos passos os dois pararam de andar, posto que Historia surgiu-se pela porta da frente da casa. Ela tinha um olhar determinado e tinha, também, a própria filha nos braços. Os dois homens ficaram observando-a por algum tempo,  como se a figura dela fosse algo da maior importância para eles.

Doumai avançou, enquanto que Eren, ainda parado, trazia o braço direito para si. Historia respirou fundo, sem esboçar qualquer reação em específico. Caminhou à frente, entretanto.

— Eu vou deixar vocês à sós. - disse o fazendeiro, subindo os poucos degraus com velocidade. Assim que passou ao lado da rainha, parou de andar por alguns instantes; levou a mão esquerda ao rosto dela, fazendo-lhe um carinho. Historia sorriu e ele, então, continuaria a caminhar para dentro da casa, mas, de última hora, tomou decisão diferente. Virou o rosto, sem virar tanto o corpo, podendo olhar Eren nos olhos novamente. - Senhor Yeager.

— ... ?

— Foi um orgulho, pra mim, poder ajudar o senhor. - disse. - É um orgulho pra mim poder trabalhar por Eldia.

Eren entendeu os sentimentos de Doumai, mas não lhe deu resposta alguma além de um balançar de cabeça, breve, em gesto positivo. Não é como se a batalha pela própria sobrevivência fosse, para o titã de ataque, motivo de parabenizações ou elogios; era nada mais que a obrigação de todo ser vivo. Obrigação maior ainda daqueles que, em essência, fossem verdadeiramente livres.

Doumai seguiu sua caminhada até o interior da casa, então, ao mesmo tempo que Historia avançava, também, descendo os degraus e aproximando-se de Eren. Os dois encararam-se por alguns instantes, sem esboçar reações um para o outro à princípio.

— Olha... - disse a moça. Ajeitou a filha nos braços, deixando-a num ângulo perfeito para que o rapaz pudesse ver seu rosto. - Olha como ela é linda...

Eren tomou o próprio tempo para respirar fundo e encarar o rosto daquela criança. Balançou a cabeça em gesto positivo e sorriu, em seguida. Foi, talvez, a primeira vez que havia sorrido verdadeiramente nos últimos meses; nos últimos anos.

— ... É sim... - murmurou ele. Uma emoção forte e inédita lhe disparou no coração, causando-lhe um ímpeto de pranto. Ele não chorou, entretanto, pois que sabia que aquela não era a hora adequada pra isso. Deitou levemente a cabeça para o lado, tendo visão de toda a área interna da casa. Já não era possível ver Doumai no corredor de entrada. - ... Ele sabe?

— Sabe. - respondeu ela, ajeitando novamente a filha no colo.

— ... Ele sabe o porquê?

— Sabe - repetiu.

— Ótimo. Doumai é um bom homem, ele... ele vai ser um pai excelente.

— ... e um marido excelente, também.

Eren balançou a cabeça em gesto positivo novamente, coçando o lado esquerdo do rosto com o indicador direito.

— Qual o nome dela? - perguntou ele. Historia deu um sorriso, sentindo-se engraçada.

— ... Você já sabe. - disse. - mas... se precisar, depois eu te conto. 

O rapaz, então, estacionou o próprio olhar fundo aos olhos de Historia e, lentamente, estendeu os dois braços.

— Dá ela aqui pra mim. - disse.

A rainha permaneceu parada encarando Eren por alguns momentos, sem, talvez, ter qualquer motivo pra agir dessa forma. Deu um passo à frente, em seguida, entregando a criança às mãos do rapaz. Ele, em nada desajeitado, tomou a filha nos braços, baixando o olhar, tentando encontrar os olhos dela; não conseguiu, pois estavam fechados. Ele ainda ajeitou um pouco o pano branco que a cobria, pra que pudesse ter visão mais clara de todo o seu rosto. Respirou fundo e, então, ergueu a mão direita, levando o indicador em toque contra a cabeça da criança.

Uma faísca amarela tomou conta de sua visão no sentido horizontal. Foi de imediato é que ele viu-se nos Caminhos novamente, já sem a filha nos braços, sem a companhia de Historia. Respirou fundo, enquanto guiava o olhar por todo o céu negro daquele local. Baixou as mãos e virou-se, lentamente, sem se surpreender ao ver a imagem de Ymir logo ali. Era triste, para ele, vê-la daquela forma. Tristeza e mágoas tão grandes no coração que lhe faziam andar sempre de cabeça baixa. Mal se podia ver o rosto; os olhos, então, muito menos.

— Você é péssima em fazer de conta que queria matar meus amigos. - disse o rapaz, dando um passo à frente. - Ou, talvez... quisesse realmente matar todos eles... Apesar das minhas ordens. Por isso criou uma cena de ataque tão verdadeira daquelas.

Ymir, novamente sem surpreender o rapaz, não disse uma palavra sequer em resposta. Ele deu, então, mais um passo à frente.

— ... mas não importa. - continuou. - Eu voltei aqui por contato com uma criança de sangue real... acho que isso me dá o direito de ter ordem sobre você de novo, não é isso? Já que sou eu o pai da criança.

Era, até o momento, tão somente uma teoria. A conectividade entre as pessoas era a chave de tudo que Ymir queria para si, e, claro, não haveria conectividade de mais poderosa ligação de sangue que um pai e filha. Já não foi necessário mais, à Fundadora, que o sangue real estivesse circulando sobre um corpo titã, fosse por esse detalhe unicamente, ou fosse também pelo fato de o poder ter sido acionado através do corpo Titã de Eren, moldado nos caminhos. A garota, em puro gesto de entrega, pôs-se de joelhos ao chão, pronta para receber toda e qualquer ordem que seu mestre lhe desse.

— ... Eu não queria que você continuasse assim - disse ele. - Eu te libertei naquele dia... eu dei o poder da decisão pra você... por que é que você continua precisando acatar ordens pra avançar? Por que você continua sendo uma escrava?

A garota não lhe respondia nada. Sua cabeça, ainda apontada para baixo, permanecia da mesma maneira; no aguardo das ordens. Era triste, para Eren, ter visão daquela cena, mas, se não havia outro jeito, que continuasse assim.

— Nesse caso... acho que já sabe qual é a minha primeira ordem. Talvez eu nem precise dizer, não é isso?

Ymir respirava fundo, como se estivesse emocionada; como se estivesse sob os nervos de não poder falhar numa tarefa importante. Foi ao mesmo tempo é que, no mundo material, frente à onde estaria a carcaça da Marionete do Fundador, os membros da Aliança viram-se frente à um destino cruel. Ao mesmo tempo, todos os Titãs Colossais que compunham a parte da frente daquele massivo exército ergueram o pé esquerdo, retomando a marcha.

— ... O quê? - questionaram, ao mesmo tempo, dois ou três dos membros da aliança. Mikasa ergueu a cabeça; zero emoções em seu coração ou sua mente.

— Ele não morreu? - gritou Gabi. Junto à Pieck, ela correu até mais perto de Reiner, que, em seu corpo de titã encouraçado, permanecia caído ao chão. - Eren Yeager não morreu??

— Reiner, você precisa sair daí agora! - gritou a mulher. O guerreiro não agia de nenhuma forma. Talvez estivesse desacordado; talvez estivesse morto.

Os Colossais que estavam caídos mais próximos à onde estava, antes, a Marionete, levantavam-se devagar. Armin, mais que qualquer um de seus aliados, podia ter visão clara de toda aquela horda. Ao ver todos aqueles titãs, parecidos com o seu próprio, erguendo-se e avançando, ele entrou em puro desespero. Sua reação imediata foi de gritar; gritou com toda a força que tinha nos pulmões. Demorou poucos instantes para levar de volta seu corpo humano ao interior da nuca do Colossal, ganhando controle sobre o titã novamente.

Gabi e Pieck, desesperadas, tentavam fazer o possível para tirar Reiner de dentro de seu titã, sem conseguir. Foi de imediato é que o Titã Mandíbula surgiu-se por perto delas; com a mão direita, ergueu a lateral do corpo do Encouraçado, permitindo-lhe dar uma mordida funda em sua nuca, trazendo o guerreiro à boca. Desceu os olhos, encontrando os olhares de Pieck e Gabi. Não disse nada, pois não conseguiria de qualquer forma, mas as duas puderam entender o que ele diria à seguir. “Subam, logo!”.

Demorou poucos instantes pra que todos subissem-se às costas do Titã Mandíbula, que saltou em voo logo em seguida. Foi possível, para eles, ter visão de uma cena magnífica; num golpe direto, Armin erguia a perna direita à frente, acertando o peito de um dos colossais que já aproximavam-se, fazendo-o cair e, portanto, derrubando também cada um dos que estavam atrás, num efeito dominó já ocorrido há poucos momentos na explosão.

— E agora...? - murmurou Annie.

Nenhum dos ali presentes teve força ou frieza de mente pra dizer nada, em resposta à Annie, nos primeiros momentos. Armin, depois de ter dado o chute num dos Colossais, tomou postura e acertou um outro, à sua esquerda, com o braço, fazendo-o cair também. Seus movimentos eram lentos, mas compatíveis com a velocidade dos outros Colossais. Levi, ao ver aquela cena, usou um pouco mais de força à mão direita, munida somente de dois dedos, que segurava ainda uma lâmina.

— Eu preciso lutar. - disse ele, erguendo-se em pé como podia pelas redes que prendiam-se às costas do Mandíbula. - A gente precisa lutar.

Era como se Eren pudesse ver aquela cena, em todos os detalhes. Ele podia ver o rosto, os olhos de cada um daqueles que voavam sobre Falco. Ele podia ver os olhos de Armin que, numa determinação jamais alcançada antes, fazia tudo o que podia para derrubar o máximo de Colossais possível. Sob os ideais de Eren Yeager, cada um deles lutaria, à partir daquele momento, para derrubar todos os titãs que pudessem, tentando, assim, evitar o extermínio da raça humana fora de Paradis.

— É conexão entre as pessoas que você quer, não é isso? - dizia Eren, dando alguns passos para os lados. A cada nova palavra, sua voz aumentava em volume. - O que você sempre quis é que as pessoas vissem uns aos outros como iguais, porque, se isso fosse uma realidade desde o começo, você não teria se tornado a escrava que se tornou, não é? Seus pais não teriam morrido tentando te proteger daqueles que te prenderam! Eu estou errado!?

Como se algum entidade tivesse tomado conta de seu corpo, Mikasa, depois de alguns momentos, deu alguns passos em direção ao limite do corpo de Falco, que sobrevoava a parte frontal do Exército dos Colossais.

— Mikasa! - exclamou Annie. - O que está fazendo?

— ... Eu vou lutar.

Num ato impensado - ou, talvez, muito bem pensado - Mikasa deu um passo à frente para fora do corpo de Falco, alcançando os ares. Seu corpo caiu com disciplina céu afora, como se a garota fosse uma águia. Seus olhos, num instinto mais preciso e afiado que nunca antes, mirava um dos Colossais, qualquer um que estivesse mais perto, para lhe atacar.

Após ela, foi a vez de Levi, que caiu-se do titã sem sequer dizer qualquer coisa. Assim como Mikasa, mirou-se num dos Colossais, pronto para disparar o DMT e avançar-se pelo meio da horda. Era natural que o ataque solitário daqueles dois fosse seguido por gestos de cada um da aliança; Annie se jogaria, também, tornando-se na forma Titã no meio dos colossais para usar a transformação como ataque; Pieck faria o mesmo, assim que estivesse totalmente curada. Jean e Connie jogariam-se pelos Colossais assim como Mikasa e Levi. Reiner, em certo momento, veria-se consciente novamente ao lado de Pieck e de Gabi, que, agora ao chão, já mais longe da onda de ataque dos titãs e próxima à base militar de Marley, tentava usar a pouca munição que ainda lhe restava no rifle para tentar acertar os Colossais na região do pescoço, haja visto que, dessa forma, poderia atingi-los pela nuca e mata-los, caso o disparo e a bala fossem fortes o suficiente. Falco, já quase esgotado, usaria ainda suas ultimas forças para tentar morder a nuca do máximo de colossais possível.

「戦え !」

— Os meus amigos, eles é que vão se unir primeiro com os inimigos deles - continuou Eren, tendo referência direta aos membros da Aliança. - e, depois... isso vai acontecer com todo o resto da humanidade que tiver bom coração. Se eles se unirem, eles vão lutar, e se lutarem, serão livres, pra ganhar ou pra perder... mas se eles derem as costas uns pros outros... se eles ceifarem as liberdades uns dos outros... eles vão morrer. Vão morrer como se fossem raças separadas, sem nem terem a chance de lutar.

Ao mesmo tempo, dois solitários soldados Marleyanos viam-se frente à uma situação cruel. Havia diversos corpos, caídos por todos os lados. Alguns deles eram também soldados, outros eram Eldianos, já sem suas devidas braçadeiras. Leonhart estava entre eles; caído debaixo de diversos outros corpos, já nem se podia vê-lo ao chão.

Um dos soldados ainda em pé ali era o Secretário Muller. Mesmo depois de todo o tiroteio que ocorreu entre as duas partes adversárias, ele não poderia considerar “sorte” o fato de ter continuado vivo, e isso porque, se virasse o rosto para o lado, poderia contemplar a visão diabólica de todos os incontáveis Titãs Colossais que continuavam a marchar em sua direção. “Se eu tivesse continuado na cabine, poderia ter ordenado que todos se unissem”, pensaria ele, dando alguns passos mais para a borda daquela estação. No final, o resultado provavelmente não seria diferente, mas, ao menos, eles poderiam ter o direito de lutar, ao invés de apenas esperar que as forças de Paradis pudessem atrasar os titãs de alguma forma.

— ... e não é como se eu quisesse que as coisas fossem diferentes. Não é como se eu quisesse que, no final, todos eles se arrependessem, de uma hora pra outra, de tudo o que fizeram de errado contra o meu lar! - gritava Eren, ainda caminhando de um lado para o outro. - O que eu quero, o que eu sempre quis ... é acabar com a liberdade de todo mundo que me fez viver feito gado, feito um animal enjaulado!

Parou com as palavras e com o caminhar em seguida. Ergueu o punho direito, fechado, frente ao peito, encarando-o. Lembrou-se de todas as lutas que já havia travado na vida e de todos aqueles que o haviam acompanhado.

— ... Ao mesmo tempo, quem não foi meu inimigo, inimigo de Paradis... vai ter a liberdade pra fazer o que quiser... pra lutar ou pra ficar quieto aqui na ilha e esperar todos os inimigos de Eldia serem destruídos. Eles vão ter essa liberdade hoje... amanhã... pra sempre.

Ymir ouvia tudo aquilo em silêncio, como havia feito desde sempre; como faria uma boa escrava.  Assim que Eren lembrou-se de que estava falando com alguém que não tinha liberdade sobre si mesmo, resolveu parar o discurso alto; era hora de continuar com os planos à favor de Eldia.

— Depois que o Estrondo for finalizado, por qualquer motivo que seja... - murmurou ele, dando alguns passos à frente e aproximando-se de Ymir. Sentiu-se em modéstia, posto que considerava a possibilidade do Estrondo ser parado por obra da ação humana. - os titãs não existirão mais. Nenhum eldiano terá o corpo transformado num titã puro, nem receberá uma transformação de um Original através dos Caminhos. Essa é uma história que você começou e que você vai terminar. Entendeu?

A Fundadora, sem absolutamente nenhuma reação ao rosto, passou a erguer-se. Ficou em pé, frente à Eren, demonstrando seu pequeno tamanho. O rapaz, por sua vez, sabia que aquela última ordem era completamente irrelevante, haja visto o que aconteceria à seguir. O fim do poder titã, para Eren, não era uma possibilidade e sim um fato, por um simples motivo; não havia, para ele, memórias de um próximo Titã de Ataque. Não havia um próximo portador lhe passando informações ou encaminhando memórias do futuro. Era por isso que ele tinha ciência, desde o começo, de que seu plano de criar uma cópia de si mesmo não teria nenhuma falha; era por isso que ele sabia que todos os seus planos dariam certo no final.

— Eu só quero que me diga, antes de mais nada... - continuou. Baixou o corpo, alcançando, com a mão direita, a terra do chão. Trouxe um punhado consigo, que, num piscar de olhos, tornou-se um tapa-olho, como o que teria usado por todos os momentos em sua primeira invasão à Marley. - Você sabe alguma coisa sobre... sobre qual o sentido do mundo...? De onde é que vem os Caminhos, de onde é que veio o Ser Primordial, que te deu os poderes dos titãs? Qual é o sentido da vida, de tudo o que existe?

Ymir virou o corpo levemente para o lado, apontando, com o indicador esquerdo, para o ponto mais alto da grande Árvore de luz que havia ali nos Caminhos. Eren deu um passo para o lado, encarando-a em firmeza. Foi como se, por um momento, tudo tivesse ficado claro para ele; a união dos galhos da árvore era, na realidade, o epicentro de um evento de outra dimensão. Aquele lugar onde estava - a areia, o céu negro - era nada mais nada menos que um dos incontáveis galhos que disparavam-se daquele epicentro, conectando diretamente e, individualmente,  todos os eldianos. Talvez aquele galho, representando um eldiano que viesse a morrer, recolheria-se ao final, diminuindo em tamanho rapidamente até chegar ao centro; até chegar ao Outro Lado.

— O que é que tem lá? - questionou Eren. - O que é que tem do Outro Lado?

A garota, num mesmo gesto de antes, apontou para longe com o indicador esquerdo. O rapaz entendeu, novamente, de imediato. Só havia uma maneira de saber; indo até lá.

— Entendi. - disse, aproximando-se de Ymir novamente. Naquele momento, ele lembrou-se da ordem que havia dado anteriormente. A morte do poder titã resultaria também, necessariamente, na morte da Maldição dos 13 anos. Os portadores dos Titãs Originais, sem terem os próprios corpos usados como ferramentas para canalização e materialização de tais seres colossais, não mais sofreriam com essas transformações, de forma que eles poderiam agora viver longas vidas. Eren decidiu, entretanto, que isso não lhe incluiria; era de maior interesse, à ele, conhecer o Outro Lado do que continuar vivendo por tantas décadas naquele mundo cruel, ainda que, agora, totalmente livre. - Mas você vai primeiro.

Os dois permaneceram ali em pé, por alguns instantes, sem fazer ou dizer nada.

— Você não vai acabar como uma escrava. Eu quero que diga.

— ...

— Eu quero que faça sair a sua voz. Fale!

— ... P-por favor... - disse a garota. Sua voz saiu rouca, enferrujada pelo desuso; era muito bonita, ainda assim.

— Não. Você não vai pedir nada. Você vai ordenar.

— Por favor, Eren...

— Eu disse que não. Eu não vou aceitar um pedido seu. Só quem pede é um ser amarrado!

— ... por favor...

— Quem pede é um escravo! - gritou ele. - Só um ser livre ordena! Quero que dê a ordem!

— ... Eren...

— Me dê a ordem!!

Me mata!

O tapa-olho, à mão direita de Eren, já havia tornado-se um punhal naquele momento. Sem delicadeza, ele meteu a lâmina ao lado esquerdo do peito da garota, atravessando-lhe o corpo no coração. Ela caiu-se para trás e teria chegado ao chão se Eren não lhe tivesse agarrado pela cintura com o braço esquerdo. O rapaz, mais que qualquer um no mundo - mais que qualquer outro portador de titã - entendia, verdadeiramente, as dores de Ymir. A dor de não poder ter vivido a própria vida livremente; a dor de ter perdido a própria infância como escrava numa tribo; a dor de, mesmo após a morte de seu corpo, não ser libertada dessa vida de escravidão. A dor de permanecer por dois mil anos ali, servindo à causa titã, sem ter a capacidade de tirar a própria vida ou pedir que qualquer um outro fizesse isso por ela; sem poder, nunca, descansar. Eren, segurando Ymir, usou da própria força para trazê-la mais perto de si, jogando o punhal para o lado. A garota apoiou-se sobre ele, sentindo a própria consciência esmorecer. Se tivesse ainda qualquer força, teria aberto a boca e dito uma palavra ou outra, talvez de despedida, talvez de agradecimento.

Ymir conseguiu permanecer-se em pé por somente mais alguns segundos. Ela logo caiu-se ao chão enquanto que Eren permanecia encarando o horizonte, sem olhar para a garota uma vez sequer. Ele respirava fundo e tremia levemente, sob efeito dos nervos. Não precisaria olhar para saber que o corpo da garota sumiria ali em seguida, como se nunca tivesse existido. Sua missão, em seguida, seria somente uma; ele seguiria em frente, avançando pelas areias dos Caminhos, chegando cada vez mais perto da Árvore de luz; chegando cada vez mais perto do Outro Lado. Tendo tirado, então, a vida de Ymir, Eren acabou percebendo claramente, pela primeira vez, um detalhe muito fundamental sobre o seu inconsciente. De é que valia a vida se fosse para travá-la às amarras da escravidão? Antes a morte; ele sabia disso, Ymir sabia disso. Isso os tornava iguais em essência; isso mostrava, à Eren, a inconsistência em seus últimos planos com relação aos seus amigos.

De súbito, ele percebeu-se novamente no mundo real, com a filha nos braços e Historia logo ali ao lado à lhe encarar. Ela, muito bem instruída, tinha certa ciência do que é que tinha acabado de acontecer.

— ... Acabou? - perguntou ela. Deu um passo à frente, aproximando-se de Eren.

— ... É, agora acabou. - respondeu. Virou-se de costas à Historia, dando alguns passos lentos, distanciando-se da casa.

— Então... o que é que vai acontecer? Quem é que vai ganhar? - perguntou a rainha.

Eren respirou fundo, erguendo o olhar. Naquele dia, em específico, o céu parecia mais lindo que nunca. Talvez fosse a influência do evento sobrenatural dos Caminhos; ele mal conseguia compreender, por completo, se via, naquele momento, o céu do mundo real ou o céu dos Caminhos. Teve, até mesmo, a impressão de ter visto um dos galhos da Árvore de luz retraindo-se, chegando ao centro, ao Outro Lado, indicando que naquele momento, um Eldiano havia encontrado a morte.

— Eu vou ganhar. Eu já ganhei... - respondeu ele. - apesar de ter errado um pouco nas minhas últimas atitudes.

— Como assim?

— Eu... me preocupei demais com as vidas deles... me preocupei muito em manter meus amigos vivos, não quis que eles morressem pelas mãos do meu titã ou por qualquer outro motivo, mas... não era isso o mais importante... e eu só percebi no final... mas ainda assim eu ganhei. Sabe por que eu ganhei, Historia?

— ...?

— Porque, ainda que só no final, eu... eu dei a liberdade pra eles... eu dei a liberdade pra que os meus amigos decidissem se querem morrer lutando ou se querem viver em paz aqui em Paradis. Eu dei a liberdade pras pessoas que foram importantes pra mim... e tirei a liberdade daqueles que massacraram o meu país. Mikasa, Armin e os outros, todos eles... morrendo ou vivendo, no final, eles... eles serão livres. Eu cumpri com o que eu queria.

— ... Então... eles vão morrer? - perguntou Historia. Deu mais um passo à frente. - Eles não vão conseguir voltar?

— Isso não importa.

Poucos instantes depois, poderia-se ver o Titã Colossal de Armin, quase sem saída, tendo que recuar contra os outros titãs, por conta de seus números. Levi já não poderia ser visto em meio à horda. Mikasa, com um dos ganchos de sua ferramenta de manobras presa à mão direita do Titã de Armin, tentava alcançar Connie, que caia-se pelos ares devido à falta de gás. Se alcançasse, poderia salvar o rapaz; se não, ele morreria pisoteado. Annie, transformada novamente, tentava empurrar alguns colossais para trás, medindo forças contra eles, sentindo-se prestes à ser derrotada. Falco, já esgotando-se, precisaria decidir entre voar para longe para se salvar, ou então continuar ali, mordendo as nucas do máximo de titãs que conseguisse, até que não suportasse mais o calor, caindo ao chão. Pieck, ainda ferida, não conseguia curar-se rapido o suficiente para voltar à batalha. Ela viraria o rosto ao lado e encontraria Reiner ali, na mesma situação. Gabi, ao mesmo tempo, percebia desesperada que seus tiros não tinham um efeito verdadeiramente positivo contra os incontáveis Colossais. Era insabido se qualquer um deles, ou mesmo qualquer um presente à base militar de Marley, sobreviveria ao final daquele dia. Era insabido se, ainda que no final, os soldados Marleyanos arrependeriam-se verdadeiramente de ter continuado a propagar o ódio contra a raça inocente de Paradis.

— Isso não importa - continuou Eren. - porque eles são livres.

Ergueu, por fim, a criança nos próprios braços, fazendo-a apoiar a cabeça sobre seu ombro esquerdo. Posicionou a mão direita à cabeça da filha, fazendo-lhe um carinho. Sorriu, abraçando a criança, pois era a única coisa que poderia fazer.

— Não é, Carla? Você... é livre.

「 進撃の巨人 」


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