James Potter odiava Azkaban. Era um planeta frio, sujo e muito escuro. Não conseguia entender como poderia ter vida em um local como aquele. Porém, não estava fácil pegar trabalhos desde que saiu da prisão e, um dos poucos lugares oferecendo trabalho para ele, era a maldita Azkaban.

Felizmente, não seria tão difícil e, em algumas horas, ele e os outros dois integrantes da sua tripulação, estariam voando para um planeta melhor. E de preferência gastando o dinheiro em um bar. A missão de James naquela noite era roubar um anel de um dos líderes de Azkaban e o seu cliente era o outro líder do planeta. Azkaban era pequeno e, por muito tempo, foi governado por uma só família, mas com o passar dos anos diversas brigas aconteceram entre a realeza, fazendo com que o planeta fosse dividido em dois, com dois líderes que eram primos e que viviam em constante guerra. Ou seja, um péssimo lugar para se viver, no entanto o pagamento pelo trabalho era bom. E James Potter gostava muito de dinheiro.

— Sirius! — chamou enquanto chegava perto da saída da nave. — Vamos sair em menos de um minuto!

Sirius apareceu mal-humorado batendo as suas botas com força no chão de metal.

— Por que foi aceitar esse trabalho? — reclamou. — Você sabe como esse planeta de merda me deixa enjoado.

James revirou os olhos.

— Você está reclamando desde que entramos nessa galáxia. Não temos opção, ninguém mais quer pegar pelos nossos serviços.

— Depois que sairmos desse inferno de planeta, vou atrás daquele desgraçado do Pettigrew e vou matá-lo com as próprias mãos.

Peter Pettigrew era o nome do antigo quarto integrante da tripulação deles. Contudo, depois de uma grande missão que rendeu muito dinheiro e o dobro de alertas de “Procura-se” por várias galáxias, Pettigrew pegou a parte do dinheiro dele e depois os denunciou para a polícia intergalática. 

James confiava nele como se fossem do mesmo sangue e, até agora, doía pensar no antigo amigo. E no fim só James foi preso, ao fazer questão que Sirius e Remus pudessem fugir. Para a sua sorte, os outros dois amigos eram muito bons em tirar alguém da prisão.

Depois de solto, James quis procurar Peter, sem saber se desejava confrontá-lo, matá-lo ou os dois. Entretanto, os três homens ainda precisavam comer e não puderam procurar o bastante antes de voltar ao trabalho.

— Foque nisso primeiro, depois a gente pensa em encontrar o Pettigrew — disse James, por fim.

Eles colocaram as mochilas no ombro e se preparam para sair, mas antes que James pudesse abrir a porta da nave, Remus apareceu correndo atrás deles.

— Esperem! Vocês não precisam sair.

Os dois homens o encararam confuso e ele tratou de explicar.

— A missão foi cancelada.

Sirius arregalou os olhos.

— Como assim cancelada?! — questionou. — Foi caro para caralho chegar aqui e agora querem cancelar? Vou tirar a porra daquele anão nem que arranque um dedo junto!

James não disse nada, ele tinha um péssimo pressentimento sobre isso.

Remus respirou fundo, sabendo que era difícil lidar com Sirius quando estava bravo.

— Ela foi cancelada, porque alguém já fez o trabalho.

Sirius soltou uma risada sarcástica, James o conhecia bem o suficiente para saber que estava se segurando para não socar a parede de metal. Isso já havia acontecido uma vez, e não tinha dado bons resultados para a mão de Sirius. Sem contar que James não gostava de agressividades na sua nave.

— Por que está tão quieto, James? — questionou Sirius. — Aposto que sabe quem foi. A sua maldita namorada.

Ao invés de responder, James virou-se para Remus, que confirmou com a cabeça.

Lily Evans. A melhor e pior coisa que já havia acontecido na sua vida.

Sirius estava errado em uma coisa, eles não namoravam. Não era porque James não queria, ele queria e muito. Provavelmente, até se casaria com Lily caso ela aceitasse. Conhecera a mulher em um bar, muito antes de ser preso e muito antes dela seguir o mesmo rumo de trabalho que ele. Então, James resolveu dar umas dicas e, também, pedir pelo número dela.

Lily não deu o número, mas usou muito bem todas as dicas de James. Tanto que agora ela vivia roubando todos os trabalhos dele.

Ela o deixava completamente maluco, e ele ainda era louco por ela.

No fim, não tinha muito o que ser feito. Não importava o quanto Sirius xingasse Lily, o melhor para eles era sair o mais rápido possível daquele planeta nojento.

Eles não tinham dinheiro para gastar, mal tinham dinheiro para os constantes reparos que precisavam fazer na nave. Porém, todos concordavam que precisavam de uma bebida, antes de saírem à procura de uma nova missão. Com certeza não era a escolha mais racional, no entanto, naquele momento, álcool era uma necessidade.

Abandonaram a galáxia que estavam, para uma com planetas um pouco mais ensolarados e que vendiam bebidas baratas. Os três sempre iam em um bar chamado Três Vassouras, foi inclusive lá que James conheceu Lily.

Sirius ainda estava muito irritado quando aterrissaram e insistia em xingar a outra mulher. James preferiu se afastar dos amigos, sentando-se sozinho no bar. Ele ainda gostava de Lily, contudo, não tinha como defendê-la. Não conseguia entender o motivo de ela ter roubado aquele trabalho deles, quem iria escolher botar os pés em Azkaban? Lily e a sua equipe, com certeza, conseguiam trabalhos melhores.

Comprou uma bebida azul e levemente gosmenta, mas barata e com a quantidade suficiente de álcool para que o ajudasse a esquecer os seus problemas. Estava prestes a pedir mais um copo, quando ouviu uma voz ao seu lado.

— Mais dois copos do que ele está bebendo — pediu Lily Evans. O barman era uma mistura de homem com polvo, que com vários braços, conseguiu encher rapidamente os copos, enquanto colocava bebida para outros clientes.

James quis rir ao ver a mulher ruiva sentando-se ao seu lado. Ele torcia para que Sirius não a tivesse visto entrar no estabelecimento.

— Imagino que deve estar cheia de dinheiro por estar me pagando uma bebida — comentou.

Lily sorriu, um sorriso que parecia inocente, mas James a conhecia melhor que isso.

— Acabei de voltar de uma missão — falou, como se ele já não soubesse disso. — Não pagava muito, mas o bastante para um copo disso — Lily tomou um gole da bebida e fez uma careta. — Se quiser posso te pagar algo melhor.

James realmente riu dessa vez.

— Entendi que você tem dinheiro — disse. — E com certeza não precisava ir até Azkaban para ganhar mais.

As palavras dele não a afetaram, Lily jogou os cabelos para trás e o sorriso no rosto dela não era mais tão inocente. James reparou o quanto ela estava bonita, com uma calça escura e apertada e a jaqueta vermelha que quase sempre a via usando. James tinha certeza de que, mesmo sem ter pisado de fato em Azkaban, o seu rosto estava mais pálido e cansado só por ter entrado naquele planeta. Ele não entendia como Lily poderia parecer sempre tão cheia de vida, não importasse o trabalho que fizesse, nada parecia afetá-la.

Talvez ele só pensasse assim por estar muito interessado nela.

— Eu gosto de um desafio — retrucou ela. — Não tenho culpa se também me ofereceram o trabalho em Azkaban.

James queria poder protestar, mas ele não tinha forças para brigar com ela. Quase nunca conseguia encontrar Lily, não tinha como contatá-la, era sempre ela que o achava. James temia começar uma discussão que a faria ir embora.

Virou o copo com a bebida suspeita, tentando ignorar a textura estranha descendo pela sua garganta.

Lily escolheu a próxima bebida, já que ela estava pagando. Era algo dourado e brilhante e com certeza mais caro do que o dinheiro que James poderia gastar naquele dia. 

Ela estendeu o copo para um brinde.

— É a primeira vez que nos encontramos desde que você saiu da cadeia — comentou. — Deveríamos brindar.

James concordou, já sentia o efeito que a outra bebida tinha deixado em seu corpo.

Os dois brindaram e, infelizmente, Lily não demorou para ir embora. Assim que terminou de beber, pagou pelas bebidas dos dois e saiu, mal se despedindo dele. James não poderia dizer que não estava acostumado.

Os encontros com Lily eram assim, rápidos e às vezes ele sentia que não passavam de um sonho, era como se James tivesse a imaginado ali do seu lado. A única razão para ele ter certeza de que aqueles momentos eram reais, era porque nunca seria capaz de imaginar alguém como Lily Evans.