Aos teus olhos - LevixSaku escrita por SrtaAthena


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Ui ui, eu sumida por aqui - nenhuma novidade.
Mas quem e vivo sempre aparece!

Uma One-short bem básica hihi com meu ship do momento s2

Tenham uma boa leitura!

Postado também no Spirit pelo perfil @SrtaAthena-



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Desde que nos vimos pela ultima vez não consigo tirar seu olhar da cabeça. Suas esmeraldas sempre tão brilhantes e viçosas, naquele dia, pareciam perder a vitalidade ao contemplar o corpo frivolo do marido naquela carroça, com todos olhando. Erwin tentou tira-la dali, me deixando como telespectador, preso a imagem dolorosa da mulher em seu amago de dor, que não arredou o pé diante de seu falecido companheiro.

Tínhamos ido como em inúmeras vezes. Todos sabiam do perigo, as muralhas estavam ali para nos protegerem de um inimigo com grandes vantagens, mas não deixávamos de dar nossos corações para um bem maior. Maior que amores e casamentos.

Se era assim, por que era tão doloroso?

Sakura sempre foi uma mulher gentil, com um temperamento curto, mas nunca deixava de ajudar quem precisasse. Não era atoa que atuava como médica da corporação, onde a conheci, assim como seu falecido marido. Tinha a atenção por onde passava, era bela e atraia suspiros por onde passava. Ve-lá tão destruída era torturante.

Erwin deu tudo que lhe era direito - apesar de que um corpo para enterrar já era de grande valia -, mas isso não significava nem a metade do que tinha perdido naquele dia. Não queria me acostumar de ver seu esplendor ser perdido com o luto - algo que ninguém podia fugir por muito tempo -, acho que por isso gostava de procurar seu sorriso em memórias reconfortantes, mesmo que fosse difícil apagar a imagem de tristeza quando deito pra dormir.

— Distraído?_ afasto a atenção daquele diálogo costumeiro, ouvindo a voz de Petra.

— De novo?!

— Não é a primeira vez!_ os murmúrios e gritarias soavam como uma buzina no meu ouvido. Minha equipe sabia de meus devaneios, já era natural ouvir gracinhas, mesmo que raramente - estranhamente estava ficando corriqueiro demais pra minha paciência. Eren sorria timidamente ao meu lado, mantendo as rédeas apertadas entre os dedos para não perder o controle.

Controle. Era algo que estava me faltando, principalmente aos meus pensamentos, queria parar de ver a imagem tão amarga da ex-Uchiha em meus sonhos, assim como em meus devaneios diurnos. Eu não era um homem assim.

— Capitão? _ suspiro, sentindo a brisa da manhã quente passar suave, adentrando a clareira larga onde nossas instalações residiam abandonadas. O castelo em ruínas parecia um chamariz pra insetos e umidade, meu nariz pinicava só de imaginar quartos abafados e fedidos a mofo.

— Desçam e amarrem os cavalos, temos muito o que fazer_ dou minhas ordens, desmontando do equino, entregando as rédeas a Petra, enquanto ia averiguar o que nos aguardava além dos portões grossos de madeira.

Tento apartar aquela linha antiga de minhas obrigações naquele momento, mesmo que no fundo me sentisse traído por mim mesmo em dar tanta importância a uma mulher que não tinha tanto contato. Mas sua silhueta não saia da minha cabeça.

Arrastei o portão, olhando bem o salão fechado e escuro. O símbolo da guarnição de exploração estava gasto e cheio de alguma coisa que não me recordava o nome. Poeira? Sujeira? Mofo? Tudo era incrivelmente impestiado por camadas intermináveis de pó! Nao dava pra ficar ali sem uma boa faxina.

(...)

O castelo estava nos conformes depois de muitas horas. Eren não tinha um pingo de destreza para limpeza, mas depois de espanar e varrer todo o portão 20 vezes creio que tenha entrado algum senso naquela cabeça esquisita.

Arrumei os lençóis dos quartos e escolhi qualquer um pra descansar antes de tudo. Fiz minha higiene depois de tirar aquela roupa apertada, deixando a janela para pegar os raios do final da tarde a fim de nao ficar suada. Coloquei roupas mais leves e desci pro salão, ouvindo murmúrios de conversas aleatórias jogadas ao ar.

— Capitão!_  Petra me esperava no pé da escada de pedra, me olhando singela. Ela sempre teve sentimentos ao meu respeito, conhecia sua família e era bem vindo no antro de sua casa, assim como os demais. Mas nunca lhe correspondi.

Desço sem retribuir a atenção, colocando as mãos nos bolsos da calça limpa, mantenho o olhar atrás da mulher de madeixas castanhas, me deparando com a visão de belos orbes esverdeados, deixando meus cabelos arrepiados. Parei eventualmente, sentindo os dedos preguentos de suor. Aquilo soava estranho, tão estranho quando a típica cor do cabelo da mulher de corpo robusto. Pisquei algumas vezes e balancei a cabeça, voltando a olhar com medo de que tivesse agindo como um idiota na frente dela e de minha colega de farda.

Mas não havia nada ali, apenas o olhar preocupado de Petra.

— Está tudo bem? O senhor está pálido como papel!

Suspiro. Estava frustrado - inexplicavelmente fadigado -  e agora vendo coisas?

— Está tudo bem_ falo, passando pela jovem, tentando disfarçar meu nervosismo pelo ocorrido. Deveria ser o cansaço de dias de trabalho, era a única explicação.

Depois da descoberta de Eren, não dormi tão tranquilo como de costume, pelo contrario, as vezes acordava suado e alarmado, com o medo apertando meu peito. Não conseguia explicar aquela sensação. Apenas sabia que pensar naqueles olhos me deixavam aquecido e, ao mesmo tempo, amargurado.

— Oh, Levi! Já estava preocupada que tivesse ocupado na faxina e não pudesse me receber _ Zoe apareceu no meu campo de visão como uma árvore em pleno crescimento. Os óculos grosseiros faltavam nas órbitas, deixando seu rosto nu enquanto bebericava uma xícara de chá.

— Não ao ponto de ignora-lá_ mantenho minha expressão de costume, sentando na frente da mulher de olhos vibrados, puxando uma xícara pra tomar o líquido quente na chaleira fumegante. Eren olhava Zoe fissurado, visivelmente admirado.

O ambiente parcialmente escuro não me permitirá ver traços detalhados dos demais, apenas ao que a luz amarelada da leva alcançava. Me acomodei despreocupadamente na cadeira, olhando Zoe e Eren terem uma conversa depois de termos discutido algumas coisas do treinamento do soldado recém formado. Parecia mentira ao olhar aquele garoto magrelo e imaginar que era um humano no corpo de titã.

— Ah, Levi, pedi que uma guarnição extra trouxesse um médico, estarei ocupada com os treinos e estudos, não estarei disponível_ ergo uma sobrancelha, encarando as sombras truculentas que se escondiam nos traços do rosto de Zoe, como se quisessem me pegar desprevenido.

— E Erwin?

— Já está sabendo, na verdade, foi ele quem sugeriu, e uma velha amiga_ oprimo minha curiosidade em fazer mais perguntas sobre o assunto, mesmo que Hange já estivesse ocupada respondendo as perguntas curiosas de Eren. Seria uma noite longa para os dois e não era eu que iria atrapalhar.

Deixei o salão a passos rápidos, os demais já tinham se espalhados pelo castelo, ocupando suas funções sem precisar relembrar ou gritar, gostava da interação de todos, além de nutrir uma verdadeira amizade, mesmo que não fosse de demonstrar. Parti pro meu quarto, ainda com o suor descendo pela linha da minha costa, me causando calafrios.

Me desfaço da camiseta suada assim que me acostumo com a solidão do quarto mal iluminado, me recolhendo nos lençóis bons da cama de solteiro, acomodando minha cabeça pra algumas horas de descanso. Ou quase isso.

Não demorou para que madeixas rosadas preenchem meus sonhos, me deixando cada vez mais confuso e angustiado.

(...)

— Levi? _ resmungo, engolindo o líquido quente com impaciência, sendo incomodando pela voz animada de Zoe.

— Uhm?

— Parece fadigado, aconteceu algo?

— Nada_ ignoro suas perguntas, me servindo de um pouco de chá, notando que não era o único cadáver na sala. Eren estava com uma cara horrível, com olheiras desbotadas surgindo em baixo dos olhos azuis.

— Uhm, e sempre tão fechado! Não vou me pertubar com isso, temos muito o que fazer hoje! Não é, Eren?!

Zoe era uma daquelas pessoas que amava o que fazia, não importava quantas noites em claro tivesse que ficar pra conseguir êxito ou explicar 20 vezes suas teorias ou descobertas sobre os titãs a algum coitado que ousava perguntar. Era a prova vivaz de alguém feliz com o que fazia - mesmo que fosse da guarnição mais sangrenta das três muralhas.

Depois de algum debate sobre o treino, retorno ao meu antro de "descanso" para vestir a farda, mas acabei parando no pé da escada, dando de cara com uma silhueta mediana, trajando a mesma vestimenta que usávamos na guarnição de reconhecimento.

O modelo alinhado realçava o corpo pequeno, quase como se fosse feito para ele. O cabelo até a altura dos ombros exalavam um doce aroma de cereja, deixando meus sentidos embriagados. Nunca gostei tanto da farda quanto gostei no corpo da Haruno.

— Levi, a quanto tempo_ seus lábios rosados atraíram minha atenção um tanto demais. Limpei a garganta, desviando o olhar da mulher a minha frente, exibindo um sorriso ladino.

— 5 anos_ sussurro, ouvindo o barulho das botas em contato com o piso de madeira, com Sakura bem na minha frente.

— Não mudou nada nesses anos, continua o mesmo Levi de sempre_ talvez nem tanto quanto pensaria. Volto a encarar seu rosto rosado, na qual acomodava um sorriso gentil.

— As vezes não percebemos o quanto mudamos_ sussurro, sentindo meu coração aquecido com o olhar esverdeado da mulher, que apenas alargou o sorriso, abanando as mãos na frente do rosto, com as bochechas levemente ruborizadas.

Se existisem anjos, estariam com inveja.

— Seus olhos não mudaram, disso não tenho dúvida, Levi!

Solto uma risada abafada, sentindo a pressão de noites mal dormidas se esvaindo como se nunca tivesse existido. Sakura era uma amiga, um pessoa que meu coração se importava, a que conseguia tirar o melhor e o pior de mim, mesmo que não soubesse.

— Talvez_ relaxo os ombros sem nem perceber, deixando aquela sensação fluir pelo meu corpo_ ou talvez seja apenas por que são seus olhos, Sakura.

A Haruno passou por mim, sorridente e animada, tentando esconder o rosto ruborizado por algum motivo, o que deixou meu peito mais confuso. Mas o que importava para mim, era que não precisava mais procurar aquela mulher feliz e sorridente em lembranças, pois a tinha ali, na minha frente.

O que viesse, seria a cargo de algo que não está ao meu alcance. E nada me deixava mais feliz e confuso do que estar do seu lado, do lado daqueles olhos tão encantadores.


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