2 semanas depois...

P.O.V Da Sam

— Já marcaram a data para o casamento? - Carly perguntou quando estávamos no salão.

Ela havia me arrastado para uma tarde de embelezamento.

Meu cabelo precisava mesmo de uma boa hidratação.

— Sim. - Respondi para a minha melhor amiga.

Freddie e eu tínhamos acertado a data. Podia até ser precipitado, mas iríamos casar logo, em poucos meses.

— E quando vai ser? - Ficou ainda mais curiosa.

— Não posso falar ainda. É segredo. - Vi o sorriso dela se desfazer no mesmo instante.

— Como você é má. - Fez biquinho.

Desde o término com o Gibson, Carly tinha entrado para um aplicativo de namoro e não parava de ter encontros, toda semana saía com um homem diferente.

Ouvimos o toque de mensagem do celular dela soar.

— Opa, é o Lance! - Sorriu toda alegre.

Ela respondeu a mensagem do tal de Lance com tamanha rapidez.

— Sério que agora você salva o contato de todos os caras que conhece nesse aplicativo? - Indaguei.

— Mas é claro. Agora eu tenho um monte de contatinhos, amiga. - Piscou e sorriu maliciosa.

— Hum, achei que...

— Que tal você fazer algo além da hidratação? Não quer mudar o cabelo? - Ela logo sacou que eu ia tocar num assunto proibido.

A Shay nem queria ouvir o nome do Gibby. A traição que gerou frutos foi demais para ela.

Carly não conseguia perdoar o ex.

— Você tem razão, Carls... Não aguento mais esse cabelo longo. - Concordei decidida.

Após horas no salão, saímos de lá, ambas lindas e renovadas.

Carly disse que eu estava um espetáculo com o meu cabelo novo. Mudei até a cor, tirando o tom dourado, e eu amei o resultado.

— O Benson vai babar muito, hoje tem hein, amiga? - Me cutucou.

Comecei a rir.

Freddie havia ficado em casa cuidando da Alice.

Ele era de fato o melhor pai que minha filha poderia ter.

[...]

— Uou! - Meu moreno exclamou quando cheguei em casa.

— Gostou? - Fiz charminho jogando o cabelo para os lados.

— Que lindo, amor. Amei o seu novo visual. - Me elogiou.

— Obrigada. - Me aproximei para lhe dar um selinho e acariciei sua nuca.

Avistei a Alice brincando no cercadinho.

— Oi, meu amorzinho. - Fui pegá-la no colo.

Ela arregalou os olhos para mim, sempre agarrava meus cachos, mas o meu cabelo estava só um pouco ondulado, minha filha ficou me encarando, um tanto confusa.

— Não gostou do novo cabelo da mamãe, bonequinha? - Beijei suas bochechas.

— Logo, logo ela se acostuma. Você está radiante, amor. - Freddie me olhava todo encantado.

— Me fala o que aconteceu. - Percebi que ele estava um pouco tenso.

O moreno olhava para os lados inquieto e depois esfregava as mãos, nervoso.

— Só aconteceu um pequeno incidente, mas não é nada demais, eu juro. Já dei um jeito e...

— Espero que a Alice não tenha quebrado nada, é perigoso, da última vez que ela aprontou alguma, eu quase morri de susto. - O interrompi.

Lembrei da nossa pequena derrubando a mesinha de centro.

Freddie abriu um sorriso todo nervoso.

— Ela manchou o tapete novo, derramou a sopa de beterraba, mas eu já coloquei o tapete de molho, mancha de beterraba sai com água sanitária, né? - Ai não, o meu tapete novinho felpudo não.

— Freddie, eu não acredito! - Exclamei.

— Eu compro outro, foi um descuido meu. - Se aproximou tentando me agradar e me acalmar.

— Da próxima vez coloque ela na cadeirinha de alimentação, nada de colocar ela no chão, ela sempre faz muita bagunça. - Olhei para a nossa bebê que piscou os enormes olhos azuis e bateu palminhas, sorridente.

— Não está brava? - O coitado ainda estava preocupado.

Crianças sujam as coisas e é normal.

— Não. Tive um ótimo dia com a Carly. Segure essa princesinha aqui. Vou trocar de roupa. - Entreguei a bebê para ele.

— Está vendo, Alice? A mamãe ama a gente. Ela não consegue ficar com raiva. - Fez cócegas na barriguinha dela.

Naquele dia, eu estava mesmo tranquila e de bom-humor.

Era tão bom estar em casa com a minha família.

Não conseguia ficar tanto tempo longe deles.

[...]

P.O.V Do Freddie

Meu celular começou a tocar. No visor piscava o número desconhecido. Atendi mesmo estando desconfiado. Sam estava na cozinha preparando o jantar.

— Alô? - Não tirei os olhos da Alice que engatinhava pela sala de estar.

A bebê era muito espertinha e ativa.

— Oi, amorzinho. Sentiu saudades? - A voz que fazia o meu estômago embrulhar soou causando-me calafrios.

— O que você quer? - Trinquei o maxilar.

Minhas mãos começaram a suar.

Cada músculo do meu corpo ficou tenso.

Era a Alexandra me ligando. Como ela ousava depois de tudo?

— Ah, querido, fale direito comigo. Muito cuidado com o seu tom. - Ela disse de forma manhosa e ao mesmo tempo dando um aviso.

— Mas quanta audácia! - Exclamei. - O que diabos faz me ligando? O que você quer? - Me irritei ainda mais.

— Preciso de mais dinheiro. E não tô pedindo. Estou exigindo! Quero que deposite 600 mil na minha conta. E com urgência! E não tente bancar o esperto para cima de mim, porque se envolver a polícia, a Samantha morre! - Era uma ameaça séria e muito grave.

— O quê? Como você ousa pedir dinheiro? Você só pode estar louca! Não vou te dar mais dinheiro e não adianta fazer ameaças, eu...

— Não estou brincando, Benson! 600 mil não te farão falta! Eu preciso dessa quantia! - Seu tom arrogante mudou para tenso.

Eu podia ouvir a sua respiração rápida.

Ela estava nervosa e com medo.

Alexandra estava correndo perigo. E que situação podia ter se envolvido?

Meu Deus, ela não tem jeito.

— Tudo bem. - Cedi.

Eu tinha medo, ela podia mesmo fazer algo com a Sam.

— Te amei de verdade e nunca te mereci, lamento ter feito o que fiz, eu perdi a cabeça, Freddie... - Ela foi interrompida por gritos.

Eram vozes masculinas e bem alteradas.

— Preciso ir, entro em contato em breve. - A ligação foi encerrada.

Alexandra estava em fuga.

Naquele momento, eu não sabia o que fazer. Se contava para a Sam ou não.

A mulher que sequestrou a nossa filha estava em apuros e precisava de mais dinheiro.

Aonde eu ia conseguir 600 mil dólares? Eu não tinha nem a metade desse valor na minha conta.

— Amor, o jantar já está pronto! - Me assustei quando minha noiva surgiu ao meu lado.

Tentei disfarçar, porém, Sam logo estranhou, ela foi pegar a pequena e me olhou séria já com a pergunta pronta à tiracolo.

— O que aconteceu? Você está até pálido. - Era tão evidente.

Se eu mentisse, ela saberia na hora. Não tive outra escolha, logo relatei tudo a ela.

— Jogue fora esse chip. Não quero você tendo contato com essa mulher. Você não deve nada a ela! - Sam estava muito alterada.

— Eu sei, mas...

— Não acredito que esteja com pena daquela desgraçada! Ela sequestrou a nossa filha e levou bastante dinheiro, depois de tudo que aquela mulher fez, você ainda sente compaixão, Freddward? - Ficou extremamente indignada.

— Não é nada disso! Será que você não entende? Ela fez uma grave ameaça contra você! Alexandra pode ser capaz de tudo e se ela cumprir com a ameaça? Sam, pelo amor de Deus, eu não posso te perder! - Me desesperei.

— Não tenho medo dela. É o que ela quer, nos colocar medo! Não podemos deixar essa louca nos atormentar novamente! - Ela disse com firmeza.

Como eu poderia contrariá-la?

— Se livra desse chip logo, assim a Alexandra não irá mais te incomodar. - Sam ficou me encarando.

Seu olhar era de pura raiva.

Tirei a capinha do meu celular, removi o chip do aparelho e entreguei a ela.

Sam ficou bastante satisfeita, fez questão de jogar fora.

Ao contrário dela, eu continuava preocupado.

Mesmo de longe, a Alexandra ainda poderia ser uma grande ameaça para todos da minha família.

Será que nunca iríamos ter paz?

Por quê a minha ex maluca tinha que reaparecer pedindo mais dinheiro?