Marlene's P.O.V.

Eu li em algum lugar certa vez que algumas feridas demoram mais para cicatrizar do que outras e às vezes a mesma ferida em pessoas diferentes também pode levar um tempo diferente. O problema é que descobri que o causador disso está voltando para Londres e eu só não sei como vou devidamente encará-lo depois de tudo.

Aliás, que falha a minha, não fiz a devida apresentação a você leitor. Olá! Me chamo Marlene, Marlene de Angelis McKinnon, e essa é a hora que você provavelmente pensa a respeito do meu nome do meio, bom, ele é de origem italiana. Morei em Veneza até os meus dez ou onze anos e então a minha família teve que se mudar para Londres, o que foi uma ótima coisa porque aqui conheci as pessoas mais incríveis do mundo — há algumas exceções.

Estudei no renomado Colégio Hogwarts durante todo esse período e depois fui aprovada na Universidade de Hogwarts para o curso de ciências políticas, que estou indo para o segundo ano. Além da música, essa definitivamente é a minha grande paixão profissional da vida.

Nesses anos morando entre os britânicos, conheci não a minha melhor amiga, mas acho que Lily Evans é mais como um anjo que a entidade superior colocou na minha vida para não deixar que tudo saísse do controle. Nós nos conhecemos no meu primeiro ano de escola e a conexão foi instantânea, passamos a fazer absolutamente tudo juntas e atualmente somos colegas de quarto na faculdade junto com as outras duas integrantes do nosso pequeno "squad", Alice Fortescue e Mary Macdonald.

Além delas, conheci ainda na escola um grupo de garotos que definitivamente tinha algo de especial. Eu gosto de denominá-los como "Os Marotos", isso porque qualquer confusão que acontecesse dentro dos limites de Hogwarts você poderia apostar que a culpa tinha sido de algum deles, se não dos quatro. Todos eles conquistaram o meu coração de formas diferentes, com seus jeitos únicos e divertidos, mas havia um deles pelo qual eu tenho plena certeza de que meu coração derreteu como se fossem rochas se transformando em lava vulcânica.

Sirius Black é, de longe e infelizmente, o grande destaque de seu grupo de amigos e não estou dizendo isso só porque passei alguns anos da minha vida apaixonada por ele, outras pessoas também acham eu mesma perguntei. Ele sempre foi um namoradeiro nato, era extremamente raro não vê-lo flertando com alguém ou coisa parecida e por muito tempo me peguei imaginando quando chegaria a minha vez — me dê um desconto, eu só tinha 15 anos e a própria Taylor Swift diz que quando você é jovem não sabe de muita coisa.

Foi então que o meu momento chegou, como um clichê adolescente, na semana do aniversário de James Potter — melhor amigo de Sirius e que se encontrava terrivelmente apaixonado pela Lily. Black e eu iniciamos então uma missão para fazê-los ficarem juntos no dia da festa, o que foi a tarefa mais difícil da minha vida inteira porque Evans tinha esse orgulho gigantesco e negava até a morte qualquer sentimento pelo Potter. No final, deu tudo certo, mas não apenas para os pombinhos, naquele dia eu também ganhei.

Lembro-me até hoje daquele par de olhos sobre mim o tempo todo enquanto conversávamos, ou mesmo quando eu me distraía.  Sirius me chamou para dançar na festa até que estivéssemos cansados demais, depois me jogou na piscina para fazer piada e foi nessa hora que tudo aconteceu. Ele entrou na água junto comigo e num movimento rápido e surpreendente me beijou, na frente de praticamente a escola toda, incluindo nossos melhores amigos.

Desse dia em diante as coisas apenas continuaram acontecendo e acho que essa foi a primeira vez em que vi Sirius ter olhos para apenas uma pessoa. Que sorte a minha essa pessoa ser eu, ao menos era o que eu pensava na época.

Nós namoramos até o final do ensino médio e até então estávamos fazendo planos juntos para a faculdade. Entretanto, fomos surpreendidos com a notícia de que Sirius recebeu uma proposta de intercâmbio em uma universidade norueguesa, a Durmstrang, e essa nem foi a questão, tínhamos ficado realmente felizes. O que acabou com tudo, foi uma conversa nossa uma semana antes dele ter que ir viajar.

Em resumo, ele terminou comigo, disse que não saberia como lidar com um relacionamento a distância e que seria melhor assim para não machucar nenhum dos dois. Eu até tentei insistir, disse que poderíamos fazer dar certo, mas foi em vão, pois se tem uma coisa que aprendi sobre Sirius durante esses anos foi que ele é terrivelmente teimoso.

A princípio terminar esse namoro foi algo difícil, mas ainda não tinha doído tanto porque foi realmente amigável. Ele disse que se fosse para ficarmos juntos superaríamos esse ano inteiro separados e foi no que confiei. Mas é o que dizem, confiar nas pessoas é sempre o primeiro passo para a decepção.

Duas semanas depois, ou um pouco mais, Sirius estava postando fotos e vídeos no Instagram em que sempre estava junto de uma garota que eu conhecia bem demais para saber que poderia odiá-la sem o menor dos problemas. Hestia Jones é a mais detestável das pessoas, imaginem Regina George versão britânica e ruiva, então terão a visão perfeita da "srta. perfeição".

Brigamos muito na escola porque nossos gênios nunca bateram, em minha defesa é simplesmente impossível de se conviver com alguém tão fútil e mesquinho. Fora isso, Hestia estava constantemente dando em cima de Sirius, mesmo em minha presença e que nós dois tentássemos cortá-la. Eu inclusive o questionei inúmeras vezes se sentia alguma coisa pela outra, mas ele sempre me garantiu que não havia nada e Jones era apenas uma amiga.

Bom, parece que "nada" é forte demais, já que agora estavam juntos em quase todos os lugares pelo que indicavam nas redes sociais. A minha confirmação apenas veio quando ela postou uma foto dos dois se beijando, um mês depois de Sirius ter ido embora, oficializando o que parecia ser o namoro dos dois.

O meu mundo obviamente se partiu em mil pedaços, foi a primeira vez que tive uma desilusão amorosa e na verdade se pudesse escolher eu preferiria nunca ter experimentado algo do tipo. Bloqueei Sirius e Hestia em todas as minhas redes sociais antes de entrar num estado de profunda tristeza que durou dois meses ou mais, fiquei literalmente como a Bella em New Moon depois que o Edward vai embora.

Minhas amigas fizeram um esforço gigantesco para me tirar dessa, as quais sou muito grata por terem realmente tentado. Por muito tempo até funcionou, apesar de às vezes ainda receber mensagens de Sirius ou então ligações através de James numa esperança de que conseguiria falar comigo, mas eu não lhe daria essa chance. Durante todo esse ano eu consegui me reconstruir, mas foi na última semana que tudo ruiu de novo.

Como eu estava dizendo, algumas feridas demoram mais para cicatrizar que outras, além disso muitas vezes você pode sem querer tirar a casquinha e então ela volta a sangrar e doer sem parar. Foi justamente o que aconteceu quando decidi que seria uma boa ideia desbloquear Sirius no twitter para só então descobrir que ele estava voltando para Londres. Seu intercâmbio tinha chegado ao fim, mas ninguém me preparou psicologicamente para reencontrá-lo, como é que eu iria fazer isso depois de todo esse tempo? E depois de constatar que ele ainda mexia com algo dentro de mim.

Infelizmente tive essa triste notícia numa segunda-feira letiva e me vi sendo obrigada a caminhar por aquele campus como se tudo estivesse completamente normal. A única coisa que me afastou um pouco da realidade e me permitiu passar pela tristeza como se deve passar, foi a minha playlist favorita de todos os tempos chamada "what a shame she's fucked in the head" que era um compilado de músicas tristes sobre término, raivosas sobre término e mais raiva só que direcionada a garota por quem fui trocada, todas escolhidas por mim. Lily diz que não é saudável, mas é isso ou chorar o dia inteiro no quarto em silêncio e acordamos que assim é um pouco melhor.

Estava me direcionando às escadas do prédio de ciências humanas, onde teria aula durante toda aquela manhã, quando ouvi alguém me chamar e tive que tirar os fones para ter certeza. Foi então que vi Remus subindo atrás de mim, segurando firme a bolsa carteiro marrom que parecia como sempre pesada demais.

— Meu deus garota… você… não escuta? — disse ofegante, apoiando-se nos joelhos para recuperar o fôlego. Não consegui conter uma pequena risada, ele deveria ter corrido um bocado para me alcançar.

— Desculpa, eu estava de fones — disse balançando os fios diante de seus olhos. Quando já estava respirando melhor, seguimos juntos para a sala. Remus e eu fazíamos aquela matéria juntos.

— Alguma playlist nova que você estava escutando? — perguntou referindo-se ao fato de que eu gosto de ficar criando playlists para as mais diversas situações.

— Nah, era uma que eu já tinha feito há um tempo… — dei de ombros e tentei sorrir minimamente, transparecer que estava tudo bem para não voltar a preocupar meus amigos com a volta dos meus momentos de tristeza.

— E aí, vai tocar no Three Broomsticks no sábado? — pergunta abrindo a porta da sala para mim e permitindo que eu entrasse na frente, sorri em agradecimento antes de passar me dirigir ao meu lugar de sempre: terceiro assento da segunda fileira de cima para baixo, com Remus sempre ao meu lado.

— Claro que sim, eu seria doida se não aceitasse esse convite da Rosmerta. Ela está contando com a casa cheia, então vai me pagar muito bem — dou de ombros e sorrio.

— Isso é ótimo! Vou falar com os caras, eles queriam ir para outro lugar, mas acho que consigo convencê-los a já que você vai estar lá — Remus vai falando, mas logo seu olhar se perde em algo na sala e eu acompanho, já sabendo exatamente o que era, mas meu sorriso malicioso vem quando encontro um cabelo rosa. Se ele pudesse ver a cara de bobo que está fazendo.

— Remus, você quer um paninho para limpar a baba escorrendo? — eu provoco com um tom de voz mais baixo, o despertando de seus devaneios sobre Nymphadora Tonks. Ele pisca repetidas vezes e dá um sorriso tímido, suas bochechas estão ganhando cor.

— Fiz de novo, né? — pergunta encolhendo um pouco os ombros.

— Remus, por que você não fala com a Tonks de uma vez? Você está enrolando com isso desde que fez matéria com ela semestre passado — Reviro os olhos e percebo que Tonks, sentada a algumas fileiras abaixo da nossa, se virou para nos cumprimentar com um sorriso e um aceno, ao qual respondemos, Remus um pouco mais tímido que eu. — Chama ela para ir no sábado, duvido que ela recusaria.

— Como pode ter tanta certeza? — ele pergunta meio inseguro. Para mim sempre foi muito curioso e surpreendente saber que Remus não se via da forma que as outras pessoas o viam, quer dizer o cara é bonito, tem um sotaque galês que me deixa de pernas bambas — e olha que eu nunca cogitei a ideia de ficar com ele — é divertido, inteligente, tem ótimo gosto musical e sempre muito gentil com todo mundo. Ainda assim, ele parece não se achar suficiente demais para sair com alguém, o que é absurdo.

— Eu não tenho certeza, mas você deveria arriscar. Não precisa dar a entender que é um encontro, diz que vamos todos juntos, como amigos e lá você pode ver como as coisas se desenrolam — aconselho e nesse mesmo momento o professor entra na sala para iniciar a aula, tudo a nossa volta já começava a ficar mais silencioso.

— Certo, eu… eu vou pensar — sorri de lado e se vira para começar as anotações.

Só tivemos meio período daquela matéria e a próxima eu não fazia com Remus, então provavelmente só voltaríamos a nos encontrar no almoço, o qual sempre passávamos juntos acompanhados dos nossos outros amigos. Acabei encontrando Mary saindo do mesmo prédio que eu e seguimos juntas até o local, que Lily tinha me avisado por mensagem, onde eles estariam.

Assim que cheguei já percebi uma certa reprovação no olhar da minha melhor amiga e tive que arquear uma sobrancelha, claramente não entendendo porque ela direcionava aquela expressão para mim.

— Olá Lily, tudo bem? — pergunto casualmente.

— Me diz você, vi no spotify que você estava ouvindo aquela playlist — diminui um pouco o tom de voz para que aquilo meio que só ficasse entre a gente, ou que no máximo só Mary e Alice sentadas ao nosso lado ouvissem. Foi exatamente isso que aconteceu, as duas se viraram como se aquela fosse a maior notícia do ano.

— Ah não, você não está ouvindo de novo? — Mary questiona com certa preocupação.

— Gente, calma. É só uma playlist da qual eu realmente gosto, as músicas são boas e… — eu não queria contar a elas sobre ter descoberto que Sirius estava voltando para Londres, estava cansada de deixá-las tão preocupadas comigo.

— Você já está sabendo, né? — Alice questiona e no mesmo instante as outras duas se viram para ela com reprovação, dizendo em uníssono:

— Alice!

— O que?! Tá na cara que ela sabe, do contrário não teria tido essa pequena recaída — volta a me olhar esperando pela resposta. Eu estava levemente nervosa, meus dedos se enrolando uns aos outros embaixo da mesa.

— Bom, sim. Eu meio que desbloqueei ele no twitter e descobri — coloco minhas mãos sobre a mesa, deixando de brincar com os dedos para apoiar-me nos meus cotovelos — Pelo jeito vocês sabiam, então? Quando iriam me contar? Depois que eu já tivesse esbarrado com ele pelo campus? — percebo que no mesmo instante elas abaixam um pouco a cabeça, como se tivessem percebido que foi um erro não ter me contado. Eu não estava brava, mas às vezes detestava que elas me tratassem como se não soubesse lidar com certas coisas.

— Estávamos decidindo como te contar — Lily começou a dizer, sua mão alcançando a minha — Não faz muito tempo que sabemos também, ele contou aos meninos no final de semana. James e Frank contaram para a gente, desde então estávamos pensando em como dizer a você sem que isso te deixasse… bom, assim como está agora — Cruzei o cenho e afastei minha mão um pouco.

— Assim como? E-eu não estou de jeito nenhum… — estava ficando cada vez mais difícil convencer a mim mesma daquilo. É claro que a notícia mexeu comigo.

— Lene… — Mary diz, tocando em meu ombro com gentileza. Foi só então que percebi que meus olhos estavam começando a encher de água.

— A gente pode só não falar sobre isso aqui? — Engulo em seco — Não quero mais ficar chorando na frente de todo mundo — as três assentem quase que ao mesmo tempo e sorriem numa forma de me reconfortar.

— Sei que só é segunda-feira, mas parece uma boa oportunidade para uma noite das garotas — Lily alarga seu sorriso e eu concordo com a cabeça, ciente de que era justamente disso que eu precisava: das minhas melhores amigas.

Sirius P.O.V.

Há poucas coisas na vida que eu realmente detesto, uma delas com certeza é a forma traiçoeira com que a mente humana e sua produção desenfreada de memórias funciona. Por exemplo quando você está em completo silêncio e aquela música irritante de um comercial estúpido começa a tocar no fundinho da cabeça, ou então quando você está fazendo as malas para voltar para casa e lembra-se da coisa mais importante que deixou para trás em todos os sentidos do termo.

Não que eu não tivesse pensado em Marlene Mckinnon durante esse quase um ano em que estive fora, sua lembrança apenas ficou um tanto quanto adormecida porque conheci uma nova pessoa que me atraiu sem que eu nem estivesse esperando. Ainda assim, às vezes era comum acabar sonhando com Marlene, ou pensando nela em momentos aleatórios do dia.

Isso apenas piorou um pouco na última semana, quando descobri que meu intercâmbio na Durmstrang tinha chegado ao fim e no final de semana seguinte já estaria de volta à capital inglesa. Eu não tinha parado para pensar ainda sobre como seria nosso reencontro, o que diria a ela? Havia realmente algo a ser dito? Ou mais ainda, Marlene iria querer me ver mesmo depois de eu ter quebrado seu coração?

Sim, eu tenho ciência de que fiz isso, mas definitivamente não foi com essa intenção. Na época em que terminei com ela fui o mais sincero possível sobre não querer um relacionamento a distância, porque eu não saberia lidar com algo assim e talvez a gente acabasse terminando de um jeito não tão amigável quanto foi o que aconteceu.

No entanto, eu só não estava contando com a presença de uma velha amiga nessa viagem. Hestia Jones é uma garota capaz de virar o seu mundo de cabeça para baixo, tudo começou como uma pequena aventura e a princípio eu nem queria me entregar a nada porque ainda estava terrivelmente apaixonado pela McKinnon. O problema foi que as coisas aconteceram meio fora do meu controle e quando vi estávamos namorando.

Eu disse a Hestia que não queria expor aquilo, expliquei todos os motivos e o principal deles era que meu término com a Lene ainda era recente. Porém, como disse anteriormente, tudo com Jones é meio… inesperado, por isso alguns dias depois dessa nossa conversa lá estava uma foto nossa escancarada no Instagram claramente dizendo que sim, Hestia e eu estávamos namorando.

Soube que Marlene já estava sabendo da notícia quando tinha me bloqueado em todas as redes sociais possíveis e imagináveis, o que me desesperou um bocado porque eu precisava falar com ela e tentar explicar. Foi então que comecei a tentar entrar em contato pelo James, ou pela Mary, mas de nada adiantou e no final eu levei um sermão enorme da Lily para que eu deixasse a melhor amiga em paz e seguisse com a minha vida.

Portanto, foi o que estive tentando fazer no último ano e esse tempo com Hestia realmente me fez tirar aquela loira da cabeça durante a maior parte dele. Ainda assim, estar longe dela me despertava essa sensação de que algo faltava, mas Remus acha que é porque ela esteve presente na minha vida — e no meu coração, por assim dizer — desde que tínhamos quatorze ou quinze anos. Marlene foi a primeira garota por quem me apaixonei e era essa a minha justificativa para me sentir da forma que estava me sentindo.

— Amor, já terminou de arrumar suas coisas? O nosso táxi já está chegando — A voz de Hestia surgiu em meu campo de audição e logo aquele emaranhado de cabelos ruivos surgiu no quarto. Ela estava, como sempre, muito animada, principalmente agora que estávamos voltando para Londres.

— Estou fechando a última agora — disse, voltando à realidade e indo mesmo fechar o zíper da mala.

— Eu estou tão animada para voltar. Mandei mensagem para o Regulus e ele disse que o clima em Londres curiosamente está ótimo, a natureza deve estar sentindo que estamos voltando — ela vem até mim e passa os braços ao redor do meu pescoço, me esforço para prender minha atenção naquele par de olhos azuis — Você não parece muito bem, aconteceu alguma coisa?

— Não, nada aconteceu… Acho que só estou um pouco ansioso para voltar. Sabe, já faz um tempo e… sinto falta dos meus amigos — afastei uma mecha de seu cabelo para atrás da orelha e depositei um beijo em sua testa. — Nada com que deva se preocupar, hessie.

Ela pareceu afastar qualquer questionamento que tivesse, pois tudo o que fez foi selar seus lábios com os meus antes de voltar para seja lá o que era que estava fazendo em seu celular. Terminei de arrumar algumas coisas que ainda precisavam ser colocadas na mochila e em quinze minutos ou menos já estávamos no táxi a caminho do aeroporto.

A viagem foi extremamente tranquila e tivemos apenas que fazer uma escala na França antes de seguir realmente para a Inglaterra. Regulus nos buscou no aeroporto e foi o primeiro sinal de que estava em casa, tanto é que o abracei quase como se fosse capaz de esmagá-lo.

— Tudo bem, Sirius. Já chega — ele reclamou, como sempre costumava fazer. Meu irmão não é nem de longe a pessoa mais chegada a demonstrações de afeto, principalmente em público.

— Qual é, Reg. Eu estava com saudades — finjo que fiquei chateado, mas tudo o que recebo como resposta é uma revirada de olhos do Black mais novo que me faz rir. Realmente tinha sentido falta do mau humor de Regulus.

Ele dirigiu até o endereço que Hestia tinha lhe passado, que era o do nosso apartamento. Jones não queria ficar nos alojamentos da faculdade, pois dizia que assim a gente não podia fazer “coisas de casal” segundo ela, o que na verdade é um pouco mentira porque, bem Hestia não é burra e ela sabe muito bem que Hogwarts não é exatamente um colégio de freiras. Ainda assim, preferi não discutir, se ela preferia assim então por mim tudo bem.

Começamos a desfazer as malas e desempacotar algumas coisas, mas duvidava que terminaríamos aquilo antes do final de semana terminar, já era sexta e eu tinha marcado com os caras que sairíamos no dia seguinte para nos vermos. Eles me disseram que havia um bar excelente na cidade, Three Broomsticks, era novo e gostavam muito de ir lá, então acabei aceitando. Hestia disse que também iria, contanto que eu a ajudasse a dar uma boa adiantada na organização do apartamento.