Café Crepe escrita por Julie Kress


Capítulo 1
Querida, cliente


Notas iniciais do capítulo

Hey, amores!!!

Mais uma fic sobre nossas meninas.

Talvez seja uma duo, depende de vocês.

Ótima leitura!!!



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P.O.V Da Sam

Já é a 133° vez que ela adentra a porta-dupla e a sineta toca anunciando sua chegada. Só sei o seu primeiro nome, na verdade, talvez seja seu apelido. Só sei o número exato de cada vez que ela colocou os pés aqui no Café Crepe, já virou algo rotineiro, sei de cor o seu pedido, ela sempre ocupa a mesma mesa, sua única companhia é um livro.

Jade.

Jade é a linda morena alta e com corpo de dá inveja, parece nova na cidade, já são 133 dias vindo frequentar a cafeteria onde trabalho de segunda à sexta.

Conheço nossa clientela, exceto ela que ainda é um mistério para mim.

Uma mulher calada, séria, contida. Tudo nela me atrai como um ímã e eu não consigo deixar de observá-la tentando decifrá-la por completo.

Óculos de grau e o batom vermelho vibrante são os adereços que lhe dão charme na medida certa, embora os belos olhos azuis-acinzentados e os cabelos negros sejam detalhes que completam sua beleza.

Não sei qual é a dela, talvez eu nunca vá saber... Só sei qual é a minha.

Estou interessada nesta mulher.

Cada vez que ela atravessa as portas amplas de vidro, o meu coração falha uma batida e acelera como o motor potente da minha moto.

Cada vez que ela se aproxima do balcão de atendimento, o aroma de baunilha e menta impregnam as minhas narinas aguçadas.

E toda vez que nossos olhares se encontram, eu sinto algo que nem sei explicar...

Os saltos das botas de couro sintético ecoam pelo piso bem polido do Café Crepe, a deusa de pele alva e cabelos negros como a noite se aproxima, carrega a bolsa com alça transversal, sei que lá dentro está o mesmo livro.

Ela está lendo Delta de Vênus... Ouvi dizer que se trata de um clássico erótico. Nada comparado a esses livrinhos da moda.

— Boa tarde. - É sempre o mesmo horário.

Às 15h:45min já virou rotina.

— Boa tarde. - Não consigo evitar o contato visual.

Os olhos azulados brilham e o batom vermelho cintila em seus lábios carnudos.

Tudo nela é sexy demais.

Não me intimido mesmo quando ela me encara séria, tem postura firme.

— O de sempre, por favor. - A voz soa como algo grave e aveludado, uma mistura doce e sensual.

Sei exatamente como ela gosta do café.

Lhe dou as costas e vou até à cafeteira, preparo a bebida quente, encho uma caneca média, sei que ela me aguarda pacientemente na mesa dos fundos ao lado do janelão.

Nada de leite ou creme, ela gosta de café preto com um sachê de açúcar. Café simples acompanhado de Croissant, uma fatia de bolo de baunilha com chocolate e um muffin de amora, é um lanche completo que ela sempre saborea sem pressa.

Arrumo a bandeja, sempre sou a única que a serve, às vezes pego horas extras porque ganho 12 pratas por hora, além das boas gorjetas é claro...

Entro às 07h e meu expediente normalmente termina às 18h:45min.

Saio de trás do balcão já com a bandeja pronta, o estabelecimento se encontra pouco movimentado neste horário, já vai dar 16h.

Às 16h:30min é quando ficamos atolados de pedidos para anotar.

Faz um ano e meio que tenho esse trampo, o que era um bico acabou se tornando um serviço fixo.

Só tenho 1 hora para chegar em casa, tomar uma ducha e correr para pegar meu turno no bar, é o meu outro emprego, eu trabalho de bartender de quarta à sexta.

Hoje ainda é terça-feira, estou livre depois que sair do Café Crepe.

— Seu pedido. - Lhe sirvo.

Ela me observa atenta, é quando começo a ficar nervosa.

Droga. Droga... Mil vezes droga.

— Obrigada. - Agradece.

Não é de muitas palavras.

Olho para o livro aberto deixado de lado, seu marcador tem um engraçado formato de caveira.

— Quer emprestado? - Sua voz me faz sobressaltar.

Eu estava tão distraída.

— Oh, não... Eu não curto leitura. - O que é verdade, leitura não me agrada.

— Delta de Vênus é um excelente livro. Já li 3 vezes. - Diz abrindo um pequeno e discreto sorriso.

— Que bom. - Não sei o que dizer além disso.

— Você é tímida. - Constata.

Não, não sou... Ela que me faz ficar desse jeito.

— Depende... - Sinto minha nuca pinicar. - Com licença, preciso voltar para o balcão. - Tento me retirar.

Ela mexe comigo.

— Calma, Sam. Está quase vazio. - Olha ao nosso redor.

É meu apelido que está gravado no meu crachá.

Tento relaxar, aperto a bandeja vazia contra o peito.

— Mais alguma coisa? - Pergunto.

Ela adoça o café e remexe o líquido lentamente.

— Que horas seu expediente termina? - Sua pergunta me pega de surpresa.

— Às 18h:45min. - Respondo.

Meu coração bate enlouquecido.

Sinto o seu interesse... É mútuo.

Ela abre a bolsa de couro, pega uma agenda e uma caneta vermelha.

Enquanto anota algo, reparo nas unhas pretas bem feitas e cortadas.

— Este é meu número. - Me informa.

Apenas dobro e rapidamente guardo no bolso, o gerente não iria aprovar.

Nada de relação com os clientes.

— Um encontro? - A ficha ainda não caiu.

Seu olhar já diz tudo, ela beberica o café, apreciando.

— Seu café é o melhor, sem sombras de dúvidas. - Elogia.

— Valeu. - Deixo a formalidade de lado.

— Com licença. - Já me preparo para me retirar.

— Aguardarei sua mensagem, ou pode me ligar para a gente combinar de sair qualquer dia desses. - Puta merda.

Já me sinto ansiosa.

Apenas assinto e dou meia-volta, não consigo mais conter o sorriso.

Ela está na minha.

Agora sei qual é a dela.

Sei que amanhã e nos próximos dias ela virá ao Café Crepe.

Sei que virá com seu exemplar de Delta de Vênus.

O mesmo batom vermelho.

Exalando o mesmo aroma de baunilha e menta.

E fará o mesmo pedido.

Mas desta vez será diferente.

Sei que ela vai vir para flertar comigo.

E claro, eu vou estar louca aguardando a sua chegada com tanto anseio.

Agora sei que é recíproco.


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Notas finais do capítulo

Inicialmente seria mais uma One.

Esta deixou com um gostinho de quero mais???

O que acharam???

Comentem se quiserem mais um capítulo para fechar como uma Duo-Fic.

Querem o encontro, né? Hehehe

Não esqueçam de favoritar. Bjs