Os Dois Lados da Moeda escrita por Jotagê


Capítulo 1
Chiste


Notas iniciais do capítulo

Chiste (dito que contém humor e sagacidade; gracejo ou facécia).



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O brilho da tela ofuscava a expressão contrariada no rosto de Enrico, que encarava o aplicativo aberto a sua frente como quem olha fixamente para um desafeto na rua: a solução mais sensata seria ignorar, mas também seria a menos emocionante.

Seu rosto bronzeado até poderia ser refletido por aquele celular apoiado dentre suas mãos, se não fosse pelas configurações exageradas de iluminação do aparelho.

De qualquer forma, seu nariz destacado e seus olhos escuros já estavam afundados demais naquela tela luminosa para se preocupar com outras coisas. Um assunto específico que, para o bem ou para o mal, sempre prendia sua atenção por completo quando ele abria uma postagem.

Sim, era mais um daqueles comentários genéricos e sem imaginação chamando sua personagem dentucinha favorita de "tirana". Sim, era aquele mesmo rapaz que sempre fazia esse tipo de comentário nos vários grupos do Facebook que ambos tinham a infelicidade de participar juntos, sobre o único interesse que os dois têm em comum.

E sim, aquele sorriso afrontoso desabrochando em seu rosto era o mesmo de todas as vezes em que ele parava em frente à tela para responder tais comentários desdenhosos com um meme, geralmente acompanhado por um escárnio contra um certo troca-letras.

Afinal, é assim que funciona nesse fandom (e em boa parte das comunidades de fãs pela internet): se você não é daquela tribo, é quase certeza de que você pertence à tribo oposta. E ele sabia bem qual tribo atingir quando se tratava do seu nêmesis internético.

Seus dedos fofos atingiam a tela em um ritmo frenético, acompanhando a velocidade ansiosa de seus pensamentos. O riso marcado em seus lábios cerrados crescia com cada palavra que surgia em sua cabeça e cada meme da galeria que pensava em mandar. Quanto mais seus comentários tomavam forma, mais dos seus dentes apareciam em um sorriso satisfeito, sutilmente amarelado de café e com um canino torto que fazia parte do seu charme.

Suas mãos apenas descansaram ao apertar “enviar”, e ele aproveitou aquela pausa para soltar o celular e dedilhar os cachos suavemente enroladinhos em sua cabeça, espreguiçando-se em seguida.

O moreno não se sentia intimidado pela tarefa de escrever textões ou ofensas engenhosas nessas situações. Afinal, ele era um escritor. E mesmo que as disciplinas em sua graduação de jornalismo não o preparassem especificamente para brigas na internet envolvendo personagens de gibis, ainda forneciam um bom suporte.

Seja como for, aquele tal Álvaro Nakamura Azevedo conquistou o desgosto de Enrico com seu repetitivo chiste contra a Moniquinha, que só tinha graça para aquele seu rival metido a “trolão” e alguns gatos pingados que reagiam religiosamente com “haha”. Enrico não podia dar coelhadas em Álvaro, mas ainda podia responder às provocações do loiro, e não desperdiçaria nenhuma chance.

Os dois rapazes podem nunca ter se conhecido ou se esbarrado na vida, mas olhar o rostinho prepotente na foto de perfil daquele Cebolafã já fazia Enrico revirar os olhos.

Oras, onde já se viu? Odiar a comunistinha mais amada do Brasil?


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Notas finais do capítulo

Olá, quero dar um bom dia e boas-vindas para você que acabou de chegar! Espero que minha história possa conquistar você e colocar um sorriso no seu rosto.

Se quiser deixar um comentário, eu vou ficar muito feliz! Abraços.



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