Bagagens escrita por Miss Siozo


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Sou eu aqui de novo com mais uma história nova! O universo dela é conhecido por alguns, mas não será necessário ler as outras antes dessa. Deixarei o link nas notas finais. Boa leitura!

A capa se trata de uma montagem sem fins lucrativos, todos os elementos utilizados são de direito de seus respectivos autores. Materiais encontrados no site Pinterest.



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Março era o mês que o inverno se despedia e dava lugar à primavera no Japão e em outros países do hemisfério norte. Também era o período das férias escolares das crianças japonesas. Uma pessoa que estava super empolgada para viajar era Shun, que faria sua primeira viagem internacional, por mais que não conseguisse entender muito bem o significado disso com seus quatro anos e meio. Ikki já não estava tão feliz por não ter conseguido conciliar suas férias com as de Shaka, seu namorado, como também não estava entusiasmado em reencontrar o tio que não via desde sua adolescência. No entanto, Hades queria conhecer seu sobrinho mais novo e o pequeno estava ansioso em vê-lo também. Com ambos de férias, o leonino não teria mais desculpas para dar e adiar mais uma vez a viagem.

 

Ikki estava em chamada de vídeo com o indiano e seu irmão o “ajudava” a arrumar as coisas para a viagem. Deixaria a chave com Shaka para que pudesse cuidar das plantas e deixasse a casa arejar um pouco enquanto estivessem fora, mas Shun queria assegurar que estaria tudo em ordem.

 

— Não precisa encharcar as plantas com água, o Shaka virá cuidar delas.

 

— Então o que eu posso fazer, nii-san? — fez um biquinho manhoso.

 

— Já escolheu o brinquedo que vai levar?

 

— Ainda não, vou sentir falta deles.

 

— Então eu te deixo levar mais um, desde que não seja grande. Vai lá escolher — voltou seus olhos para a tela do telefone — Ai, meu lindo! Como irei sentir saudades!

 

— Serão poucos dias, pense assim, meu bem — o indiano terminava o seu desjejum enquanto conversavam — Nós temos a tecnologia como aliada, é só combinarmos o horário para fazermos essas chamadas de vídeo e as mensagens de texto não vão demorar a serem respondidas.

 

— Está bem, isso aliviará um pouco a saudade, pois há coisas das quais as tecnologias não evoluíram tanto…

 

— Ikki… nem comece com esses papos…

 

— A gente bem que poderia tentar, apesar das limitações, se divertir um pouco. O pessoal que webnamora costuma fazer isso. Lembra de quando o Misty…

 

— Já sei onde que essa história vai parar. Só quero saber como faremos esse tipo de coisa com o seu irmãozinho que não gosta de desgrudar de você por nada.

 

— Nós temos uma prima quase da idade dele, acho que eles vão brincar tanto que a pilha dele vai acabar e ah! Darei o meu jeito!

 

O caçula havia entrado no quarto e o “assunto sujo” teve que dar uma trégua. Ele carregava nos bracinhos dois coelhinhos de pelúcia que havia ganhado dos gêmeos, Saga e Kanon, no último natal.

 

— Nii-chan! Eu vou levar os gêmeos porque eles são nenéns e vão sentir falta um do outro.

 

— Ótima escolha Shun! — disse Shaka — Eu sentirei a sua falta, meu pequeno.

 

— Eu também vou sentir sua falta, Shaka-chan! — estendeu a mão em direção ao celular — Posso conversar com ele um pouquinho, nii-san?

 

— Pode sim — sorriu — Eu preciso terminar de arrumar isso aqui. As suas eu terminei ontem.

 

— Um poço de organização quando se trata do Shun, um desastre quando se trata de si mesmo. Você não muda nunca — zombou do namorado antes de seu cunhado se afastar do cômodo com o aparelho.

 

— Pior é que você tem razão — riu de si mesmo.

 

Ele sabia que certas coisas seriam desnecessárias de levar, pois seu tio as providenciaria. Havia feito as malas da criança antes das dele, para garantir de que não havia esquecido tudo o que o pequeno precisava: roupinhas, remédios e alguns itens de cuidados e higiene pessoal dos quais sabia que não encontraria facilmente no estrangeiro.

O jovem pegava algumas de suas roupas casuais mais apresentáveis. Ele se lembrava do tio como um engomadinho, quase sempre o via de ternos caros, então não queria chegar lá um trapo.



 

Algumas horas mais tarde, os dois irmãos chegaram em território alemão. O inverno mostrava sua face em Berlin e estava mais frio lá do que quando embarcaram ainda no Japão. O mais novo se encolheu mais em meio ao frio e mais velho o pegou no colo, com a finalidade de aquecê-lo enquanto não conseguia recuperar as bagagens no aeroporto.

 

Nesse meio tempo, Hades encontrou e se uniu aos sobrinhos nessa espera. Shun estava encantado com o tio e o enchia de perguntas, havia chegado na fase das “quatrocentas perguntas diárias”, e por mais fofo que o menino fosse, era cansativo acompanhar aquele ritmo.

 

— Acho que está demorando demasiadamente, meu sobrinho. Tem certeza de que as despachou corretamente?

 

— Não é a primeira vez que viajo de avião, meu tio. Deve ter havido algum problema…

 

— Meu...meu… — a criança apontava para as malas de mesma coloração que as suas.

 

— Espera aí que eu vou ver — o mais velho pegou e viu que eram as do irmão — Ok, só faltam duas.

 

Mais cinco minutos e Ikki estava sob posse de suas malas. A viagem no carro do tio não levou mais do que quinze minutos, mas foi suficiente para despertar a curiosidade de Shun que estava sentado na cadeirinha na traseira do carro.

 

— Oji-san! — chamava a atenção do tio — Por que as pessoas aqui falam diferente? Eu não entendo nada do que elas dizem.

 

— Nós estamos em outro país, oikko-kun — aproveitou o semáforo vermelho para olhar para trás e explicar — Aqui na Alemanha as pessoas falam alemão, foi o que elas aprenderam a falar desde pequenas. Assim como você e o Ikki falam japonês, pois nasceram e cresceram no Japão.

 

— E nosso tio Hades fala muitas línguas diferentes — falava Ikki — Ele gosta bastante de viajar e será importante você começar a aprender outras línguas para conseguir se comunicar com mais pessoas.

 

— Quando a escola voltar, o Shun terá aulas de inglês — falava o sobrinho mais velho de Hades — Eu descobri que ele já fala bastante coisa recentemente — estava orgulhoso.

 

— Isso será muito bom, pois a sua prima Pandora fala pouco da língua japonesa. Acaba que por ter nascido aqui ela fala mais o alemão e o inglês, visto na escola.

 

— Então vocês não ensinaram o grego e o japonês para ela?

 

— Perséfone tem mais tempo com nossa filha, então as aulas  de grego estão evoluindo com mais rapidez do que as de japonês.

— A pior parte é a escrita, não é? — o tio anuiu — Já estamos chegando?

 

— Estamos quase lá.

 

 

Quando os três chegaram na casa de Hades, os dois irmãos foram muito bem recepcionados pela tia e pela prima. O anfitrião pediu para que um empregado levasse as bagagens para os quartos de hóspedes. Enquanto isso uma cena fofa acontecia na sala, duas crianças tentando superar a barreira idiomática.

 

— Hajimemashite, itoko-kun. (Prazer em conhecê-lo, primo) — disse a menina que havia ensaiado aquela frase algumas vezes.

 

— Nice to meet you, Pandora. (Prazer em te conhecer, Pandora) — o pequeno a surpreendeu dando um abraço — Thank you! (Obrigado!) — seu sotaque japonês deixava o momento ainda mais fofo.

 

— Até que está formulando muito bem as frases em um idioma que não é o nativo dele — comentou a tia.

 

— Eu sempre o considerei um prodígio — gabou-se Ikki.

 

As crianças haviam ignorado aquele papo de adulto. Shun apenas deu um abraço em sua tia antes da prima falar consigo outra vez.

 

— Do you wanna watch T.V?  (Quer ver TV?)

 

— Yes! (Sim) —  olhou para o irmão — Eu posso ir com ela, nii-san?

 

— Podem ir — fez um “joinha” que a prima entendeu como permissão dada.

 

— What do you want to watch? ( O que você quer assistir?)

 

— I like PAW Patrol. Do you know? (Eu gosto de Patrulha Canina, você conhece?) — ambos estavam empolgados.

 

— Yes, I know and I like it. (Sim, eu conheço e gosto) — sorriu — Come on! (Vamos lá!) — deu a mão para o menino e os dois foram juntos para a sala de TV.

 

—  Acho que o meu sobrinho sabe mais inglês do que te contou, Ikki — deu um breve riso — Ele é muito esperto e um doce de menino. Queria ter o conhecido antes.

 

— Está fazendo um excelente trabalho, mas não acha um pouco de responsabilidade demais sendo uma pessoa tão jovem?

 

— Agradeço a preocupação, mas nós vamos ficar bem como sempre ficamos — queria quebrar aquele clima de tensão que havia se instalado ali — Quero dar uma espiada naqueles anjinhos.

 

— Eles foram por aqui, me acompanhe — a esposa olhou rapidamente para o marido antes de seguirem para a sala de TV.

 

As crianças estavam sentadas quietinhas assistindo o episódio da Patrulha Canina. Vez ou outra soltavam um comentário na língua nativa de cada um e quando viam o olhar curioso um do outro, tentavam traduzir com precisão aquilo que disseram, um ótimo exercício para ambos. Em poucas horas, os visitantes já estavam bem ambientados na casa. Depois de assistir desenho e brincar um pouco com a prima, Shun estava cansado e o irmão achou melhor o caçula tomar um banho para que pudesse almoçar e dormir, e desse modo foi feito.

 

Após o cochilo das crianças, elas foram brincar mais um pouco com os brinquedos da menina e as pelúcias gêmeas trazidas por Shun. Aquilo fez com que ele se recordasse que havia deixado algo importante na mala do irmão, os presentes que havia feito para os tios e para a prima.

 

— Nii-san! — batia na porta.

 

— O que foi? Algum problema? — abriu uma fresta da porta para averiguar o que estava acontecendo.

 

— Lembra dos presentes que eu pedi para você guardar pra mim na sua mala?

 

— Ah! Os presentes! Lembro sim — suspirou alto — Eu preciso voltar para o banheiro, mas pode pegar aí na mala que está sobre a poltrona.

 

— ‘Tá bom! — o virginiano foi ver a mala e pegou a primeira sacola que viu e foi para a sala.

 

 

O pessoal já se reunia para jantar. A mesa foi posta com fartura, com opções da culinária japonesa, mas com outros pratos pertencentes à cultura local. Assim seus convidados poderiam escolher confortavelmente o que poderiam consumir. Todos estavam sentados à mesa, com exceção de Ikki, que estava um pouco atrasado.

 

— Acho melhor esperar o seu irmão antes da distribuição dos presentes — disse a tia Perséfone.

 

— Espere um minuto — disse o anfitrião — Recebi uma mensagem do meu sobrinho, parece que alguém trocou os pacotes.

 

— Opa! — levou as mãozinhas até a boca — O que foi que eu peguei Oji-san?

 

— Bom — agachou-se para falar em sussurro ao pé do ouvido da criança — Você pegou as meias e cuecas por engano, as sacolas tinham a mesma cor do presente. Agora, shhhi! — levou o indicador até a boca, pedindo silêncio sobre o assunto — Segredo, viu?

 

— Tá bom, Oji-san — soltou um risinho leve e recolheu a sacola errada — Vou lá trocar.

 

— Ai ai, essas crianças! — ele mostrou a tela do smartphone para a esposa que também precisou segurar o riso.

 

Não demorou muito tempo após a destroca das sacolas para que Ikki descesse as escadas de mãos dadas com o irmãozinho, para que ele não corresse o risco de cair. Logo se sentaram à mesa depois de Shun distribuir os presentes, desta vez corretamente. Todos ficaram felizes com suas lembrancinhas escolhidas pelos irmãos e depois começaram a refeição.

 

...

 

Os dias de férias se passaram com velocidades diferentes, ao ver de Shun elas passaram bem depressa e o menino conseguia se comunicar muito bem, já para Ikki foi uma pequena eternidade. Apesar dos perrengues, eles se divertiram, conheceram alguns pontos turísticos e quando foram arrumar as bagagens para o retorno tiveram que levar malas extras para os inúmeros presentes e compras que fizeram na Alemanha. 

 

— Tchau, meus sobrinhos! Nós prometemos que retribuiremos a visita! — disse o tio Hades se despedindo no aeroporto.

 

— Pandora quer muito conhecer o Japão e voltar a brincar com o priminho — disse a tia transmitindo o desejo da filha que havia confessado mais cedo.

 

— Vamos marcar no melhor momento — disse o leonino com um sorriso amarelo — Está na hora do último abraço, Shun.

 

— “Bye bye! I'm gonna miss you all so much!” (Tchau tchau! Irei sentir muita falta de vocês!) — disse o pequeno correndo para um abraço coletivo.

 

— Também vamos sentir saudades! — Perséfone apertou um pouco as bochechas dele e depois sobrou para o Ikki também.

 

— Tia…

 

— Vocês sempre serão nossos pequenos! — riu.

 

Anunciaram o voo e os irmãos embarcaram cheios de novidades para contar. Sentiriam falta de seus tios e prima, mas matariam as saudades das pessoas especiais que haviam deixado no Japão. Quando desembarcaram em sua pátria, não tardaram de encontrar suas bagagens. Shaka os esperava no aeroporto para ajudar na volta para casa.

 

— Vejo que a pilha dele acabou mesmo — disse o indiano — Ele parece bem cansado.

 

— Ele pegou no sono quase no final da viagem. Vai dormir bastante ainda.

 

— Então vamos logo pegar um táxi e colocar esse anjinho para dormir — e o namorado anuiu — Também está muito cansado?

 

— Só um pouco. Acho que podemos comer e quem sabe fazer alguma coisinha?

 

— Tudo bem. Acho que teremos algum tempo antes do meu cunhadinho despertar e querer contar todas as novidades da viagem, pois te conhecendo eu sei que essa parte pouco o interessa.

 

— Táxi! — conseguiu parar o primeiro carro. Shaka entrou com Shun dormindo em seu colo, enquanto Ikki ajudava o motorista a colocar as bagagens no carro — A melhor parte da viagem é quando a gente retorna — disse com um sorriso zombeteiro.

 

— É um bobo mesmo — deu um risinho baixo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham se divertido com a leitura. O universo dessa fanfic surgiu no ano passado por causa de uma fanart que me inspirou a fazer uma história tendo o Shaka como babá: “Babá Shaka”. Acabei expandindo a trama para um especial de Halloween chamado “Fantasias” e essa é a terceira fanfic desse universo. Haverão outras mais? Não sei, mas quando surgir, pode deixar que eu avisarei. Abraços e até a próxima história :)

Babá Shaka - https://fanfiction.com.br/historia/795361/Baba_Shaka/
Fantasias - https://fanfiction.com.br/historia/796840/Fantasias/



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