— Sasuke... — a voz manhosa de Naruto o acordou — você conseguiu terminar?

Foi como uma luz em meio a escuridão, fazendo-o se recordar da situação em que estava, mas preferia que não voltasse a estar lúcido. O cheiro forte de fraldas sujas o impedia de respirar livremente.

O bebê de cabelos negros e pele amorenada o encarava risonho com seus olhos grandes e escuros, balançando as pernas gordas no ar e sacudindo o que ele tanto procurava: lenços umedecidos.

Não pôde evitar um suspiro aborrecido. Toda vez que o filho adotado do casal sujava as fraldas, era o Uchiha quem o limpava e trocava. Naruto ainda estava aprendendo a ser um pai, incluindo a trocar bebês, mas ambos não podiam negar que o cheiro não era a coisa mais boa do mundo.

Sasuke sabia que não podia esperar muito do loiro nesses momentos, por que diferente dele o Uchiha cuidou de sua irmã mais nova Sarada quando esta nasceu poucos anos depois dele. Naruto, sendo filho único, não sabia nem o que fazer no início da convivência quando o bebê —nomeado Shisui— começava a chorar.

Era um desastre em qualquer coisa que envolvesse crianças. Talvez seja por isso que Sasuke se tornou mais do que responsável por Shisui.

Só que o cheiro não aliviava a atual situação.

Sasuke não pode evitar uma careta azeda que o ex-Uzumaki notou. Naruto não perdeu tempo em começar a rir, por mais que suas risadas sejam abafadas pela máscara que cobria toda sua boca.

— Do que está rindo? Você está de máscara, idiota — murmurou alto.

Shisui parecia se divertir em desviar os lenços das mãos ágeis do Uchiha mais velho. Quando finalmente os alcançou para limpar o bumbum sujo, Naruto falou:

— Não estou rindo de você, Sasuke. Mas não posso evitar, puf...

As risadas escandalosas agora preenchiam todos os cômodos da casa. O bebê pareceu contagiado por ela, logo desatando a rir junto.

— É mesmo? Então venha cá... — Sasuke quase sorriu maligno quando o loiro arregalou os olhos azuis para os lenços em suas mãos. Como uma bomba relógio prestes a explodir.

— Ah, não, obrigado... tô feliz aqui teme — sorriu amarelo.

Finalmente Shisui estava novo em folha. Assim que acabou a troca de fraldas, Sasuke observou o sorriso banguela do filho e sentiu o peito aquecer com um sentimento bom. Naruto fazia tentativas engraçadas de dar papinha para o bebê que não parava de rir enquanto um desenho infantil qualquer passava na televisão.

Aquela era sua família e nada nem ninguém poderia tirá-los de si, nem mesmo uma sociedade de pessoas que se neguem a aceitar casais gays no casamento civil ou até mesmo em documento para adoção.

Mas tudo aquilo era mais uma vitória que sente orgulho em esbanjar. Não importava que tipo de obstáculo enfrentaria a seguir, adotar Shisui foi mais um passo para que o triunfo preenchesse a casa de alegria.

Com eles, Sasuke poderia enfrentar qualquer coisa.