Laboratório de ciências escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 1
Benjamin


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a essa onefic que contará mais uma história especial sobre Benjamin Thompson, o filho de Leah e Elliot.
Espero que gostem de revisitar esses personagens tão queridos, que nos acompanharam por tanto tempo.
O aniversário é da MelBlack, mas o presente será para todos os leitores de O Legado.
Espero que gostem do presente.
❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️
Beijos e boa leitura para todos.



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Abri os olhos assim que o despertador do meu celular tocou, anunciando que as férias de verão haviam finalmente acabado e estava na hora de voltar para a minha rotina escolar no Instituto Belmont, uma das melhores escolas de Londres responsável por educar os herdeiros da nata do país.

Apesar de ser um local que proporcionável a melhor educação que o dinheiro poderia pagar, odiava aquela instituição com todas as minhas forças, simplesmente porque não era visto pelos corredores daquele local como um simples aluno do ensino médio, era conhecido como o “herdeiro dos impérios”, os quais incluía os negócios do Conglomerado Thompson e da marca Café Elba, ambos negócios pertencentes aos meus pais.

Viver a sombra desses impérios, sendo visto apenas como uma excelente “conta bancaria ambulante” me incomodava extremamente, pois nunca sabia se as pessoas se aproximavam de mim interessadas em me conhecer como individuo ou se beneficiarem do que meu sobrenome e status financeiro poderia proporcionar.

Já meu irmão mais novo, Ethan, não se incomodava em receber uma atenção diferenciada por causa do nosso sobrenome. Na realidade, ele se utilizava dessa vantagem para ficar com as garotas do colégio que não resistiam a lábia dele aliada ao status de ser um Thompson, mas comigo era diferente.

Sempre desejei ser reconhecido e respeitado pelo que era, além de tudo aquilo que meus pais construíram ao longo dos anos com muita dedicação e trabalho, só não conseguia saber como faria para que isso acontecesse algum dia.

Resignando e sem outra alternativa, levantei da minha cama e fui em direção ao banheiro fazer minha higiene pessoal, pois sabia que se demorasse muito para descer meu pai faria questão de bater na porta para me chamar, da ultima vez que isso aconteceu tive que ouvir um sermão de meia hora sobre a importância da escola na vida de uma pessoa.

Assim que estava devidamente pronto, usando o uniforme da instituição que incluía uma calça social vinho, camisa social azul clara, paletó azul escuro com o emblema do Instituto Bemont, gravata nas cores azul escuro e vinho e sapato social preto, peguei minha mochila em cima da poltrona e sai do meu quarto dando de cara com meu irmão mais novo, suspirei assim que o vi sem a gravata, usando seus inconfundíveis tênis vermelhos e óculos escuros.

— Ethan, você sabe que sua tolerância para advertências em relação ao vestiário acabou no semestre passado.- disse sério e meu irmão deu de ombros, ajeitando a mochila vermelha nos ombros que possuía inúmeros bottons, os quais incluíam imagens das suas notas musicais e compositores preferidos, carros de luxo e o símbolo do curso de medicina, a profissão dos seus sonhos.

—Sei disso, Ben, mas não vou mudar para agradar a diretora Robison, aquela ditadora. Além do mais, todo mundo sabe que só vou pra escola porque preciso do diploma para ingressa na faculdade de medicina. Se não fosse por isso, nem iria para a escola, sou avançado demais para aquele lugar...Então, se terei que ir para lá, será do meu jeito ou nada feito. - Ethan disse sério e revirei os olhos, enquanto descíamos as escadas em direção a sala de jantar.

—Mas o que...Ethan Harry. - papai disse sério segurando a xícara no ar, assim que viu como meu irmão caçula estava vestido para ir à escola no seu retorno das férias.

—Eu tentei, avisá-lo, papai. - disse suave colocando minha mochila na cadeira vaga ao meu lado, me sentando no meu lugar a mesa, antes de ser servido por Stella a nossa governanta.

 -Tenho certeza que sim, Benjamin. Ethan, não conversamos sobre como você deve seguir a norma do uniforme da sua escola? E não ficar inventando moda por lá?! Daqui a pouco vou ter que comprar uma maquina de café descente para a secretária daquela escola, já que vivo na sala da diretora Robison desde que meus filhos começaram a estudar no Instituto Belmont. - papai lamentou deixando sua xícara em cima da mesa, fazendo nossa mãe enquanto passava geleia em sua torrada.

—A culpa não é minha, papai, se a Ária começou a fama de arruaceiro dos Thompson no Instituto Belmont, só estou fazendo o meu papel de continuar o nosso bom nome de encrenqueiros naquele lugar de gente arrogante. Além do mais, doutor Thompson, o senhor e eu sabemos que não suporto seguir regras, ainda mais da ditadora da diretora Robison. Na verdade, meu lugar nunca foi no Instituto e sim na faculdade de medicina, mas o senhor se recusa a me deixar fazer o exame de admissão e utilizar o vasto corpo de advogados da empresa da família para entrarem com um processo, obrigando assim a faculdade me aceitar no seu corpo discente.- meu irmão disse sério e meu pai suspirou, antes de olhar para a minha mãe que sorria sem parar.

—Eu disse Leah, que aquelas aulas particulares de direito básico que nosso filho caçula insistiu em fazer no semestre passado na escola tinham alguma finalidade, ai está a prova...Ele quer obrigar a faculdade a aceita-lo no curso de medicina...Daqui a pouco, Ethan vai querer nos processar alegando que somos péssimos pais.

—Péssimos pais não, mas posso alegar para a corte inglesa que os dois estão me impedindo de seguir a profissão que nasci para exercer, pedindo assim a eles que me emancipem para que possa seguir o meu destino. - meu irmão disse sério, deixando claro que não desistiria da sua ideia, não se importando de recorrer até a justiça.

—Deus, o que foi que fiz para ter filhos tão geniosos...- meu pai lamentou suave olhando para o teto, antes de olhar para a minha mãe que negou com a cabeça sorrindo.

—Nada disso, Elliot, nossos filhos não herdaram toda teimosia de mim. Afinal, meu amor, você também é extremamente genioso.

—Tudo bem, meu amor, admito que tenho a minha parcela de culpa no temperamento dos nossos filhos. - papai disse resignando, antes de olhar para o meu irmão de forma séria. -Ethan, filho, já lhe expliquei que a faculdade de medicina não aceita crianças, querido. Quero que saiba, que se pudesse faria tudo que estivesse ao meu alcance e além dele para que realize seus sonhos, mas esse ainda não é o momento para que ingresse na faculdade de medicina. Meu amor, você acabou de fazer catorze anos, está no começo da sua adolescência e precisa viver cada etapa da sua vida, para que não se arrependa mais tarde por ter queimado alguma etapa além do mais, você é o meu caçulinha, o meu garotinho levado que tanto amo, e ainda não estou pronto para soltá-lo, muito menos admitir que cresceu e se tornou um adulto.

—Tudo bem, papai, posso esperar mais alguns anos para entrar no curso de medicina, além do mais a escola nem é tão terrível assim.- meu irmão disse malicioso, antes de deixar a sua mochila de qualquer jeito ao lado da cadeira que iria se sentar.

—Tenho até medo de perguntar, o porque dela não ser tão terrível. - papai segredou e mamãe revirou os olhos, chamando a atenção do meu irmão impedindo-o de se sentar à mesa.

—Nada disso meu jovem, suba agora para o seu quarto troque esses tênis e coloque a sua gravata. - mamãe disse séria apontando para o segundo andar e meu irmão revirou os olhos, antes de subir resmungando sobre o autoritarismo dos nossos pais.

— Essa eu conto para a Cece...Não acredito que o nosso filho cogitou em nos processar, Leah?! O que esse menino tem na cabeça?!- meu pai questionou sorrindo surpreso pela atitude do meu irmão mais novo.

—Não tenho a menor ideia, amor, mas precisamos admitir que o nosso filhotinho é esperto demais, algum dia ele vai acabar nos passando para trás.

—Duvido, sou mais esperto do que Ethan Harry acha que é. Afinal, consegui passar pela adolescência da Ária, que só saiu da linha uma vez quando foi presa.

—A Ária foi presa? Quando isso aconteceu? - questionei confuso deixando meu bolo de lado para questionar meus pais.

—Isso foi antes de vocês nasceram. Na verdade, foi até antes de conhecer a sua mãe e só para deixar claro, meu rapaz, não pretendo ver nenhum dos meus filhos novamente atrás das grades, por isso podemos mudar de assunto?! - meu pai pediu e balancei a cabeça concordando, porque também não tinha nenhuma intenção de ir parar em alguma cadeia, mas depois perguntaria para a minha irmã como ela havia parado lá.

—E você, querido, como amanheceu? Senti algo diferente? - mamãe questionou me sondando com o olhar deixando de lado o seu café, como se estivesse em busca de algo em meus olhos e sabia muito bem o que era.

Depois que voltamos das nossas férias em família em La Push, na qual além de visitarmos nossos parentes americanos aprendíamos sobre a nossa cultura materna já que um dia lideraria o povo Quileute, acabei tendo um acesso de raiva com Stella, nossa governanta, simplesmente porque ela havia arrumado o meu quarto.

Graças a Deus, minha mãe entrou no meu quarto e me repreendeu veemente, fazendo com que voltasse a razão e pedisse desculpas a Stella, por meu comportamento rude que me deixou mortificado. Afinal, jamais havia sido grosseiro que ninguém na vida muito menos com Stella, que era como uma segunda avó para mim.

Desde então, percebi que meus pais sempre estavam atentos a tudo que fazia, como se estivessem em busca de um possível sinal de que pudesse ter outro acesso de raiva, provocando assim a liberação da magia Quileute que corria em meu sangue, me transformando em um transfigurador como minha mãe.

—Estou bem, mamãe, não precisa se preocupar. - assegurei olhando para meus pais, tentando de alguma forma tranquiliza-los de algo que sabia que não teria nenhum tipo de controle.

—Sempre vamos nos preocupar, Ben, somos seus pais e é nossa função zelar por você e seus irmãos. - papai assegurou e mamãe concordou séria.

—Seu pai tem toda a razão, meu amor, além do mais, não desejo que você e seu irmão passe por uma transformação traumática como eu passei. - mamãe disse perdida em pensamentos e meu pai segurou a sua mão direita com carinho, antes de levantá-la e beijá-la com cuidado.

—Amor, não foi culpa sua... O coração do Harry estava frágil, qualquer susto poderia provocar uma fatalidade.

—Sei disso, amor, mas as vezes é difícil não pensar nisso...É difícil saber que meu pai não teve a chance de conhecer o homem que amo, muito menos os nossos filhos.

—Eu sei, meu amor, mas tenho certeza que assim como eu, seu pai não iria gostar de ouvi-la se culpando por um infeliz acidente.

—Você tem razão, meu amor. -mamãe disse suave e papai concordou, dando um ultimo beijo em sua mão, antes de soltá-la para que os dois pudessem voltar a tomar o seu café da manhã, enquanto ouvíamos meu irmão caçula descer as escadas reclamando.

—Pronto, papai e mamãe, satisfeitos?! Agora estou igual a todo mundo daquela escola antiquada. - Ethan disse frustrado assim que parou diante de nossos pais, cruzando os braços descontente com a sua vestimenta agora.

—E a gravata, Ethan Harry? -papai questionou indicando a peça com a cabeça, que estava colocada de qualquer jeito por cima da camisa do meu irmão.

—O senhor sabe que nunca consegui decorar a sequência de nós, tentei fazer o meu melhor com isso. - meu irmão disse dando de ombros nos fazendo rir, porque era verdade.

Na última vez em que meu irmão caçula, se esforçou para aprender sequência de nós quase acabou se estrangulando com a peça, desde então evitava a todo custo usá-la.

—Sei disso, amor. Vem cá, com seu pai, amor. - papai disse amoroso para o meu irmão, afastando sua cadeira, antes de Ethan se aproximar dele começando em seguida a ensiná-lo com paciência a fazer o nó da gravata, como nas outras vezes.

Assim que estava com a gravata arrumada, Ethan se afastou do nosso pai para se sentar no seu lugar tomando o seu café, em seguida saimos todos em direção a entrada da casa onde dois carros já nos esperavam, uma Mercedes preta que meu pai dirigia e outra da mesma marca só que prata conduzida por César, o motorista contratado por eles para que nos levasse e trouxesse da escola.

 Já que nossos pais não poderiam fazer isso por causa do trabalho e da faculdade, pois pela manhã meu pai cursava mais um pós-doutorado em cultura nativo americana tentando assim entender mais sobre a cultura Quileute ajudando, a proteger o legado dos meus antepassados, enquanto mamãe trabalhava no hospital, antes de encontrá-la lá no período da tarde.

—Amo vocês dois e juízo, principalmente para você, Ethan. - mamãe disse amorosa nos abraçando ao mesmo tempo, beijando nossas bochechas com carinho antes de nos soltar.

—Eu te amo, mamãe, mas não prometo nada. - Ethan disse dando de ombros nos fazendo rir, antes de papai nos puxar para um abraço duplo apertado.

—Papai, sei que ama a gente, mas está nos sufocando...- reclamei nos seus braços e meu irmão concordou, antes do nosso pai afrouxar o seu abraço sem nos soltar.

—Me desculpe, meus amores...Foi só...- papai começou a dizer e se interrompeu beijando em seguida os nossos cabelos, antes de nos soltar de forma receosa.

—Pai, está tudo bem? O senhor ficou sério de repente? - Ethan questionou olhando para o nosso pai com preocupação.

—Não é nada, amor. Acho melhor vocês irem logo para a escola, antes que se atrasarem. - papai disse nos dando um ultimo beijo e abraço, enquanto nos acompanhava com o olhar entrar no carro em que César mantinha a porta a aberta a nossa espera.

Enquanto Ethan conversava com César durante o caminho, aproveitei para estudar um pouco para a prova de ciências no qual sempre fui regular, só que no ensino médio não podia mais ser um aluno mediano nessa matéria, já que a mesma estava muito mais exigente esse semestre.

—Chegamos, meninos. Desejo uma boa aula para os dois e Ethan, tente se manter longe da diretoria. - César disse suave assim que abriu a porta para nós, após estacionar na entrada do Instituto Belmont.

—Obrigada, César. - disse gentil sorrindo para ele, saindo do carro depois que guardei meus livros na mochila lhe desejando um bom dia em seguida.

—Fica tranquilo, César. Apesar do que todos acham, não gosto de ficar tomando o café ruim com biscoitos de nata que existem na diretoria.

—Pois eu desconfio que gosta, afinal, vive mais na sala dela do que na sala de aula. - César brincou implicando com o meu irmão me fazendo rir.

—Alguém aqui tem que lutar contra as injustiças nessa instituição atrasada, César. - meu irmão disse sério como se esse fosse o seu papel ali e suspirei, porque Ethan nunca deixaria de ser um eterno rebelde e essa qualidade acabaria lhe colocando em sérios problemas.

—Está tudo bem, Benjamin? Você parece preocupado? - meu irmão questionou assim que nos afastamos de César e subíamos as escadas do prédio de pedra antigo, antes de entrarmos no seu hall que estava cheio de alunos.

—É a prova prática de ciências, você sabe que não sou bom nessa matéria e estou com medo de ficar reprovado nela. Se isso acontecer é adeus férias de final de ano em La Push e sabe que conto os dias para isso.

—É como si... De todos da nossa família, você é o que mais ama La Push. - Ethan disse enquanto parávamos em frente aos nossos armários que ficavam lado a lado, para que pudéssemos deixar nossos livros e pegar os que usaríamos nas primeiras aulas.

—Isso é verdade, não sei explicar, mas a cada ano a minha ligação com La Push fica mais forte...É como se ela me chamasse e cada dia fica mais difícil estar longe. - disse perdido em pensamentos tentando entender essa sensação que a terra dos meus ancestrais despertava em mim a cada ano.

—Isso deve ser coisa de alfa. Afinal, daqui a alguns anos você irá assumir o lugar da mamãe diante da tribo e da matilha.

—Sim, não vejo a hora disso acontecer. - disse ansioso e virei para ver meu irmão que estava tirando a gravata e jogando-a de qualquer jeito na mochila assim como os seus sapatos, antes de tirar seu par de tênis vermelhos do armário, colocando-os em seguida. - Como é que você...

—Elliot Thompson pensa que é esperto, mas sou muito mais que ele. Se quiser, quando chegarmos em casa posso te ajudar com ciências, sabe que sou muito bom nessa matéria, além de ser o presidente do clube de ciências da escola e durante a minha gestão, já ganhamos três campeonatos seguidos. - meu irmão disse sorrindo orgulhoso do seu feito e sorri diante da antítese que ele era.

Afinal, Ethan odiava seguir regras, mas quando se tratava de qualquer matéria relacionada ao futuro curso dos seus sonhos, não importasse as normas ele as seguiria apenas para aprender mais, como uma forma de se preparar para ser um excelente médico, do qual nunca tive dúvidas de que seria.

—Obrigado, Ethan. - disse agradecido a ele que deu de ombros, fecharmos nossos armários e caminhamos em direção as nossas salas que ficavam em andares diferentes, logo vi meu irmão cumprimentando seu amigo de infância Edgar, antes dos dois seguirem entre sorrisos e brincadeiras enquanto seguia para a minha aula de história.

—Nossa, pela sua cara parece que virou a noite estudando para a prova de ciências no segundo tempo. -Jéssica disse assim que me sentei na sua frente, colocando a minha mochila no chão antes de virar para vê-la.

Nos tornamos amigos no começo do ano, Jéssica havia saído de uma escola pública para estudar no Instituto Belmont quando seu pai ganhou na loteria, a maioria dos alunos daqui não gostavam dela e muito menos falavam com ela. Para eles a sua família era classificada como novos ricos que não possuíam berço, uma “espécie” da qual não poderiam se misturar ou seriam mal vistos, atitude essa que achava deplorável, pois Jéssica era uma garota incrível e uma amiga maravilhosa.

—Não precisa se preocupar, Ben, vai dar tudo certo, para a sua sorte sou boa o suficiente em ciências para nós dois. - ela segredou sorrindo para mim e agradeci comovido com o seu cuidado, mas o seu sorriso se apagou assim que Mônica entrou na sala e fez cara feia para Jéssica, deixando claro o seu desagrado.

—Pelo jeito, a sua namorada mesmo depois das férias ainda não me suporta. - ela disse sem graça e revirei os olhos, diante do comentário da minha amiga.

—Em primeiro lugar, a Mônica não é a minha namorada, só ficamos algumas vezes sem qualquer tipo de compromisso...Em segundo lugar, não vou deixar que uma garota mimada e egoísta ache que tem o direito de escolher as minhas amizades, apenas porque a beijei algumas vezes. Se tiver que escolhe entre a nossa amizade e um flerte, a nossa amizade sempre estará em primeiro lugar. -admiti sincero olhando nos olhos da minha amiga que sorriu feliz para mim, mas antes que pudesse dizer algo nossa professora entrou na sala e tivemos que nos sentar de forma adequada.

Implorei a São Lucas, o padroeiro da minha família, para que a primeira aula durasse o dia todo, era muito melhor ouvir a professora de história falando sobre a revolução francesa do que entrar no laboratório de ciências e fracassar na prova, mas tinha que ter alguma fé, afinal havia estudado muito para aquela avaliação e sabia que poderia contar com a ajuda da minha amiga, só esperava que tudo isso fosse o bastante para tirar uma boa nota.

Entrei no laboratório de ciências acompanhado da minha amiga, antes de seguirmos em direção a mesa em que costumávamos sentar, assim como todos os outros alunos da nossa classe, mas antes de entregar a prova o nosso professor revelou que não farias a avaliação com nossos pares habituais e sim com as pessoas com quem ele iria indicar o que me deixou apavorado. Afinal, sabia que poderia contar Jéssica para me ajudar já que ela era assistente de turma do professor, por causa das suas notas acima da média.

E para piorar a minha tragédia, o professor Jamison escolheu para ser a minha dupla a Mônica, a garota com quem fiquei algumas vezes e que estava me odiando por causa da minha amiga nova.

—Você se importa se for a sua dupla na prova prática de ciências? -ela questionou sorrindo para mim e dei de ombros.

—Por mim tudo bem...Só não garanto tirarmos um dez nessa matéria. - segredei sincero fazendo-a sorri e imitei seu gesto.

—Acho que podemos dar um jeito nisso, Ben. - Mônica disse sugestiva piscando, me fazendo corar sem graça ao relembrar das vezes em que ficamos juntos e decidi olhar para o meu livro de ciências aberto em cima da mesa, evitando assim pensar nos nossos encontros atrás das arquibancadas da quadra de esporte.

—Benjamin, posso te fazer uma pergunta? - ela questionou de repente me fazendo desviar os olhos do livro para vê-la.

—Claro, Mônica.

—Fiz algo errado? Ou disse algo que não gostou? Porque desde que essa garota chegou você tem me evitado de todas as formas. Por acaso, você e ela estão juntos? - ela questionou insegura e me senti horrível por isso, tudo que não queria era deixa-la mal daquela forma.

Sem dizer uma palavra, coloquei a minha mão direita em cima da sua e olhei em seus olhos claros, para que ela soubesse que estava falando a verdade.

—Você não fez nada de errado, Mônica, e Jéssica é só a minha amiga. - disse sincero e ela sorriu feliz em saber que não estava envolvido com ninguém.

—Então, isso quer dizer que podemos...- ela disse esperançosa e suspirei retirando a minha mão de cima da sua, balançando a cabeça em negativo.

—Não Mônica. O que aconteceu entre nós foi legal, gostei muito de ficar com você, mas isso não vai acontecer de novo, nesse momento prefiro ficar sozinho. - disse sério deixando claro que não queria nenhum relacionamento amoroso. Afinal poderia perder a cabeça por qualquer coisa e me transformar em lobo, colocando assim sua segurança em perigo e sabia que se isso acontecesse jamais me perdoaria.

—Tudo bem, já entendi que estou sobrando. -ela disse chateada e antes que pudesse dizer qualquer coisa, o professor começou a distribuir a lista de experiências que executaríamos para a obtenção da nota.

Frustrado, preferi deixar que Mônica pensasse que estava gostando de outra garota, pelo menos assim ela ficaria longe das minhas oscilações de humor que poderiam colocá-la em perigo. Respirei fundo e li a primeira questão da prova, que nos pedia para produzir uma solução com ação anti-bactericida, eficaz no uso doméstico e hospitalar. Sabia muito bem que tal solução era uma mistura de álcool etílico e água, só não me lembrava as porcentagens exatas para realizar a tarefa.

—Mônica, você lembra a porcentagem de álcool etílico e água, que precisamos utilizar para fazer a solução dessa questão? -questionei apontando a pergunta na folha em cima da mesa.

—Porque não pergunta para a sua amiguinha?! Afinal, ela não para de olhar para cá. - ela sussurrou com raiva e revirei os olhos, não acreditando que Mônica preferia ficar sem nota por ciúme da minha amiga.

—Muito maduro da sua parte, Mônica Coleman.- disse sério, antes de olhar para Jéssica sentada na fileira ao lado que tentava me dizer algo em mimicas, bem ruins por sinal, mas antes que pudesse entender o que minha amiga dizia o professor chamou a nossa atenção e tivemos que olhar para as nossas provas.

Ótimo, dessa vez estava realmente ferrado.

De todos os dias da semana, porque tinha que escolher justamente hoje para brigar com a Mônica?! No dia em que mais precisava de um parceiro de laboratório para me ajudar na prova, afinal duas cabeças pensam melhor do que uma.

Se pelo menos se ela soubesse que tudo que estava fazendo era principalmente para protegê-la, talvez Mônica pudesse entender as minhas ações, pensei comigo mesmo enquanto tentava me lembrar qual era a porcentagem de cada item para fazer a solução.

“Não se sinta culpado por ter magoado essa garota, Benjamin. Se ela fosse a nossa fêmea, nos entenderia melhor do que qualquer um...Você precisa encontrar o nosso imprinting, nossa companheira de alma...” -uma voz desconhecida implorou séria na minha mente e parei de respirar atordoado, mas antes que pudesse entender o que estava acontecendo minha cabeça começou a dor, me fazendo esbarar nos equipamentos dos laboratório antes de cair no chão desacordado.

“Benjamin...Benjamin...Benjamin...Você precisa acordar e sair daqui agora...” - a voz desconhecida começou a dizer na minha mente e abri os olhos confuso, sem conseguir enxergar nada por causa da quantidade de fumaça que havia no local.

—Socorro...- comecei a gritar enquanto me levantava do chão, mas logo comecei a tossir diante da quantidade de fumaça que havia no local.

“Benjamin, deite no chão e tente rastejar até a porta...” - a voz desconhecida começou a dizer na minha cabeça e a balancei negando.

—Não vou ouvir uma voz desconhecida na minha mente, na verdade nem deveria ter voz nenhuma na minha cabeça. - disse sério, antes de começar a tossir até cair no chão de joelhos.

“Não sou uma voz desconhecida, Benjamin, sempre estive com você, só não falei antes porque ainda era pequeno demais para compreender quem eu era...É só se lembrar das histórias que seus pais lhe contavam antes de dormir...” - a voz implorou preocupada e logo minha mente se iluminou com a verdade.

—Você é o espirito dos meus antepassados...Aquele que nasce com os Quileutes para guiá-los durante toda a sua vida...- sussurrei sem folego antes de começar a tossir novamente, deixando-o preocupado.

“Sim...E preciso que lute com todas as suas forças para sair daqui, Benjamin...Você possui sangue de guerreiros em suas veias...A liderança e força de um povo bate em seu coração, então não desista de lutar...Você precisa crescer para se tornar o homem grandioso que nasceu para ser, líder de uma nação e pai de uma prole poderosa...”- a voz disse ansiosa, como se estivesse preocupada com o meu estado, mas não conseguia raciocinar direito diante da privação de ar puro.

“Não feche os olhos Benjamin, você precisa ter a chance de crescer para que possa proteger e guiar o nosso povo e encontrar o nosso imprinting...” - a voz implorou desesperada na minha mente enquanto deitava no chão tentando de alguma forma respirar melhor, mas não estava fazendo efeito algum.

Antes que pudesse desmaiar novamente, senti alguém segurar nos meus braços e me arrastar para fora daquela fumaça toda, se sentando em seguida ao meu lado e reconheci meu salvador como minha melhor amiga, Jéssica, que tossia sem parar.

Antes que pudesse questionar qualquer coisa ou repreendê-la por ter se arriscado, entrando em uma sala em chamas para me salvar a médica do instituto veio prontamente nos atender solicitando que fossemos levados para o prédio em anexo, o qual era um pequeno hospital de suporte básico para atendimentos de urgência e emergência dos alunos e funcionários do local.

Ficamos deitados lado a lado usando máscaras de oxigênio a pedido da médica, apesar de não estar mais sentindo falta de ar. Assim que a doutora se afastou de nós, retirei a mascara que cobria a minha boca e o nariz para conversar com minha amiga, pois precisava desesperadamente saber se ela estava bem.

—Jéssica, como...Você está? - questionei sentindo um pouco de falta de ar, mas era uma sensação tolerável diante da preocupação de que minha amiga pudesse estar machucada.

—Estou bem...Tirando um pouco de cansaço. - ela disse cansada assim que retirou a máscara de oxigênio que usava.

—Que ideia foi essa de entrar...Em uma sala em chamas, Jéssica? - questionei sério repreendendo-a por sua imprudência.

—Não podia deixar o meu melhor amigo para trás...Não seria o certo fazer isso. - ela disse sincera e balancei a cabeça concordando, pois sabia que se fosse o contrário faria o mesmo por minha amiga.

— Obrigado por salvar a minha vida, Jess. - disse sincero olhando nos olhos escuros da minha amiga, que sorriu com carinho para mim, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa nossos pais entraram aflitos na sala acompanhados da médica do instituto, que assegurou a ambos que apesar do susto estávamos bem, só precisávamos continuar com a medicação e evitar esforço físico por algumas semanas, que logo todo o cansaço passaria.

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Passado o susto, contei aos meus pais o que havia realmente acontecido no laboratório, sobre a voz na minha cabeça e a dor que senti depois que a ouvi, provocando assim o acidente no laboratório da escola que felizmente não havia machucado ninguém. Houveram apenas perdas matérias que foram prontamente pagas por meu pai, que fez questão de entregar um laboratório de última geração para a escola, contendo um avançado equipamento de combate a incêndio.

Em retribuição ao seu “gesto”, o instituto fez questão de batizar o novo laboratório com o nome do meu pai que não aceitou tal gesto, em troca ele pediu que colocassem o nome do meu avô paterno nele, homenageando assim Adrian Thompson por todo reconhecimento que havia feito pela indústria farmacêutica da Inglaterra.

Em relação a voz que havia ouvido, meus pais asseguram que não havia nada de errado comigo, segundo eles era natural que o espirito de lobo dos meus ancestrais que vivia em mim, começasse a falar comigo. Afinal, estava a alguns meses de fazer dezesseis anos o que indicava que poderia me transformar a qualquer momento, apesar da compreensão dos meus pais em relação ao incidente no laboratório, os dois fizeram questão de me colocar para fazer aulas particulares de ciências, porque segundo os dois isso os deixariam mais tranquilos em saber que não colocaria mais a minha vida como a dos meus colegas em perigo, além de ficar três meses de castigo sem direito a mesada por esconder deles que não estava indo bem em ciências.

A mesma penalidade se aplicou ao meu irmão caçula, quando meus pais descobriram o verdadeiro motivo por trás da razão dele estar naquele momento nos corredores que davam acesso aos laboratórios de ciências, mas apesar de todo o susto estava feliz em saber que no fim ninguém havia se machucado seriamente por minha causa, principalmente a minha amiga.

E sobre as aulas particulares de ciências...Tinha que admitir que no começo elas estavam sendo uma verdadeira tortura, mas com o passar dos meses comecei realmente a amar aquela matéria, me tornando o melhor da turma de reforço assim como do instituto competindo de igual com Jéssica que estava feliz em saber que havia conseguido me entender com a sua disciplina preferida.

Assim que terminamos o ensino médio, a escolha da faculdade nos levou para caminhos diferentes, minha amiga decidiu cursar economia nos Estados Unidos e eu ingressei na faculdade de farmácia, a mesma que meu avô havia cursado anos atrás, mesmo com a distância sempre conseguimos manter a nossa amizade.

 Me dediquei de corpo e alma ao curso de farmácia no período da manhã já a tarde, fazia estágio nos laboratórios Thompson com o farmacêutico chefe, aprendendo tudo o que podia para que um dia pudesse assumir o lugar do meu supervisor.

O mesmo lugar que outrora havia sido do meu avô paterno, o qual não tive a oportunidade de conhecê-lo, mas desejava  que onde quer que ele estivesse ficasse orgulhoso por tudo que estava fazendo e pelo que iria fazer, quando chegasse a hora de assumir o seu legado que havia deixado para nós.

 


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Notas finais do capítulo

Imagens do capitulo:

Uniforme do Instituto Belmont:
https://br.pinterest.com/pin/337981147046188547/

Laboratório de Ciências:
https://i.pinimg.com/564x/3d/18/98/3d18981b59239afe1ae99f1e172d807a.jpg



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