Pink Sour escrita por Ray Shimizu


Capítulo 1
Proposta




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Meu nome é Park Mina , tenho vinte e cinco anos, atualmente estou morando em Seul, dividindo o quarto com uma amiga chamada  Kang GaEul, nós crescemos em uma pequena cidade do interior, então só imaginávamos como seria morar em uma cidade grande como aqui.

Nós não estamos tendo muita sorte, para começar, eu perdi meu emprego faz dois meses, e não consegui arrumar nada até agora, enquanto a GaEul, conseguiu um bico de garçonete. E exatamente o fato de estar desempregada, me fez aceitar uma proposta complemente idiota, e que me arrependo até agora do momento que eu falei " Eu aceito".

Bom, pra começar a história, desde a infância eu era confundida com um garoto, cabelo curto, um pouco desengonçada, e minha cara sempre lembrou a de um menino.

Hoje nem me incomodo com isso, passou o tempo em que eu me preocupava em tentar ser feminina, mas no final das contas, terminava recebendo bullying.

Ao contrário de mim, GaEul é uma mulher baixinha, meiga e delicada, e tudo o que faz parece fofo. Como sempre estamos juntas, as pessoas nos confundiam com um casal de namorados. Talvez seja por isso que ela continua solteira.

GaEul é a rainha das ideias malucas, e não foi diferente dessa vez. Pediu para acompanhá-la em uma festa, fingindo ser o namorado dela. Eu tenho um bom sexto sentido, e ele já me dizia para não entrar nessa furada.

— Por que você não chama um homem de verdade? Tenho certeza que candidato não te falta. - perguntei tentando encontrar uma lógica naquele pedido estranho.

— Ah, mas você é o "homem" mais bonito que eu conheço! Além disso, as pessoas já acham que somos namorados mesmo! - e lá vem ela com aquele bico, e olhos de cachorro sem dono. - Por favor!

— Não sei não. E eu nem tenho roupa pra festa, e se você não se lembra eu tô desempregada. Não tenho dinheiro para gastar com besteira.

— Mais um motivo para você ir. O anfitrião da festa, é dono de um... Hã... Restaurante! Soube que vai ter outros empresários, pode ser a nossa chance de conseguir um emprego bom!

— Escuta, onde você arranjou esse convite?

— O meu chefe que deu!

GaEul não me deu muitos detalhes, tinha mais história por detrás do "meu chefe que deu", mas eu não sei se queria descobrir. E como sempre ela me venceu pelo cansaço mental.

— Ainda sim, preciso de uma roupa.

— Pode deixar comigo, vou deixar você o "oppa"mais lindo da festa!

Com os olhos brilhando, e dando-se por satisfeita, GaEul foi até o seu armário e pegou alguns cabides, um vestido longo azul e um smoking.

— Aqui está a tua roupa! Vai ficar lindo de smoking! Enquanto à mim, vou usar este vestido!

Era óbvio que ela já tinha planejado tudo, e para evitar ficar mais nervosa não disse mais nada. Como eu estava extremamente cansada, então fui dormir. Enquanto GaEul falava sozinha sobre a tal festa.

No outro dia mais cedo, fui ao banco. Cada vez que eu olhava minha conta bancária eu queria chorar, a minha sorte é que sempre fui meio mão de vaca, então tenho algum dinheiro, mas ficar sem trabalhar, ainda mais em Seul, é desesperador. Talvez, eu realmente tivesse esperança de conseguir um bom emprego com aquele convite estranho da GaEul. Nem preciso dizer, que no dia da festa, ela estava eufórica e só pensava nisso.

Nós tínhamos que chegar lá às dezenove horas, e não era nem quatro horas, e já estávamos nos aprontando. GaEul. Acho que não comentei antes, mas ela costura muito bem, a mãe dela trabalhava de costureira para um almofadinha qualquer, e nunca teve seu talento reconhecido. GaEul, veio para Seul tentando conseguir trabalho em alguma grande empresa, mas nem preciso dizer, que não conseguiu nada até agora. Admiro ela por não ter desistido, porque se fosse eu... Ah, e foi ela que fez o smoking e o vestido. Juro, que se eu não soubesse, diria que foram comprados em alguma loja chique.

GaEul ficou horas se arrumando, enquanto eu só botei a roupa que ela me deu, e fiquei esperando.

— Você não vai terminar de se arrumar? - Ela me olhava desconfiada.

— Eu já me troquei, o que falta? - Pensei que talvez fosse pentear o cabelo.

— Como assim o que falta? Falta tudo! Você não tem jeito mesmo!

Sem esperar eu falar alguma coisa, ela saiu do quarto e foi até o banheiro, e voltou com as mãos cheias de coisas.

Não sei dizer exatamente o que ela fez, mas entupiu meu cabelo com produtos, e nem sei dizer o que ela colocou na minha cara, mas ao olhar no espelho, não me reconhecia, parecia que tinha virado um projeto de k-idol, e até que tinha ficado bonito, com certeza, eu me pegava.

— Meu Deus! Você está maravilhoso! As garotas da festa, com certeza vão ficar com inveja de mim! Hihi!

Quando olhamos no relógio já era quase seis e meia, precisávamos sair. GaEul só me entregou a chave de um carro e disse: Vamos logo!

Eu não estava muito a fim de ouvir a história da carochinha, então só peguei a chave. Era meu plano ficar quieta, só que olhar o carro na minha frente, me fez mudar de ideia.

— De onde veio esse carro?

Eu esperava um carro um pouco mais comum, mas ver que eu ia dirigir uma ferrari, já me fez tremer. E seu batesse aquele carro, como eu ia pagar? Não tenho dinheiro nem para pegar ônibus!

— Pedi emprestado pra um amigo, relaxa. Que eu cuidei de tudo!

— Cuidou como? Eu não quero sair arrastada de uma festa, e indo pra cadeia!

GaEul é uma boa pessoa, mas não bate muito bem das idéias, e eu quase fui presa por causa dessa maluca, mas essa história, fica para outro dia.

— O meu antigo chefe estava me devendo um favor, então eu pedi o carro dele emprestado.

— Se alguma coisa acontecer com esse carro, você que vai dar um jeito de pagar.

Era óbvio que eu estava suando frio, a gente podia pegar um táxi, mas ela quis fazer o mais difícil e chamativo.

— Imagina chegar em uma festa chiquérrima daquelas de táxi comum! Claro que não, né? Se não for pra arrasar, não tem porquê sair de casa! E pode ficar tranquila! Não vai acontecer nada! Não seja uma pessoa negativa!

— Você não existe.

Revirei os olhos, e entrei no carro, quanto antes chegássemos, mais rápido acabava com esse martírio. E por mais que eu não quisesse admitir, não é todo dia que se tem a oportunidade de dirigir uma Ferrari.

— Tenho certeza que vamos conseguir alguma coisa legal nessa festa, algum contato para ajudar a gente, se não, ao menos a gente vai se divertir!

— Só não vai se meter em encrenca.

— Claro que não! Eu sou uma pessoa muito cautelosa!

— Aham... Claro. - GaEul notou o meu tom sarcástico, e já ficou de mal humor.

Passamos o caminho todo discutindo, e claro que não consegui botar nenhum juízo naquela cabeça. Mal saí do carro, e ela já começou a me chamar de "oppa" e agarrou meu braço.

Realmente, aquele lugar não era pra mim, o salão de festa era imenso, decorações em porcelana, rosas brancas por todo canto, lustres e vasos que com certeza são os olhos da cara.

— O que exatamente a gente veio fazer aqui?

— Se divertir, ué! - GaEul sorriu, como se a gente estivesse em um lugar qualquer, e os olhos dela logo mudaram de direção, e o sorriso se alargou ainda mais - Unnie!!!

— Nossa, quanto tempo! - Um sorriso forçado, saiu do rosto daquela mulher. Era bonita, feições delicadas, talvez tivesse a minha idade. - Não imaginava te encontrar por aqui... E quem é ele? - Logo o rosto dela se voltou para mim, me analisava da cabeça aos pés.

— Faz tempo, né? um ano talvez? Ah, esse é o Park JunHo, meu namorado!

— Prazer. - a única coisa que eu fiz foi cumprimentar, eu não sabia o que fazer, nem onde enfiar a cara.

— O prazer é meu, meu nome é Kim Nabi.

Impressão minha, ou ela mudou a voz pra falar comigo? Deixou mais aveludado, parece, ela tá me olhando meio esquisito... Até me deu um frio na espinha... Espero que ela não dê em cima de mim.

— E o que tem feito? Imagino que tem muitas novidades para me contar - A cara de deboche da Nabi me incomoda.

— Claro que tenho! Eu fui estudar nos Estados Unidos, e parece que vou ser contratada pela High Style 8!

Que história foi aquela? Ela nunca foi para fora do país, e estamos desempregadas! Que raio de mentira é essa que ela está contando? Eu só fiquei quieta, observando. Provavelmente o objetivo era fazer a Nabi ficar com inveja, e parecia estar funcionando.

— E você, o que conta de novidade?

— Depois que eu venci o concurso do ano passado, fui convidada para fazer roupas da Zzarii Dresses. Eu me cansei de lá, e agora, eu tô procurando alguma coisa que combine mais comigo.

É impressão minha, ou as duas estão só dando uma de João sem braço? Eu não quero me meter nessa conversa.

Resolvi deixar as duas trocando fake news e fui ao banheiro, não sei se é porque estou tensa, mas preciso muito fazer xixi.

Com certeza o motivo da gente ter vindo nessa festa, não foi arranjar contatos e um bom emprego, GaEul queria impressionar aquela mulher, e sabia que ela estaria aqui. Agora, o porquê de ela querer tanto isso, eu não sei.

Saí do box, e dei de cara com rapaz, aparentava ser um pouco mais velho, e também era mais alto. Os olhos dele estavam vermelhos e inchados, chorava horrores.

— O que foi? Tá passando mal? Se machucou?

— N-não, é que...

Olhando ele tentando engolir o choro, era de partir o coração. Ele estava molhado, cheirando a álcool. Será que alguém na festa implicou com ele?

— Alguém jogou bebida em você?

— Bem, sim... - o rapaz só encarava o chão envergonhado, constantemente colocava as mãos nos olhos para limpar as lágrimas.

— Me fala o que aconteceu, quem sabe eu não posso te ajudar? Ou ao menos quebrar o nariz de quem fez isso com você.

— A culpa foi minha, eu fui encarregado de cuidar do bar, mas eu não sou muito bom nisso. Mas o contratado não compareceu, e não tinham quem colocar no lugar. Acabou que fiz um drink horrível, e a convidada jogou a taça em mim. Foi só isso. Eu só acho que depois disso, vou perder meu trabalho. - Ele dizia tudo entre lágrimas e soluços.

Suspirei, óbvio que a probabilidade de piorar a situação era grande, mas também não podia ficar de braços cruzados.

— Lava essa cara, e troca de roupa! As bebidas não vão se fazer sozinhas! Você vai aprender a fazer as melhores bebidas em quinze minutos!

Na verdade demorei meses para fazer alguma coisa que meu tio aprovasse, mas ele é muito exigente, mas graças a isso, meus drinks são os melhores! Pena que no meu último trabalho, eu esmurrei um cliente, e perdi meu emprego.

Ele não me pareceu muito otimista, como se desconfiasse do que eu estava falando, provavelmente só obedeceu, porque não tinha muito o que fazer, a não ser acreditar em mim.

— Meu nome é Park JunHo, qual é o seu? - não faço ideia porque a GaEul me deu o nome de JunHo, o nome até que não é ruim.

— Ah... Me chamo, Lee DongHae.

DongHae foi para um quartinho nos fundos trocar de uniforme, voltou rapidamente, o balcão do bar estava vazio, e com convidados reclamando por não ter ninguém para atender, e assim que pisamos lá, outro cara apareceu, parecia sério, e com cara de poucos amigos, DongHae pareceu entrar em pânico, provavelmente ele era o chefe por ali.

— Onde esteve? Os convidados estão reclamando.

— E-eu...

— Desculpe, Ajusshi. Eu não estava passando bem, e ele me ajudou a ir ao banheiro.

— Certo. - aquela encarada, fez meu chão sumir, se tivesse um buraco eu me enfiava ali, com certeza ele sabe intimidar as pessoas. Sua atenção logo voltou ao DongHae. — Não quero ver você mais aqui. Eu vou cuidar disso. Vá para casa.

— Não seja cruel. A culpa não é dele! - Sem pensar eu já estava defendendo o coitado. Eu não queria me envolver em nada, e eu já até arranjei atenção do chefe para mim.

Enquanto eu estava sendo analisada de cima a baixo pelo cara, passou alguns segundos, até que eu resolvi quebrar o silêncio.

— Posso ajudá-lo, se me permitir.

— Ah é? - O olhar dele ainda era intimidador, mas dava para notar que ele ficou curioso de alguma forma. — Ajudar de que maneira?

— Vamos fazer assim, você pode me pedir a bebida que desejar, eu vou preparar, se aprovar, eu fico e o ajudo a preparar as bebidas para os outros convidados, e ele não perde o emprego!

— Certo, pode ser... Faz um Pisco Sour.

Ufa, até que ele pediu uma coisa simples, tudo bem, tem bebidas mais fáceis, mas pelo menos ele não quis me sacanear.

DongHae ficou me olhando com cara de paisagem, eu fui para atrás do balcão, peguei os ingredientes que eu precisava. o chefe com cara de Conde Drácula, sentou em um banco no bar, ficou observando. Em algum momento, formou uma plateia ao redor, tudo o que eu queria, claro... Chamar atenção. Inclusive GaEul estava bem perto do balcão, soltava altos suspiros, falando alto " Meu oppa é incrível!".

Eu sabia que não ia passar vergonha, alguma coisa nessa vida eu aprendi a fazer direito, e se não fosse um cliente imbecil, eu ainda teria meu emprego.

Meu tio sempre me falou que cinquenta por cento de um bom drink, é ter uma boa performance, quero dizer, fazer belos movimentos, e ao menos aparentar saber o que está fazendo.

Bebida preparada, agora era esperar o veredito, sinceramente espero que o DongHae não fique desempregado, sei bem a sensação, e não ter dinheiro para nada, nem para pagar as contas é horrível.

— Pode assumir o posto. - Enfim o resultado, depois se dirigiu ao DongHae. — Vê se aprende alguma coisa enquanto está aqui.

Dado o fim daquele show não contratado, acabei por virar o bartender daquela festa, nem imaginava que eu acabaria assim, mas até que não é ruim, ao menos fico longe das bobagens da GaEul.

— Aquela garota, é sua namorada? - DongHae, me perguntou, parecia curioso.

— Ah... é, algo assim. - Como não posso revelar que sou uma mulher, então ter uma namorada, me ajuda a evitar alguns problemas.

— Vocês fazem um casal bonito, queria ter uma namorada também. - DongHae parecia ser o tipo de cara tímido, sempre desviava o olhar das pessoas.

— E obrigado por salvar minha pele. Tô te devendo uma.

Eu fiquei um pouco sem graça, então apenas sorri.

Pensei que ia ficar entediada por aqui, mas poder fazer drinks a noite toda, até que foi divertido. No fim da festa, o chefe veio falar comigo.

— Até que se saiu bem. - percebi ele esboçando um semi sorriso. — Como se chama?

— Park JunHo.

— Você trabalha nesse ramo? Percebi que tem bastante prática.

— Trabalhei bastante como barman.

— E agora faz o que?

— Atualmente não estou trabalhando.

— Aliás, nunca te vi... você veio com quem?

— Vim com a minha namorada, ela recebeu um convite de um amigo, e vim para a acompanhar.

— Hum...

A aura dele era intimidadora, sempre que olhava para mim, sentia como se tivesse passando em um scanner. Notei que ele desconfiou de alguma coisa, fazia várias perguntas, me senti em uma entrevista de emprego, não menti sobre nada, apenas o meu nome, e que a GaEul era minha namorada.

Só percebi o motivo daquelas perguntas todas, quando ele falou o seguinte:

— Venha trabalhar comigo.

Eu teria com certeza falado "sim", sem pensar duas vezes, se ele não tivesse me dito uns segundos antes que era dono de um host club.

— Ah... Eu adoraria, mas não vou poder.

— Por que não? Você disse que estava desempregado.

— Sim, eu disse. Mas eu tenho namorada, ela não ia aprovar eu trabalhar em um host club, e eu sou bem tímido para lidar com mulheres...

— E ela aprova você ser desempregado?

— Claro que não, mas também não acho que ela ia querer eu trabalhando em um host.

— Você tem bastante carisma, uma boa aparência, e faz boas bebidas. Acho que seria bom para nós dois. Eu estou precisando de um barman, e você de um emprego. Além disso, você apenas vai ficar no bar, estou pagando quarenta mil wons por hora de trabalho.

— Quarenta mil wons?

Eu precisava trabalhar por dois dias pra ter esse dinheiro no outro emprego, e eu vou poder ganhar isso por hora?

— Acho que você poderia aceitar, vai ser legal trabalhar com você. - DongHae, estava quieto até aquele momento. Ele é muito bonito, mesmo sendo tão estabanado. E para trabalhar em um host, ter uma boa aparência é oitenta por cento do trabalho.

— Hm... — Queria muito aceitar esse emprego, mas tenho certeza que trabalhar fingindo ser um homem vai ser muito trabalhoso, ainda mais em um host, com certeza era problema na certa, eu sabia disso muito bem! Mas o dinheiro acabou falando mais alto — Está bem, aceito a oferta.

—---

Vocabulário:

Oppa: Forma íntima que as garotas se referem aos garotos mais velhos. ( Logo vão aparecer mais sufixos).

Ahjusshi: Senhor

Unnie: Forma íntima que  uma mulher mais nova, se refere a outra mulher mais velha.

Won: Moeda sul coreana. (40 mil won dá mais ou menos 180 reais).


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