Todas as juras de amor escrita por Rafa Masen


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Olá, minhas Julietas, como estão?
Eu estou muito contente de ter conseguido escrever essa one para vocês! Foi um desafio e tanto, uma vez que além de seguir o combo da POSO eu ainda resolvi que seria uma continuação de Razão de viver que eu escrevi em junho e que eu também senti que ficou com um gostinho de quero mais.
Elas não são dependentes uma da outra, então você consegue entender essa sem ler Razão de viver, mas é interessante conhecer o ponto de vista de Edward.
Eu espero que vocês gostem e que ela sacie essa sede que ficou do ex Volturi.
Espero que vocês gostem.
Boa leitura!



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Eu estava deitada imóvel, com os olhos fechados, mas conseguia ouvir todo o movimento a minha volta. Todo o burburinho que eu escutava era como se estivessem preocupados com o meu bem-estar, com o que aconteceria comigo e todos os que estavam ali estavam tão angustiados que mesmo em um estado de quase inconsciência aquela angustia me angustiava também, então para alivia-los, eu abri os olhos.

Pisquei algumas vezes e respirei fundo e então olhei ao meu redor vendo que ali estavam todos os Cullen cheios de expectativa.

—O que está acontecendo? – Perguntei assustada com a forma com que eles me olhavam – por que eu estou aqui?

—Bella, querida – Carlisle se aproximou com seu jeito tranquilizador que só um médico tinha e os outros se afastaram quando me viram assustada – fica tranquila, sei que é muita coisa para assimilar, mas eu vou tentar resumir para você.

—Eu não estou entendendo... por que vocês estão me olhando assim? – Carlisle franziu o cenho por um instante e olhou para os outros que não se atreviam a se aproximar, nem mesmo Alice que continuava bem longe como se fosse culpada de algo.

—Antes que eu te diga, me responda: do que você se lembra? – Foi a minha vez de franzir o cenho enquanto eu pensava numa resposta e quanto mais eu pensava nisso menos eu conseguia chegar a uma.

—Eu não me lembro de nada! – Respondi desolada – não me lembro nem de ter chegado aqui... como? O que? Eu não...

—Por favor, acalme-se, já vou te explicar o que está acontecendo – mais uma vez o médico olhou para a sua família e depois para mim. Seus anos de medicina devem tê-lo ensinado a dar más notícias e pelo jeito era o que ele estava prestes a fazer quando me deu um sorriso tranquilizador olhando para mim – Bella, você é uma de nós agora.

—Eu sou uma vampira? – Pedi espantada levantando minha mão e vendo como ela estava pálida. Eu a abri e fechei várias e depois toquei o outro braço sentindo a textura fria e dura, ficando cada vez mais espantada com o que eu estava vendo. Eu me sentei rapidamente ficando de frente para o grande espelho no meio da casa. Levou quase um minuto inteiro para que eu me reconhecesse no reflexo, eu estava tão diferente!

Meu rosto estava tão pálido quanto o meu braço e pude ver que meus olhos estavam tão dourados quanto os da família que eu tanto amava, sem falar que de uma hora para a outra eu parecia mesmo pertencer aquela família de supermodelos que eram os Cullen, meus cabelos estavam com um brilho incrível que até hoje eu só tinha visto no de Rosalie e meu rosto não tinha mais nenhuma das imperfeições que sempre teve.

Eu estava linda!

—Mas como isso aconteceu? – Perguntei ainda sem entender tocando meu rosto também gelado – Por que eu sou uma vampira? Eu quis isso?

Eu olhei para eles quando não obtive resposta e Carlisle encarava sua esposa Esme como se procurassem a resposta certa surpresos com minha reação exagerada. Então olhei para Emmett vendo-o muito sério pela primeira vez, Jasper longe como de costume, mas deixando o ar tranquilo, me deixando mais calma do que certamente eu ficaria em uma ocasião como essa.

Rosalie, como sempre, estava distante, mas interessada demais no que estava acontecendo para estar ali e Alice, minha melhor amiga, estava visivelmente louca para se aproximar, mas havia alguma coisa que a mantinha longe, algo que eu ainda não entendia.

—O que foi? – Pedi ainda mais desconfiada – O que vocês não estão me contando?

—Do que é que você se lembra, Bella?

—De nada, eu já disse – forcei minha memória e nada vinha, não me lembrava de nada antes daquele momento – por que? O que aconteceu? O que vocês não estão me contando?

—É que a sua transformação não foi uma coisa muito planejada e não sabíamos como você iria reagir – eu retorci minha boca.

—Se não sabiam se eu gostaria, então por que vocês fizeram isso?

—Não fomos nós.

—Não? Então quem foi? – Todos olharam ao mesmo tempo em direção a porta e foi então que eu vi um vulto de um homem muito alto que deveria estar parado ali desde o começo, mas que eu só tinha reparado naquele momento.

Prendi a respiração tentando conter a minha ansiedade enquanto ele começava a andar para perto para que eu pudesse, enfim, descobrir quem era aquele vampiro que eu não conhecia e que me transformou sem que eu quisesse...

Foi então que eu acordei.

Fiquei desorientada por alguns momentos tentando entender o que tinha acabado de acontecer.

Olhei em volta e vi meu quarto vazio, era o fim da tarde e não era costume eu estar aqui, normalmente eu estaria na casa dos Cullen com Alice e os outros, mas nos últimos dias, ela tinha me dito que não era muito seguro eu ficar lá e eu não perguntei o motivo. Desde que eu tinha descoberto que eles eram vampiros eu não fazia muitas perguntas, pelo menos não sobre coisas que parecia que era melhor eu não saber.

Na verdade, eu sabia pouquíssimas coisas além do fato de eles serem vampiros: eu sabia que os Cullen há muito tinham desistido de se alimentar de sangue humano pela filosofia de vida, por isso viviam no meio deles. Carlisle era um médico que dedicava a sua vida a cuidar e proteger de humanos, a espécie que ele deveria, por instinto matar e devorar. Sabia que eles se alimentavam de sangue animal e caçavam regularmente na península, sabia que eles eram incrivelmente rápidos e fortes e que não dormiam nunca.

O resto eu não fazia ideia e estava feliz em continuar nessa ignorância e Alice disse que quanto menos eu souber melhor para mim, para a minha segurança e para a família dela e então eu aceitei e nunca mais fiz pergunta nenhuma.  

Por isso eu fiquei tão intrigada com aquele sonho.

Eu deveria estar muito mais atenta a esse mundo de vampiros do que meu inconsciente me deixava saber, afinal se eu nunca tinha pensado em ser como eles então de onde vinha aquele sonho? Eu nem ao menos estava me perguntando sobre o que quer de perigoso que poderia haver naquela casa que eu não podia me aproximar de forma alguma, apenas confiei que aquela medida era o melhor para mim e me afastei sem nem ficar curiosa.

Fiquei sentada na cama olhando para o nada enquanto pensava. Qualquer um menos louco teria um colapso em ser amiga de vampiros, eu provavelmente também teria se descobrisse o segredo deles antes de amá-los do jeito que amo ou talvez fosse diferente, se minha vida tivesse sido diferente.

Minha mãe me abandonou quando eu ainda era um bebê depois de um escândalo imenso na cidade, e eu sempre seria a filha do chefe de polícia, a filha da louca que foi abandonada, por isso desde criança eu meio que era deixada de lado por todo mundo, nunca tive amigos de verdade e quando os Cullen chegaram na cidade eles me acolheram como ninguém nunca acolheu.

De repente, eu tinha uma amiga que me convidava para ir em sua casa e dividia seus segredos comigo, que me levava para fazer compras e fazer programas de menina coisa que eu nunca fiz com mais ninguém e eu não poderia estar mais feliz, mesmo que sua irmã não gostasse tanto assim de mim, tinha seu irmão que me adorava, sua mãe que me acolhia e cozinhava para mim e a gente se divertia tanto!

De repente eu tinha uma família inteira que me amava e eu amava de volta e então eu descubro que eles eram vampiros.

É claro que aquilo foi um choque para mim, foi realmente um choque tremendo! Eu não fiquei com medo de verdade porque sabia que jamais me machucariam e soube que nunca machucariam ninguém pela forma com que escolheram viver, mas era estranho pensar que aquela família da qual eu me sentia parte, a única família a qual pertenci não era humana, que eles não estavam vivos!

Levei um tempo para processar todas aquelas informações e depois que o choque inicial passou eu vi que aquilo não mudaria nada porque eu já os amava demais para me afastar e contanto que eu não pensasse demais na esquisitice que era, eu estava bem.

E então, depois de todo aquele tempo, eu tenho aquele sonho esquisito.

Era muito estranho esse sonho assim vindo do nada por algo que eu nunca quis, na verdade, nunca pensei, nunca nem cogitei uma coisa daquelas.

Caminhei pelo meu quarto e parei na janela aberta aproveitando o milagre de não estar chovendo para tomar um pouco de ar e conseguir pensar um pouco, resfriar minha cabeça, mas antes que eu pudesse começar a espairecer eu escuto uma voz vinda do lado de fora.

—Romeu só precisou renegar seu nome embaixo da janela de sua amada para conquista-la. O que eu preciso fazer para ter seu coração? – Olhei em volta procurando quem poderia ter dito aquilo, mas não tinha ninguém. Balancei minha cabeça é claro que não tinha ninguém. Eu estava sonhando em ser uma vampira e agora o que? Que tinha alguém na minha janela apaixonado por mim?

Franzi o cenho me debruçando e pensando por um momento. Por outro lado, eu não estava sonhando dessa vez, eu estava muito bem acordada e escutando muito bem, então a única solução que poderia ter é que tinha alguém rindo da minha cara.

—Quem é o engraçadinho que está aí? – Pedi com um nó na garganta pronta para começar a ouvir as risadas e zombarias.

—Não sou nenhum engraçadinho – quem quer que seja respondeu – estou mesmo apaixonado e gostaria de saber o que eu faço para ganhar o seu amor.

Levei minha mão ao peito ofegando sem saber se poderia acreditar se aquilo era mesmo verdade. Sem resistir, procurei em volta um pouco mais tentando encontrar quem estava ali, mas não vi ninguém e mesmo correndo o risco de parecer ridícula, perguntei:

—E como eu posso saber que isso é verdade?

—Eu juraria pela lua abençoada no topo das árvores frutíferas, mas ela é inconstante e muda a cada mês em sua órbita circular e então meu amor pareceria variável. Juraria por mim mesmo, pelo Deus de sua idolatria, mas o que posso prometer mesmo é que meu amor é profundo como o mar e minha entrega não conhece fronteiras. Quanto mais me doo a ti, mais tenho, pois tanto meu amor quanto minha entrega são infinitos.

A voz melodiosa estava tão emocionada e dizia cada palavra tão cheia de paixão, com tanta verdade que por um momento me deixou desnorteada principalmente por conhecer e ser apaixonada pelo discurso apaixonado que ele tinha acabado de reproduzir.

—Você... você está citando Romeu e Julieta para mim?

—Para você ver como eu te amo! – Ele jurou mais uma vez e senti meu coração bater tão forte que eu mal conseguia respirar. Pelo jeito tinha mesmo alguém que me amava que veio declarar seu amor que sabia do que eu gostava e quis me agradar. Nossa! – Você gostou? – Ele me perguntou, a voz de repente insegura, por isso me apressei em falar.

—Mais do que qualquer coisa no mundo! Esse é meu livro favorito. Onde você está? Quero ver você!

—Eu acho melhor não!

—Por que? Você é um Montecchio? – Dei uma risadinha que era muito mais nervosa do que qualquer outra coisa e ele riu também.

—Se eu fosse, era só renegar meu nome e então eu seria só seu.

—Então o que te faz se esconder? – Perguntei tentando conter minha ansiedade e meu coração que batia feito um louco – por... por que você não é meu agora?

—Por que tem um inimigo maior que nós, mas que vamos vencer e que não vai me impedir de ser seu. Vamos ficar juntos, minha Julieta, eu vou fazer de tudo para isso. Você já é a minha razão de viver.

—Eu não estou entendendo muito bem... – eu queria perguntar por que ele não podia ficar comigo se gostava tanto de mim, se me amava, mas eu não consegui, uma vez que já estava se despedindo mesmo que estivesse prometendo voltar depois.

Fiquei um tempo ainda na janela chamando por ele, pelo meu Romeu, mas de fato ele tinha ido embora.

E mais uma vez eu fiquei confusa. Depois daquele sonho eu ainda não sabia ao certo o que era e o que não era verdade, mas eu estava tocada e sentia que tudo aquilo estava relacionado, meu sonho, o meu Romeu e o que eu estava sentindo. Era loucura, mas eu aquele contato, aquele simples contato sem que eu ao menos o visse, era possível que eu tenha ficado tão encantada por alguém que eu nunca vi?

Continuei muito tempo debruçada na janela, repassando nosso dialogo me lembrando do que ele disse. Como pode que ele já me amava? De onde ele me conhecia para me amar?

Eu ainda estava cheia de perguntas quando meu pai chegou, já era tão tarde que era praticamente manhã e foi só quando eu me dei conta de quanto tempo eu fiquei ali. Já que estava acordada, desci para falar com ele, afinal, havia dias que ele estava fazendo o turno da noite e nos víamos pouquíssimo.

—Pai!

—Oi, Bells. O que está fazendo acordada a essa hora?  

—Não consigo dormi e te ouvi chegando. Estou sentindo sua falta – eu vi um meio sorriso escondido em seu bigode e sorri. Seus sorrisos eram tão raros que quando eu via algum vislumbre eu ficava tão feliz que era impossível de resistir.

Meu pai era bastante sofrido pela vida, caladão retraído desde que minha mãe tinha ido embora depois de o trair covardemente com o seu melhor amigo e me deixar ainda um bebê. Sempre fomos literalmente nós dois. Ele nunca deixou ninguém se aproximar, nem dele nem de mim, e eu cresci sempre deixando todo mundo de fora até que eu conheci os Cullen e Alice acabou mudando isso, mudando nosso mundo de cabeça para baixo.

—Eu também sinto a sua e parece que eu adivinhei que ia te encontrar acordada – ele colocou a mão no bolso do paletó e me deu uma barra de chocolate – eu ia deixar aqui na mesa para você, mas já que você está aqui.

—Obrigada, pai – eu o abracei, realmente com saudade e feliz com o seu gesto ele, como sempre desajeitado e sem pratica com esses rompantes de carinho deu os tapinhas de sempre em minhas costas me dizendo que era hora de me afastar e então eu o fiz, sorrindo o máximo que eu podia – e então, você está com fome de jantar ou de café da manhã?

Fiquei com ele tagarelando sobre Alice, o único assunto que tínhamos de verdade em comum já que ele a adorava. Contei sobre as coisas que tínhamos feito juntos nos últimos dias atualizando enquanto ele só ouvia já que ele não partilhava muito sobre o seu trabalho e seu trabalho era a sua vida enquanto ele jantava e eu tomava meu café da manhã, assim que comemos voltei para o meu quarto para me arrumar para a escola e ele foi descansar.  

Eu estava doida para contar a Alice sobre meu visitante da noite anterior e sobre como meu coração estava cheio de esperança, cheio de alegria mesmo com um contato tão efêmero.

—Bella! – Alice gritou assim que eu entrei em seu carro na carona que ela me dava todos os dias e me abraçou com força um pouco demais e quando eu reclamei ela riu se desculpando – acho que não te levar para minha casa todos os dias me deixa com saudades demais de você.

—E eu com saudades de Esme. Como ela está?

—Com saudades de você, é claro, mas ela sabe que tudo isso é para o seu bem e que logo estaremos todos juntos novamente.

—Você não vai me contar o que está acontecendo, vai? – Ela retorceu a boca e ponderou por um momento antes de responder.

—Nós estamos ajudando um amigo a superar uma... dificuldade e ele está quase lá. Muito em breve você vai conhece-lo.

—Ele é... um de vocês?

—Um vampiro? – Ela perguntou com um meio sorriso quando eu assenti um tanto receosa – é sim – pisquei surpresa e Alice riu – o que foi? Por que parece surpresa?

—É que eu estou, não pensei que estava se referindo a um vampiro.

—E por que não? Achou que teríamos outro tipo de amigos? Lobisomens por exemplo? – Alice riu de mim e eu dei de ombros.

—Não foi isso que eu quis dizer.

—O que é então? Bella, você já conhece tantos de nós, por que não conhecer mais um?

—Não me oponho, só fiquei curiosa. Que tipo de dificuldade um vampiro teria? – Minha amiga riu.

—Não acredito que conviveu conosco esse tempo todo e ainda acredita que vivemos sem problema nenhum.

—Eu sei que vocês têm problemas e dificuldades, mas não do tipo de que precisam de ajuda, ainda mais de alguém de fora para resolver. Vocês parecem tão fortes e indestrutíveis, sem comer e sem dormir, fortes e rápidos e sem medo de ninguém.

—Parece que você acha que somos incríveis – dei de ombros.

—E não são? – Ela balançou a cabeça segurando um sorriso.

—Já que acha isso, você gostaria de ser uma de nós? – Engoli em seco tentando não parecer tão assustada e olhei para ela para analisar sua expressão ao fazer a pergunta, mas Alice fazia o mesmo comigo.

Minha amiga nunca tinha me feito essa pergunta antes e isso era muito estranho principalmente depois de eu ter sonhado. Alice via o futuro e tinha muita coisa que ela sabia, será que tinha como ela saber o que eu sonhava também?

—Por que está me perguntando isso? – Pedi com o cenho franzido tentando não levantar mais suspeitas do eu provavelmente já estava levantando.

—Pura curiosidade, até porque eu nunca te perguntei isso antes e então agora que quero saber: quer ser uma de nós, Bella? – Por mais que Alice só quisesse parecer curiosa, tinha algo mais em seu olhar como se essa pergunta tivesse algum significado para ela. Em qualquer outro dia eu responderia normalmente, mas depois daquele sonho estranho eu de verdade não sabia o que pensar.

—Eu não sei, Alice – respirei fundo e decidi abrir meu coração para a minha melhor amiga – de verdade eu nunca pensei nisso e noite passada eu tive um sonho estranho.

—Que sonho?

—Sonhei que eu tinha sido transformada, mas que vocês todos estavam receosos da minha reação porque não tinha sido planejado e não tinha sido nenhum de vocês.

—E quem foi?

—Também não sei. Acordei antes de saber quem foi. O que me deixou ainda mais intrigada – Alice parou no estacionamento da escola e me olhou.

—E agora, depois desse sonho você não parou para pensar em como se sente sendo uma de nós?

—Na verdade não.

—Então pense, como você se sentiria? – Franzi o cenho.

—Você está me pressionando por que? Está pensando em me transformar? – Ela deu de ombros.

—Se você quiser – ela assentiu e eu arregalei os olhos.

—Mesmo?

—Pense nisso – ela assentiu outra vez e dessa vez com um sorriso – todos nós te amamos demais, Bella. A vida já não seria a mesma sem você e se você quiser, se aceitar, não vemos por que não – fiquei um pouco atordoada com isso, mas assenti.

—Tudo bem, vou pensar nisso, mas só... só depois – Alice concordou abrindo a porta do carro.

—Isso vamos para a aula, vem.

.

.

Voltei para casa e fui direto para o meu quarto. Meu pai deveria ter saído há pouco tempo para seu turno a noite e eu estava tão cansada de ter dormido pouco noite passada que fui direto para a minha cama. O sono que eu sentia não foi suficiente para dormir a noite toda e não sei ao certo o que foi que me acordou, uma vez que foi um sono sem sonhos.

Ainda estava escuro e eu estava esperando meus pensamentos se organizarem e entender onde eu estava e o que estava acontecendo senti meu coração bater muito forte quando me dei conta do que eu queria. Meu próprio inconsciente estava louco para ver o meu Romeu outra vez ou só falar com ele como da outra vez e entender mais do que ele sentia por mim, do que eu sinto por ele.

Olhei no espelho e arrumei meu cabelo antes de ir para a janela. Olhei em volta esperando e me sentindo uma boba por isso. Eu queria saber se ele estava ali, mas não sabia se deveria chama-lo ou como, uma vez se não sabia seu nome e então fiquei apenas ali, debruçada na janela esperando.

Na outra vez que nos falamos era muito mais cedo do que a madrugada a fora daquela altura. Eu já fui me consolando, sabendo que provavelmente eu ficaria sozinha nessa e também ele disse que viria, mas não no dia seguinte então, podia ser que eu estivesse ali ou que já tivesse ido embora. Pensar nisso me deixou desanimada, mas mesmo assim fiquei ali mais um pouquinho só para o caso de ele aparecer...

—Eu sabia que se ficasse aqui, seria recompensado com a sua presença – eu o escutei falar e sorri imediatamente. Sem que pudesse evitar, procurei minuciosamente por onde sua voz deveria vir, mas não vi ninguém – e poderia admirar sua beleza tão sagrada para mim.

—E eu não tinha ideia se você viria. Se soubesse teria te esperado, teria vindo aqui mais cedo... eu não teria pegado no sono até a essa hora.

—Meu amor, eu esperaria por você a noite inteira – ele deu uma risadinha – na verdade, eu já tenho esperado por você há centenas de anos e não me importaria de esperar mais e mais se tivesse a certeza de que seria minha no final.

—Você quer mesmo que eu seja sua? – Perguntei com um sorriso idiota e involuntário.

—Mais do que qualquer coisa no mundo!

—E o que eu tenho que fazer para ser sua? Como isso pode ser possível se você não me deixa nem te ver?

—Isso vai acontecer, você precisa ter um pouco de paciência.

—É que você não me deu muito na noite passada. Você chegou me deixou encantada com suas palavras e foi embora eu fiquei aqui sem saber o que pensar...

—Desculpe, não queria te confundir, muito pelo contrário, eu estou aqui porque quero fazer parte da sua vida.

—Você quer?

—Mais do que tudo na minha vida!

—Então venha – eu respirei fundo afoita, feliz – você quer entrar?

—Não sou digno de chegar assim tão perto de você, meu amor. Ouvir a sua voz, te ver assim de longe já é o suficiente para mim no momento.

—Mas eu gostaria de te ver também, de saber mais de você.

—Tudo ao seu tempo, vamos fazer tudo isso, se você me aceitar, mas vai ser aos poucos, que tal assim? Posso voltar todas as noites e assim vamos conversando e se você quiser, se confiar em mim, se eu for merecedor de seu amor, como eu desejo ser, aos poucos, você me deixa entrar em sua casa, me deixa fazer parte de sua vida e de sua história.

—Então me diga ao menos o seu nome.

—Meu nome é Edward – eu suspirei.

—Você tem nome de príncipe – sorri me dando conta e sem conseguir evitar viajei nas milhares de fantasias que tive durante o dia – É por isso que eu não posso te ver? Você é um príncipe que está se escondendo de sua família?

—Não – ele deu uma risadinha – eu estou longe de ser um príncipe.

—Para mim, você é.

—Está vendo por que quero que me conheça primeiro? – Ele pareceu sério de repente – Não quero que se decepcione e... talvez se você me der uma dica do que gosta, se eu puder te conhecer melhor, eu possa me tornar alguém para você, alguém que você possa amar tanto quanto eu te amo.

—Não precisa se moldar a mim, não é assim que funciona, se eu te conhecer, se nos dermos bem, vamos dar certo.

—Mas... esse pode ser um problema.

—O que isso quer dizer?

—Eu também não me conheço. Passei tanto tempo na sombra de outra pessoa que eu nem sei quem eu sou. O meu plano é recomeçar com você, afinal você é o meu ponto de partida, a minha página virada e o meu futuro.

—Sou? – Pedi um tanto atordoada e ele respondeu.

—Isso é claro se você quiser isso, se você me aceitar.

Por mais que eu não estivesse vendo o rosto dele, eu sabia que cada palavra era verdade. Eu não o conhecia, mas seu tom de voz era tão melancólico, tão verdadeiro que eu tinha certeza de que ele estava sendo sincero comigo, que estava ali abrindo seu coração para mim e então eu fiz o mesmo.

—Pode parecer loucura, mas eu já estou encantada por você e estou disposta a me construir ao seu lado também.

—Não precisa fazer isso por mim.

—Não nego que é por você sim, mas é por mim também, até agora eu não fui ninguém que valesse a pena e gostei da ideia de me tornar alguém por quem você pudesse se apaixonar.

—Mas... é que eu já estou apaixonado por você. Eu te amo, Bella.

—Como você pode estar apaixonado por mim? – Franzi o cenho finalmente fazendo outra pergunta que me perturbou o dia todo – De onde me conhece?

—Eu tenho te observado há alguns dias, desculpe – ele ficou em silencio enquanto eu processava isso e quando percebeu que eu não sabia o que dizer continuou – Eu te vi de longe e sei que ama Romeu e Julieta, sei que tem um sorriso lindo e isso foi o suficiente para me fazer apaixonar por você. Agora estou irrevogavelmente apaixonado e desesperado para te conquistar.

—Isso não é muito normal, mas nada na minha vida é...

—Acredite, nem na minha. Eu, na verdade, eu nem acreditava que o amor existisse ou que eu fosse capaz de amar um dia, não até que eu te vi – meu coração batia cada vez mais forte e eu mal conseguia respirar – foi por você que eu decidi que me tornaria uma pessoa melhor eu jurei, pelas batidas do seu coração que agora está tão acelerado, jurei pelo seu sorriso tão lindo e pelo futuro que eu sonho em ter ao seu lado. Eu vou merecer ter você!

Meus olhos o buscavam sem parar na noite escura, desesperada para ver o rosto de quem me jurava amor daquela forma. Era impossível ficar imune aquelas palavras, àquele sentimento tão puro e verdadeiro. 

—Isso é a coisa mais linda que já me disseram – funguei emocionada e eu o escutei suspirar.

—Veio do meu coração. Eu nunca fui tão sincero em toda a minha vida!

—Sei disso, pude sentir.

—Então, eu espero que você possa sentir que eu te amo, muito em breve.

—Não duvido que possa, meu coração está aberto para você e... se quer saber, tenho certeza que em breve você também vai poder sentir isso vindo de mim.

—É tudo o que eu mais quero, minha Julieta.

.

.

Edward vinha me ver todas as noites sem exceção.

No começo ele passava poucos minutos sempre muito intenso deixando muito claro o quanto me amava e por mais que isso me atordoasse e me deixava sem fala, era impossível ficar imune a esse nível de carinho e de amor, principalmente eu que cresci se não invisível aos olhos dos garotos da cidade, rejeitada por eles por causa da mãe que tinha e sabia que enquanto morasse aqui não teria ninguém e então Edward aparece.

Eu queria contar a Alice sobre ele, mas eu acabei não fazendo isso.  Não que eu não confiasse em minha melhor amiga, mas ultimamente ela vinha sempre com aquela história de me transformar em vampira e agora que eu tinha alguém apaixonado por mim eu não queria nem ao menos pensar naquilo.

Algumas semanas se passaram e Edward e eu estávamos mais unidos do que nunca.

Apesar de eu nunca ter visto seu rosto, eu sonhava com ele toda noite, sonhava com um futuro com ele e em ficarmos juntos para sempre. Eu estava apaixonada e tinha medo disso, estava insegura por que ele poderia desaparecer e eu nem sabia como ele era para poder procura-lo, para encontra-lo e de algum jeito eu já me sentia tão dependente de sua companhia, tão dependente de ser sua que não conseguia mais me imaginar sem ele mesmo que não tivéssemos estado juntos de verdade.

Um dia, na escola, Alice estava especialmente animada e isso me fez rir.

—O que foi que deu em você? – Perguntei quando entramos em seu carro depois que as aulas terminaram – O que você tem hoje?

—É que finalmente vou poder te levar para a minha casa depois de tanto tempo! Isso não é incrível?

—Alice... é mesmo seguro ir para a sua casa agora? – Pedi mordendo o lábio. Eu não estava com medo de verdade, só não queria me demorar para ver Edward e sabia que depois de tanto tempo longe não seria só uma visitinha. Estranhando minha reação minha amiga me olhou.

—Claro que é. Eu jamais colocaria você em perigo, Bella, sabe disso.

—Sim, eu sei – suspirei olhando para fora.

—O que foi? Você não quer ir? É isso?

—Não exatamente, é que tenho muita coisa para fazer em casa... – minha amiga revirou os olhos.

—Não seja difícil, Bella, tudo o que você tem para fazer pode esperar. Esme sente sua falta, Carlisle também, sem falar que Emmett e Jasper sentem falta de estar com você de verdade, sem tanta gente olhando – foi a minha vez de revirar os olhos, eles sentiam falta de me fazer passar vergonha, isso sim! – Todos querem que você volte para a nossa casa, Bella, você é da nossa família e queremos que fique conosco.

—Eu sei, eu me sinto exatamente assim em relação a todos eles, Alice, e estou muito feliz em poder voltar. Prometo que não vou reclamar mais e vou ficar muito feliz em estar com eles.

—Você nem precisava prometer isso, sei que vai estar feliz hoje, Bella, mais do que nunca – ela riu e eu franzi o cenho sem entender nada, mas antes que eu pudesse perguntar, vi que já nos aproximávamos de sua casa e ansiosos com nossa chegada, Emmett e Jasper corriam junto com o carro, um de cada lado acenando para mim. Eu acenava de volta feliz com as boas vindas e não foi surpresa nenhuma quando Emmett abriu a porta do carro e num rompante me arrancou de lá.

 -Bellinha! Que bom ver você!

—É bom ver você também, Emm – eu ri um tanto sufocada por seu abraço apresar de saber que ele não estava usando nenhum terço de sua força quando ele me soltou, vi seu irmão acenar do outro lado da garagem muito contente também, mas muito mais contido como sempre – oi, Jasper.

—Não tinha graça nenhuma sem você aqui – o grandalhão ainda estava muito animado com a minha presença – eu não via a hora de você voltar.

—Mas a gente se via sempre na escola.

—Você sabe que não é a mesma coisa – ele bufou – na escola eu não posso fazer isso – sem que eu esperasse ele me segurou pela cintura, correu comigo casa e me colocou no chão bem na porta, onde Esme nos esperava.

 -Bella, querida eu senti tanto a sua falta!

—Eu também, Esme – eu a abracei com força me sentindo em casa com o seu abraço como eu só me sentia nos braços do meu pai e muitas vezes, como agora, eu me perguntava se seria assim que eu me sentiria abraçando minha mãe.

—Deixe-me olhar para você – ela levou um momento para isso – está tão linda, parece tão feliz!

—E ela tem muitos motivos para estar feliz, Esme.

—Tenho? – Pedi confusa com a animação de Alice e ela assentiu freneticamente.

—E vai ter um maior ainda com a surpresa que termos para ela – franzi meu cenho e a olhei.

—Que surpresa, Alice? Do que é que você está falando? – Ela deu de ombros e abriu a porta.

—Por que a gente não entra? – De repente minha amiga me pareceu bastante misteriosa, mas eu não me deixei abalar e entrei sorrindo naquela casa que eu tanto amava feliz em estar ali.

Carlisle estava lá sorrindo também apesar de parecer um pouco tenso, talvez fosse pela pessoa ao seu lado a quem ele colocava a mão no ombro como se o tranquilizasse.

Ele era claramente um vampiro, seus olhos castanhos do mesmo tom dos Cullen e a pele pálida o denunciava. Ele era um pouco mais jovem que Emmett e Jasper e certamente era quem estava com problema e veio pedir a ajuda da família, foi for causa dele que fiquei tão longe por tanto tempo e era ele quem agora eu iria conhecer. Como todos da família, sem dúvida, ele era muito, muito, muito bonito, talvez o mais bonito de todos e pensar nisso me fez corar e baixar os olhos sem conseguir sustentar aquele olhar que não me deixou desde que entrei.

—Que bom te ver, Bella – Carlisle me saudou e levantei meu rosto para olha-lo – bem-vinda de volta.

—É muito bom estar aqui outra vez, Carlisle, senti muita saudade de todos, senti saudades daqui.

—Não vai mais precisar ficar, longe...

—Nunca mais – Alice sussurrou para mim, mas não entendi o que ela quis dizer e nem tive tempo de pensar já que Carlisle continuava falando.

—Quero apresentar a você o novo membro de nossa família, este é Edward e Edward, esta é Isabella, nossa querida Bella – mesmo sem precisar, ele respirou fundo e sorriu para mim só um segundo antes de olhar para Carlisle como se perguntasse se podia mesmo se aproximar ou o que deveria fazer. Quando o patriarca deu seu aval, ele ficou em pé e muito mais devagar do que eu já vi qualquer vampiro se mover, ele veio em minha direção.

—Oi, Bella – sua voz, era familiar e eu a reconheceria em qualquer lugar do mundo. Eu passei as últimas semanas ouvindo todos os dias da minha janela, eu a reconheceria porque era tudo o que eu tinha do homem por quem eu estava apaixonada, era tudo o que eu tinha para pensar e sonhar com ele. Ao reconhecer sua voz, meu coração acelerou a ponto de quase sair pela boca foi então que eu liguei o nome a pessoa e as coisas começaram a fazer sentido para mim – não imagina o quanto é bom finalmente estar de frente para você, olhar para seus olhos e ver o seu sorriso assim tão de perto, assim, só para mim.

—Você... você é o meu Romeu? – Pedi ainda atordoada, tentando entender tudo e ele assentiu.

—Sou sim, minha Julieta – ele chegou mais perto e por mais que ainda estivesse com receio sorria para mim – e eu mal acredito que estou aqui com você!

Eu sentia meu coração bater cada vez mais forte enquanto eu olhava para o sorriso torto que ele dirigia a mim, finalmente olhando para aquele rosto que por semanas sonhei sem saber como era. Encantada desvendando cada pedacinho daquela maravilha: o quadrado do queixo, a curva suave dos lábios cheios, a linha reta do nariz, o ângulo agudo das maças do rosto, o mármore macio da testa que estava parcialmente oculta por uma mecha de cabelo que tinha um estranho e maravilhoso tom de bronze e que estava completamente desalinhado.

Muito mais bonito do que eu jamais poderia imaginar.

—Eu pensei em tanta coisa para te dizer nesse momento, mas... tudo me fugiu – sussurrei ainda encantada com sua beleza e Edward esticou a mão para tocar em mim, mas depois de um momento desistiu.

—Acho que você entendeu muita coisa agora, não entendeu? – Arregalei meus olhos olhando em volta e então me dei conta do que ele estava falando. Meu Romeu era o vampiro que estava precisando de ajuda e estava passando por maus bocados, tão perigoso que eu tive que manter distância da família por semanas – é, eu acho que agora você entende tudo – ele viu o reconhecimento em meu rosto quando arregalei os olhos involuntariamente e deu um passo para trás a fim de não me assustar ainda mais.

—Eu... – tentei falar, mas Edward foi mais rápido.

—Entende agora que não era só uma questão de renegar meu nome para ser digno de você? Se eu pudesse, eu abriria mão de qualquer coisa no mundo por você, eu renderia quem fui e me tornaria quem você é, mas...

—Você abriu mão, Edward – Carlisle o interrompeu e mais uma vez se aproximou para colocar a mão em seu ombro – Bella, Edward se apaixonou por você e... se transformou, mudou tudo o que podia para ficar ao seu lado.

—Carl, por que não deixa que Edward mesmo diga isso a Bella? – Esme pediu suponho que sorrindo, uma vez que não conseguia olhar para ninguém mais que não para aquele rosto tão lindo que não parava de sorrir para mim.

—Eu tenho o lugar perfeito para que eles conversem. Venham comigo – Alice saiu correndo em sua velocidade sobre humana e eu fiquei olhando com o cenho franzido pensando como eu poderia acompanha-la e vendo o quanto eu fiquei frustrada com aquela atitude, Edward riu ao meu lado.

—Posso? – Seus braços estavam estendidos em minha direção, eu sorri envergonhada e assentindo levantando meus braços em direção a ele. Edward me segurou com todo o cuidado do mundo, olhando em meus olhos enquanto se movia.

Eu podia sentir meu coração batendo muito forte. Jamais imaginei naquela manhã quando acordei, que eu fosse estar assim, nos braços do meu Romeu, quem não saia de minha cabeça há tanto tempo.

O sonho que eu tive há algumas semanas em que eu me tornava uma vampira voltou a minha mente. Eu não consegui parar de pensar se era aquilo que eu queria e qual seria a minha reação se eu me visse na mesma situação do meu sonho e se por um acaso eu acordasse uma vampira, mas seria mesmo tão ruim ser  transformada para ser para sempre a companheira daquele vampiro que já era o dono do meu coração?  

Era mesmo aquilo que eu queria?

Eu estava sim apaixonada por Edward e não vou negar que mais uma vez estou chocada por amar um vampiro, mas não há mais volta para mim, eu já estou tão apaixonada por ele que não há mais nada o que fazer a não ser me entregar a esse amor. E eu o faria mais feliz impossível.

Ao pensar nisso, sorri e Edward me sorriu de volta. Quantas vezes, ao conversar com ele e ouvir sua risada eu imaginava como seria seu sorriso e jamais pensei que seria assim tão lindo, que me faria assim tão bem. A eternidade ao lado dele não seria nada mal.

Quando dei por mim, Edward parou em uma espécie de jardim onde Alice nos esperava. O dia estava nublado, as nuvens sempre muito carregadas de Forks, mas não estava chovendo e então ele me colocou no chão bem perto de onde minha amiga nos esperava.

—Sei que aqui é um bom lugar para vocês conversarem. Estejam de coração aberto. Os dois. Eu sei que vocês têm um futuro lindo, é só deixar que as coisas aconteçam como elas precisam acontecer, tudo bem?

—Obrigado, Alice. Obrigado por tudo – Edward agradeceu e pelo seu tom de voz, parecia que tudo era por muita coisa, tanta que eu nem poderia imaginar. Então, quando minha amiga se afastou com um aceno, ele sorriu para mim.

—Quer se sentar? – Eu assenti com vergonha e me sentei no chão úmido sem me importar nada com isso, Edward, o meu Romeu, se sentou ao meu lado bem perto de mim. Nós ficamos nos olhando por um longo momento apenas apreciando o fato de estarmos juntos finalmente.

—Não sei, de verdade, o que mais me atrai para você – ele então sussurrou tão baixo que eu tive que chegar mais perto para ouvir melhor – se o calor do seu corpo, sua beleza tão impressionante ou o seu coração ah... o som do seu frágil coração me faz tão forte, me fez ser tão melhor – sorri tocada com suas palavras e estiquei minha mão para finalmente tocar a dele.

Como eu esperava, sua pele era gelada, dura, mas me trouxe muito mais conforto que nenhuma outra tinha me trazido. Eu estava me sentindo em casa pela primeira vez.

—Eu esperei tanto para estar a sua frente, tinha tantas coisas para te dizer, mas agora que estou aqui, não consigo pensar em nada – ele me deu um sorriso triste.

—Acho que mesmo eu tentando não deixar você criar expectativas sobre mim, você acabou criando e imaginando o príncipe encantado e se deparou com um vampiro. É normal que esteja decepcionada.

—Não estou decepcionada, muito pelo contrário, você é muito melhor do que eu jamais imaginei e é amigo da minha família. Não poderia ser mais perfeito...

—É assim mesmo que você se sente? – Eu assenti com um sorriso, mas isso não o acalmou – por que eu sinto que você tem alguma reserva? Ainda tem alguma coisa que te incomoda?

—Eu só gostaria de saber tudo, de verdade agora: de onde você veio o que você fazia e como veio parar aqui, como me conheceu, como se apaixonou por mim e principalmente o que espera de mim de agora em diante o que quer que eu faça?

—É justo que eu conte tudo a você – ele então respirou bem fundo e começou a contar olhando para mim.

Ele me contou que não se lembrava nada de sua vida de humano, mas que tinha sido transformado muito jovem entre quinze e dezoito anos aproximadamente quando foi encontrado por seu criador. Ele o levou para a Itália onde o deixou vivendo ao seu lado sendo parte da realeza dos vampiros pelo seu dom de poder ler a mente de qualquer um que chegasse a quilômetros de distância.

Isso era tão útil para seu criador que ele passou séculos sendo apenas uma sombra onde quer que esse vampiro líder estivesse, fazendo apenas o que ele pedisse, existindo só para cumprir ordens e mais ordens, tanto que não percebeu o quanto fazia falta sentir amor, se sentir livre, poder pensar por si mesmo.

—Quando Aro me pediu que eu viesse a América vigiar a vampira vidente – Edward disse com um pequeno sorriso – aquela foi a primeira oportunidade que eu tive de ouvir meus próprios pensamentos e conhecer coisas que eu nem sabia que existia. Os Cullen e a forma como eles viviam, por exemplo, era uma coisa completamente nova para mim, a prática do amor, era nova para mim e ao invés de me assustar eu fiquei fascinado, principalmente quando eu vi você no meio deles.

—Você era uma humana de quem eles não se alimentariam e a quem eles visivelmente amavam, como amavam uns aos outros e então eu percebi que não conseguia ouvir seus pensamentos...

—Você não consegue me ouvir? – Pedi intrigada e ele franziu o cenho também.

—Não consigo. Talvez você tenha algum poder que esteja me bloqueando, na verdade, você deve ser bem poderosa já que é uma humana e deixa um vampiro assim de fora com tanta facilidade.

—O que? – Não estava entendendo nada e ele balançou a cabeça com um sorriso.

—Acho que isso é assunto para uma outra hora. Deixe-me terminar de te contar. Quando eu percebi que não conseguia escutar seus pensamentos eu fiquei ainda mais louco para conseguir te desvendar e entender você e fui até a sua casa – ele baixou o rosto parecendo envergonhado – não me orgulho disso, mas eu fiquei algumas noites observando você na intimidade de seu quarto, vendo você ler, vendo você dormir e se perder em seu quarto bagunçado e quando dei por mim, estava assim, completamente apaixonado por você!

Edward estava muito perto de mim e meu coração voltou a bater com muita força, desajeitado dentro do peito, tão apaixonado quanto ele estava, tanto que precisei balançar um pouco a cabeça para conseguir voltar ao assunto.

—E então você foi pedir ajuda a Carlisle?

—Fui – ele assentiu voltando a falar – onde eu vivia nossa vida era completamente diferente, a vida humana não era nenhum pouco respeitada, nenhum vampiro pensava em ter qualquer tipo de amizade com a comida – Edward balançou a cabeça consternado – e depois do que vi Carlisle fazer, ser médico e ter tanto amor, eu quis ser como ele, quis ter um pouco da humanidade que vi nele e pedi que me ensinasse, me ensinasse a ser bom, para que eu pudesse ser digno de ao menos cogitar em ter o privilégio de ser seu um dia.

—E então você foi para a minha janela?

—É – ele assentiu – eu te vi sorrir e suspirar tanto ao ler Romeu e Julieta e queria declarar meu amor de algum jeito que pensei que essa era melhor forma de chegar ao seu coração – eu assenti sorrindo sem conseguir me conter ao pensar naquele nosso primeiro contato e ele sorriu também levando minha mão aos seus lábios frios.

—E o que você espera de mim agora? – Pedi suspirando e tentando disfarçar o arrepio que passou por todo o meu corpo quando seus lábios tocaram minha pele.

—Bella, eu amo você. Sei que te disse isso muitas vezes, mas não sei se consegui te convencer, não sei se consegui fazer com que você entendesse de verdade o que isso quer dizer. Os vampiros não mudam mais depois que são transformados para este corpo. Eu estava exatamente do mesmo jeito há quase trezentos anos, os mesmos pensamentos, a mesma aparência, exatamente o mesmo e então você me transformou – eu suspirei outra vez quando ele sorriu para mim, a voz cheia de emoção.

—Quando eu te vi dormir e você entrou em meu coração, você mudou tudo em mim, mudou minha maneira de pensar e deixou para trás o vampiro sanguinário que eu era, me fez ser um homem apaixonado, encheu meu coração de você. Então tudo o que eu quero é só o privilégio de estar ao seu lado, se você me deixar.

—Você quer me transformar em vampira? – Ele sorriu tocando meu rosto.

—Só se você quiser. A única coisa que eu realmente quero é estar com você. É claro que se você for uma vampira teremos a eternidade juntos, mas se não for, teremos o tempo que você me permitir e essa será nossa eternidade. Eu só quero amar você, quero ter o seu coração.

—Isso você já conseguiu.

—Consegui mesmo? – Ele chegou mais perto com um pequeno sorriso.

—Com aquele primeiro contato você me deixou completamente encantada e com os outros, meu amor por você só foi crescendo e crescendo.

—E então, você me ama? – Sorri sem conseguir resistir assentindo diante daquele sorriso tão bonito.

—Eu te amo, Edward e eu juro que sempre vou amar você – ainda sorrindo ele se aproximou de mim muito lentamente e seus lábios se juntaram aos meus num beijo muito leve, muito doce e muito apaixonado.

Aquele beijo, como cada palavra que ele me disse até agora, jurava que ficaríamos juntos, jurava que sempre me amaria e como o beijo, eu aceitava e retribuía todas as juras de amor.


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Notas finais do capítulo

E então minhas Julietas, o que vocês acharam? Contem para mim por favor!
A título de curiosidade, esse era o meu combo:
One Short ponto de vista da Isabella baseada em turning page com o tema: Seria meu sonho? (Dreams and Nightmares): fic em que o personagem principal tem um sonho/pesadelo que interfere na história.

Espero que vocês tenham gostado, escrevi de coração.
Obrigada por estarem aqui!
Mil beijos!