O grande prêmio escrita por Luiz Henrique


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigado por ter dado uma chance a história!
Fiquem a vontade pra sugerir melhorias, criticar e elogiar, através dos comentários!
Espero que gostem. :D
Boa leitura!



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Ivani escovou os longos cabelos negros de Ada e usou uma fita, para prender os fios em um rabo de cavalo alto. Se alguém as estivesse observando, pensaria que eram apenas amigas, se preparando para um evento qualquer. Todavia, algo muito maior as unia, maior até mesmo que o amor entre amigos ou amantes.

— Você vai se sair bem. — Ivani prometeu — Foi feita para esse momento!

— Eu nunca me apresentei para um publico tão grande. Magos de todo o mundo estarão reunidos para prestigiar ao espetáculo e seu pai está contando com a minha vitória.

— Bem, isso é compreensível. O responsável pelo melhor golem, receberá uma quantia equivalente ao seu próprio peso, em moedas de ouro. Além disso, há um prêmio para o guerreiro mais poderoso. Entende o que quero dizer?

Ada se virou, fixando o olhar na jovem mulher que estava parada a sua frente. Ivani desfez o nó que prendia a capa vermelha ao redor dos ombros da acompanhante, revelando duas faixas de tecido simples, que cobriam suas intimidades. Ela também usava uma ombreira dourada, que parecia brilhar, em contraste com a pele escura.

— O grande prêmio... — Ada divagou — Eu não teria conseguido me classificar para a final, se não fosse por sua ajuda. Você me treinou e me ensinou tudo o que eu sei. Prometo que farei o possível para honrar a sua linhagem.

Se fosse mais pálida, Ivani teria ruborizado. Ao invés disso, ela atravessou os dedos pelas madeixas escuras, que eram tão crespas quanto volumosas.  

— Se me admira tanto, acredite em mim, quando eu digo que é perfeita. Talvez em seus primeiros dias, não fosse nada além de uma simples estátua de barro, mas agora, não me restam dúvidas. Está pronta!

Subitamente, o cômodo mal iluminado em que se encontravam pareceu ter ficado pequeno demais para as duas. As grades do portão, esculpido em uma das paredes, começaram a se elevar e a guerreira foi atraída em sua direção.

Ela deu um passo a frente, depois outro e mais outro.

Quando se deu conta, estava de pé em uma das extremidades de uma arena monumental, com centenas de pessoas gritando seu nome. O sol do meio-dia beijava seu rosto, provocando uma sensação prazerosa na pele artificial.

Ada abriu um sorriso brilhante, quando avistou seu criador na plateia. O homem robusto, que tinha a cabeça raspada e vestia-se com um manto cor de sangue, acenou, sutilmente, quando seus olhares se encontraram.

Ela se concentrou no adversário, que se aproximava, há passos lentos. Os espectadores também clamavam por ele. Eliseu. Certamente, era um golem, assim como Ada, mas a pele cinzenta denunciava que não eram, exatamente, iguais.

Eliseu era feito de ferro, um material tão denso, que até mesmo o mais habilidoso dos magos, apresentava dificuldades para dominá-lo. Talvez por isso, ele não se parecesse com Ada, que poderia se passar por humana, se assim desejasse.

O combatente possuía olhos completamente negros e um nariz pequeno demais para o rosto. Se fosse mais ingênua, Ada pensaria que seu criador havia se esquecido de modelar os lábios, no entanto, ela já havia visto outros lutadores com aquela característica. Sem uma boca, os golens eram incapazes de verbalizar o seu descontentamento.

Ignorando a razão, Ada cerrou os punhos e avançou contra Eliseu.

Em um primeiro momento, a guerreira sentiu que estava com a vantagem. Eliseu era grande e pesado, enquanto Ada era pequena e franzina. Ela conseguiu se esquivar de todas as suas investidas, com facilidade, se movendo com a graça de uma dançarina.

Ada se jogou no chão e agarrou os calcanhares de Eliseu. Lama pegajosa se desprendeu de seus dedos, cobrindo os pés do oponente e limitando seus movimentos. A guerreira se levantou e se aproveitou de sua vulnerabilidade, para socá-lo, repetidas vezes.

Contudo, seus golpes quase não surtiram efeito.

Movido por uma fúria incontrolável, Eliseu se libertou e agarrou Ada pela cintura. A guerreira apertou seus ombros e se impulsionou para cima, desferindo uma joelhada contra o maxilar do oponente.

Eliseu não foi ferido, mas o choque fez com que ele se distraísse, permitindo que Ada se desvencilhasse de seu toque.

Com uma distância considerável os separando, a guerreira ergueu o braço, que havia se transformado em um tentáculo marrom e viscoso e usou o membro para chicotear Eliseu. O golem de ferro recuou alguns passos, parecendo incomodado. No entanto, aquele movimento não seria suficiente para derrotá-lo.

Ada pensou um pouco.

A guerreira criou um segundo tentáculo e envolveu, completamente, a cabeça de Eliseu. O combatente tentou usar as mãos para se libertar, no entanto, seus dedos afundaram no líquido espesso. Não importava o quanto ele se esforçasse, sempre acabava preso, novamente, na armadilha de Ada.

Mesmo com a face coberta, Eliseu não parecia disposto a desistir. Ada sabia que seria difícil evitá-lo, pois ela ainda o tinha em seus braços. O combatente empurrou a rival contra a parede da arena, provocando um baque estrondoso.

O momento era decisivo. Se Eliseu não sucumbisse, Ada seria executada.

Os espectadores ficaram em silêncio, ansiando pelo que viria em seguida.

A guerreira sufocou um gemido e o golem de ferro caiu aos seus pés, dando seu último suspiro. Centenas de magos se levantaram e aplaudiram, comemorando a vitória de Ada.

Após um instante de contemplação, ela contornou o corpo caído do adversário e cambaleou até o centro do estádio, onde Ivani e seu criador a aguardavam.

— Eu sabia que conseguiria! — Ivani parecia orgulhosa.

— Mestre... — Ada começou a dizer.

— Você conquistou o grande prêmio. — ele fez uma pausa, antes de continuar — Agora, é uma mulher livre e pode ter o seu próprio golem, se assim desejar.

A guerreira não hesitou.

— Que assim seja.


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