Chances escrita por Miss Johnerfield


Capítulo 7
Seven




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“Por favor, não se apaixone por outra pessoa
Por favor, não tenha ninguém esperando por você”

(Enchanted - Taylor Swift)

 

Conversamos e comemos horrores. Alex havia se preocupado em preparar um banquete junto com Nari, e mesmo tendo tomado café há pouco, não fiz desfeita e comi de tudo. Depois de um tempo, resolvemos guardar o que sobrou e descansar ali mesmo, à sombra das árvores sobre a toalha que estava estendida na grama. Finalmente tive coragem de perguntar a ele aquilo que me assombrava há anos, e mesmo tendo medo de sua resposta, finalmente consegui confrontá-lo.

— Alex... Posso te perguntar uma coisa?

— Claro – respondeu ele.

— Por que você me abandonou?

Ele respirou fundo e me encarou por alguns instantes antes de responder.

— Eu não te abandonei, Anna. Nós terminamos e concordamos que, naquele momento, não seria bom para nós continuarmos juntos. Depois você foi para a Coreia com a sua família e eu e minha mãe voltamos a morar com meus avós em West Palm Beach. – respondeu-me ele com um tom de voz paternal, como quando seus pais explicam para você, uma criança teimosa, o motivo de não poderem criar um cão da raça São Bernardo em um apartamento de quarenta metros quadrados.

— Eu não me lembro de concordar com isso – rebati na defensiva.

Alex aproximou-se um pouco mais de mim, tirou os óculos escuros e me olhou nos olhos.

— O que importa mais para você no momento: saber por que terminamos lá atrás ou o motivo de eu estar aqui depois de tanto tempo?

Engoli em seco e desviei o olhar para minhas mãos, me sentindo um pouco boba e infantil. Mas eu não podia deixar a oportunidade passar, afinal foram anos pensando sobre isso. E agora que eu tinha a chance de saber o que houve de fato, tinha que tentar. Talvez fosse a hora de colocar os conselhos de Nari e Selena em prática e esquecer essa história, mas era difícil.

— Tudo bem. Me desculpe por ter tocado no assunto. É que isso vem me atormentando há muito tempo, eu só queria ouvir de você o que aconteceu.

Ele se aproximou ainda mais de mim e passou uma de suas mãos pelo meu rosto num gesto de carinho.

— Você tem todo o direito de saber o que quiser. Me perdoe, eu não sabia que você se sentia assim. Mas eu não quero que você pense que eu não gostava de você ou coisa do tipo. Pelo contrário, Anna. Tanto que escolhi estar aqui hoje, com você novamente. Venha aqui – disse ele estendendo os braços para mim. Fui até ele e o abracei pela primeira vez depois de tanto tempo, e senti como se estivesse voltando para casa. Encostei minha cabeça entre seu ombro esquerdo e a curva do seu pescoço e fiquei ali, sentindo o cheiro leve e amadeirado de seu perfume. Senti os batimentos cardíacos dele um pouco acelerados e sorri para mim mesma. Acho que se juntássemos nossos batimentos teríamos uma festa digna de um Mardi Gras de Nova Orleans.

Depois de um tempo levantei minha cabeça e olhei em sua direção, lembrando-me daquilo que Selena havia me contado no dia anterior. Acho que pelo menos aquela historia eu tinha direito de esclarecer com ele, afinal.

— Alex? – indaguei.

— Sim? – rebateu ele.

— Por que você fingiu que nosso encontro na sua boate foi uma mera obra do acaso?

— E não foi? – perguntou ele num tom cínico.

— Pare de fingir. Selena me contou tudo. – respondi mostrando que sua inocência não me convencia.

— Ok. Você me pegou. Eu fiquei com medo de que se você soubesse de antemão que era eu, talvez não quisesse sair comigo. – disse ele sorrindo meio sem jeito.

— E por que você achou que o elemento surpresa funcionaria? – perguntei olhando-o de soslaio.

— Porque funcionou. Estamos aqui agora, não? – respondeu ele recobrando sua confiança.

— É, faz sentido. Uma última coisa: sua reação quando me viu foi puro teatro também? Porque você parecia estar bem surpreso aquele dia.

— Não, isso foi espontâneo. Eu realmente fiquei surpreso.

— E o que te surpreendeu? – perguntei.

— Ver a mulher maravilhosa que você se tornou. Eu sempre soube que você continuaria bonita para o resto da vida, mas nem em meus melhores sonhos eu imaginaria que você estaria assim, tão linda.

— Ok, agora eu quero enfiar minha cabeça em um buraco! – exclamei me afastando um pouco mais dele e corando violentamente.

Alex riu e segurou minha mão na sua. Sorri para ele, ainda me sentindo muito envergonhada com o que acabara de ouvir.

— Agora é a minha vez de te perguntar. Nós estamos em um reencontro entre amigos ou um encontro de verdade, como naqueles filmes ruins que você me fazia assistir com você?

Dei um tapa de leve em seu braço e ele riu. Fingindo indignação respondi à sua pergunta.

 — Em primeiro lugar, os filmes eram ótimos. E em segundo lugar, eu preciso saber de uma coisa antes de te responder.

— Pode falar – encorajou ele.

— O que é isso que estamos fazendo? Quer dizer, a gente só se reencontrou há dois dias e já estamos assim. Aonde isso vai nos levar?

— Eu não sei. – respondeu ele parecendo sincero. – A única coisa que tenho certeza é que durante todo esse tempo eu não consegui pensar em outra coisa a não ser no que faria quando a gente se visse outra vez. Eu não sei por que, mas sentia que iríamos nos encontrar novamente um dia. Parece doideira, mas é verdade.

— E no que você pensava? – perguntei tentando acompanhar seu raciocínio.

— Que se eu tivesse a chance de ter você ao meu lado de novo, faria de tudo para que você ficasse comigo para sempre. É bem clichê, mas eu não consigo pensar em outro jeito de te dizer isso.

Engoli o nó que se formou em minha garganta e controlei a vontade de chorar e pular em seu pescoço naquele momento, porque eu tinha certeza que se fizesse isso não o soltaria jamais.

— Nesse caso, a resposta é sim. – disse sorrindo. Alex sorriu também e me olhou um tanto incrédulo.

— Sim o que? – indagou ele.

— Sim, senhor Alexander, isso é um encontro.

Alex abriu o sorriso mais lindo que eu já vi e beijou as costas da minha mão direita como um perfeito cavalheiro, enquanto eu sorria igual a uma tonta diante da gentileza. Há muito tempo não me sentia feliz assim, e o mais louco disso tudo era saber que a pessoa de quem eu mais guardava ressentimentos me proporcionou aquela alegria que não cabia em meu peito.


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