When Darkness Shines Brightest escrita por darling violetta


Capítulo 3
Sonho sem fim, parte III




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Um par de olhos azuis o encarava junto com um sorriso imenso. Em seu outro mundo, aqueles olhos cheios de vida se apagaram para sempre. Uma nova torção em seu estômago. A culpa e tantos pensamentos sobre aquele tempo passado fez Ciel se sentir mal. Sua pele empalidecia, e a bile subia pela garganta.

Não conseguindo segurar um grito abafado, Ciel despejou o conteúdo de seu estômago aos pés do irmão. Rachel gritou em horror, enquanto Vincent ajudava o garoto a se recuperar.

"Meu menino…". A mulher levou a mão à boca, sem saber o que dizer.

Ciel tossiu. O gosto amargo presente em sua boca.

"Eu estou bem." Disse. "Foi apenas um mal estar."

"Pois vou chamar o médico. Ciel…" Chamou o outro rapaz. "Leve seu irmão para o quarto. Os empregados cuidarão desta bagunça."

"Não precisa. Não… precisa."

Mesmo sob protestos, Ciel se encontrava fraco demais para impedir a ajuda. Assim, o maior fantasma de sua vida o ajudou até o quarto. O garoto deu licença para que se limpasse, mas obrigou o irmão a vestir sua camisola de noite.

Sem muito resistir, Ciel se deitou. Seu gêmeo sentou-se em uma poltrona com um livro enorme. O prazer estampado em seu rosto ao ler para o garoto doente.

Ciel até tentou, contudo sua mente vagava para longe. Olhou do rapaz para o teto. Pela primeira vez em muito tempo, não sabia como agir. Aquele jogo, seja lá quem o criou, até o momento era o mais complicado de todos. Estava confuso, assustado e sentia a falta de Sebastian.

Perguntava-se onde o mordomo estaria. Mesmo com a mente atenta, fechou os olhos. Não estava cansado, porém talvez o sono o alcançasse. Talvez se dormisse as coisas se ajeitassem. Talvez, dormindo, acordasse aonde realmente devesse estar.

**********************************

Uma confusão de sombras dançavam em sua mente. Uma perseguição. Não estava claro se era ele o perseguidor ou o fugitivo. Talvez ambos. Abriu a boca, contudo era difícil emitir algum som…

"Se… bas… Sebastian!"

Ciel se ergueu em um pulo. Estava em uma imensa cama de colchões macios. Seu coração disparava. Há muito seus sonhos não eram aquela confusão. Sentado, apoiou o rosto em ambas as mãos. Deu um suspiro pesado.

"Quem é Sebastian?"

Os olhos de Ciel se abriram em choque. A confusão se dissipando. À sua frente, ainda sentado com o livro, estava seu irmão gêmeo. O garoto o encarava, exigindo em silêncio uma resposta.

"Como sabe sobre Sebastian?"

"Você estava gemendo esse nome." Retrucou, entre divertido e preocupado.

"Eu não estava gemendo." Ciel afastou as cobertas de si, lentamente deixando a cama. Seu irmão também se levantou.

"Você não me respondeu. Quem é Sebastian?"

"Meu maldito mordomo."

Ignorando qualquer nova pergunta, Ciel correu e se trancou no banheiro. Abriu a torneira. A água gelada logo entrou em contato com a pele do rosto, afastando qualquer resquício de confusão.

Encarou seu reflexo no espelho. A marca do contrato não queimava mais em seu olho, logo, o contrato estava desfeito.

Ou nunca existiu.

Mas, se tudo não passasse de um pesadelo, como pôde ser tão vívido? Ele se lembrava dos cheiros, sabores e toques. Tão real quanto esta realidade, talvez até mais.

Um mínimo de esperança tentou florescer em seu coração. Talvez o universo deu-lhe uma segunda chance. Uma oportunidade de recomeçar. Desta vez, com sua família viva e feliz. Mas, como ter certeza? Sua mente não descansaria até obter respostas.

Saiu do banheiro e não encontrou o irmão. Caminhou até a porta e a abriu devagar. Olhou para ambos os lados apenas para ter certeza de não encontrar ninguém.

Ainda se lembrava do caminho de seu escritório, que no momento pertencia ao pai. Ouvia as vozes de Vincent e seu gêmeo subindo as escadas, acompanhados de outra voz masculina. Apressou-se ainda mais. Quando no escritório, trancou a porta atrás de si.

A configuração dos livros e prateleiras estava diferente. Os títulos foram organizados segundo os gostos de seu pai, não os dele. Havia alguns livros grossos e uma pilha de papéis sobre a mesa. Ciel olhou os livros sem encontrar algo útil. Então decidiu-se por investigar os papéis.

Sentou-se na cadeira grande e começou a procurar. Não sabia o que procurava, apenas sentia que havia algo. A maioria dos papéis eram trabalhos administrativos. Uma carta com o selo real encontrava-se aberta, perdida entre a bagunça. Ciel leu a carta, sem informações úteis. Soltou um suspiro pesado. A busca parecia infrutífera. Estava quase desistindo quando, sem querer, derrubou algumas folhas.

Depressa se colocou a recolhê-las. No meio das folhas caídas, encontrou um jornal. Datava de algumas semanas antes. A capa chamou sua atenção. Noticiava uma explosão nas docas, onde cerca de 30 pessoas perderam a vida.

Porém Ciel lembrava-se perfeitamente do acidente ter sido evitado. Ele e Sebastian deteram os criminosos a tempo. Foi ali que souberam da nova droga que assolava Londres.

Como pode esquecer? Agora, ficou claro. Na noite anterior, perseguiam um traficante. Foi ferido e acordou naquele lugar.

Jogou o jornal sobre a pilha. Sabia o que tinha que fazer. Ir a Londres pareceu a melhor forma para descobrir a verdade.

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A viagem até Londres nunca pareceu tão demorada. A estrada estendia-se além da vista, em linhas sinuosas sem fim. O barulho dos cascos do cavalo e o sacolejar da carruagem o enervava. Soltou um suspiro pesado.

Ciel saiu às escondidas, obrigando um dos empregados a trazê-lo até Londres. Mesmo a contragosto, o pobre homem decidiu seguir as ordens do filho do patrão. Para Ciel foi uma perda de tempo. Seus empregados jamais discutiram uma ordem sua.

Era o início da tarde quando enfim chegaram. O tempo começava a refrescar com a crescente aproximação do outono. Ciel saltou no centro da cidade, dando ordens ao velho homem para esperá-lo.

Um vento repentino soprou. Sua cartola voou, indo parar nos pés de uma senhora de meia idade. A mulher tinha cabelos vermelhos, com seus cabelos grisalhos começando a aparecer. Seu rosto redondo era coberto por grande quantidade de maquiagem, talvez, pensou ele, para esconder os traços da idade. Era bastante robusta, em seu vestido dourado.

A mulher encarou o objeto com um misto de desgosto e desprezo enquanto Ciel vinha buscar o objeto. Uma mão enluvada foi mais rápida, entregando-lhe seu bem.

O homem lhe sorria agradavelmente. Ciel engoliu em seco. Não acreditava no que seus olhos viam.

"Sebastian!"

"Este é meu nome." Respondeu. "Nos conhecemos?"

"Não seja tolo!" Retrucou. "Você é meu mordomo!"

Tanto a mulher quanto Sebastian riram.

"Eu sirvo apenas à minha bela senhora."

A mulher ergueu a mão, ao qual Sebastian depositou um beijo.

"Além do mais." Continuou. "Você é jovem demais para meus serviços."

A confusão estampou seu rosto, sem entender a quais serviços Sebastian se referia. O homem de cabelos negros então riu e piscou para o jovem. As bochechas de Ciel coraram e, ainda rindo, Sebastian seguiu os passos da senhora, que se afastava da cena, obviamente enciumada com a interação.

"Que disparate!" A mulher reclamou, perdendo-se na multidão. Sebastian lançou um último olhar para trás, antes de também se perder.


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