O som de tiros ecoou pela noite antes silenciosa. Em seguida, passos apressados.

            ‘‘Sebastian!’’ Uma voz masculina gritou. ''Pegue-o!’’

            ‘‘Como quiser, mestre.’’ Uma voz saída das sombras disse calmamente.

            Um homem em torno de 40 anos corria mais a frente. Vez ou outra olhava para trás, sem conseguir ver o perseguidor. Sem perceber, acabou entrando em um beco mal iluminado, sem saída. Uma risada sinistra ecoou de todos os lados. O pobre homem apontou a arma, assustado, contudo não sabia para onde atirar. Deu alguns passos para trás, acabando por encontrar uma parede de tijolos. Não tinha para onde fugir.

            De repente, algo agarrou seu braço. A arma caiu, ao mesmo tempo em que seu braço era torcido em várias direções. Ele gritou de dor, escorregando em seguida pela parede fria. Passos chegavam ainda mais perto. Das sombras saiu um homem todo trajado de preto. Era muito alto, de cabelos escuros. Seus olhos carmesim brilhavam. Era assustador.

            Um terceiro homem se juntou a eles. Um pouco mais baixo que o homem de preto, tinha cabelos cinza azulados, caindo sobre seus olhos de cores diferentes. Trajava calças em cinza escuro, quase preto, blusa branca e casaco azul marinho. Era bem mais jovem que o outro perseguidor, não parecendo ter mais de dezoito anos.

            Aproximou-se do homem caído.

            ‘‘Peter Barrymore, como tantos outros, ousou sujar o jardim a rainha.’’ Disse o jovem. ‘‘Se nos der informações úteis sobre a nova droga que circula, talvez meu mordomo pegue leve com você.''

            O homem, de nome Peter, olhou do jovem para o sinistro mordomo. Rapidamente balançou a cabeça em concordância. Triunfante, o jovem se aproximou um pouco mais. Aproveitando a oportunidade, Peter levou a mão boa ao bolso do casaco, sacando de lá um canivete.

            Num movimento rápido, fez um longo corte na mão do jovem. Este gritou de dor, enquanto o homem tentava se levantar. Nem o jovem nem seu mordomo esperavam essa reação, mas no instante seguinte o corpo sem vida de Peter jazia no chão. Na raiva, o jovem sacou a própria arma e, sem pensar duas vezes, atirou.

            ‘‘Foi uma perda de tempo.’’ Disse.

O homem de preto soltou uma gargalhada.

            ‘‘Se atirar em todos os suspeitos, não chegaremos a lugar algum.’’

            Sem dar-lhe ouvidos, começou logo a sair.

            ‘‘Vamos embora, Sebastian.’’

            ‘‘Certamente, mestre.’’

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            Já era madrugada quando chegaram de volta à mansão Phantomhive. Muitos não sabiam, mas aquela propriedade pertencia ao temido cão de guarda da rainha: Ciel Phantomhive, cujo tinha o dever de manter o submundo na linha.

            Ao entrar em seu quarto, Ciel foi logo tirando seu casaco. Sebastian pegou-o, dobrando-o com cuidado. Ciel soltou um suspiro cansado. Apesar de tudo que passou, ele ainda era um jovem de apenas 17 anos. Mesmo não gostando de mostrar-se fraco, ainda se cansava.

            ‘‘Grande perda de tempo. Sebastian, prepare meu banho.’’

            ‘‘Sim, jovem mestre.’’ O mordomo pôs a mão sobre o peito, em seguida  saiu para preparar o banho de seu mestre.

            Eficiente como era, em pouco tempo o banho preparado por Sebastian estava pronto. Ciel mandou o mordomo preparar-lhe chá, enquanto usufruía de seu banho quente. Estava tão cansado que acabou esquecendo o corte em sua mão. Não era nada profundo, então cuidaria disso após o banho, pensou.

            Com um bocejo, sentia os olhos pesados. Mal conseguia mantê-los abertos. Tentou chamar Sebastian, em vão. O peso em suas pálpebras foi mais forte. Seus olhos se fecharam por completo, caindo em um sono profundo.