Sabores Divinos escrita por Clarisse Hugh


Capítulo 1
Sabores Divinos




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Crowley teve um dia cheio. E nada é mais reconfortante para um demônio cansado do que finalmente chegar em casa, soltar um longo suspiro e relaxar os ombros.

Bem, nada exceto...

Em um segundo, ele retoma a postura alerta e corre os olhos de um lado a outro de seu apartamento, vasculhando o local em busca de qualquer possível fonte de ameaça, sempre muito alerta.

Após uma varredura completa do cômodo, ele se encaminha pé ante pé em direção a sua cozinha, se abaixa silenciosamente e sem fazer movimentos bruscos, abre a porta de seu pequeno armário debaixo da pia e retira cuidadosamente de lá uma panela razoavelmente grande.

Uma vez feito isso, não perde mais tempo e providencia logo os demais insumos: sal, água, pimenta do reino e... macarrão?

Ora, não é de se estranhar que, depois do louvável esforço para desempenhar essa operação "secreta" toda, ele tenha descuidado sua atenção dos barulhos nos arredores. Não fosse o cheiro inebriante de comida caseira quentinha, ele com certeza teria distinguido o cheiro de seu anjo favorito quando este chegou, muito antes que ele sequer tivesse a chance de bater em sua porta. Mas, como já havia dito, ele não o fez.

(Nunca duvide do poder de concentração de uma serpente com fome).

Aziraphale se considerava um ser educado, exemplo de boas maneiras até, mas após chamar três vezes consecutivas sem obter resposta (a última delas num tom dois decibéis acima do que ele considerava adequado para aquele horário da noite, inclusive) ele resolveu entrar por conta própria.

Em sua defesa, tudo que ele tinha em mãos era uma mensagem enviada 47 minutos antes dizendo: "Caramba. Estou morto, anjo", a qual ele prontamente respondeu com: "Não seja bobo, Crowley. Você sem sequer conseguiria fazer uma coisa dessas", mas que nem chegou a ser visualizada.

Como seu amado demoninho adorava um desafio, ele ficou um tanto preocupado que ele tivesse levado sua provocação um tiquinho longe demais. Ah, quem ele queria enganar? Aziraphale estava preocupado e queria ver como ele estava. Não é invasão de propriedade quando você conhece o dono do local há 6000 anos, certo?

— Crowley? Você está aí?

O celestial seguiu para luminosidade do único cômodo aceso e se deteve na porta ao deparar-se com duas coisas absolutamente surpreendentes: um demônio usando um avental branco com desenhos azuis, amarelos e rosa de jogos de chá e o cheio extremamente apetitoso de...

— Sopa?

Crowley havia notado a presença de Aziraphale uns cinco segundos antes e não teve tempo de fazer nada além de sorrir, encabulado, com as bochechas tingindo-se num tom adorável de carmim.

— É. De cabelinho de anjo. Eu precisava de algo para me animar...

Foi então que o loiro derreteu-se completamente, porque nada no mundo melhorava seus dias ruins como um bom, generoso e delicioso pedaço de devil's cake.

O doce só perdia para o adorado demônio em pessoa, mas Aziraphale não pretendia confessar isso tão cedo. Comida, para ele, era coisa séria.

(E amor, mais ainda).


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