Três xícaras de amor escrita por Bruxa Azulzinha


Capítulo 5
Quando a rosquinha na verdade é um príncipe


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ♥



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Os dias de Sakura estavam cheios de ansiedade e preocupação. 
O homem misterioso não apareceu na segunda feira e nem na terça... O que deu a ela a chance de organizar a casa com os cardápios, etiquetas e rótulos novos da  gráfica. E na entrada da casa, bem no pequeno pedaço de grama perto do portãozinho, Sakura colocou uma plaquinha cor de rosa de chão com o logo SS Candy. 

"Sarada vai adorar quando ver isso" - ela pensou. 

Naquele dia de quarta feira, Sakura decidiu ir até a loja Mimos para pedir ajuda à Ino. Então ela fechou a porta de casa e partiu em seu Fusca, às nove da manhã que era a hora em que a loja abria. 

Chegando lá, Ino já estava sentada em sua habitual mesinha. 

— Oi Ino - cumprimentou Sakura, assim que saiu de seu carro.
— Oi Sakura - Ino acenou com a mão e depois voltou o olhar para a tela do computador - Que bom que você veio, eu queria te pagar o que devo. 

Ino deu à Sakura um punhado de notas e moedas. 

— Graças a Deus você deixa a gente pagar no dia do salário, senão eu estaria morta sem os doces - disse Ino, rindo - E pode me passar mais dois bolos de chocolate. 

Sakura sorriu e abriu a bolsa térmica para pegar os dois pedaços de bolo embalados. 

— Aqui está. 
— Esse fica para pagar no mês que vem? 
— Claro - Sakura não deixou de sorrir.
— Ai que bom, você é dez.

Sakura entregou os bolos e recebeu o novo pacote de roupas para costurar. 

— Bom, é isso para essa semana - disse Ino, soltando um bocejo. 
— Er... Ino - começou Sakura, meio sem jeito - Eu queria saber se você pode me fazer um favor.

Ino parou de olhar a tela e encarou Sakura.

— O que?
— Então... 

Sakura explicou toda história para Ino, desde o seu sonho até suas dificuldades com as vendas, Jiraya, o hotel e o estranho que visitaria sua casa. E quando finalmente acabou a narrativa, Ino estava de olhos arregalados. 

— Nossa Sakura, que bafão é esse? É claro que eu vou - disse ela, soltando um riso - Mas você tem que estar ciente que eu não trabalho de graça.

Sakura já esperava por isso.

— O que você quer?
— Eu quero uma semana de doces grátis - disse Ino, esfregando as mãos uma na outra.
— Olha, eu te dou um mês de tudo o que você quiser - Sakura riu de nervoso - Estou desesperada. 
— Um mês? UAU! Fechado! - Ino se levantou da cadeira com as mãos na cintura - Quando começo?
— Então, isso que eu não sei, estou esperando a ligação de Jiraya para me...

O celular de Sakura começou a vibrar dentro do bolso da calça.

— Ah, só um instante, Ino. 

Sakura pegou o telefone e atendeu, logo a voz grave de Jiraya surgiu do outro lado. 

— Sakura, minha flor, o Uchiha está indo até aí. 
— O que?! Agora? - Sakura deu um grito tão alto que Ino saltou de susto. 
— Sim, eu o vi comentando com o irmão que ia sair, então corri para falar com o motorista. 
— É incrível como você é amigo de todos aí no hotel, Jiraya - comentou Sakura, admirada.
— Muitos anos de casa dá nisso. Enfim, eu toquei no assunto como "quem não quer nada" e ele comentou que ia até a sua região deixar o Uchiha. 
— Meu Deus...
— Se quer impressionar o cara, sugiro que faça isso rápido. Sai é rápido no volante. 
— Certo. Muito obrigada, Jiraya! 

Sakura desligou a ligação e olhou para Ino. 

— Temos que partir agora para a minha casa! 
— Sério? Agora? - Ino se levantou novamente da cadeira, olhando para os lados - Mas eu acabei de chegar no trabalho.
— É um mês de doces grátis...

Ao ouvir aquilo, Ino imediatamente fechou seu acesso no computador, pegou sua bolsa e gritou para o gerente:

— Rock!!! Eu tô saindo, já volto! Não vou demorar! 

Ino pulou o balcão da loja com agilidade e pegou na mão de Sakura para entrar no Fusca.

O homem que Sakura viu dias atrás, com sobrancelhas grossas e um penteado engraçado, apareceu atrás do balcão onde Ino estava. 

— Que tipo de emergência é essa? - ele perguntou, sem tirar os olhos da Sakura. 
— Temos que salvar a filha dela na escola e os doces - disse Ino, entrando no carro - Depois eu te explico, já volto.
— Certo - disse ele, coçando o cabelo - Ei... Você, moça...

Sakura que já havia entrado no carro e ligado o motor, olhou para ele com certa pressa nos nervos. 

— Olá, boa tarde senhor - disse ela. 
— Boa tarde, meu nome é Rock. O seu é Sakura né? 
— Sim.
— Eu comi alguns dos seus doces - disse ele, se apoiando no balcão - Estavam ótimos. Parabéns. 
— Ah, muito obrigada - Sakura batia os pés com desespero no piso do carro. 
— Eu queria saber se depois, quando você trouxer a minha funcionária de volta, a gente podia conversar um pouco?
— Ah... - Sakura olhou para a Ino e a loira desviou o olhar, tapando a boca para não rir. - Tudo bem, logo estaremos de volta e conversamos. 
— Tudo bem, até logo - disse Rock, acenando para as duas que partiram em disparada.

— Sakura, o Rock Lee quer sair com você!
— Ah, sei... - Sakura estava tão preocupada com a hora que aquilo não pareceu tão surpreendente.
— Calma mulher, vai dar tempo.
— Não sei... Jiraya disse que aquele motorista é rápido.

Sakura acelerou o carro e desviou dos motoristas lentos, pegou um atalho para fugir do trânsito de manhã e apertou o passo.

— Bom, continuando - Ino digitava freneticamente em seu celular, enquanto falava. Ela sempre tinha muitos contatos amorosos à espera das suas mensagens - O meu gerente está apaixonado por você. Disse que vai comprar quantos doces forem possíveis até você sair com ele. 

Sakura tamborilou os dedos no volante enquanto olhava fixamente para o semáforo à frente. Seu coração quase saía pela boca.

VERDE

O Fusca disparou na frente dos outros carros, virou a primeira rua para entrar no bairro das Cerejeiras onde muitas árvores traziam um clima de paz e tranquilidade para os moradores. 

— Nossa, que lugar bonito que você mora Sakura - disse Ino, tirando os olhos do celular pela primeira vez desde que entrou no carro - Quantas árvores.

As ruas eram cobertas por uma enorme sombra do amontoado de árvores que faziam suas folhagens se transformarem em guarda sóis naturais.  

— Chegamos - disse Sakura, ao reduzir a velocidade.

Ela saiu do veículo, abriu o portãozinho branco e depois voltou ao carro para estacioná-lo dentro da garagem. 

— Parabéns, parece que chegamos na hora - disse Ino, abrindo a porta do carro e saindo.
— Sim, foi muita sorte - disse Sakura, correndo para a porta de entrada - Vem cá.

Logo quando abriu a porta, Sakura correu para dentro e tirou das gavetas os dois aventais brancos com detalhes cor de rosa e o logo da confeitaria colado na região do peito. 

— Aqui está o seu - disse Sakura, estendendo um avental para Ino.
— Então eu só tenho que fingir que trabalho fazendo doces com você, certo? - disse Ino, enquanto amarrava o avental. 
— Isso mesmo, mas se você ficar com vergonha ou não quiser falar, tudo bem, só cumprimente-o e sorria. 
— Ah, isso eu já faço no meu trabalho. Vai ser moleza. 

Sakura foi até o toalete e lavou o rosto para relaxar um pouco os nervos e quando estava secando o rosto, Ino gritou seu nome da sala de estar. 

— Acho que ele chegou - disse ela, apontando para a porta de entrada. 

Sakura ficou estagnada perto dos ganchos de guarda chuva e casacos que ficava ao lado da porta, enquanto ouvia o som suave de um carro parando em frente a casa. Logo depois, passos calmos se aproximaram da porta e então alguém tocou a campainha.

Sakura imediatamente foi até a porta e a abriu, revelando um homem alto, muito bem vestido com trajes sociais, cabelos escuros e uma expressão serena e ao mesmo tempo dura no olhar. Sakura reconheceu de imediato o homem com quem esbarrara nos degraus da escada do hotel. 
Aquilo congelou sua alma por completo.

"Oh meu Deus... Não pode ser!"

Ela jurava que ele era um produto da sua imaginação...
Quem dera fosse, pensou ela.

"Agora ele sabe que eu trabalho no hotel!"

O coração de Sakura não sabia se saía pela boca ou se explodia o peito em milhão de pedaços. 

— Bom dia.

A voz masculina irrompeu da bela boca do homem. Era tão suave e forte ao mesmo tempo.

— Bom dia - a voz de Sakura saiu depois de alguns minutos fora do ar - ah... Em que posso ajudar?
— Conheci seus produtos comprando no bar do hotel Palácio - disse ele, olhando ao redor - Então quis conhecer o fornecedor.
— Ah, claro... Eu vendo no hotel Palácio mesmo - Sakura começou a enxugar nervosamente as mãos que estavam começando a suar - Ah, deixa eu te apresentar a minha assistente, ela me ajuda aqui na cozinha.

Ino mal esperou Sakura terminar de falar e já avançou para a frente dela para puxar o homem num cumprimento de beijo na bochecha.

— Oi, tudo bem? Me chamo Ino.

O homem pareceu ligeiramente incomodado com o toque da loira, Sakura não sabia onde enfiar a cara.

— Nossa, e quem é aquele moço lá fora? - Ino perguntou, apontando para a porta.

Na frente da casa tinha um homem encostado no carro, ele mexia em seu celular e parecia desinteressado no que se passava dentro da casa. 

— Ele é meu motorista.
— Ah, mil desculpas - murmurou Sakura, estendendo a mão - Esqueci de me apresentar. Me chamo Sakura.

O homem olhou para a mão estendida de Sakura e depois encontrou seus olhos verdes, então apertou sua mão delicada. A mão dele era grande e quente... Sakura sentiu se desaparecer naquele aperto.

— Sou Sasuke Uchiha. 

Sakura sentiu seu rosto ruborizar, então quebrou o contato visual e soltou sua mão da dele.

— Sasuke Uchiha? - perguntou Ino - A sua família trabalha com jóias, não é? 
— Sim - respondeu ele, se voltando para Ino - Estamos hospedados aqui na cidade há alguns dias.
— E veio até esse fim de mundo para conhecer nossos doces? Parece ser bem diferente do seu habitat - Ino brincou.
— É, bem diferente... 

Sasuke olhou mais uma vez ao redor e Sakura observou que seu rosto não demonstrava desprezo, parecia calmo e até agradável. 

— O senhor aceita um café? Venha por aqui, eu vou te mostrar onde trabalhamos - disse Sakura, caminhando até a cozinha. 

Enquanto Sakura apresentava os produtos e mostrava seu ambiente de trabalho, Sasuke observava e prestava muita atenção, Ino brincava e dava cantadas discretas o tempo todo nele. Sakura achou aquilo engraçado, mas não entendeu porque, aos poucos, a ideia de ter pedido a ajuda dela, foi se transformando numa ideia ruim. 

Sasuke Uchiha, Sakura e Ino tomaram café na mesa e conversaram sobre os doces da SS Candy por mais de uma hora. Nesse meio tempo, Sakura convidou o motorista para entrar também e ele se apresentou como Sai. 
Ino não soube decidir qual dos dois ela tentava desesperadamente paquerar. 

Ele também era um moço muito bonito, mas é claro que ele não se comparava ao Uchiha, pelo menos não aos olhos de Sakura. 
Para ela, aquele dia estava sendo um sonho... O homem que ela pensou ser de mentira estava ali em sua casa, muito interessado em seus produtos...

— Sakura, preciso ir agora - disse ele, colocando a xícara no pires - Agradeço pela recepção. Gostei muito do que vi aqui, não esperava que aquele tipo de doce era fabricado num lugar como esse. 

Sakura piscou algumas vezes, recobrando a consciência.

— Ah... M-muito obrigada, Sasuke - ela falou, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha - A casa é bem simples, mas até que serve para alguma coisa.
— Não quis dizer isso - ele murmurou - É que já vi grandes docerias com todo o luxo possível não produzirem um produto de qualidade. Penso que isso vem de dentro.
— Sim... A doçura realmente vem de dentro - disse Sakura, suspirando. 

Sakura percebeu que estava encarando o homem como se estivesse paralisada, então se recompôs e olhou para Ino.

— Vamos levá-los até a porta. 

As duas então acompanharam os dois homens até o carro, mas antes de Sasuke entrar no banco de trás, ele olhou para Sakura.

— Posso ligar depois para o telefone que está no cartão? 
— Ah, sim, claro! Ligue quando quiser. 

Sasuke assentiu e entrou no carro. O motorista então ligou o veículo e partiu.
As duas ficaram na entrada da casa observando os dois até os perderem de vista.

— SAKURA... o que foi aquilo??? - Ino agarrou os ombros de Sakura.
— Aquilo o que? 
— Aquele homem! Menina, quando ele te ligar, você tem que me passar o telefone dele. Eu com certeza vou traçar ele até o último fio de cabelo.

Sakura sorriu e entrou na casa. 

— Tudo bem, te passo sim.
— E aí ele vai me levar para jantar com a família rica dele e eu serei uma dona de joalheira, olha que máximo.

Ino desamarrou o laço do avental e jogou na mesa.

— Vamos lá Sakura, você tem que me levar de volta para a loja. Ainda tenho que voltar ao trabalho.
— Tudo bem - Sakura retirou o seu avental e abraçou Ino. Esta se espantou com a ação de Sakura - Muito obrigada Ino, você ajudou muito e desculpa te tirar do seu trabalho.
— Não tem de quê. E também tem o lance dos doces grátis, há há! 
— Certo - Sakura sorriu e então soltou Ino. 

***
****

Depois de levar Ino de volta à loja Mimos, Sakura foi surpreendida pelo gerente pedindo seu telefone. 

— Você disse que podíamos conversar depois - disse Rock.
— Ah, sim... Eu disse. É que agora eu tenho que trabalhar - disse Sakura. 
— Posso te ligar mais tarde, então? 

Sakura suspirou pesadamente.

— Tudo bem - disse ela, estendendo seu cartão da SS Candy.
— Muito obrigado - disse ele, sorrindo de orelha a orelha.

Sakura então entrou no Fusca e partiu para o trabalho.
Estava pensativa...
Tudo aquilo que aconteceu em sua casa foi mesmo real? Aqueles olhos negros eram tão... Hipnotizantes.

Então ela se lembrou do encontro que teve com ele nos degraus da escada. Ela lembrava muito bem de ter sido pega pela cintura e impedida de cair no chão, lembrava também de como ele a olhou, antes de arrumar a gravata e continuar seu caminho.

"Como ele não se lembrou de mim?
Eu me lembraria dele se tivesse visto há vinte anos atrás. Não dá para esquecer aquela beleza... Mas, ele não se lembrou de mim..."

O ânimo de Sakura foi se transformando numa mistura de ansiedade, auto desprezo, vergonha, irritação e também medo. 

"Ele não deve ter reparado em mim, por isso esqueceu tão depressa do meu rosto. Ora Sakura, e quem iria reparar numa camareira descabelada? 
Mas espera... Se ele me viu hoje, com certeza ele se lembrará se me ver no hotel!!!"

As mãos de Sakura voltaram a suar, tanto que ficavam escorregadias no volante. 

"Se acalme, Sakura" 

Chegando no hotel, ela foi se trocar. Colocou o uniforme, bateu o ponto de entrada e foi falar com Anko.
A supervisora estava em sua sala, escrevendo um relatório.

— Boa tarde, Sakura - disse ela, bebendo um gole de chá da sua caneca que nunca saía daquela mesa. Tinha a estampa "Eu amo a mamãe" e vários coraçõezinhos - Sakura se perguntava quantos filhos ela teria e quem seria seu esposo, ela nunca conseguia imaginar aquela mulher sendo agradável com alguém - Hoje você vai limpar os quartos dos Uchihas. 

Sakura estava pendurando o crachá no avental e de repente deixou o objeto se estatelar no chão. 

— Oh céus... Desculpa - disse Sakura, de forma agitada, se abaixando para pegar o crachá.
— Está tudo bem?
— Sim, está... 
— Então pode começar. Termine tudo antes que retornem. Eles foram a uma reunião na sala de jantar dourada, logo estarão de volta. 
— Quanto tempo mais ou menos? - Sakura colocou o crachá e endireitou sua postura.
— Da última vez, a reunião deles demorou três horas. 
— Certo. 

Sakura saiu da sala da supervisora e subiu para o sétimo andar. 
O tapete cor marsala do corredor estava impecavelmente limpo, Hinata havia passado o aspirador ali mais cedo.

"Vou começar por esse aqui" - pensou Sakura, entrando no primeiro quarto do lado esquerdo do corredor. 

A primeira suíte presidencial era de casal. 
Havia um pequeno corredor com um banco e chapeleira que dava para o quarto. Um enorme guarda roupa de mogno ficava na parede esquerda, no centro do quarto uma cama de casal com os mais lindos lençóis brancos com bordas de renda, cômoda, banheiro também impecável, televisão e sacada com vista para as luzes da cidade.

O quarto não estava muito desarrumado, então ela fez o básico: passou o aspirador no chão, tirou o pó da cômoda, organizou o banheiro, trocou as toalhas e os lençóis e tirou o lixo.

No segundo quarto não foi diferente, no terceiro já teve algum trabalho... Na família Uchiha devia ter um membro um pouco bagunceiro... Sakura encontrou papéis de bala, chocolate e roupas espalhadas pela cama. 
Foi então que, no último quarto do corredor, Sakura olhou para o relógio e se assustou: já havia se passado duas horas. 

— Preciso me apressar. 

O último quarto que ela entrou era o mais organizado de todos. 

"Será que alguém já limpou aqui?"

Ela tirou lixo do banheiro e trocou lençóis, mas fora isso, não encontrou nada fora lugar. 

"Essa pessoa deve arrumar o próprio quarto sempre que sai" - pensou ela, colocando o saco de lixo em seu carrinho de limpeza que estava no corredor. 
Sakura odiava aquele carrinho, ele fazia um barulho estranho com as rodas como se estivesse guinchando. Sakura já havia reclamado daquelas rodas para Anko, mas a supervisora dizia que tinham que aguardar a nova compra de carrinhos.

— Quarto cheiroso... - disse Sakura, fungando o ar do banheiro e do quarto - Quarto organizado...

Ela olhou cada canto dos cômodos, colocou as mãos na cintura e sorriu. 

— Quarto perfeito! 

Antes de sair, porém, uma coisa chamou sua atenção. A porta do guarda roupa estava entreaberta. 

— Hum... 

Ela foi até o guarda roupa e empurrou devagar a porta para fechar, mas sem sucesso. A porta voltou a se abrir. Tentou empurrar de novo, mas a porta voltou a abrir.

— Deve ter alguma coisa emperrando.

Sakura abriu a porta do guarda roupa e de repente um cheiro maravilhoso subiu ao seu nariz. Era um perfume suave e ao mesmo tempo impactante... Perfume masculino. 

"Esse cheiro... Não me é estranho" 

Ela olhou para as roupas muito bem penduradas nos cabides e dobradas na prateleira, então sorriu. 

"Hinata é muito boa em organizar roupas" - pensou, olhando para baixo e encontrando a roupa responsável por emperrar a porta. Era um suéter azul marinho, o pano estava enganchado no parafuso da porta. 

Sakura se ajoelhou em frente ao guarda roupa e tentou, com delicadeza, tirar o pano do parafuso sem estragá-lo. 

— SAKURA! 

A voz brava de Anko fez Sakura dar um pulo, com o suéter nas mãos. 
Anko estava parada na porta do quarto.

— O que está fazendo? Eles estão subindo para os quartos.
— E-eu já acabei - disse Sakura, se levantando - Só estava guardando esse suéter. Ele estava fora do guarda roupa.
— Certo. Vamos logo, temos que sair do corredor. 

Sakura assentiu e esperou Anko ir na frente, então olhou para a roupa em suas mãos. 
Para o seu desespero, o pulo que ela deu com o susto acabou rasgando o tecido.

"Meu Deus!!!"

Sakura sentiu uma gota de suor descer pela testa. 

"Vou ter que consertar isso... É, boa ideia. Eu vou costurar isso e devolver na próxima vez em que vier arrumar o quarto. Assim ninguém vai perceber". 

Sakura fechou a porta do guarda roupa, verificou se não tinha esquecido nenhum pano de chão no carpete e então trancou a porta do quarto com a chave dourada. 

O carrinho de limpeza estava no corredor, próximo às escadas. Sakura correu até ele e escondeu o suéter cheiroso dentro de um balde vazio, então levou o carrinho até a entrada do elevador de serviço.

— Anda, anda... - repetia Sakura, olhando para o relógio. 

Dois minutos se passaram e o elevador subia lentamente. 

PLIM

Quando a porta do elevador se abriu, exatamente no mesmo segundo... A porta do elevador de hóspedes também se abriu, revelando dois casais muito elegantes: o primeiro era mais velho, numa idade de mais ou menos cinquenta anos, o segundo mais jovem; também havia um moço com ar juvenil, um homem com idade mais velha e... ELE.
A sorte de Sakura é que no momento em que eles saíram do elevador, ela já havia entrado no dela e apertava desesperada o botão de fechar a porta. 

Eles passaram em frente o seu elevador enquanto a porta se fechava, então ela abaixou a cabeça para evitar ser reconhecida. 

Uma vez segura lá dentro, ela soltou um grande suspiro de alívio e enxugou o suor da testa, prometendo nunca se enfiar numa atrapalhada daquelas de novo.

***
****

Em seu horário de almoço, Sakura jantou e depois decidiu ligar para Sarada para saber se estava bem. A filha estava tranquila e disse também estar com saudades. 

Sakura passou o restante do tempo livre olhando para o céu da janela do refeitório.
O crepúsculo estava lindo naquele dia, os últimos raios de sol faziam um show no céu.

— Tchau meninas, até amanhã - disse Anko, acenando para as empregadas. 
— Bom descanso - disse Sakura, acenando. 

"Hum... A barra está limpa" - pensou Sakura, levantando da mesa do refeitório e indo até a sala dos carrinhos de limpeza.

****
*****

Sakura pegou o suéter do balde preto e verificou o rasgo. Não era tão grande e tinha conserto, talvez a marca nem aparecesse depois, seria uma cirurgia perfeita e bem calculada para evitar suspeitas. 

"Espero que ele não queira usá-lo amanhã" - pensou ela, guardando o suéter em sua mochila - "amanhã eu te devolvo".

VRUUUUUM VRRUUUUUUM

Seu celular começou a vibrar na mochila, então ela o pegou. 

— Número desconhecido? - ela murmurou, erguendo uma sobrancelha. Então apertou o botão de aceitar chamada - Alô?
— Alô, boa noite.
— Boa noite, com quem eu falo?
— Sasuke Uchiha.

A garganta de Sakura ficou seca de repente e seu coração deu um terrível salto no peito.

— Ah... Olá de novo.
— Liguei numa hora ruim? - A voz dele do outro lado da linha era tão suave quanto pessoalmente.
— Não! Que isso... - De novo o suor nas mãos, fazendo Sakura se secar freneticamente.
— Eu gostaria de saber se você aceita almoçar comigo no fim de semana. 

A mão de Sakura apertou o avental com força.

— A-almoçar com você?
— Sim - a voz dele parecia relutante, mas irredutível - Eu quero conversar sobre a sua pequena empresa. 
— Sim...
— Eu venho a algum tempo planejando um negócio só meu... Mas ainda não saiu dos papéis.
— Entendo...
— E gostaria muito que os seus doces estivessem nesse negócio. Acho que fará muito sucesso e se enquadra bem com o que eu quero oferecer. 

Sakura escutava com atenção, mas fazia força para manter sua mente na realidade.

— Que tipo de negócio? - Sakura ofegou.
— É segredo. Não contei a ninguém ainda, você será a primeira a saber e também terá uma parceria nisso se concordar - disse ele, calmante - Por isso quero conversar melhor pessoalmente.
— Entendo...

Sakura mordiscou os lábios, nervosa. 
Pensou nas possibilidades que aquela atitude traria a ela e a filha. 

"Talvez nem precise mais trabalhar no hotel..." - ela pensou, sonhadora - "Calma, Sakura. Ele só quer conversar".

— Tudo bem - ela sussurrou, depois de um tempo - Podemos nos encontrar sim.
— Certo - disse ele - Te busco então no sábado à tarde. 
— Tudo bem... Er, você sabe onde eu moro?
— .... Sim... Eu fui até lá hoje.
— Ah! É mesmo... Desculpa, é que eu esqueci - Sakura deu um tapa em sua testa. 

"Meu Deus, como eu sou idiota".

— Tudo bem, te vejo no sábado. Até mais.
— Até... Boa noite.
— Boa noite.

Sakura desligou a ligação com as mãos tremendo. 

"Uma parceria em um negócio? Céus... Eu não esperava por isso..."

Ela enxugou as mãos no avental e sentou no chão frio de mármore.
Com certeza ela passaria o restante dos dias preocupada com aquele almoço, ela não tinha dúvidas, mas o mais importante era o porque ela estava daquele jeito...
Seu coração não conseguia se aquietar um segundo no peito, como se fosse ter um ataque a qualquer momento.

As expectativas eram grandes, mas a relutância era maior. 
Um dos medos de Sakura era ser reconhecida pelo Uchiha e perder o emprego, mas o maior medo que ela sentia naquela situação, com AQUELE homem, era se apaixonar...

Ele era tão...
Lindo, tão... Cheiroso...
Tão...
Impossível... 

Desde que esbarrara com ele naquele dia, não parava de sonhar com um homem que parecia impossível de existir, mas ele existia, era real. 

Ela não podia se apaixonar...
De novo não. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo e até o próximo! ♥



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