Clueless escrita por Martell


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, quem ainda lê o que eu posto!

Essa fic é curtinha e fofinha, para descontrair um pouco. Eu amo meu filho Ron Weasley, mas essa é a primeira vez que eu escrevo com enfoque nele, espero que eu tenha conseguido capturar a essência do personagem pelo menos um pouquinho.

Essa fic é a minha terceira para o projeto do Pride Month Fanfics.

Sem mais delongas, boa leitura!



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Harry 

Ronald poderia não ser a pessoa mais observadora do universo, mas havia duas coisas às quais ele dedicava a sua atenção, mesmo que momentaneamente, e essas eram seus amigos e quadribol.

Ser o melhor amigo de Harry Potter durante um ano o ensinara a necessidade de manter os olhos no garoto: não apenas Harry era um imã para problemas, ele ativamente os buscava e nunca pedia ajuda. Não sabia se por achar que os amigos não estariam dispostos a acompanhá-lo ou por temer que colocassem a vida em risco por sua causa – novamente.

Não importava: mesmo com 12 anos, Ron sabia que seguiria Harry Potter para o resto de sua vida, e Hermione faria o mesmo sem pensar duas vezes.

Quadribol, por sua vez, sempre foi uma obsessão relativamente controlada. Mesmo com as vassouras de baixa qualidade, metade de suas lembranças felizes envolviam voar com os irmãos em tardes quentes, devorando os sanduíches preparados por sua mãe jogado na grama, a mão calosa de seu pai bagunçando o cabelo já emaranhado pelo vento.

(E havia Hermione, também, e como era tão fácil e ao mesmo tempo impossível manter a sua atenção na garota. Algo sobre ela, algo que não conseguia identificar, parecia complicado – diferente da amizade com Harry, em que tudo era natural, simples, um quebra-cabeça que havia se encaixado desde a primeira vez que se viram. Mas o que sentia por Hermione não era ruim, apenas… diferente. Não pensava muito sobre.)

E foi por esse encontro de seus dois maiores interesses, que superavam até mesmo a sua fixação por xadrez, que começou a notar um fato peculiar sobre o melhor amigo.

— Você está com febre? Sua cara está tão vermelha, Harry, você praticou quadribol desse jeito?

Por algum motivo, após as práticas de quadribol Harry sempre parecia… Bem, não sabia exatamente descrever a expressão no rosto do amigo, porque ficava ainda mais vermelho quando perguntava o que estava errado ou o que significava a feição que fazia quando os gêmeos piscavam o olho quando o encontravam nesse estado.

Inicialmente achou que poderia ser exaustão, afinal ninguém precisava ser um medibruxo para notar que Harry precisava se alimentar mais e melhor. Ele era baixo, mais baixo que todos os meninos no segundo ano, e tão magro que dava a impressão que quebraria com um vento mais forte.

Era uma suspeita válida, okay? Não entendia o porquê de Hermione ter suspirado desapontada e murmurado “garotos” quando levara a hipótese para pedir a sua opinião. Ron estava genuinamente preocupado com o seu melhor amigo e não apreciava o ar de superioridade da menina.

Decidiu que a melhor alternativa seria confrontá-lo diretamente. Harry não diria o que estava o incomodando, mas ao perguntar sobre sua saúde, saberia na hora se estava certo já que o garoto não conseguia mentir para salvar a própria vida – o que, conhecendo o seu histórico, poderia ser levado ao sentido literal.

Resolveu esperar pelo fim do treino de quadribol para conversar com Harry, aguardando ao lado dos vestiários impacientemente o time descer das suas vassouras e caminhar em sua direção. Porém, antes mesmo de ter uma chance de se anunciar e assim que as meninas que vinham a frente do grupo entraram no vestiário feminino, o capitão do time retirou a parte de cima de seu uniforme, jogando a veste e a camisa por cima de seus ombros.

Imediatamente os olhos verdes do amigo se fixaram nas costas musculosas de Oliver Wood, confusão se misturando com algo que Ron não conseguia identificar – e pelo que parecia, Harry também não. Pela forma que Fred e George escondiam suas risadas por trás de suas mãos, eles pareciam saber mais sobre o que se tratava. Talvez devesse falar com eles primeiro.

E foi o que fez, para o seu trauma. Passou dois dias sem conseguir olhar o melhor amigo nos olhos, tentando processar o que havia aprendido. Resolveu perguntar ao melhor amigo, então, se o que os gêmeos haviam falado era verdade – e se Harry tinha um crush no garoto, porque nunca havia dito a Ron? Ele era confiável!

Como não sabia iniciar a conversa e Hermione já havia o desprezado antes, resolveu pedir ajuda a pessoa mais inteligente que conhecia, mesmo que Percy fosse insuportável a maior parte do tempo e provavelmente só o ignoraria. Foi um erro – o monitor não estava sozinho quando o encontrara e Ron passou uma semana corando na presença de Wood.

Prometeu para si mesmo nunca, nunca mais perguntar nada para qualquer um dos seus irmãos.

(Harry estava, surpreendentemente, muito saudável, e se a sua vermelhidão repentina coincidia com os treinos de quadribol e Oliver Wood sem camisa, bem, Ron não queria os detalhes.)

 

Seamus 

Ron gostava de acreditar que havia aprendido uma coisa ou outra nos últimos dois anos – depois de longas conversas com Harry e longos monólogos por parte de Hermione. Poderia não ser o detentor de todo o conhecimento do mundo, mas sabia coisas importantes e uma delas é que deveria aconselhar seus amigos quando estes estavam tristes, principalmente quando era por algum motivo bobo.

— Seamus, querer beijar o seu melhor amigo não é necessariamente gay, certo? Não esquenta com isso, – consolou Ron com convicção, dando tapinhas desajeitadas no ombro do colega.

— Tem certeza? Você não me acha esquisito? – Seamus parecia a beira das lágrimas, olhando para Ronald como se ele tivesse todas as respostas do universo.

— Por que eu te acharia esquisito? – E estava verdadeiramente confuso sobre o que se referia.

— Por eu ser um garoto e querer beijar meu melhor amigo, que também é um cara. Isso não é estranho?

— Estranho? Claro que não! E pode ir me dizendo quem te falou que era para eu jogar uma Hermione enfurecida em cima.

Ambos riram fraco, a piada não era boa o suficiente para aplacar o desânimo do irlandês, mesmo que qualquer um que tivesse presenciado a fúria de Hermione Granger poderia atestar a validade da ameaça.

— Tem certeza? – Seamus perguntou novamente, mãos nervosas brincando com a barra de seu suéter.

— Ei, confia em mim. E mesmo que você seja gay, quem iria se importar? O Dean? Eu? Harry? Neville? Claro que não, Finnigan.

— Okay, okay, – respondeu, fungando um pouco, – você está certo, o Dean não se importaria com algo assim.

— E, como eu disse, qual o problema de querer beijar o seu melhor amigo? Não é como se você estivesse apaixonado por ele, certo?

— Certo.

— E você sabe que ninguém te acharia estranho caso você estivesse, – continuou Ron, mais confiante.

— Ninguém? – Seamus parecia esperançoso, o que era melhor do que o estado deplorável que se encontrava momentos antes.

— Talvez o Dean, – coçou a parte de trás do pescoço, desconcertado, – não por você ser um garoto, claro que não, mas talvez por vocês serem melhores amigos? Por ele não achar que alguém gostaria dele? Não sei.

— Nossa, Weasley, eu me sinto muito melhor agora.

— Uau, Finnigan, para quem estava choramingando a dois minutos, você está cheio de sarcasmo. Cadê o meu obrigada?

— Cala a boca, Ron.

— Depois de todos esses conselhos profundos é assim que você me trata?

E aí Seamus jogou o travesseiro da sua cama na cara do ruivo, rindo da expressão traída do amigo. Este não perdeu tempo em retaliar e logo entraram em uma breve guerra de travesseiros, que acabou com a fatalidade de uma das plantas de Neville.

Quando Seamus começou a chorar foi de alívio, porque ele claramente ainda estava confuso e nunca pretendera envolver Ron, de todas as pessoas, nos seus assuntos pessoais – todos os grifinórios sabiam, a essa altura, que ele tinha a inteligência emocional de um pufoso.

Ron havia cometido vários erros ao longo do ano e tinha consciência disso, assim como sabia que, pedidos de desculpas a parte, muito estava pendente e seus problemas não haviam sumido. Porém, nesta tarde, sozinho no dormitório com um vulnerável Seamus, conseguira ajudá-lo – ou pelo menos distraí-lo o suficiente.

Continuaram a conversar deitados na cama de Seamus, assegurando um ao outro que beijar um cara não era gay desde que esse cara fosse o seu melhor amigo, rindo de comentários que nem mesmo tinham graça, apenas leves demais com o conhecimento de que não estavam sozinhos – e talvez Ron precisasse tanto dessa conversa quanto Seamus, mas preferia não analisar profundamente o porquê.

Seus sentimentos por um dos seus melhores amigos – Hermione – já eram confusos o suficiente, e tudo o que menos queria era complicar uma das relações mais fáceis de sua vida.

(Harry, o referido melhor amigo de Ron, lançou um olhar levemente desconfortável para Dean, o referido melhor amigo de Seamus, que também estava ouvindo a conversa. Ambos haviam se encontrado no salão comunal e decidiram subir para o dormitório juntos, onde encontraram essa cena no mínimo peculiar. Sem dizer uma palavra, deram a meia volta e, em um acordo silencioso, prometeram nunca tocar no assunto.)

 

Neville 

Ron não tinha percebido o quanto era isolado dos seus colegas até começar a passar horas junto a pessoas que nunca havia trocado mais de duas palavras. A Armada de Dumbledore serviu para unir três das quatro casas de Hogwarts de uma maneira estranha, mesmo que tivessem que fingir que não nos corredores.

Sabia que seu universo havia se limitado a Hermione e Harry e o resto de sua família desde o Halloween do primeiro ano, interagindo casualmente com seus colegas de dormitório, mas agora conseguia afirmar com certeza que eram amigos – e por isso começou a reparar mais nas peculiaridades de cada um. E foi por isso que chegou a conclusão:

— Neville, eu acho que você é alérgico ao Harry.

— O-o quê? Do que você está falando, Ron?

Por alguns segundos achou que Neville fosse desmaiar, já que não deveria ser saudável a rapidez em que o seu sangue subiu para o rosto, o deixando completamente vermelho.

Em defesa de Ron, o garoto já estava avermelhado antes, enquanto Harry o ajudava a aperfeiçoar o movimento de varinha que estava aprendendo. O vira coçar distraidamente os locais em que o outro havia tocado para posicionar o seu braço, ficando ainda mais corado.

— Você fica todo trêmulo ao redor dele, inquieto, não sei explicar, mas não me parece muito legal, – respondeu sem jeito, não conseguindo articular porque havia chegado a essa conclusão.

— Ron, e-eu… eu não sou alérgico ao Harry! – Neville exclamou surpreso, tropeçando em suas palavras, novamente coçando o braço onde lembrava de ver a mão do melhor amigo segurando delicadamente.

— Então porque você fica com coceira ao redor dele, ein? 

— Ah, meu Merlin, eu não fico… não importa, é impossível ser alérgico a uma pessoa, Ron, esquece isso!

Claramente a conclusão que havia chegado perturbava o amigo, mas Ron estava apenas preocupado com o bem-estar de Neville. Talvez ele devesse ficar afastado de Harry e não o tocando o tempo todo como começara a fazer recentemente. Ron notara a quantidade de água que ele tomava toda vez que Harry demonstrava um feitiço mais complexo e definitivamente não era um comportamento normal.

Porque observar Harry dava tanta sede? Seria a garganta de Neville se fechando por causa da alergia que tinha? Porque nunca havia se manifestado antes, considerando que dividiam um dormitório a quase cinco anos? Só poderia ser a quantidade absurda de toques que os dois estavam trocando, essa era a única opção.

Harry não era uma pessoa muito tátil, fugindo quase que involuntariamente das oportunidades de manter um contato mais íntimo do que um aperto de mão. Existiam poucas exceções – como Sirius, que o vira abraçar algumas vezes, a mãe de Ron, que insistia em tratar o Potter como um de seus filhos, e, claro, Ron e Hermione. Mas desde o começo da DA Harry começara a ficar mais confortável com toques casuais, principalmente com os colegas de quarto e a corvina amiga de Ginny, Luna.

— Você pode admitir que é alérgico ao Harry, okay? É até melhor que você saia da negação para que melhore, – disse Ron, encostando a mão no ombro de Neville em um gesto consolador. Quando a retirou, viu que o outro não reagiu, não ficou mais vermelho nem tocou o local em que estava, provando o ponto de Ron mais uma vez.

— Você está completamente doido, Ron, meu Merlin!

Neville obviamente não iria tomar nenhuma atitude para ajudar no seu problema, então o faria pelo amigo. Ron apenas queria ajudar, é claro, e estava sendo proativo e solucionando a questão no mesmo momento em que a descobrira! Hermione ficaria orgulhosa.

— Ei, Harry! – Gritou animado, andando para o canto em que o melhor amigo estava, ouvindo os passos apressados de Neville atrás de si, – Harry, Nev é alérgico a você! Melhor não ficar tocando muito nele para ele não passar mal!

Nem mesmo havia conseguido terminar de completar a frase quando sentiu a mão do garoto cobrir a sua boca, gaguejando ameaças que pareciam reais demais para o amigo de coração mole que era. Harry havia se voltado para eles, assim como boa parte da DA. Hermione revirou os olhos.

(A cara de Harry, que antes conversava calmamente com Hermione, ficou tão vermelha que a amiga achou que ele fosse explodir. Neville, por sua vez, empalideceu tanto que poderia ser um primo distante de Lord Voldemort. Ron, sorrindo para si mesmo, mal notou que metade da sala havia começado a rir da expressão mortificada do melhor amigo.)

 

Dean

Com a guerra praticamente declarada, não era incomum ver os impactos dos ataques e do medo que Você-Sabe-Quem espalhava pelos corredores de Hogwarts, indo desde os alunos, temerosos, até os professores. As noites de Ron eram inquietas, repletas de pesadelos onde Harry não conseguia alertar Dumbledore sobre o ataque de Naguini e o seu pai sangrava, sozinho, no chão frio do departamento de mistérios.

Sabia que o melhor amigo estava cada vez pior, a pressão do público e todos os acontecimentos desde que entrara no mundo mágico se tornando mais do que poderia suportar. Harry era forte, mais forte do que basicamente qualquer pessoa que conhecera, mas não era inquebrável.

Ron só esperava que estivesse presente para o ajudar a carregar parte do seu fardo ou a colocar de volta seus pedaços no lugar. Via a mesma determinação no olhar de Hermione.

O clima tenso era geral, afetando até mesmo os estudantes mais energéticos. E foi por isso que achou que Dean, um nascido-trouxa, estava reagindo de maneira natural à situação que enfrentavam. Como ele poderia adivinhar que era algo completamente diferente? Em defesa de Ron, ele achou que estava ajudando dois dos seus amigos, além de se mostrar disposto a ouvir os outros dois caso quisessem.

(Ele realmente deveria ter aprendido com o fiasco da “alergia” de Neville.)

Começou com uma simples pergunta, feita um pouco antes dos garotos se deitarem. Seamus já estava jogando em sua cama, conversando com um Neville distraído que estava dando um último olhar para as suas plantas antes de dormir. Harry estava sentado de pernas cruzadas no colchão, apenas observando o dormitório, enquanto Dean parecia pronto para apagar a qualquer momento, confortavelmente deitado.

— Dean, você quer alguma poção para dormir melhor? Podemos ir na enfermaria com você, se quiser.

Ron nem mesmo estava olhando para o amigo quando falou, mais preocupado em jogar toda a bagunça para fora de sua cama antes de se deitar, e por isso não viu o olhar de confusão que passou por Dean. O outro se apoiou nos cotovelos para encarar as costas de Ron, intrigado com a pergunta, mas não o suficiente para se levantar.

— Não, mas obrigado, cara.

— Então, assim, você poderia aprender a colocar um feitiço silenciador na sua cama? – Continuou Ron, sentando-se na sua cama e virando para encarar Dean.

Seamus e Neville pararam a conversa que estavam tendo, focando em Ron, sem entender qual o propósito dessa linha de questionamento. Apenas Harry parecia ter alguma ideia do que estava falando, o que fazia sentido, já que Ron estava fazendo isso por ele. Não que Harry aparentasse estar grato – na verdade estava escondendo o rosto com as mãos, claramente incapaz de entender que Ron estava sendo apenas prestativo.

— Eu poderia, sim, mas porque eu faria isso? – E pobre Dean, não fazia a menor ideia do que Ron estava falando.

— Eu sei que ter pesadelos é comum, mas você meio que tem acordado a gente e, sinceramente, nós precisamos dormir.

A gente, no caso, era Harry, que tinha o sono extremamente leve. O amigo já tinha problemas o suficiente com um Lorde das Trevas homicida e ele havia comentado brevemente que os sonhos de Dean estavam atrapalhando as poucas horas em que conseguia dormir.

— Eu não sei do que você está falando, – Dean respondeu, sentando-se na cama para encarar Ron melhor, – eu não estou tendo pesadelos.

— Então porque você fica resmungando o nome de Seamus toda noite? Está se tornando um pouco cansativo e eu entendo que você deve estar preocupado com ele, mas toda noite?

— Dean, do que ele está falando? – A voz de Seamus chamou a atenção dos dois e Dean, por alguns segundos, parecia estar contemplando se jogar da Torre de Astronomia.

— Cara, toda noite ele acorda o Harry sussurrando o seu nome e sou eu quem tem que aguentar um Potter privado de sono, sabe? – Reclamou Ron, sem perceber o que havia exposto.

(Harry, que já estava querendo morrer desde a pergunta inicial, aproveitou a oportunidade para tentar sufocar com um de seus travesseiros. Infelizmente, Ron percebeu os seus planos e interviu, o empurrando para a cama e ignorando o caos que criara. Harry apenas suspirou e puxou o amigo para deitarem juntos, lançando ele mesmo um feitiço para silenciar o que parecia ser o início de uma longa conversa entre Seamus e Dean).

 

Ron 

— Então querer beijar o seu melhor amigo é gay? – Perguntou Ron de novo, confuso, brincando com a mão da namorada, que apenas revirou seus olhos antes de responder.

— Som, Ronald.

— Mas sempre? Em todas as situações? 

— Sim, Ronald, – revirou os olhos novamente e Ron se preocuparia com a saúde ocular de Hermione se não estivesse tendo toda a sua visão de mundo destroçada.

— Você tem certeza?

— Sim, Ronald, pelo amor de Merlin! – E alguém julgaria Hermione por estar perdendo a paciência? Estavam nesse mesmo tópico a quase meia hora, após uma conversa longa e embaraçosa sobre paixonites de escola.

Encolheu-se no seu canto do sofá, usando Harry como barreira entre ele e a namorada. Estavam jogados em um dos cômodos habitáveis de Grimmauld Place, um pequeno projeto para os três quando haviam começado a perceber que teriam que seguir com a vida de alguma maneira.

O amigo parecia determinado a ignorar a conversa desde o começo, apenas comentando brevemente sobre o desastre de sua vida amorosa ser culpa de Voldemort. Não quis apontar toda a situação com Ginny, primeiro porque ela era sua irmã e segundo porque não queria se meter nesse aspecto da vida de Harry, pois o deixava ligeiramente desconfortável.

Uma desculpa, segundo Hermione, já que, para ela, Harry tinha tido tempo o suficiente para fazer algo além de ficar encarando Blaise Zabini e Susan Bones quando achava que ninguém estava olhando. O amigo havia se calado e Ron não ousava contradizer a garota enquanto ela parecia tão determinada. Hermione ficava extremamente atraente quando dava uma de sabe tudo – o que era 70% do tempo.

Mesmo após a fala exasperada, Hermione não havia soltado a sua mão, apenas se aconchegando mais em Harry para continuar segurando-a após Ron ter se afastado. Ambos estavam encostados no amigo, os braços dele apoiados na parte de trás do sofá, olhos fixos no teto, reagindo unicamente para aumentar o conforto do casal.

— Mas e se eu quiser beijar o meu melhor amigo e a minha melhor amiga, ainda é gay? – Perguntou em voz baixa, apertando mais firmemente a mão de Hermione, que apenas sorriu em resposta, mais calma.

— Sim, Ronald. Bem, na verdade é meio bissexual ou pansexual. Mas você querer beijar o Harry é inerentemente gay e compreensível, afinal, é o Harry, – disse de maneira factual, como quando costumava citar um livro ao responder as perguntas dos professores. Ron sentiu Harry se contorcer um pouco. 

— Querer me beijar também é normal, porque eu sou sua namorada, – concluiu Hermione, satisfeita.

— Eu nunca disse que queria beijar o Harry, – retrucou Ron, beliscando o amigo quando o sentiu se contrair novamente. O ouviu resmungar, mas não deu atenção, focando no rosto sorridente da namorada.

— Sim, você disse. Eu só espero que não seja agora que estamos juntos, eu não preciso ser trocada pelo meu melhor amigo, – Hermione implicou, usando sua mão livre para cutucar o referido amigo, que apenas suspirou, sem tirar os olhos do teto.

— Hermione, eu nunca vou te trocar, nem mesmo pelo Harry, – disse Ron, enquanto encostava sua cabeça levemente na mão de Harry, um pedido silencioso que foi atendido imediatamente.

— Eu entenderia se você pensasse sobre, ele é estranhamente atraente, – Hermione parecia ligeiramente perplexa com suas palavras, depositando ainda mais o peso de seu corpo em cima do amigo, sorrindo radiante quando Harry passou o braço de maneira mais firme por cima de seus ombros.

— Eu sei! Como ele consegue ser tão… tão!

— Sim, é um absurdo.

(Harry, sentado no sofá entre o casal, as mãos de ambos juntas por cima de suas pernas, preferiu não interferir na conversa, continuando a traçar círculos no ombro de Hermione com a mão direita, enquanto continuava a brincar com o cabelo de Ron, massageando levemente sua nuca de vez em quando, contemplando se valia a pena ter sobrevivido a uma segunda maldição da morte.)


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Espero que tenham gostado.

Aceito críticas, opiniões, comentários aleatórios, sugestões - tudo, desde que seja construtivo, okay?

Brinquei ai um pouco com Romione e Deamus, pensando em escrever mais sobre, veremos ai kkk

Até a próxima!



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