Little Susie escrita por Mayara Silva


Capítulo 1
No coração da casa




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Antiga casa dos Lavinne, Indianna - 21:54hrs

 

Um chevette marrom estacionou em frente a um velho casarão de madeira após 2 horas ininterruptas de viagem em uma estrada limpa e asfaltada. Era um casal, todavia não estavam ali a passeio.

O rapaz se retirou primeiro, deu uma boa olhada de longe. Era um velho casarão de madeira, era possível ouvir os ruídos quando o vento soprava forte. As folhas secas sobrevoavam as janelas desgastadas e se preparavam para o inverno que estava prestes a chegar. A grama do quintal crescia desregularmente e a cerca apodrecida já não impedia as invasões rotineiras dos bêbados e ladrões. A casa uivava por ajuda, e aquele rapaz sentia isso em seu coração.

 

— Já sentiu alguma coisa?

 

Indagou a garota, saindo do carro logo em seguida. Ela foi até o seu amado pegar as chaves para trancar o veículo quando este a impediu de fazê-lo.

 

— Não.

 

— Você mesmo disse para temermos mais os vivos do que os mortos.

 

— Sim, mas também é importante não subestimar o que você não vê. É muito mais seguro lutar contra um inimigo visível, Luna.

 

A garota suspirou, mas aceitou o conselho.

 

— Se algo der errado, quero que volte para o carro. Não se preocupe comigo.

 

— Eu detesto quando você fala assim. Por favor, Michael…

 

Michael era o seu nome. Um jovem rapaz de estatura média, cabelos e belos olhos negros como o ébano, uma voz doce e um dom para se comunicar com espíritos.

Desde pequeno tinha uma certa inclinação ao sobrenatural. Começou quando quis entrar em contato com os seus animais de estimação mortos pelo pai. Prosseguiu por esse caminho quando seus avós morreram, e, mais adiante, intensificou seus estudos sobre ocultismo, demonologia, espiritismo e mediunidade quando perdeu seu padrinho e melhor amigo. Michael, àquela altura do campeonato, já era considerado por muitos como o médium mais jovem de Indianna. Ele detestava se auto intitular, portanto passou a se considerar como tal apenas após a fama crescer.

Michael já expulsou pacificamente muitos espíritos de lares com famílias atormentadas, sem necessariamente brigar com eles como os padres faziam. Ali não seria diferente, ele entraria na casa, libertaria aquela alma de seu bem material, retornaria para sua pequena cidade e seguiria sua vida.

 

Luna Gingerhood, uma bela garota de raízes africanas e olhos azul cristal, era sua noiva e caloura nesse universo espiritual. Ela não era médium, apenas muito curiosa e esse seu fascínio pelo oculto veio por grande influência do seu noivo. Uma receita que deu muito certo e que resultou em um relacionamento saudável de 3 anos. Eles queriam muito casar no verão seguinte e iriam passar o inverno planejando os detalhes. 

 

— É só um procedimento padrão.

 

— Eu odeio esses procedimentos padrões.

 

O rapaz riu discretamente.

 

— Vamos, quanto antes terminarmos, melhor.

 

E, assim, adentraram à casa.

 

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Salão de recepção - 22:11hrs

 

A casa não era tão diferente de fora.

Embolorada, empoeirada, mofada. A madeira ruía a cada passo que o jovem casal dava rumo ao desconhecido. Os móveis ainda estavam todos lá, alguns insetos já faziam seus ninhos e, com exceção deles, não havia mais nenhum sinal de vida.

 

— J-já sentiu alguma coisa??

 

Indagou sua amada mais uma vez. Michael procurou se concentrar na energia do ambiente, em entender o que aquele lugar significava para os espíritos que haviam ali, e, principalmente, se havia algum ali, próximo a eles.

 

— Lillian Lavinne disse que sua mãe morava nesse lugar com seu avô, e que as coisas se tornaram… estranhas… quando ele morreu.

 

— Que memória de ouro para uma senhora de 98 anos.

 

— As memórias mais antigas são as mais duradouras, Luna.

 

O rapaz lentamente se aproximou de uma mesa de canto, envolta de um véu que um dia fora branco, onde, acima, havia um castiçal enferrujado e apagado por muitos anos.

 

— Você disse que não pode tocar nas coisas dos espíritos sem a permissão deles.

 

— É, eu sei. Mas a poeira… ela conta histórias. Ela surge com o tempo e guarda as mesmas lembranças destes móveis, e o melhor é que não possuem dono.

 

Michael apanhou um punhado de poeira que havia ali, naquela mesa, e virou-se na direção do salão, onde, com um sopro, espalhou suas partículas pelo ar. Luna tornou a tossir veementemente, mal acostumada com aquilo, enquanto o rapaz se concentrava no que a poeira poderia lhe contar.

Porém, do outro lado daquela fumaça de pó, surgiu uma silhueta. Michael imaginou ser uma visão, mas percebeu que, além dos dois, havia sim uma terceira presença ali. E não, não era um espírito.

 

— Bu.

 

— Ai!

 

Gritou Luna, enfim percebendo aquela terceira pessoa. Michael permaneceu impassível, apenas se movimentando para puxar sua amada para perto de si. Ele não sentia que era um espírito, mas não era um humano. Era uma energia diferente, mais potente, mais imponente.

Não era um humano.

 

— Quem é você?!

 

Indagou a garota. Em um instante a criatura saltou e foi em direção a um dos pilares horizontais de madeira que sustentavam aquela construção. Ali, ele sentou-se e acomodou-se, parecia familiarizado com a casa.

 

 

Quando a poeira, enfim, baixou, Michael e Luna puderam contemplar um homem. Estava vestido de preto, era jovem e pálido de pele parda, tinha cabelos escuros e olhos brilhantes. Ele fixou seus olhos na garota, passou suavemente a língua nos dentes, e Michael pode perceber, de longe, suas presas salientes.

 

— Um vampiro…

 

— Acertou.

 

Respondeu o desconhecido, com deboche. Ele tinha um sorriso nos lábios, parecia que iria se divertir.

 

— Você está aqui há muito tempo?

 

— Eu moro aqui! E sugiro que vão embora agora, já tenho problemas demais nas minhas costas.

 

Disse o vampiro. Michael achou aquela afirmação intrigante, talvez fosse o espírito do avô Lavinne atormentando esta casa, talvez aquele vampiro fosse o motivo de seu tormento. Ele preferiu manter o papo e ver se conseguia arrancar mais informações.

 

— Meu nome é Michael Joseph.

 

— Não me lembro de ter feito nenhuma pergunta.

 

Luna engoliu em seco.

 

— Eu sou… Luna Gingerhood.

 

Quando a garota se apresentou, o vampiro virou o olhar em sua direção e não disse uma palavra. Michael percebeu como havia um interesse real ali, e como deveria tomar cuidado com aquilo. 

O vampiro soltou um suspiro de tédio e deitou-se sob o pilar horizontal.

 

— Meu nome é impronunciável. Mas antes… Antes de me tornar o que sou agora, me chamavam de Prince. O acaso me fez reinar toda terra tocada pela lua, e escondeu-me de toda terra tocada pelo sol, como um príncipe condenado à eternidade na bruma da escuridão.

 

Com aquelas palavras, Michael já tinha o suficiente sobre aquele sujeito. Ele deu uma olhada de canto para sua noiva e em seguida voltou a olhar o rapaz.

 

— Você é o espírito que assombra esse lugar?

 

— Hunf! Isso é uma ofensa à minha pessoa. Ninguém nunca veio aqui reclamar da minha estadia, exceto… ela.

 

O casal se entreolhou, intrigado. Luna indagou.

 

— "Ela" quem?

 

— Para você eu conto toda a história, meu amor. Mas sinto que se eu o fizer, você vai contar tudo para o seu namoradinho.

 

— Isso é um problema?

 

Indagou Michael. O vampiro, até então conhecido como Prince, semicerrou os olhos em sua direção e saltou daquele pilar. Quando pousou no chão, a poeira levantou mais uma vez, dessa vez com menos intensidade. A escuridão do local e a única luz que vinha de uma enorme janela do salão deixavam a presença do vampiro ainda mais imponente. Seus olhos e presas cintilavam, prontos para rasgar a pele de algum desavisado.

 

— Eu não gosto de você aqui. É muito metido a esperto. Você não me beneficia em nada, mas ela… eu vejo algum valor nela.

 

Ele lentamente começou a caminhar, rodeando o casal, que passou a ficar mais alerta. O tic toc do seu sapato ressoava em todos os corredores daquela velha mansão.

 

— Vocês não fazem ideia de como é solitário aqui. Conviver com toda essa velharia e mofo, com essas paredes vazias. Não há vida, não há festas, não há prazer nessa eternidade. E, agora, eu vejo alguma esperança para o meu problema.

 

Assim que os passos cessaram, o coração de Michael parou por uns segundos. Ele temia por sua amada noiva.

 

— Sua garota… agora é minha.

 

Prince avançou em Luna, pronto para fincar as presas em sua pele.

Todavia, Michael havia sido mais rápido e, assim que sua noiva cobriu o rosto em uma reação natural de defesa, ele a puxou pela cintura, a empurrou para longe de si e levou a mordida em seu lugar.

 

— Ah!!

 

Prince mordeu o seu antebraço com tamanha força, porém, quando percebeu se tratar de Michael, prontamente se afastou, provocando um rasgo terrível em sua pele. 

 

— Michael!!

 

Exclamou Luna. Havia sangue por todo o chão, inclusive nos lábios do vampiro que parecia furioso demais para se deleitar com aquilo.

 

— O que você fez, seu insolente??!!!

 

Prince exclamou. Michael não ficou para ouvir o resto do sermão, apenas puxou sua amada para perto de si e fugiu.

 

— Corre!!

 

Luna não pensou sequer em questionar, queria correr tanto quanto ele, e assim o fez.

 

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Corredor principal - 22:38hrs

 

Eles correram e correram, até que todo o ambiente estivesse novamente em silêncio. O vampiro ali ainda era uma preocupação, mas havia algo pior e Michael sabia disso. pois aquele sujeito era mais rápido que eles, mas por algum motivo preferiu não segui-los.

 

— Por que paramos??

 

Indagou Luna, ofegante. Michael suspirou de cansaço e passou a mão nos cabelos, até perceber como o seu braço doía.

 

— Meu Deus, Michael!

 

Luna, extremamente preocupada, puxou um lencinho de seu bolso e já foi limpando a ferida que aquele vampiro deixou em seu amado. Ele a puxou para um canto mais reservado daquele corredor vulnerável e eles tiveram alguns instantes de paz.

 

— Isso vai infectar, esse lugar tá cheio de bactérias.

 

— Eu sei, eu sei…

 

— Droga, Michael, vamos embora! Outro dia você volta… Não vale à pena morrer por isso...

 

— Luna, nós já fomos longe demais para desistir.

 

A garota o encarou com incredulidade.

 

— Como assim?? É só atravessarmos a porta!

 

— Luna, se eu sair, eu não poderei mais voltar!

 

Um silêncio mórbido pairou por uns instantes, até que o jovem voltou a falar.

 

— Os espíritos… Eles estão com raiva. Eles estão furiosos. Tudo por culpa dele. Eu não posso perder a oportunidade de fazer esse jogo virar. Eu me recuso a falhar com a senhora Lavinne.

 

Luna o encarou por uns instantes, ainda incerta daquela decisão. Seus olhos claros deixavam Michael apaixonado, e partia seu coração quando os via cintilarem na luz da lua, sinal de que ela estava prestes a chorar.  

 

— Eu prefiro falhar com ela a perder você.

 

Michael discretamente balançou a cabeça em negação enquanto olhava em seus olhos. Ele iria respondê-la, quando uma energia diferente o fez interromper a conversa. Michael sentiu uma presença e, desta vez, não era o vampiro nem um outro ser humano.

Alguns espelhos espalhados pelas paredes do corredor começaram a rachar bem lentamente, como uma pista de gelo que aos poucos cede ao peso ou ao calor. Os falecidos dos quadros mofados desviaram seus olhos na direção do rapaz, contemplando o seu olhar de espanto. O tilintar de uma caixinha de música quase sem forças começou a tocar. Michael sabia que aquela visão distorcida da realidade era um espírito tentando se comunicar com ele, e então, no fundo daquele corredor comprido, viu uma garotinha.

E apagou.

 

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? - [horário indefinido]

 

Está escuro.

Uma caixinha de música começa a tocar. Ela toca, toca, toca infinitas vezes a mesma melodia, as mesmas notas.

Ela para, de forma gradativa, nota por nota, como se perdesse força.

E então… Seus olhos abrem, há uma porta no andar de cima. Pelas frestas é possível ver uma bruma fria, como o vapor de um refrigerador. A aura daquele lugar sufoca como duas mãos que asfixiam.

Logo após… uma voz. Uma voz doce, de uma menininha, continua a canção da caixinha de música quando esta acaba.

Uma risadinha. Um choro.

 

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Quarto de hóspedes - 01:02hrs

 

Michael acordou em um pulo. O sonho que havia tido fora estranho. Ele já estava acostumado com sonhos premonitórios ou similares, mas este, ele definitivamente não havia entendido.

O rapaz deu uma boa olhada em volta e viu que estava sozinho. Era um quarto que, por incrível que fosse, estava bem arrumado. Não havia mofo, pó, sujeira. Estava limpo, os lençóis estavam limpos, tudo ali estava nos conformes. Por um segundo ele pensou se tratar do quarto do vampiro, mas não quis manter a mente naquele questionamento banal, ele estava mais preocupado com Luna, ela não estava ali, consigo.

Colocou o casaco, que se encontrava por sobre a cabeceira da cama, e partiu.

 

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Corredor secundário - 01:07hrs

 

Percebeu que ainda não havia visitado aquela parte da casa.

Michael caminhava lentamente, buscando alguma pista do paradeiro de sua amada, do vampiro estressadinho ou do espírito que ainda não havia dado às caras. Ele contemplava os quadros velhos pendurados nas paredes, os encarando, como se esperasse que eles o encarasse de volta. Ele queria alguma resposta para suas visões, queria entender tudo aquilo, até que percebeu estar sendo guiado para um lugar em particular.

 

No fim do corredor havia um pequeno mausoléu. Um lindo vitral permitia a passagem da luz da lua, que por sua vez iluminava o lugar de descanso de alguém. Havia um túmulo ali, um pequeno caixão de madeira em cima de uma pedra polida de mármore.

Ele parecia novo, tudo ali parecia bem cuidado, exceto por uma pequena rosa que jazia sob o caixão. Pelo tamanho, era de uma criança.

Michael engoliu em seco. Partia seu coração ver uma alma tão jovem partir tão cedo, sem nem ao menos ter saboreado com calma o prazer da vida.

Ele teve sua confirmação quando contemplou as informações daquele pequeno mausoléu improvisado. Em uma placa informativa ao lado constava o nome e as datas de nascimento e morte de uma garota. Susie Lavinne, 5 anos de idade.

"Não era o espírito do avô", pensou consigo.

 

— Susie… Esse é o seu nome…

 

Sussurrou. Michael tentou mais uma vez entrar em contato com ela.

 

— Olá, Susie… Eu sou o Michael. Quer conversar comigo? Prometo que não sou malvado...

 

Uma brisa enigmática fez seus cabelos negros esvoaçarem e, atrás de si, Michael sentiu a presença da garota. Ao virar-se, as velas apagadas dos corredores estavam acesas, uma porta encontrava-se aberta.

Ela queria conversar.

 

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Salão de festas - 01:18hrs

 

Michael desceu as escadas de um velho salão de festas abandonado. Ali já não havia os cuidados do corredor e do quarto, as coisas tornaram-se a estar velhas e empoeiradas.

 

— Susie?

 

Chamou, sem sucesso. Susie parecia conversar quando queria e isso era algo no qual ele já estava acostumado. Espíritos, sobretudo de crianças, eram arteiros e difíceis de convencer.

O rapaz olhou para os cantos, buscando algum auxílio, até que encontrou alguns punhados de poeira.

 

— Na poeira há lembranças… e elas não possuem dono.

 

Ele sorriu, relembrando da lição que havia aprendido há um tempo, e logo em seguida apanhou um bocado e soprou. Aquilo foi um gatilho suficiente para fazê-lo entrar em transe, Michael estava tendo mais uma visão.

As partículas de poeira, aos poucos, começaram a se tornar imagens de pessoas diversas. Todo aquele pó se tornou uma multidão, homens, mulheres, camponeses, empregados, crianças e freiras. Todos eles pareciam caminhar em uma direção, havia preocupação e curiosidade em seus rostos. Michael caminhava por eles discretamente, como um fantasma, pois não percebiam sua presença. O jovem acabou chegando no centro daquele punhado de pessoas e ali havia uma pequena garota.

Era mesmo pequena, tão frágil, morta, jazia sob uma poça escarlate.

 

— Santos, Santos, onde estavam??

 

Exclamou um homem, incrédulo com o que acabara de ver. Tirou o chapéu em respeito e atirou-se ao corpo da garotinha. Infeliz, chorava em dor e pranto, e não havia quem amenizasse seu sofrimento. Michael, com os olhos brilhantes, muito se esforçou para não chorar, mas não podia deixar de confessar sua sensibilidade. Fez o sinal da cruz e viu o homem fechar os olhos da menina.

Aquele sujeito e as freiras eram exceção, ademais, os outros apenas olhavam com curiosidade. Quem poderia ter feito aquilo? Será que a pequena Susie estava tentando contar isso? Michael enchia-se de mais perguntas.

 

— Susie… Você partiu tão cedo… e não foi sua culpa. Você deve não acreditar mais em ninguém, mas confie em mim. Eu quero te ajudar.

 

Ele sussurrou, esperando ser atendido pela pequena. Mesmo a sinceridade em sua voz não parecia ter convencido a garotinha, que permaneceu em silêncio até que a visão foi duramente quebrada.

As pessoas se dissolveram em partículas de poeira e se espalharam pelo salão. Na outra extremidade do cômodo, Michael sentiu uma outra presença: o vampiro.

 

— Finalmente, você acordou.

 

O rapaz encarou o vampiro com raiva e alerta, não confiava naquele homem em hipótese alguma, mas sabia que não podia deixar os seus sentimentos ruins predominarem, isso o impediria de tomar boas escolhas e atrapalharia seu desempenho mediúnico.

 

— O que você quer de mim...?

 

Perguntou o rapaz, recuando um pouco para alguma possível fuga. Prince percebeu aquilo e tentou manter uma postura relaxada, para que ele não ficasse tão apreensivo.

 

— O seu braço. Como ele está?

 

Michael estava tão preocupado com outros assuntos que sequer lembrou-se desse detalhe. Ele rapidamente encarou o antebraço, espantando-se com os resultados. Sua pele estava normal, como se aquele ferimento de mordida nunca tivesse existido. O jovem encarou o vampiro que, por sua vez, já tornou a falar, prevendo aquela reação.

 

— Sua recuperação está mais rápida agora. Se você não fosse fujão, teria ficado para ouvir o que eu tinha a dizer.

 

Disse, logo em seguida suspirou de cansaço.

 

— Te encontrei sozinho, no corredor. Você desmaiou porque ficou muito longe do meu alcance.

 

Michael arqueou a sobrancelha, em dúvida, e Prince entendeu perfeitamente suas indagações.

 

— A minha maldição não é igual à tradicional. Quando eu tentei morder sua menina, eu queria transformá-la em minha parceira eterna. Ela estaria sob meu alcance e não iria para nenhum lugar sem a minha permissão ou presença. Agora que você aceitou a mordida no lugar dela…

 

O vampiro desviou os olhos dos dele, cruzou os braços e passou a encarar as próprias unhas. Ele estava tão desapontado com aquele desfecho quanto o próprio jovem ficaria.

 

— Me poupe, você já entendeu...

 

— Deixe de conversa, me diga onde está Luna?? É com ela que eu me importo!

 

Ao ouvir o nome da garota, o vampiro revirou os olhos.

 

— Uma coisa de cada vez. O que eu disse é sério e eu não estou com paciência. Se você sair correndo por aí, eu vou te apagar de novo, ouviu bem?

 

Michael havia entendido, mas não conseguia refletir sobre se acreditaria naquela conversa ou não. Só vinha um nome na sua mente, Luna, ele queria encontrá-la a todo custo.

 

— Bom… Eu não gosto de rodeios e não vou repetir, portanto preste atenção.

 

Ele ouvia atentamente, estava pronto para ir para onde quer que fosse assim que aquele homem revelasse a localização de sua noiva, porém o que acabou ouvindo pegou desprevenido até mesmo os seus sonhos premonitórios.

 

— Sua amada está morta.

 


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Notas finais do capítulo

Foi a minha primeira fanfic sobre essas personalidades! Espero que gostem ♥



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