PARADOXO - Seson 3 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 7
Capitulo 7 - Vozes


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas!
Mais uma segunda com capítulo novo para vocês.
Bom, eu queria pedir desculpas por não ter colocado um aviso de gatilho nos capitulos onde a história da Lunna foi abordada. Postei na correria e simplesmente me esqueci, todos os capítulos já estão prontos e eu simplesmente não me lembrei que era naquele em que abordava a situação dela. Sinto muito mesmo.
Mas tendo esclarecido isso, preciso dizer que sempre quis abordar a história dela a fundo, desde sempre, e fico feliz por poder fazer isso agora.
Espero que gostem do novo capítulo!



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            SARA

            Olho para a porta do apartamento de Connor, andando de um lado para o outro na sala e resistindo ao impulso de roer minhas unhas. Os Queens se ocupavam com minha filha, sentada no colo do Con, enquanto os dois faziam caretas para Isis que se divertia, desisti a algum tempo de saber qual dos três era mais infantil.

            -Por que eles não usam o comunicador ou o maldito colar? -pergunto com o semblante fechado, Connor dá de ombros e Isis nem mesmo tem o trabalho de me responder. -Ótimo.

            Não sei quanto tempo leva, mas em algum momento a porta se abre abruptamente e Lunna passa por ela. Seus cabelos estavam quase se soltando de um rabo de cavalo, usava roupas de treino e todo seu rosto estava suado. Mas era ela, era a Lunna. Corremos em direção a outra e nos apertamos, parte da minha mente percebe Damian passando por nós, mas estava ocupada demais contendo minhas lágrimas ao descobrir que a falta que pensava sentir não era nada perto da realidade. Escuto Lunna murmurar o que pareciam ser agradecimentos, enquanto chora baixinho sem me soltar.

            -Me perdoa, Sara. -diz quase sufocada quando nos afastamos, franzo meu rosto tentando me lembrar de algum motivo para precisar perdoa-la.

            -Pelo que? -questiono confusa.

            -Eu não deveria ter demorado tanto para fazer o Wally te contar... -ela fica em silêncio por um instante como se escutasse alguém -claro que agora você consegue dizer isso! -mais silêncio. -Sabia, não estava calado. Não consigo te imaginar tanto tempo sem conseguir falar.

            -Oi? -era ele, Wally estava interrompendo nosso momento com suas tagarelices. Meu coração acelerado mal se contém no peito, mas não posso absorver tudo ao mesmo tempo. -Calma, vocês dois precisam se revezar! -decreto e ela para como se lembrasse do que estávamos fazendo. -Antes, preciso esclarecer uma coisa -só agora me dou conta de que os outros haviam saído da sala para nos dar privacidade. Puxo Lunna para o sofá.

            -Não quer que te diga o que seu marido está falando? -pergunta massageando as têmporas e dou risada por saber que Wally deve estar a torturando para poder fazer com que fale comigo.

            -Preciso cuidar de você primeiro -afasto uma mecha solta do seu cabelo, vendo seus olhos vermelhos e inchados. -Não fiquei com raiva por guardar o segredo do Wally -começo a pôr as cartas na mesa, e posso ver o alívio no semblante dela. -Sinto muito por te deixar pensar isso. Apesar de todas as brincadeiras, Wally e eu nunca esperamos que você escolhesse um lado, ou decidisse qual de nós ama mais. Só estava perdida por não sentir meu vínculo com ele se partir e ao mesmo tempo precisar aceitar que havia se rompido. Precisava de tempo, e descobrir quem eu sou por mim mesma.

            -Mas é claro que você pode sentir que ele não estava morto! -deixa sua cabeça tombar no recosto do sofá. -Passei meses achando que era esquizofrênica -fala sozinha e deixo que desabafe. -Ah Sara, é tão mais fácil com você por perto -sorrio com o mesmo pensamento e abraço, acariciando seus cabelos.

            -Parece mais fácil para mim também -dou um beijo no alto de sua cabeça e vejo Connor apontando no corredor de mãos dadas com Nina, que olha tudo a sua volta com curiosidade.

            -Ai meu Deus, Wally! -Lunna reclama e se levanta rapidamente, até que seus olhos encontram Connor e leva um segundo para ver Nina. -É ela... -sua voz sai em um sussurro e vejo seus olhos brilharem enquanto uma lágrima escorre por sua face. -Oi lindinha! -se agacha esperando que os dois se aproximem.

Connor e eu assistíamos sem entender, parte minha mente sabe que Wally estava falando sem parar na cabeça dela, mas não fazia sentido com o que aconteceu a seguir. Lunna estava perdida em Nina, de uma forma que nós nunca a vimos antes. Abre um largo sorriso para minha filha que mesmo se estivesse propensa a resistir acabaria retribuindo, mas não foi o que aconteceu. Nina a abraçou com tanta vontade quanto demonstrou com Connor.

—Finalmente a gente está se conhecendo -dizia aninhando a garota em seus braços.

—Ela não deveria estar confusa e essas coisas? -escuto Connor, mas acho que estou em algum tipo de choque.

 Os olhos de Nina param em algo ao lado de Lunna e prendo minha respiração. Sua mãozinha se ergue como se pudesse tocar alguém invisível. Mesmo Lunna parecia surpresa, enquanto meu bebê prestava muita atenção no nada, com os olhinhos brilhando como quem acaba de se apaixonar.

—Ela pode ver o Wally -sussurra para nós dois e solta uma das mãos para limpar as lágrimas. -Ele está dizendo que a ama -começa a traduzir com a voz embargada e sinto o braço de Connor em meus ombros. -Diz que ela é perfeita, que se parece com você -me olha e sorrimos uma para outra com lágrimas nos olhos. Nina começa a fazer beicinho. -Ah Wally.

—O que está acontecendo? -Connor decide intervir, tão confuso quanto eu.

—Vem aqui, pega ela.  -Lunna me chama e pego Nina de seus braços. -Vou te dizer tudo o que ele falar -ela continua segurando uma das mãos de Nina, enquanto minha garotinha mantinha a outra estendida. Lu começa a narrar e fecho meus olhos, tentando fazer meu cérebro substituir a voz dela, pela dele.

“Desculpa linda, sinto muito por não conseguir te abraçar e segurar nossa filha. Ela é perfeita, não poderia sonhar com nada melhor. Nina West, eu adorei, é perfeito. No ano passado, quando salvei Lunna, nós nos vimos com ela, você e Connor. Não sabia direito como Nina chegaria, mas estou feliz pela forma que aconteceu. Sinto muito, sinto muito. Estou tão orgulhoso, não sei de onde você tira toda essa força e sinto que só fiz lamentar ou tentar não sentir nada esses meses, enquanto você se manteve firme como a rocha que é. Ajudou pessoas, adotou a Nina e viveu. Obrigado, Sara não existe ninguém no mundo que está mais orgulhoso do que eu nesse momento. Você é o amor da minha vida.”

—Eu amo você, West -sussurro baixinho e sinto Nina beija de leve minha face. -Obrigada amor -digo a apertando em meus braços.

ISIS

Por que Nina não me escolheu para leva-la?

Connor simplesmente deixou que a garotinha o levasse porta a fora e me largou sentada em sua cama, com a cria de morcego escorado no batente da porta do banheiro. Não consigo pensar em uma forma de sair, me mover, ou fazer qualquer coisa. Damian se mexe, acho que o desconforto é tão grande que nem ele pode disfarçar.

—Isis, deveríamos conversar -escuto sua voz grave, e é o mesmo que um choque elétrico me atingindo na cabeça. -Não estou dizendo para ter uma DR. -se adianta. -Só cumprimentar quando estivermos no mesmo lugar e essas coisas.

—Por que você está sempre por aqui, não é? -me viro o encarando, ansiosa por sua expressão de desdém, mas não era isso. Damian parecia cansado, ele deixa a cabeça tombar para trás e morde os lábios como se evitasse dizer algo. -O que está fazendo, Wayne? -é tentador testar os limites do controlado filho do Batman. -Rodeando minha família, se infiltrando no meu time? -então tenho uma reação, ele para e me olha como faz com Chloe e Al quando fazem pirraça. -Acha que vai me ter de volta assim?

—Nossa! -parece admirado, acho que deveria me sentir ofendida em algum momento. -E eu pensando que Jason só tinha a boca grande -fala sozinho.

Desvio meus olhos para as paredes vermelhas do quarto de Lunna, que já passaram da hora de ter a cor trocada. Alguns vinis antigos na parede e uma foto grande dos dois abraçados, com a paisagem de uma montanha no fundo. Tão melosos que não posso continuar olhando. Talvez devessem trocar os móveis também, e definitivamente essa cocha de cama. Passo minha mão pela estampa imitando um jornal. Muita personalidade para um lugar só, não sei como Connor que dormia no menor quarto da casa e mantinha suas paredes brancas e lençóis claros consegue ficar aqui.

—O que está fazendo? -Damian estava sentado no chão, recostado na parede bem a minha frente e seu rosto não tinha nenhuma expressão.

—Não foi embora ainda? -ergo uma sobrancelha, mas ele nem mesmo se move. -Chega a ser patético -solto com sarcasmo, e passo a encará-lo por diversão.

—Vou aproveitar minha fama e te dizer algumas coisas -reviro meus olhos para ele. -Deve ter cuidado quando tentar fingir reações perto de quem já provocou a maioria delas -algo se revira em meu estômago, e não posso controlar minha expressão de surpresa por sentir algo. Um sorriso sacana surge em seu rosto. -Quando quiser machucar não pode dar voltas, Queen -pisca para mim se levantando em seguida.

Damian espia o corredor e sai sem dizer mais nada. Me levanto e começo a sair do quarto, vejo Sara o abraçando apertado e murmurando alguma coisa em seu ouvido que o faz gargalhar alto. O que? Mas que merda está acontecendo?

Não me dou conta de estar andando até que estou ao lado do meu irmão. Connor passa seu braço por meus ombros, mais por hábito do que qualquer outra coisa. Agora que nós sabemos que Lunna fala com Wally é meio bizarro ver como ela para escutando o nada, as vezes briga com o vento ou começa a gargalhar quando todos estão mudos. Mas meu corpo todo gela quando em uma dessas ações Mãe Dinah, Lunna parece prender a respiração e todo o seu rosto perde a cor, então seus olhos me encontram e pela primeira vez não era a Lunna doce e boazinha com a qual me acostumei.

—Meu quarto -fala só mexendo os lábios. -Agora!

Ninguém parece perceber, caminho atrás dela voltando para o quarto. Lunna mantém a porta aberta, evitando propositalmente me olhar. Entro e a vejo passar a tranca em seguida. Se não conhecesse a Delphine pensaria que estava prestes a levar um coro, aliás, se fosse Sara agindo dessa forma, a Isis de alguns meses atrás já teria corrido por sua vida.

—Vai ser difícil ter essa conversa depois da seção de hoje -começa a dizer com as mãos na cintura, olhando para o alto como se buscasse iluminação. -Senta aí -aponta para a cama.

—Lunna, o que está acontecendo? -tento manter minha voz mais inocente possível.

—Quero que você pegue esse telefone e ligue para seus pais -estende seu celular em minha direção, e fico olhando para o aparelho como se fosse o dedo congelado do meu irmão. -É para ligar, Isis! -soa firme me fazendo dar um salto surpresa.

—Por que? -murmuro.

—Por que não? -me olha em desafio, cruzando os braços sobre o peito. -São seus pais, é normal falar com os próprios pais -dá de ombros, e vejo que é alguma forma de teste.

—Lunna de todo mundo, você é a menos indicada para esse tipo de situação -uma risada sarcástica não sai por muito pouco. O rosto dela se fecha, em uma expressão real de tristeza, não, não é só isso. A esposa de Connor está desapontada.

 -Não sou indicada por que não tenho mais pais, ou por que te contei essa manhã como foi minha infância? -fala contando nos dedos, parecendo Connor quando quer me passar sermão, mas sou treinada para os sermões do Connor, Lunna é um tipo que não entendo o suficiente para driblar. -Liga.

Disco o número da minha mãe e mais uma vez é como ter alguém jogando boliche em meu peito, forçando para dentro. O telefone chama algumas vezes e quando penso estar livre a ligação se completa.

‘Lunna querida, já estava prestes a te ligar. Sinto muito não ter atender outro dia, mas estava no meio do inferno, figurativamente.’ Sussurra a última parte. ‘Li todos os seus e-mails e conferi seus cálculos, não precisa mais me pedir para fazer isso, estão todos certos, Cisco pode começar a tentar assim que tiverem notícias da Sara.’ Felicity Smoak e seu superpoder de tagarelar. ‘Conseguiu falar com Isis?’ sua voz fica cheia de pesar.

—Mãe, sou eu -murmuro, olhando irritada para Lunna.

‘Isis?’

—Sim, Lunna me fez te ligar -a garota continua me encarando, como se estudasse meus movimentos.

‘Ainda bem. Vou te colocar no viva voz.’ O alivio que demonstra chega a ser exagerado.

‘Oi princesa.’ Era meu pai com seu jeito de me fazer parecer um bebê, por um instante me lembro como esse tom de voz dele costumava fazer meu coração vacilar, mas nada acontece, é como conversar com estranhos.

Falo com eles, apenas respondendo o que perguntavam. Não consigo ser mais intensa do que isso e me sinto um rato de laboratório nesse momento. Eles prometem voltar em breve e devolvo o celular para Lunna.

—Wally passou um tempo te observando também -me diz ainda sem decidir se estava mais ofendida ou preocupada. -Tenho muitas formações Isis, mas não sou psicóloga e descobri que você é uma excelente.

—Quer que me desculpe? -contenho a vontade de revirar meus olhos. -Ou precisa de explicação?

—Não quero que faça nada -se adianta. -Não sei qual a desculpa que vai me dar e me sinto vulnerável demais agora para ouvir -ela olha para a porta e se aproxima um pouco mais para dizer em voz baixa. -Você quase matou um homem -fico estática. -Não vou esconder isso, por que a última vez que guardei um segredo desses a pessoa desapareceu. Mas pode tentar se esconder de todos que te amam e acredite, a gente vai continuar a te amar da mesma forma -segura a maçaneta e se vira para me olhar antes de sair. -Vamos concertar seja o que for que aconteceu, só precisa descobrir o ponto de partida. E quando voltar para nós, se puder, pede desculpas ao seu irmão, não precisa pedir ao Dam apesar dele as merecer, mas Connor está se torturando tentando entender onde foi que ele pisou na bola.

—Ele me sufoca, Lunna -digo com o maxilar travado. -Me trata como boneca.

—Como disse a ele, não posso fingir que entendo. Você mesma acabou de me lembrar que não sou a mais indicada, nunca tive quem me sufocasse -ela se esforça para manter a voz firme. -Mas o que meus anos com seu irmão me ensinaram é que sempre que ele torra o meu saco, só preciso dizer o que não fazer e por que não fazer.  

Lunna me deixa sozinha no quarto. E ficar encurralada nunca foi algo que me agradou. Olho em volta e começo a sentir as paredes se fechando ao meu redor, estou em pânico. Abro a janela, pedindo internamente que Wally ainda esteja na sala babando por sua filha. Em um movimento rápido me jogo pela janela, estacionando na grama ao redor do prédio. Pulo o muro e passo a caminhar sem rumo pelas ruas.

A noite de Star City não é a melhor rota de fuga. Connor sabe exatamente onde cada lata de lixo fica nesse lugar. Mas pela vibe irritante que todos pareciam estar nela, não acho que consigam perceber que não estou mais no apartamento. Não suporto mais ver nenhum deles, chegou ao ponto que não é mais saudável. Tem tanta expectativa, como se eu fosse a pessoa errada, no lugar errado. É cansativo tentar agir de forma que não escancarem suas preocupações intermináveis. Bando de idiotas, viciados em dramalhão.

Pulo de um telhado a outro, sempre me mantendo longe de qualquer rota usual que fosse usada por meu irmão. Começo a ter a sensação de estar sendo seguida, não perseguida, como se algo em mim não me pertencesse, ou talvez possa ser o contrário...

—INFERNO! –praguejo quando minha mão escapa de uma grade, fazendo meu corpo escorregar por um buraco da telha, recupero o meu equilibro antes de cair de cara no chão.

Estou dentro de um galpão do que só pode ser descrito como uma balada do início do século. Não me machuquei feio por pouco, mas preciso de algum tempo para me levantar, meu estomago começa a revirar como se algo tivesse ganho vida dentro de mim. Sinto se aproximando fico em posição de luta, mas nada acontece. Estou sozinha, nesse local cheirando a ratos.

—Eu estou enlouquecendo –coloco as mãos nos joelhos. – Isso não é um ataque de pânico.

Respiro fundo, mas tudo parece ainda pior, e não consigo mais me controlar. Tudo o que ingeri durante o dia acaba espalhado pelo chão. Limpo a boca e tento arrumar minha postura. O cômodo começa a girar, as paredes ficam menores, mais próximas. Procuro checar minha pulsação, não posso estar fibrilando, não nesse lugar.

CONNOR

Nina repetia nossos nomes, com sua voz doce. Ela tem algo que cria uma bolha em sua volta e somos puxados para dentro. A prova disso é Damian que a deixa brincar em seu cabelo e ainda parece estar adorando
 ver a seriedade da garota ao estragar seu penteado padrão. Estamos todos sobre seu controle, é oficial.

Sou tirado da hipnose com a movimentação de Lunna, atraindo imediatamente meus olhos. Vejo quando sai do nosso quarto e a expressão de quando está em frente a um grande problema cujo a resposta não desvendou. Dam e Sara a percebem em seguida e seus semblantes se fecham de imediato.

— O que aconteceu? –me aproximo segurando em seus ombros para conseguir ver seus olhos. Seu rosto está verde, nada bom pode sair dessa reação –Está tendo algum tipo de flashback?

Isis explicou que deveria ficar atento a esses primeiros dias. Memórias antigas começariam a voltar. É difícil começar a fazer perguntas, ser invasivo além do que sou naturalmente. Hoje pela manhã quando ela começou a enfim se abrir, quanto mais a interrompia pior parecia ser para chegar até onde tudo havia começado.

—Não – respira profundamente, Damian se aproxima com Nina saltitando em seus braços, Sara já estava atrás de Lunna como se preparasse para a segurar caso ela desmaiasse. –Será que não está na hora da Nina dormir? -sorri para garotinha que não parece nada feliz com o estado da mais nova tia. Isso ou simplesmente não gosta da ideia de a colocarmos na cama.

Sara fala alguma coisa em português que não consigo entender e Nina responde fazendo um bico infantil, minha amiga pega a filha do colo de Damian que a substitui na posição de guardar Lunna. O engraçado é que nunca me toquei, apesar de toda a aversão dela em se aproximar, o que hoje posso compreender completamente, todos que se ligam a Lunna passam a girar a sua volta inconscientemente. Suas amizades são intensas, tanto quanto nosso relacionamento. Talvez por crescer com Felicity e Isis que tem magnetismo quase como um superpoder, não percebi que Lunna é praticamente igual ou talvez ainda mais intensa.

—Pode usar o quarto do Phill –indico para Sara que assente e segue com a filha nos braços.

— O que está acontecendo? –Damian me observa enquanto levo minha esposa ainda muito pálida para o sofá. Ela pede para esperar por Sara e ficamos em silencio por um tempo até Diggle voltar e se sentar do outro lado de Lunna no sofá.

—Isis. -diz, depois troca um olhar cheio de significativo com Damian.

—O que tem a Isis? -falo os fazendo quebrar o contato visual.

—Estávamos certos, ela vem mentindo -massageia as têmporas. -Está nos afastando um a um como uma forma de se defender.

—Por que eu sinto que só vocês sabem realmente do que estão falando? -olho na direção do quarto onde ela está, e Lunna tira o celular, lendo uma mensagem nele, então Damian começa a narrar por ela.

—Mais cedo, nós estávamos conversando sobre como Isis não parece ser ou agir como ela mesma -começa em voz baixa. -Nós queríamos entender o que está fazendo sua irmã bancar o cosplay da Cruella. E só tinha um jeito de conseguir respostas -ele olha para Lunna que murmura uma pequena prece “que Felicity não me descubra.”

—Você hakeou a Felicity? -agora sou eu quem estou sussurrando, e olho para os lados como um reflexo. Chego a sentir uma brisa fria em minha nuca e Lunna se encolhe no sofá. -Ela não descobriu?

—Não. -Dam tem um sorriso no rosto, algo parecido com orgulho. -Lunna mandou bem, mas não conseguimos nada de fato, por que o walke talke estilo Harry Winston dela começou a falar –indica o colar da Lunna citando uma marca muito elegante de joias.

—Tá mais para Vivara né? Mas provavelmente ele conhece mais de joias que eu. -Sara fala baixinho tocando os brincos em suas orelhas.

—O que me disse mais cedo, sobre sentir que precisa salvá-la -me olha, tocando de leve meu braço e sinto meu corpo tenso. -Nós temos que fazer isso, por que aquela ali, não é sua irmã -parecia procurar as palavras para dizer o que se seguiria. -Wally me contou mais cedo que... -ela para e o escuta dizer algo. -Vou apenas contar como está me falando Wally, não tem como terceirizar esse tipo de história -argumenta com o nada. -O que ele está dizendo -limpa a garganta antes de voltar a narrar. -Eu a vi atacar dois idiotas. Cara, foi brutal. Ela se deixou ser capturada por dois sujeitos só para destruí-los. Não tem outra forma de descrever o que se seguiu, Isis desejava quebrar cada um dos ossos dos caras, e não da maneira do Arqueiro. Seu propósito era os ver se retorcendo de dor em cada golpe e por fim mata-los.

Termina com o rosto vazio, como se estivesse tentando não explodir por dentro. Damian e Sara não eram diferentes e posso sentir o calor que tomava minhas veias. Não sei se perplexo é a melhor forma de descrever, não consigo fazer a ligação da minha Isis com essa garota da qual Wally e Lunna falaram.

—Que inferno aconteceu com ela enquanto estive fora? –Sara nos olha esperando alguma coisa.

—O que? – Lunna se levanta em um salto olhando para o corredor que levava aos nossos quartos. –Como? – começo a andar em direção ao meu quarto, já sabendo o que diria em seguida. – Ela fugiu.

DAMIAN

Por alguns segundos ninguém parece respirar dentro do Bunker. Tanto Sara quanto Connor, tinham os arcos em mãos, o Arqueiro Verde retraia e aumentava o seu enquanto esperava o parecer da garota de cabelos cacheados que massageava as têmporas, sentada em frente a seus computadores, aguardando o sinal do além ou melhor, do velocista em modo Ghost que fica soprando em seus ouvidos. Não acho que demorou mais do que poucos segundos, mas cara, aquilo me pareceu horas.

Assim que a expressão dela muda, nós já avançamos para o elevador. Corremos pela cidade, pulando telhados enquanto Lunna nos guia pelos comunicadores. Três faces mostrando variados níveis de fúria, medo e ansiedade. Que droga, Queen, não tinha que fazer muito mais do que tomar conta da própria vida. Foi o que disse que faria naquela merda de noite. Mentirosa.

—Seria mais fácil se pudesse só sentir raiva. -Sara me tira de meus próprios pensamentos, correndo entre Connor e eu. -Mas não existe uma versão dela que faça algo assim. -pulamos para o prédio seguinte e Connor começa a ganhar certa dianteira.

 ‘Wally a encontrou, Isis está no Glades. Na antiga boate da sua família, Connor.’ sua voz fica ainda mais baixa. ‘Precisam ser rápidos, ela não está bem.’

Ele não precisava desse incentivo, na verdade nem eu, corríamos lado a lado com Sara um pouco atrás. Não demoramos a passar pelas portas do galpão decadente, em um canto distante Isis estava de pé, seu olhar era perdido, um cheiro de vomito me fez perceber a poça perto de seus pés.

—Isis? – Connor se aproxima com cuidado, talvez com medo de que ela fuja de novo, a envolvendo em seus braços.

—O que ela tem? – não consigo me conter, doía a ver daquela maneira.

—Socorro! – sua voz sai como um suspiro, e então ela não estava mais ali.


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Notas finais do capítulo

Pois é, agora entramos no assunto mais delicado de todos: Isis!
Os proximos capitulos serão focados na pequena Queen e tudo o que vem acontecendo com ela, já adianto que é bom se prepararem mentalmente para o baque.
No mais não deixem de me dizer o que acharam, adoro interagir com vocês xuxus!
Bjnhos!!!



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