Lua de Sangue escrita por Bruxa Azulzinha


Capítulo 5
Cadê você Kagome?




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/ Rin /


Às 19h30 cheguei na casa dos Higurashi.
A mãe de Kagome abriu a porta antes mesmo de eu apertar a campainha.


— Rin, que bom que você veio. Estou desesperada - ela me abraçou com o semblante muito aflito - ela ainda não chegou e não atende o celular.
— Oi Senhora Higurashi - retribui o abraço apertado - Não sei o que pode ter acontecido, ela não me avisou se iria a outro lugar.
— Vamos até a polícia registrar um boletim de ocorrência - ela disse enquanto trancava a porta - o meu pai vai cuidar do Souta enquanto estivermos fora.
Assenti com a cabeça e me coloquei ao seu lado a caminho da delegacia.


**


Caminhamos por 15 minutos até a delegacia.
Senti um arrepio correr por minha espinha quando a mãe de Kagome começou a falar com o delegado. Até aquele momento, a minha ficha ainda não tinha caído... Mas agora minha cabeça começava a processar: melhor amiga desaparecida.
O delegado se chamava Miroku. 
Ele foi bem atencioso e se mostrou atento e preocupado com a situação.
Nós duas respondemos muitas perguntas e contamos a história detalhadamente.
Deixamos uma foto da Kagome com ele, uma muito bonita que a mãe dela tinha na carteira e números de documentos.
Depois de encerrado, ele entregou o documento com o número da ocorrência e algumas informações e nos acompanhou até a saída.
A noite estava serena, porém meio gelada, pois caía uma fina garoa.


— O policial Bruno levará vocês até sua casa - Miroku apontou para uma viatura estacionada na calçada em frente a delegacia - Não quero que peguem essa chuva e já está tarde.
— Ah, é muito gentileza sua - disse a Sra. Higurashi se voltando para ele - muito obrigada pela ajuda. E por favor, estarei 24 horas ao lado do telefone. Qualquer coisa, por favor, me ligue.
— Fique tranquila, vamos iniciar a busca imediatamente - ele respondeu de modo calmo. De certo estava acostumado a enfrentar esses casos de desaparecimento.


Ouvindo isso, a mãe de Kagome se despediu e foi até o carro. Fui segui-la, mas a mão de Miroku segurou meu cotovelo.
Olhei curiosa para o homem.


Ele se inclinou um pouco para perto de mim, para que sua voz não fosse escutada pela Sra. Higurashi:
— Rin, você está solteira? - seus olhos estavam fixados aos meus - gostaria de sair comigo depois de encontrarmos sua amiga?
Fiquei boquiaberta.
— S-sim. Estou solteira, mas no momento eu não procuro relacionamentos - eu sussurrei rápido - Muito obrigada pelo convite, Delegado.
— Ah, que pena - ele disse se endireitando - bom, eu tentei. Boa sorte com a Kagome.
Qualquer coisa, tem meu telefone.
— Tudo bem, obrigada.
— Meu telefone é para dúvidas sobre a sua amiga e para o caso de você mudar de ideia sobre o encontro.


Minhas bochechas arderam de vergonha. 
Estendi a mão para cumprimentá-lo  e corri em direção ao carro.
"Ele parece ser um bom delegado, mas noção de momentos certos para se fazer uma investida, ele não tem" - pensei.
Entrei na viatura com a Sra. Hirugashi e o policial nos levou de volta até a casa.

**

No lar da Kagome agora reinava a preocupação e a tristeza. 
Estávamos sentados, os quatro, à mesa jantando. A Sra. Higurashi preparou macarrão com bolo de carne e apesar de estar tudo muito cheiroso e com uma cara ótima, não consegui engolir muita coisa. A agonia de não ter notícias da minha amiga me revirava o estômago.

— Desculpa Sra. Higurashi, mas eu não estou com fome. Está tarde, acho que vou para casa agora - eu falei colocando meus talheres de lado.
— Nem pensar - disse o vovô abanando as mãos - você não vai sair por aí a noite. Principalmente depois disso que aconteceu.
— Ele tem razão. Vai dormir aqui e não adianta contestar - disse a mãe da Kagome - vou preparar as coisas para o seu banho.
Suspirei tristonha. Eles estavam certos.
— Ei Rin - Souta me chamou - o que acha de fazermos uns panfletos com o rosto da Kagome para espalharmos pelo bairro?
Iguais os de cães perdidos.

Dei a ele uma tentativa de sorriso e murmurei:
— Não é uma má ideia. Vamos fazer isso amanhã. Temos que tentar de tudo...

Pouco tempo depois, a Sra. Higurashi me trouxe o kit de banho e eu fui tomar um ducha.

Embaixo do chuveiro, deixei a água levar todo o cansaço e estresse do dia para o ralo...


"E se a Kagome foi sequestrada?"
"O que farão com ela?"


Bati a testa no azulejo branco tentando me livrar desses pensamentos ruins.
Desliguei o chuveiro, me enrolei na toalha felpuda e fui para o quarto da Kagome. Eu já havia dormido em sua casa mais de uma vez, então estava a vontade. 
O quarto dela tinha um estilo "menininha"... As paredes eram cor de rosa claro, tinha coleção de bonecas nas prateleiras e ao abrir o guarda roupa, encontrei só pijamas de coraçõezinhos e ursos.
Escolhi um amarelo com estampa de girassóis que encontrei no fundo da gaveta. Me vesti. Dobrei e guardei meu uniforme do trabalho e voltei para a cozinha.
Souta foi dormir logo depois, a contragosto. 
E nós três permanecemos sentados, com as mãos cruzadas sob o queixo, olhando atentamente para os celulares e telefones no centro da mesa, esperando qualquer notícia dela...

**
**


/ Sesshoumaru /


Eram 2 horas da manhã e eu não conseguia dormir. 
Isso era incomum. 
Me levantei da cama e resolvi ir até o meu escritório responder uns e-mails pendentes do trabalho até o sono voltar.
Eu era o diretor da empresa Taisho, então sempre havia muito trabalho para resolver. Era meu dever estar sempre disponível, com o celular sempre a postos para qualquer coisa, não importava o que estava fazendo ou onde estivesse. 
E não só a empresa contava comigo, mas meu pai também.
Passei a madrugada toda naquele escritório e só percebi que já era de manhã, quando escutei meu criado Jaken chamando e batendo na porta.

— Ssenhor Ssesshoumaru!
— Entre.

A pequena criatura verde veio até minha mesa carregando uma quantidade considerável de  envelopes.

— Bom dia Ssenhor Ssessshoumaru, trouxe a correspondência de hoje e um recado de uma ligação - ele colocou os papéis na mesa e me entregou uma anotação.
— Tudo bem - respondi - pode sair agora.
— Com licença.

Esperei Jaken sair e fechar a porta para abrir o papel com o recado:  marcaram um almoço com os gestores no domingo.
Suspirei pesadamente. Mais reuniões com humanos.


**
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Depois de tomar um banho e me arrumar para o trabalho, desci as escadas para tomar o desjejum. 
Meu cozinheiro havia preparado ovos com presunto e pão preto.
Em minha casa não havia muitos  funcionários, apenas Jaken e Miuga e não os via muito, pois passava mais tempo na empresa do que em casa.
Depois de tomar o café da manhã, peguei minha pasta e fui até a garagem, entrei na minha BMW e parti para o trabalho.

**
**

Cheguei no prédio sendo cumprimentado por todos os funcionários e minha secretária.
Minha sala ficava ao lado da do meu pai e ele já estava lá, sentado em sua cadeira, com fones de ouvido, absorto em seu notebook.

— Bom dia filho - ele disse percebendo minha presença.
— Bom dia - respondi - vou começar com o caso da construção do Banco Hermes.
— Sim - meu pai retirou os fones de ouvido e se levantou para pegar outro notebook que ficava trancado em um baú de madeira - e depois, verifique o novo caso de desaparecimento. Parece que foi registrado ontem a noite.
— Tudo bem - peguei o notebook e me dirigi até minha sala para começar meus afazeres.


**
**


Aquela sexta-feira estava muito atarefada. Passei a manhã inteira e a tarde trabalhando com os funcionários no projeto do banco Hermes e depois tive que resolver muitos problemas.
Porém, quando o crepúsculo surgiu no céu anunciando a vinda da noite, o ambiente ficou mais calmo e as pendências estavam controladas, então aproveitei para abrir o notebook de investigação.
Nós tínhamos contatos e parceiros na polícia, além de uma equipe de informática que nos auxiliava com o acesso aos dados das investigações e novas informações que chegavam das delegacias das cidades que estavam no nosso perímetro de suspeita.


Acessei os arquivos da delegacia que registrou um desaparecimento no dia anterior às 20h00. 
Li a descrição e as informações da ocorrência. O nome da humana era Kagome Higurashi, 23 anos. Desaparecida desde que saiu de casa para ir ao trabalho, uma empresa chamada Brilhante.

"O que?" - eu conhecia esse nome. Era a companhia de limpeza com quem tínhamos contrato.
Imediatamente, lembrei da intrigante humana que apareceu na cozinha do meu pai aquele dia...
"Dias atrás teve um caso de desaparecimento também..." - continuei procurando nos arquivos e encontrei o caso da humana Kikyou. Desaparecida quando saía do trabalho, também funcionária da Brilhante.
Isso me incomodou. Duas vítimas da mesma empresa.
Baixei as fotos das humanas e comparei seus rostos: as duas eram brancas, com cabelos longos e escuros, mas tinham diferença nas idades. Kikyou era mais velha.
O responsável pelo sumiço das duas, deveria ter alguma preferência por esse tipo de mulher e provavelmente trabalhava na Brilhante também.
Ou ele tinha algum informante dentro da companhia e essa pessoa passava detalhes das funcionárias "atraentes" para esse sujeito.

Minha cabeça estava "queimando" com a quantidade de informação que eu estava processando.
Levantei-me de supetão e fui até a sala do meu pai para contar tudo o que havia descoberto a ele.

— Sesshoumaru, se esse sujeito já desapareceu com duas humanas desse mesmo lugar, então provavelmente acontecerá de novo - meu pai falava com uma expressão séria.
— Sim, eu sei.
— Esse delegado que está cuidando do caso... Miroku... Já conseguiu alguma imagem de câmera? Podíamos pegar a placa de algum veículo ou outra coisa para seguirmos esse indivíduo.
— Eu vou verificar isso depois, agora tenho uma coisa para fazer - me levantei e sai apressado pela porta em direção ao estacionamento da empresa.
"Se essa pessoa estava sequestrando humanas específicas daquela empresa, então com certeza, aquela com o cheiro bom estava correndo perigo".
Entrei no meu carro e sai em direção a Brilhante.

**

Eu não sabia muito bem o que estava fazendo.
Eu não conhecia aquela mulher e não tinha nada haver com ela, sem falar no fato de que eu não me importava se um youkai talvez estivesse apenas caçando humanos, porém algo dentro de mim queria impedir que isso acontecesse a ela.

Fiquei curioso comigo mesmo. Meu orgulho youkai estava sendo deixado de lado para proteger uma humana?

Quando cheguei ao endereço da companhia de limpeza, estacionei na calçada da rua ao lado e desci do carro para vigiar a saída do prédio de perto. Me encostei na parede de uma loja que já havia fechado.
Ela deveria aparecer perto das 18h30. No caminho até lá, eu havia telefonado para um assistente do meu pai que puxou as informações dela pelo sistema da empresa.
Seu nome era Rin Dew.


**
**


Eu olhava atentamente para todas as direções procurando uma moto, um carro ou até uma pessoa estranha que pudesse parecer suspeita, mas não havia nada.
Nesse instante, a porta automática do prédio se abriu e de lá saíram muitas pessoas uniformizadas.
Muitos iam em direção ao ponto de ônibus, outros saiam de bicicleta e depois que grande parte dos funcionários tinha se dispersado, a humana saiu, levando consigo um amontoado de papéis.
Só que, ao invés de seguir com os demais, ela começou a pendurar os papéis nos postes que haviam por ali. 

"O que ela pensa que está fazendo?" - pensei observando aquilo.

Ela pendurou o que parecia ser cartazes em muitas paredes e postes e depois, foi em direção ao ponto de ônibus.
Meus olhos não saiam de cima dela e quando escutei o som do motor de uma moto se aproximando, coloquei meus sentidos em alerta.
A moto se aproximou, mas depois virou na rua seguinte.
Com isso, relaxei um pouco.
A humana já havia chegado no ponto e agora pegava o ônibus.
Eu quis ir embora naquele instante, mas meu youkai interior quis seguir o ônibus também. E foi isso que eu fiz.

Voltei ao carro e passei a vigiar seu caminho até em casa.

*

O ônibus seguiu para a região periférica da cidade, entrou em um bairro cujas casas eram mais humildes e foi ai que Rin desembarcou e passou a andar com passos rápidos.
Eu a seguia de longe para que não percebesse minha presença.

Ela caminhou por 2 minutos até parar em frente a uma pequena cabana azul com cercas brancas. Ela parecia vasculhar sua mochila atrás das chaves do portão e foi nesse momento que uma luz forte de farol surgiu do outro lado da rua. Era uma moto. Ela vinha rápido e freou bruscamente atrás da humana.
O motorista desceu da moto com rapidez e nesse meio tempo, eu não pensei duas vezes em sair do carro e usar minha velocidade para atacar aquele animal imundo.

Quando a humana se virou para ver o que estava acontecendo, eu já estava pendurando o sujeito pelo pescoço.

— O que... O que é isso? - ela gritou - o que você está fazendo? Solta ele!
— Ele ia te pegar - respondi furioso - esse verme ia te sequestrar bem em frente a sua casa.

Apertei minhas garras no pescoço dele e com a outra mão, tirei o capacete de sua cabeça e o atirei no chão. Era um humano. 

— Para quem você trabalha verme? O que quer com ela? 
— E-eu não sei - o humano quase não conseguia falar e se debatia tentando se soltar - só vim entregar uma mercadoria que ela comprou.
— Eu não comprei nada - Rin o desmentiu.
— Quem te mandou? Não minta pra mim - eu apertava cada vez mais minhas garras e o sangue dele escorria pelo meu braço.
— Foi uma ligação. Um cara chamado Ryokusei me ligou. Eu faço trabalhos assim, mas eu só sequestro a mando de alguém. Ele me transferiu dinheiro e me deu as informações dela - ele agora chorava desesperado - foi só isso. É sério, não me mata!
Eu não tenho nada haver com essa história!

Olhei em volta. Alguns vizinhos poderiam escutar o que eu faria a seguir, então me virei para a humana: 
— Rin, abra a porta. Vamos terminar isso com privacidade.

Ela me olhou com medo, mas mesmo assim obedeceu.
Abriu o portão com as mãos trêmulas e depois correu para abrir a porta da casa. 
Eu carreguei o humano ainda pendurado pela garganta para dentro da cabana e olhei em seus olhos que estavam esbugalhados de pavor.

— Aceitar esse trabalho foi sua sentença de morte - eu falei fechando minha mão com força, fazendo seu pescoço se quebrar e sua cabeça cair para trás sem vida.
— Ah meu Deus... - a humana estava com as mãos apertadas contra o peito - ele está morto...
— Antes ele do que você - respondi jogando o corpo no chão e limpando o sangue do meu braço.
— Mas e agora? - ela me perguntou com a voz fraca.

Olhei para o corpo do verme e depois para a humana que me encarava com os olhos marejados.

— Agora você vem comigo!


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Notas finais do capítulo

Bom gente, espero que tenham gostado do capítulo! Até mais!



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