Glass Humans escrita por Douglastks52
Notas iniciais do capítulo
Opa, surpresos? Com o anormal número de visualizações que tivemos ontem eu decidi trazer um capítulo antecipado para vocês! Boa leitura!
—Festa, festa, fes-TA! Festa, festa, fes-TA! -Dizia Charlote enquanto movia os seus braços e balançava a sua cabeça.
—Você está realmente animada. -Sorriu Diego.
—Claro que sim! -Respondeu ela. -O verão é o momento onde os adolescentes podem descansar da escola, e nada mais descansa a minha alma do que ir à uma festa!
Ela não esperava que todas as suas palavras fossem ouvidas ou muito menos respondidas, mas dessa vez isto não parecia satisfatório:
—Andrew, você pode rir quando a piada for boa, não precisa ter vergonha. -Disse Charlote virando-se para trás.
Ele sentia-se num ambiente desconhecido, mas por reflexo à familiaridade das coisas que Charlote dizia, a sua voz não hesitou:
—Charlote, eu gosto do teu humor, você é bastante criativa, mas classificar aquela piada como razoável me causa dor física. -Respondeu Andrew.
A absurdez da conversa fez as pessoas dentro do carro lentamente exibirem um sorriso nos seus rostos.
—Autch...para ser sincero aí acho que você foi longe demais, a piada não foi tão ruim assim. -Continuou Charlote tentando proteger a sua dignidade.
—Dá para pensar naquilo como a descrição de um sentimento típico da adolescência, um retrato da sociedade juvenil, algo desse gênero. -Acrescentou Clara.
—Está vendo! -Sorriu Charlote. -Pelo menos alguém com bom senso concorda comigo!
—Mas nada disso é uma piada. Não deixa de ser uma expressão artística válida, apenas não é uma piada. -Concluiu Clara.
—Esse foi um bom argumento, Clara. -Disse Charlote com uma postura séria. -Mas infelizmente a discussão era entre mim e o Andrew então os teus argumentos não contam.
Charlote colocou a sua língua para fora enquanto encarava Clara:
—Quão infantil você consegue ser...? -Respondeu Clara franzindo as suas sobrancelhas.
-Não estou ouvindo! Não estou ouvindo! -Repetia Charlote com os seus dedos a tampar os seus ouvidos.
—Chegamos! -Interfere Diego. -Sinto que as coisas dariam errado se tivéssemos ficado mais alguns minutos nesse carro...
—Não sei do que você está falando. -Sorri Charlote.
Ele para o carro no estacionamento e todos descem. Existem várias pequenas lojas aos lados da rua, vendendo maioritariamente comidas e bebidas:
—Até que horas você acha que essa parte aqui de fora fica aberta, Diego? -Pergunta Charlote.
—Eles devem parar mais cedo do que a festa acaba, eu diria umas três horas da manhã. -Respondeu ele.
—Tudo bem então temos que passar aqui mais tarde, mas acho que falo pelo grupo quando digo que quero ver como a festa está por dentro, não é mesmo? -Continua ela.
—Sim, eu pelo menos não tenho fome, eu jantei antes de vir para cá. -Respondeu Clara.
Andrew também tinha jantado, mas estava um pouco hesitante em relação a entrar na festa, tudo era novo. Mas o grupo, numa espécie de consenso, começou a caminhar em direção à entrada. A concentração de pessoas gradualmente aumentava até que eles atingiram a bilheteria. Com as pulseiras que lhes permitiam entrar na festa compradas, eles se colocaram numa pequena fila.
Nos instantes seguintes, o grupo passou por uma pessoa a verificar as pulseiras e entrou no interior daquela construção. Bastante longo e espaçoso, havia um palco ao fundo. Aos lados haviam alguns banheiros e lugares que vendiam bebidas. Enquanto que no teto haviam vários objetos que refletiam as luzes do palco. A música era alta, mas devido à distância do palco, falar por enquanto não era um problema. Charlote aproximou-se de Andrew:
—Você consegue sentir isso, Andrew? Esse cheiro?
—De pessoas suadas ou o cheiro de cigarros? -Respondeu ele.
—Você estava perto, meu pupilo. -Continuou ela. -Ambos os cheiros juntos. Este é o cheiro da adolescência.
Andrew sorriu e cedeu à visão de Charlote do mundo:
—Tudo bem, e o que fazemos agora para nos divertir então? -Perguntou ele.
—Estou gostando desse espírito, Andrew. -Sorriu Charlote, mas dessa vez com malícia no seu olhar. -Está vendo aquele copo de cerveja abandonado em cima da mesa?
—Sim.
—Você bebe sete daqueles, depois chega no bar, pede um shot de tequila e um shot de Gin, depois você-
—Ei, Charlote, muito cedo né? -Diz Diego. -Acabamos de chegar, se essa é a tua mentalidade agora, em duas horas vamos estar vivendo aquele dia de agosto de novo.
Ela vira o seu rosto expressando a sua frustração:
—Sim... Ninguém quer viver aquele dia de agosto de novo...
—De qualquer forma, eu também quero beber alguma coisa, então acho uma boa ideia irmos ao bar. -Comenta Daniel.
—Vamos todos então. -Sugeriu Diego.
O grupo caminhou e esperou o tempo necessário para conseguirem as bebidas. Andrew achou o gosto da cerveja amargo, não terrível, apenas não entendia como alguém podia apreciar aquilo. Ele olhou na direção de Charlote e percebeu que o seu copo estava pela metade:
—O que vocês querem fazer agora? -Perguntou Charlote.
—Eu e Clara vamos dar uma volta. -Respondeu Daniel.
—Uns amigos mandaram-me mensagem, estava à espera que eles aparecessem aqui. -Disse Diego.
—Bom, eu vou me aproximar do palco e dançar. -Continuou ela puxando Andrew. -Vejo vocês mais tarde!
—Eu não tenho opção a não ser ir contigo? -Perguntou Andrew.
—Não, eu estou responsável pela tua diversão. -Respondeu ela. -Você vai dizer que não gosta de festas por minha culpa se não se divertir hoje.
—Eu não iria tão longe assim...
A música fica cada vez mais alta e mesmo estando sóbrio, a oscilação constante das luzes fazia Andrew ter uma perspectiva diferente das coisas à sua volta. Finalmente atingindo a distância que queria, Charlote subitamente parou e começou a levantar os seus braços:
—O que você está fazendo? -Gritou Andrew alto o suficiente para ser ouvido.
—Sentindo a música! Tentando entrar no ritmo!
A atmosfera era surreal, ele estava num lugar desconhecido sem a permissão dos seus pais enquanto pensava sobre coisas que nunca tinha pensado antes. Os movimentos de Charlote rapidamente alinharam-se com a música, mas o corpo de Andrew manteve-se parado. Ele apenas admirava aquela existência, impressionado, mas incapaz de entendê-la:
—Você não está dançando! -Reclamou Charlote.
Andrew moveu os seus braços e mãos tentando copiar passos de dança que tinha visto no passado:
—Isso é um bom começo, mas tem que ser mais você, não pode ser copiado, tem que ser original! -Continuou Charlote.
—Você está sendo muito vaga! Qual parte do meu corpo eu deveria mover?
—Faz como eu! -Sorriu Charlote.
Andrew começou a copiar o que Charlote fazia até os seus movimentos se tornarem complexos demais para serem acompanhados:
—Era suposto você me ensinar! Não jogar na minha cara o quão boa você é a dançar!
—Eu te disse que não podia ser copiado.
—Você também me disse para copiar você...
—Eu já sei o que vai consertar este problema. -Sorriu ela.
—Explicações úteis?
—Não! Beh! Errado! Mais cerveja!
Ela rapidamente começa a puxá-lo para o seu objetivo:
—Não devíamos esperar um pouco mais?
—Não, o que pode dar de errado?
Enquanto repetem as idas ao bar e os momentos de dança próximos ao palco, Andrew sente-se cada vez menos sóbrio. A sua percepção do tempo está diferente, parece haver menos detalhes desnecessários, menos hesitação, as coisas passam mais rápido e de uma forma estranha, ele consegue ver Charlote com mais clareza. Os dois dançam próximos um ao outro com alguma animação:
—Pupilo, você já dominou as técnicas de dança básicas, agora lhe ensinarei coisas novas! -Sorri Charlote um pouco bêbada.
—Sim, mestre! -Responde Andrew muito mais espontâneo e descontraído. -Quais são essas coisas novas?
—Temos que encontrar mais pessoas e aprender a técnica da dança de grupo!
—Sim, mestre!
Charlote começa a andar, simultaneamente focada e sem rumo, enquanto tenta achar pessoas que conhece. Andrew segue-a enquanto tenta entender porque a sua presença era tão agradável. Como ela conseguia tornar as coisas tão divertidas? Ele sentia que querer estar perto dela era tão natural quanto o instinto de uma mariposa de mover-se em direção à luz. Charlote era única e sincera, brilhante como uma tocha na noite escura:
—Daniela!!! -Grita Charlote ao avistar uma amiga.
—Charlote!
As duas aproximam-se e abraçam-se:
—Tudo bem com você? Já não te via há algum tempo. -Comenta Daniela.
—Sim, tudo ótimo! Podemos ficar algum tempo aqui com o teu grupo? Eu e Andrew estamos numa missão de dançar com o maior número possível de pessoas essa noite.
—Estamos? -Pergunta Andrew.
—Andrew? Não imaginava que fosse te encontrar aqui. -Diz Daniela surpresa.
—Calma, vocês se conhecem? -Pergunta Charlote.
—Sim, estudamos na mesma turma e recentemente fizemos um trabalho de grupo juntos.
—Sim! -Responde Andrew lembrando-se de quão irritante seres humanos podiam ser. -Eu, Daniela e duas pessoas otárias!
Daniela ri com a reação fora de personagem de Andrew:
—Charlote, o que você fez com ele?
—Eu estou bem...só um pouco bêbado...
—Ei, calma, não assuma que a culpa é minha. -Responde Charlote.
—Mas é. -Diz Andrew.
—Sim, é, mas ela não sabia disso. -Continua Charlote. -De qualquer forma, me contem mais sobre esse trabalho de grupo, quero saber o que eles fizeram para deixar o Andrew tão irritado assim.
—Tipo...Ele estava só flertando com a namorada dele e dando ideias estúpidas ao invés de ajudar! Cara super babaca...e ainda teve a audácia de me pedir para fazer a parte dele do trabalho! -Explica Andrew.
—Será que ele está nessa festa? -Pergunta Charlote pensando em arrumar confusão. -Podíamos procurar ele e acertar as contas!
—Sim! -Diz Andrew se deixando levar pela situação.
—Por favor, não. -Ri Daniela. -Vamos só nos divertir sem criar brigas.
Ela percebe que um jovem caminha na sua direção com dois copos nas suas mãos:
—Vou aproveitar a oportunidade e apresentar a vocês o meu namorado. Lucas, esses são Charlote e Andrew, amigos meus.
Charlote observa-o e logo em seguida estende a sua mão:
—Prazer em te conhecer! -Sorri ela. -É meio inoficial, mas eu sou o pai da Daniela, então você tem que pedir permissão para mim para casar com ela.
Lucas aceita o cumprimento enquanto ri:
—Tudo bem, vou lembrar disso.
Ele em seguida estende a sua mão a Andrew:
—Suponho que você seja o namorado de Charlote, prazer em te conhecer.
Os dois coram enquanto tentam encontrar uma forma de responder:
—Nós não somos... -Diz Andrew.
—Sim, não somos... -Completa Charlote. -Ele é o meu discípulo!
—Sim, ela é o meu mestre! -Continua Andrew.
Lucas mais uma vez ri:
—Tudo bem então! Vocês parecem ter uma relação de poder meio pervertida, mas eu não vou comentar sobre isso.
—Não! Você está entendendo isso tudo errado! -Cora Charlote. -Daniela, por favor, peça ao teu namorado para ter uma mente mais limpa, nem tudo é sobre sexo!
—Para ser sincera, você é uma pessoa bastante excêntrica, Charlote. -Interfere Daniela. -Eu não duvidaria se você tivesse fetiches estranhos...
Andrew sente que tem de proteger Charlote de alguma forma:
—Eu tenho certeza que Charlote tem fetiches normais!
Charlote tapa a boca de Andrew imediatamente, mas já é tarde demais:
—Como você sabe dos fetiches de Charlote, Andrew? -Riu Lucas.
Atingindo o seu limite, ela agarra Andrew e começa a correr para longe:
—Lembrem-se disso!! Eu voltarei!!!
—Ela é uma pessoa engraçada. -Comentou Lucas.
—Essa foi a primeira vez que vi Charlote envergonhada, devo dizer que valeu a pena. -Brincou Daniela.
Andrew já nem se importava para onde Charlote o guiava, ele apenas se deixava levar pela experiência. Após mais uma visita ao bar, ele notou o olhar de surpresa no rosto de Charlote:
—O que aconteceu?
—Já são quase três da manhã! -Respondeu ela agitada. -Temos que encontrar o resto do nosso grupo e ir comer!
—Eu não tenho tanta fome assim.
—Nós fizemos uma promessa, Andrew, não podemos voltar atrás!
Os dois voltam a movimentar-se rapidamente entre a multidão. Andrew sentia o calor da mão de Charlote a segurar no seu braço enquanto via os seus cabelos a balançarem a cada passo. Mesmo com tantas pessoas à sua volta, ele sentia que apenas os dois existiam:
—Seria bom se isso pudesse continuar para sempre.
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Andrew aproveita a sua primeira festa na companhia de Charlote e de brinde Daniela aparece de novo! O que acharam do capítulo?