O Mystic Grill estava parcialmente cheio de pessoas, principalmente ao redor da agitação nas mesas de sinuca, onde parecia estar acontecendo algum evento competitivo. Se ouvia os estalos das bolas e os gritos de comemoração e um deles, era bem familiar para Stefan.

Realmente, uma competição acontecia ali entre Damon e uma garota, com direito a torcida dos dois lados para incentivá-los no jogo. Damon estava visivelmente embriagado, mas de alguma forma milagrosa, ele estava acertando várias bolas em seguida e marcando pontos, com direito a poses em suas tacadas e as caretas das mais diversas expressões, enquanto o irmão o observava de braços cruzados a espera de uma oportunidade de interrompê-lo. Ele então erra feio a próxima tacada, então a garota se aproxima para jogar.

—Posso usar seu taco? - Ela diz provocadoramente para ele, alisando sua mão pela ponta do taco de Damon e ele apenas o entrega e ergue as mãos, com um sorriso bobo.

—Damon, podemos conversar? - Stefan aproveita a deixa do irmão para se aproximar.

—Stefan! - Damon comemora com um tapinha de leve no ombro do irmão - Chegou na melhor hora, será a minha última tacada! Apostamos o seu carro para o ganhador. Mas não se preocupe, já está no papo.

—Você o quê?! - Stefan olha para o irmão, abismado com a loucura que havia feito.

—É brincadeira, não apostamos nada, é só… diversão. - Damon ri e dá uma cotovelada no irmão de leve, enquanto volta para a mesa para encerrar a partida, com a tacada final que o levou a vitória.

—Muito bem, parabéns. - A garota o parabeniza com a malícia no olhar - Preciso de umas aulas, o que acha?

—É, o que você acha Damon? - Stefan cruza os braços para esperar a resposta do irmão.

—Na verdade… - Depois de cruzar o olhar com o irmão, Damon se volta para a garota - Na verdade é a minha namorada quem me ensina.

—Aunt. - Ela ergue a sobrancelha com desdém e se retira por fim.

—Mandou bem… - Stefan diz surpreso com a atitude do irmão - Mas podemos conversar agora?

—Eu preciso do meu uísque. - Damon olha em volta procurando seu copo, desnorteado sobre de qual direção havia vindo. - Acho que é aquele ali.

—Até quando vai fugir da realidade? - Stefan lança a pergunta com severidade, enquanto o irmão passa pelo mesmo, ignorando-o. - Você sabe que isso aqui vai durar algumas horas... e depois?

—Vai querer um? - Damon pergunta ao irmão, ignorando completamente as perguntas anteriores - Você tá muito tenso, precisa relaxar.

—Pare de agir como uma criança mimada! - Stefan se exalta e bate sua mão contra o copo de Damon, fazendo-o se estilhaçar e atraindo a atenção do irmão. - Se tem uma coisa em que você não amadureceu nesses anos todos, foi de enfrentar suas emoções. Mas porra Damon, agora não depende mais só de você. Tem alguém precisando de você, ou melhor, duas pessoas.

—Eu tinha acabado de pedir. - Ele diz referindo-se à dose de uísque e ao ver a reação indignada do irmão, ele decide ceder, suspirando pesado ao se entregar em ansiedade - Eu não posso, Stefan.

Damon baixa o olhar e se afasta, saindo do bar na tentativa de buscar por ar puro. Ele vai até o carro de Stefan e se debruça encostando-se contra a lateral do carro enquanto fecha os olhos e tenta respirar fundo, sentindo a crise aumentar. Stefan obviamente vai atrás do irmão e o vê em estado de pré-surto, como já vira em outras vezes, porém, agora tinha algo a mais.

—Eu estou com medo, Stefan. - Damon recua do carro e olha para o irmão com seu olhar de súplica, enquanto se agitava para continuar a falar - É assustador pensar que alguém precisa de mim e... depende de mim! Eu não sou nem de longe a pessoa ideal pra estar com Kate nesse momento, eu … eu não faço ideia de como é ser um pai!

—E você acha que alguém nasce sabendo? - Stefan ergue as sobrancelhas para mostrar ao irmão o óbvio.

—Nós sabemos que eu não sou um bom exemplo, que eu só tomo decisões erradas, que eu não sou uma boa companhia. Como um vampiro que mata pessoas vai ser capaz de ser um bom exemplo?!

—Vamos fazer assim… - Stefan se aproxima do irmão com uma pose serena - Primeiro vamos cuidar de Kate. Ela está com tanto medo quanto você e precisa ter alguém pra ajudá-la nesse desafio. A questão é se você quer assumir esse compromisso… 

Tarde da noite, Kate está em seu quarto de hóspedes encarando a lua pela janela do quarto, enquanto mil coisas se passavam por sua mente. Ela acaricia sua barriga e novamente se permite ouvir o coração, já que aquele se tornou sua música preferida desde então.

Ela ouve a porta do quarto se abrir e ao se virar, dá de cara com Damon entrando de fininho com seu nada discreto cheiro de álcool que preenchia o quarto. Ela estava com um mix de emoções referente a ele naquele momento que transitavam entre saudade, mágoa e raiva depois do sumiço de hoje. Mas quando ele chega perto o suficiente, ele trás a mão que estava escondida nas costas e mostra um pequeno bichinho de pelúcia para entregá-la.

—Eu estava voltando pra cá e passei em frente a uma daquelas máquinas de garra e peguei um… literalmente. - Damon faz uma expressão negativa ao perceber o quanto tudo aquilo parecia errado - Eu não devia estar com medo, mas estou. Porque ele vai ter um pai que burla todo o sistema pra pegar um simples brinquedinho pra ele e…

Kate não espera ele finalizar o raciocínio, para beijá-lo, emocionada com o pequeno grandioso gesto dele por trazer aquele brinquedo, revelando a ela que ele visivelmente estava tentando. Durante o beijo, Damon ouve um coração pulsando baixinho e ele rapidamente recua sem acreditar, encantado com aquela surpresa enquanto Kate abria um largo sorriso ao vê-lo assim tão animado.

—Caramba… - Damon se curva e beija a barriga de Kate, fazendo-a rir e logo se endireita para beijá-la novamente. - Nós vamos ter um bebê.