The Fault in Albus's Stars escrita por Fanfictioner


Capítulo 1
Como os astros me odeiam


Notas iniciais do capítulo

OLÁ PRIDERS!

Nem posso acreditar que agosto tenha chegado, porque parece fazer uma vida desde que o plot de TFIAS surgiu na minha cabeça e me senti obrigada a escrever essa shortfic (que tinha a única intenção de ser uma one e depois saiu do controle).
É uma honra dividir meu dia de postagem com essas autoras incríveis e que admiro muito, Red Hood e Liv, e estou ansiosíssima para conhecer as fics fantásticas que virão ao longo de todo o mês.

Primeiro de tudo, vou aproveitar essa nota para deixar, mais do que o meu parabéns, mas a minha admiração absoluta e profunda a Noora, as Hood e a Prongs por encabeçarem um projeto tão lindo e tão necessário! Pelo esforço em fazerem o fandom de HP um lugar mais representativo e acolhedor, a despeito de tudo que a autora representa. Vocês são tudo e o amor de vocês pelo Pride é lindo!

Algumas (muitas) pessoas merecem agradecimentos por terem ajudado essa fic a nascer, de alguma forma. Carter, por ter lido primeiro e ouvido meus surtos sobre casais que deviam (ou não) figurar aqui. Trice, por betar divinamente e ser paciente com todas minhas vírgulas erradas e falta de itálicos pelo texto hahaha. Red, pelas consultorias astrológicas e tarológicas que deixaram o Albus mais dramático ainda. Violet, por colocar uma aura 200% corvinal em um aesthetic sonserino melhor do que eu jamais seria capaz de fazer.

A todo mundo que eu enchi o saco comentando alguma mísera coisa dessa fic nos últimos seis meses, sinto muito e, ao mesmo tempo, muuuuito obrigada por ter me ouvido! Sério, eu estou muito empolgada com minha primeira fic sobre Albus Dramático Potter!

Espero que gostem, boa leitura, gente!



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Como os astros me odeiam (ou, a traição Scorose)

 

Os astros me odeiam!

Duas coisas estão acontecendo agora:

Estou à beira de arrancar meus olhos e obliviar a mim mesmo, e; Quero esfregar a astrologia na cara de tia Mione até ela dizer que estou certo.

E tudo isso se deve ao odioso momento de exatos cinco minutos atrás, em que Scorpius e Rose voltaram do jantar de mãos dadas, anunciando um namoro.

Um pouco de contexto é necessário aqui, então vamos voltar para agosto, quando eu ainda estava de férias, mas já tinha ideia de que alguma coisa muito absurda iria acontecer e tirar o sossego do meu sexto ano em Hogwarts.

agosto (também conhecido como o final da minha tranquilidade)

A lua cheia que antecedia o inferno astral era o período em que se devia mapear o novo ano, posicionando os planetas nas casas do guia astrológico, e foi por isso que eu fui dormir na casa da vovó Molly.

Porque vovô tinha construído um pequeno observatório estelar para mim e Roxanne na parte mais alta da casa, e lá ninguém iria me atrapalhar. Os dezesseis iam ser o meu ano!

Tudo deu errado no segundo em que eu vi quadraturas esquisitas com meu fundo do céu. Eu quis chorar de ódio, e passei a madrugada procurando alguma coisa boa nas previsões do meu ano. Nem as finanças se salvavam. 

— Por que eu não nasci cético e burro como uma porta? - perguntei no jantar do dia seguinte, ainda frustrado.

— Como é? - minha mãe arqueou uma sobrancelha e meu pai mordeu a boca para não rir.

— Burro você meio que é, agora cético… - respondeu James e eu empurrei ele com o ombro. - O que foi, o mapa ontem não deu certo?

— Deu certo até demais, e esse é o problema?

Ninguém pareceu entender.

— O mapa todo é um ano desgraçado, conjunturas esquisitas… minha taxa de atenção vai ser reduzida a nada com saturno estando retrógrado até março, e meu NOM’s de poções já foi horrível o bastante! Meu fundo do céu está uma porcaria e, se eu li direito, vou até mesmo ser roubado!

Minha mãe não se aguentou e gargalhou alto, deixando-me ainda mais chateado.

— Ah, querido… é só um mapa, não se apegue tanto. Quer dizer, a astrologia é legal, mas não pode basear sua vida em uma previsão.

— Não foi, tipo, literalmente isso a vida do papai? - perguntou Lily, e eu apontei para ela, dando-lhe razão, com a boca cheia demais para falar.

Mas minha família era conhecida por bons jogadores de quadribol (James) e pessoas habilidosas em azarações (Lily), não por prodígios em adivinhação, ou pessoas com gosto por astrologia, então eu não podia esperar que alguém fosse compreensivo com a minha desgraça.

atualmente (ou, o momento em que eu quis me bater com uma luneta)

Após esse pequeno preâmbulo, você claramente notou que a astrologia nunca mente, nem a adivinhação, porque, bem, aqui estamos!

Alexa Quincy, a professora de adivinhação que substituía Trelawney há quatro anos, foi a primeira pessoa que eu procurei assim que as aulas começaram, para mostrar meu mapa astral, com alguma mínima expectativa de que eu pudesse estar errado. Spoiler, eu não estava.

Ela começou a olhar o que eu havia compilado na última lua cheia e, Deus, sua cara era cada vez pior. Poucas coisas eram tão frustrantes quanto errar uma previsão, porém, naquele dia, eu desejei muito ser horrível em astrologia e estar errado.

— É, Albus… é bom ter tido um verão bem leve, porque o que vem por aí… - ela riu, devolvendo o mapa para mim, ao que eu grunhi em chateação. - O lado bom é que você já sabe o que esperar, as coisas não serão uma surpresa.

— É! Imagina que privilégio saber que vou ser roubado! - eu ironizei e ela riu.

— Roubado não, querido… a energia de renovação pessoal de Júpiter pode indicar uma traição. E eu não sei se chegou a ver que está na casa quatro… - eu olhei o mapa novamente, preocupado. - Então, você sabe, tudo isso vem muito ligado à família e aos amigos.

Agora sabemos quais amigos.

Rose e Scorpius. Namorando.

Eu prefiro ser acertado por um balaço no centro da cabeça do que processar essa informação. Prima traíra!

— Al? Al, você tá okay?

— Oi! Uhm… tô. Tô sim. - menti, sorrindo. - Só… só absorvendo as boas notícias! Como que isso aconteceu?

— Ah… foi… - começou Rose, meio constrangida.

— Aconteceu. Não tem nenhuma grande história, só… - Scorpius deu de ombros, passando um dos braços na cintura da minha prima. - Só… você sabe como é, Al. As coisas vão acontecendo e tal.

Ele coçou a cabeça, sorrindo como se aquilo fosse muito trivial, e meu estômago deu um solavanco (pelo sorriso e pela notícia). Eu nem queria pensar no que ele queria dizer com “as coisas vão acontecendo”. Scorpius tinha ficado vários dias na Toca com a gente, no meio do verão!

Ah, droga! Já estou imaginando as "coisas" acontecendo. Que ódio, Rose!

— Então, finalmente vai ser um Weasley, Scorp?

Scorpius deu uma risadinha e puxou um elástico do pulso para amarrar o cabelo - que ele usava na altura dos ombros - em um meio coque, como era costume há mais de um ano. Não, eu não estou imaginando os dedos longos e finos dele entrando no meu cabelo ao invés do dele.

Definitivamente não estou.

— Pois é… se o seu tio não me matar primeiro.

— Ah, ele vai. Pode ter certeza. - escapou antes que eu pudesse conter, e fiquei feliz que o resto da frase ficou só na minha cabeça. - Brincadeira, brincadeira, gente…

Acrescentei rindo, pelo bem da convivência social. Rose pareceu meio desconfortável, contudo, não disse nada, e apenas colocou uma das pernas sobre a de Scorpius, recostando-se mais no sofá da sala comunal.

Agora seria uma boa hora para aquele balaço.

Outros colegas nossos que estavam por perto se envolveram no assunto e logo o mais novo casal da Sonserina já era de conhecimento público para quem estava no salão comunal. Hogwarts tinha a maior concentração de fofoqueiros por metro quadrado do Reino Unido.

— Estou com um pouco de dor de cabeça, e preciso trabalhar no meu texto de poções, que está uma bela merda.

— Posso olhar seu trabalho para você, Al… - Rose se ofereceu, mas tudo que eu conseguia pensar era que estava magoado com ela o bastante para ter a arrogância de negar.

— Deixa, eu me viro.

Uma boa parte de mim estava fervendo de chateação e mágoa, e outra parte queria pagar para ver quanto tempo esse namoro ia durar. Eu me detestava por ser uma pessoa tão horrível com o relacionamento dos meus dois melhores amigos. Porém eu, definitivamente, não tinha culpa por ser ridiculamente apaixonado por Scorpius há mais de dois anos.

Maldita vênus em peixes. E lua em peixes. 

***

Um registro relevante, toda essa palhaçada aconteceu logo na segunda semana de aula, então eu pude concluir que, de fato, o inferno astral estava colocando todas as suas forças sobre mim daquela vez. 

Os dois primeiros dias após o anúncio Scorose (que, aparentemente, foi como a Sonserina nomeou o casal de amigos super traíra que eu tinha) foram o final de semana e, como já estávamos atolados de deveres, nada foi muito fora do habitual para a nossa rotina.

Era como se ainda fôssemos apenas três melhores amigos, só que com dois deles enfiando as línguas um na boca do outro (eu sabia que estava acontecendo, mas me recusava a pensar nisso), e - infelizmente - não éramos Scorpius e eu.

Que libriano patético eu sou.

Na segunda-feira, porém, quando Rose e Scorp entraram de mãos dadas para o café da manhã, explodiu de comentários em todas as mesas. Principalmente no reduto da família, mais conhecido como Grifinória.

Fred fez um positivo com as mãos, levantando-se da mesa da Corvinal e, quando eu achei James Sirius, ele estava ao lado de Lorcan e ambos tinham uma cara de tédio. Sim, James, esse é exatamente o meu sentimento. Meu irmão não tinha nada contra Scorpius, absolutamente nada!

Ele até gostava de Scorpius. Falavam de quadribol quando Scorp ia em casa.

O ponto era que Rose era a princesinha da família, até mais que Lily, e todo mundo sempre tinha esse tom meio superprotetor sobre ela. Nenhum namorado de Rose seria aceito de cara e, dessa vez, eu não seria contra qualquer hostilidade que meus primos quisessem cometer.

Talvez eu até apoiasse.

Rose tinha sido baixa demais até para ela, escorpiana com ascendente em capricórnio, ambiciosa e meio convencida. Dessa vez eu estava genuinamente chateado com ela, mas esperava estar ao menos mascarando isso, já que não ia me expor ao ridículo de falar dos meus sentimentos sobre Scorpius com Rose, agora que ela namorava com ele.

Pelo restante da semana, não houve nada muito mais sério no meio do inferno astral (não que ver meu interesse amoroso enroscado com minha prima já não fosse desgraça o suficiente) e eu quase consegui me concentrar no que era relevante.

O saldo das outras duas semanas seguintes foi um Aceitável na aula de Herbologia, um Excelente no exercício de Adivinhação, um Deplorável no trabalho de Poções (o que me deixou ainda mais irritado com Rose por me deixar na mão), e doze detenções aplicadas.

Uma curiosidade de ser o único atual monitor na família é a quantidade de detenções que preciso, frequentemente, aplicar aos meus próprios parentes. Especificamente a James Sirius e Roxy, com suas pegadinhas famosas junto com os amigos.

Eu nem mesmo me surpreendia mais.

— Boa tentativa, Roxy. - avisei, falando com o nada no corredor, durante uma ronda noturna da semana. - Mas pode voltar para sua torre…

Roxanne não tirou a capa da invisibilidade de James, mas eu sabia que ela estava ali.

— Se a pegadinha da vez não for com a minha casa, eu nem vou dar uma detenção para você… anda, direto para o dormitório. - insisti, rindo e cruzando os braços.

— Ah, que merda, Al! - ela despiu a capa de tecido fino e revirou os olhos, achando graça. - É, tipo, uma ofensa ao seu avô você usar o mapa dele para dedurar pegadinhas.

— Gosto de imaginar que o lado monitor dele fazia isso também. - eu ri. - Essas bombas de bosta aí eram para onde mesmo?

— Lufa-lufa. Emília Mccormick estava traindo o Colin... - Roxy se referia a Colin Bell, amigo do grupinho dela. - A gente não podia deixar passar uma dessas.

— Uhm… - cerrei os olhos em brincadeira. - Vou fingir que não sei disso. Quer uma escolta até a cozinha?

— Já acabou sua monitoria por hoje?

— Professor Eaton não precisa saber que já. - pisquei para Roxy em tom de confidência, referindo-me ao diretor da Sonserina, Professor Albert Eaton, de Poções.

— Como que ninguém imaginou que você ia ser Sonserina, Al?

— Sou um mestre dos disfarces.

Descemos juntos as escadas do terceiro andar, com Roxy novamente oculta pela capa da invisibilidade. Como o mapa do maroto no meu bolso havia mostrado que ninguém mais estava pelos corredores àquela hora, era seguro conversar.

— Como vai a vida no sétimo ano?

— Eu ouvi a palavra NIEM’s exatamente doze vezes essa semana.

Estávamos na quarta-feira.

— Um novo recorde! - ironizei e Roxy riu.

— Juro que se não fossem essas pegadinhas, eu explodiria de pressão. E você?

— É, nada mal. Tirando Herbologia, Poções…

— Tirando os estudos, tudo vai bem. - ela brincou, e foi minha vez de rir. - E a história da Rose e do Scorpius?! Meu Deus, tio Ron vai morrer!

Roxanne estava rindo, divertindo-se com a fofoca do mês, mas minhas entranhas se retorceram de desgosto ao perceber que aquele era o assunto. Eu não queria falar do namoro de Rose. Eu não queria nem pensar no namoro de Rose.

— Pois é, né? Loucura.

— Mas você já sabia, óbvio!

— Não sabia não. - confessei. - Soube dois dias antes de todo mundo.

— Mentira! Al, como pode?! Achei que Scorpius, Rose e você fossem, tipo, trigêmeos! Tinha certeza de que você sabia e só tinha escondido isso da gente! Vocês vivem juntos, são melhores amigos…

— É… eu também achei que… que saberia se estivesse rolando algo entre eles. 

Não precisei falar mais para Roxy entender que aquele era um ponto sensível do assunto, e tinha ficado cristalino que Rose e eu estávamos numa fase levemente complicada de nossa relação indissolúvel de primos melhores amigos.

— Enfim… - ela tentou mudar de assunto, enquanto descíamos as escadas para o corredor da cozinha, que levaria ao salão comunal da Lufa-Lufa. - E os seus contatinhos? Soube que tem uma galera arrastando asa pelo monitor da Sonserina…

Ela me empurrou com o ombro, rindo, e eu sorri constrangido. Que libriano fajuto! Eu nem sei ter contatinhos, Roxy! Eu sou um idiota emocionado que se apaixonou pelo melhor amigo, há mais de dois anos!

— Ah, jura?! Tô sabendo não…

— O quê?! Fred disse que dois conhecidos dele, da Corvinal, estão de olho em você. E no treino da Grifinória, Oliver West só sabia perguntar de você para James… sério, foi irritante!

— Como James aguentou uma conversa não sendo sobre ele? - impliquei, ao que Roxy deu uma gargalhada.

— Sério, Al! Você é todo cobiçadinho, mas fazendo esse ar de mistério… quer laçar o coração de quem, eim?

— De ninguém. - por favor, que minha voz não tenha soado tão alta quanto pareceu na minha cabeça!

— E eu não conheço você, né, Albus Severus? - Roxy tirou a capa. - Só fica de olho, bonitinho… chovendo garoto em cima de você, e você se fazendo de difícil. Não é mapa astral nenhum que sabota você, Al…

Nossa! Ajudou muito minha autoestima emocional, Roxy! Obrigado pela contribuição em me fazer sentir um merda por gostar de Scorpius! 

— Vou prestar atenção. Ei, mira essas bombas direito. Quero lufano fedendo a bosta e vinagre amanhã. - pisquei para ela, despedindo-me e dobrando no corredor que levava às masmorras.

— Pode deixar!

Na sala comunal da Sonserina, pela primeira vez em três - longas - semanas desde que as aulas tinham começado, Rose e Scorpius haviam brigado. E eu sabia disso porque cada um estava em um canto da sala, fazendo uma coisa diferente. Minha orelha esquentou na hora, curioso pelo que tinha acontecido.

Aparentemente, Rose tinha ficado irritada com alguma coisa que Scorpius dissera, algum mal-entendido idiota e super comum na relação de gato e rato dos dois. Com a diferença que, dessa vez, era uma briga de casal. Casal. Pensar naquilo me levava direto à minha potencial raiva de Rose das últimas semanas e, se eu tivesse que escolher um lado naquela briguinha deles, com certeza não seria o dela.

Eu fazia jus ao meu ascendente taurino rancoroso.

Apesar de não serem o tipo de casal meloso que vivia em amassos em público, - na verdade, eu nunca tinha visto eles se beijarem, exceto na bochecha - ainda era péssimo ver os dois juntos, e eu nunca tinha me sentido tão traído quanto me sentia olhando para Rose.

A verdade era que eu estava me sentindo um lixo. Eu jamais poderia competir com Rose quando o assunto fosse um interesse amoroso em comum nosso, e ela sabia que eu tinha interesse em Scorp. Jamais poderia competir com o estilo arrumadinho e Miss Perfeitinha dela, ou com a habilidade em quadribol - afinal, Rose era suplente do time da Sonserina.

Rose nunca tinha sequer me contado estar afim de Scorpius.

Eu não conseguia ver como aqueles dois tinham chegado à conclusão de que se gostavam o bastante para namorarem, porque Rose e Scorpius eram dois opostos! Scorpius era muito mais como eu, tinha um humor próximo do meu, e outros zilhões de coisas em comum. E Rose era… Rose era Rose, boa em tudo, boa demais para alguém competir contra ela.

Justamente por isso que eu me sentia idiota e péssimo, porque, no fundo, sentia que eu e Scorpius éramos o tipo de casal que faria muito mais sentido e, ao mesmo tempo, sabia que ele nunca me escolheria enquanto existisse alguém como Rose do meu lado.

— Tudo bem? - perguntei, indicando Rose com a sobrancelha.

— Tudo. - Scorpius suspirou.

Mas claro, eu o conhecia melhor do que aquilo, e sabia que ele estava chateado, apenas não insisti mais, indo logo para o dormitório. O que eles dois estavam fazendo juntos?!

Naquele dia eu agradeci a todo o universo que Hogwarts tivesse se modernizado e passado a aceitar alguns tipos de tecnologias. Enfiei-me debaixo das cobertas cedo, afundando-me em uma poça de desânimo e coração partido ouvindo minha playlist de músicas (as quais Rose odiava a maioria!) até pegar no sono.

***

Fazer aniversário no último dia de setembro não era exatamente o exemplo de data mais legal, mas naquele ano ia cair em uma sexta-feira, então eu estava quase animado, apesar de o inferno astral estar se divertindo muito às minhas custas ultimamente.

Não tinha muitos planos feitos, e tudo que eu sabia era que havia concordado em assistir ao treino de quadribol da Sonserina no fim da tarde, no horário livre que eu geralmente ficava estudando Adivinhação avançada na sala da torre de astronomia. Meu plano, era, na verdade, pular a aula de Poções do começo da manhã e dormir um bocado a mais, como o meu presente para mim mesmo.

Contudo, obviamente, essa opção não estava disponível.

— Você é meu rei, desde os dezesseeeeeis* - cantarolou Scorpius logo cedo, me acordando.

Henry Goldstein e Peter Shafiq, meus colegas de quarto e amigos razoavelmente próximos, puxaram o cortinado da minha cama e soltaram confetes com feitiços em cima de mim. Todos ainda estavam de pijamas, e Scorpius segurava na mão um cupcake que ele claramente tinha roubado da cozinha.

Rose, e Evangeline Ascot, tinham atravessado o hall interno para o corredor dos dormitórios masculinos, enroladas em robes sobre a roupa de dormir, apenas para se juntarem ao grupinho que me dava parabéns, e logo tudo virou uma bagunça matinal barulhenta. 

Não posso mentir, eu adorava fazer aniversário, e toda a empolgação das pessoas em torno do meu dia. Por vinte e quatro horas, todas as atenções estavam em cima de mim, e era fenomenal.

Não, eu não tenho nada em Leão, se você está se perguntando. Nem mesmo minha casa de Hogwarts (pode rir, isso foi uma piada).

— Assopra, assopra! - insistiu Evangeline, levando o cupcake com uma vela para que eu a apagasse e fizesse um pedido.

Assoprei a pequena vela, sem me concentrar para pedir algo, porque ainda estava metade dormindo, e logo Rose me puxou para um abraço que eu não sabia exatamente se queria. Quer dizer, é claro que eu queria um abraço de parabéns, só não sabia se tinha passado por toda a minha mágoa com Rose para querer que fosse dela, o abraço.

— Você está esquisitinho comigo, mas eu ainda amo você, Al. - sussurrou ela para mim, ficando na ponta dos pés. - Feliz aniversário, priminho!

Eu sou sensível, Rose! Você não pode dizer esse tipo de coisa, e me fazer sentir culpado por sentir raiva de você por namorar meu crush de anos!

Quando Scorpius me abraçou, pouco depois, eu quase consegui ignorar que ele estava namorando com a minha prima, e que aquele era só um abraço amigável, pela ocasião do meu aniversário.

Nem doeu. Haha.

Uma quantidade surpreendente de tapinhas na minha nuca acompanhou o meu dia, porque os Weasley gostavam de parabéns meio brutos e brincalhões, e um pacote dos meus pais chegou no correio do café. Havia um monte de doces - que só podia ter sido escolha da mamãe - e algumas pedras preciosas - porque meu pai se esforçava para entender meus interesses místicos.

Tio Ron, meu padrinho, mandou um cartão com uma quantia generosa de galeões, recomendando que eu comprasse algo que gostasse, e eu fiquei muito satisfeito de ter tortinhas de abóbora no café da manhã - ainda nem era outubro! Era um milagre haver comidas de Halloween no café!

Cantaram parabéns para mim em exatamente duas aulas, porque havia uma concentração alta de Weasley e/ou agregados nessas turmas, e até mesmo o professor Longbottom deu alguns pontos para a Sonserina por eu ter, finalmente, acertado algo na aula dele.

Eu juro que estava me esforçando.

No fim da tarde, eu estava quase acreditando que o universo resolvera me dar uma trégua no azar no dia do meu aniversário. Havia algumas cartas de parabéns que eu buscara no corujal, e eu estava planejando dar atenção a elas enquanto Rose e Scorpius treinavam com o time da Sonserina.

—  Dois galeões pelo que essa sua cabeça de alga está pensando.

— Que susto, James! - resmunguei, levando a mão ao peito.

— É meu e da Lily, mas não se anima muito não. - ele piscou, batendo um pacote médio de papel pardo contra meu peito.

Lorcan tinha vindo com ele, mas sentara um pouco afastado da gente e me cumprimentou apenas com um aceno. Desembrulhei o pacote desconfiado e me surpreendi com uma lente novinha para meu telescópio.

— Caramba, James! Valeu mesmo! - James sorria satisfeito, daquele jeito convencido dele.

— Só não sai contando por aí que eu incentivo esse seu gosto por matérias exóticas de Hogwarts.

— Quando eu trabalhar no Departamento de Mistérios vou dar um jeito de arranjar um vira-tempo para você. - impliquei, brincando com o maior sonho de consumo de James.

— Não promete demais, Al… e aí, você tá okay? Roxy disse que você encobriu ela, outro dia…

Eu revirei os olhos, porque tudo que James sempre quisera foi me recrutar para acobertar as pegadinhas dele e dos amigos e, apesar de eu nunca ter me vendido completamente, costumava pegar leve. Até ajudar, se gostasse da brincadeira.

— Não se acostuma… Foi para defender o seu amigo.

— Claro que foi. - ele riu e passou a observar o treino da Sonserina.

— Ei! Você não devia ficar espiando o treino dos outros times, sabia?

— Qual a graça de ter um sonserino na família se não for para tirar vantagem disso no quadribol, Al? - ele riu, ajustando os óculos no nariz e me puxando pelos ombros para um abraço. - Dezesseis aninhos do baby Al! Como cresceu esse menino! Nem parece que ficava chorando de medo de ir para a Sonserina…

Deixei que ele implicasse comigo, e aceitei o carinho atrapalhado que ele fazia no meu cabelo. Eu gostava de James, de verdade, gostava como tínhamos nos aproximado nos últimos anos, de como ele tinha virado um amigo e uma referência para conselhos. Claro, a gente brigava como qualquer irmão, mas no fim das contas era bom saber que ele estava ali, e que eu podia contar com ele.

— E como vão as coisas com… - ele arqueou as sobrancelhas na direção de Scorpius, que voava com a goles presa contra o peito.

— Ahrg! - revirei os olhos, e James riu.

Eu não planejava que qualquer pessoa tivesse sabido, no final do meu terceiro ano, que eu estava levemente interessado em Scorpius. Na época, Rose tinha sido minha confidente única e sigilosa, então coisas tinham acontecido - eu devia contar essa parte da história, não é? - e eu passei o verão que antecedeu o quarto ano de coração partido. Não me lembro ao certo como James descobriu, mas ele descobriu. E, desde então, eu o atualizava de vez em quando sobre minha paixonite que não saía do lugar.

Às vezes havia conversas um pouco mais profundas, com reflexões sobre minha incapacidade de superar Scorp, ou sobre como eu devia sair mais com outras pessoas, porque, como eu disse, James era meu guru conselheiro, junto com Rose.

Mas agora eu estava chateado com Rose, então.

— Foi uma surpresa boa, essa da Rose, eim?

— É errado eu querer que o tio Ron deserde ela? - James riu. - É sério, Jay! Ela sabia, Rose sabia que eu gostava do Scorp!

— Gostava ou gosta?

— Gosto! Merlin, gosto pra caralho! Gosto tip-

— Okay! Eu entendi, Al. - ele interrompeu, rindo. - Só… não sei, de repente ela não pode achar que você, sei lá, superou ele?

— Ela não seria tão idiota.

— Uou, pega leve, Al. 

— É só… ela podia ter me perguntado. Ou me contado que estava afim dele.

— Teria mudado sua reação? Você teria achado bom?

Às vezes era irritante como James me conhecia, e como estava sempre certo quando usava minha lógica contra mim.

— Eu teria ficado menos magoado quando dessem a notícia.

Ficamos em silêncio juntos, assistindo o final do treino. James olhando as jogadas, eu olhando Scorpius.

— Rose melhorou muito com o bastão. Ela vai ficar de titular? - Lorcan comentou, falando mais alto para nós, mas eu apenas dei de ombros.

— Desemburra essa cara que o treino está acabando, bonitão.

Pouco depois o time desceu das vassouras e o capitão começou a guardar as coisas, Lorcan, James e eu descemos as arquibancadas, e ventava consideravelmente. As bochechas de Scorpius estavam vermelhas de um jeito adorável, e o cabelo despenteado era tão atraente que me tirava do sério.

Rose estava arfando, e sorriu acenando para James quando veio na nossa direção, com Scorpius carregando as vassouras deles. Melhor isso do que as mãozinhas dadas.

— Hey, Jay! Lorcan! - ela ficou na ponta do pé e deu um abraço em cada um. - Vieram ver o aniversariante?

— Passar um tempo com esse mala, é.

— Tá rebatendo bem os balaços… pena que vai ser inútil contra a Grifinória. - disse Lorcan.

— Agora você anda pagando gente para falar bem do seu trabalho como capitão, James Sirius? - Rose devolveu, implicante.

Scorpius gargalhou, e a conversa virou sobre a temporada de quadribol que começava no final de outubro. Eu esperava estar disfarçando bem o quanto ficava observando Scorp falar.

— Vamos fazer uma festinha para o Al na sala comunal. Não querem vir? - Rose convidou. 

Festa? Que festa era essa que eu não estava sabendo?

— Uma festinha não seria mal… convite estendid-

— Convite estendido ao seu quartetinho, James. - ela revirou os olhos para ele.

— Não vai dar problema com quatro grifinórios… você sabe, nas masmorras e tal? - Lorcan questionou.

— Não se vocês resolverem a bebida. - Scorpius brincou, arqueando uma sobrancelha.

— Agora falou a minha língua, Malfoy. 

James costumava chamá-lo pelo sobrenome apenas pela implicância. Eu, particularmente, achava o sobrenome de Scorp bastante sexy, e não gostava de chamá-lo assim pela quantidade consideravelmente grande de pensamentos pouco inocentes que me passavam na cabeça. 

Muitos envolvendo o banheiro dos monitores do quinto andar.

— Que história é essa de festa, gente?

— Shiu! Você é o aniversariante, você só vai na festa, Al. - Rose passou a me empurrar na direção do castelo. - Anda, vamos para a sala comunal, vamos. Até depois, gente!


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Notas finais do capítulo

Evangeline, Henry e Peter são meus OCs queridos e também estão em ITIWMY, para quem acompanhou o Junho Scorose!

Espero vocês pelos comentários? Nunca sei muito o que escrever aqui hahaha. Ah! Lá pela rede social do passarinho eu aviso quando atualizo fics @prongsstan.



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