Andromeda escrita por Nena Machado


Capítulo 1
Andromeda




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Andromeda Black tinha herdado muitas características da família. Ela tinha aquela postura sempre ereta com os ombros jogados para trás, ela tinha aquele olhar frio e superior que estava sempre exigindo algo. Mas sem dúvida a característica mais marcante para ela era a arrogância. Como filha do meio, ela não era a primogênita que representava a família nos jantares, mas também não era a caçula que ganhava o que quisesse apenas fazendo seus olhos brilharem com lagrimas. Ela tinha que se apoiar em alguma coisa, e sendo uma Black, qual característica seria melhor do que a arrogância.

Andromeda simplesmente sabia que era boa, que era realmente muito boa. Tinha feito sua primeira magia aos 3 anos, antes do que qualquer Black da sua geração, teve notas perfeitas em Hogwarts, recebendo até inúmeros prêmios, foi eleita monitora da Sonserina e posteriormente Monitora Chefe, ao se formar foi praticamente disputada pelos chefes de setores do Ministério da Magia, e embora ela não goste de se prender a isso, tinha realmente uma grande fila de pretendentes ricos e puro sangues.

E era nisso que ela pensava enquanto estava sentada na mesa de jantar, escutando um Rosier qualquer falar sobre o trabalho que ela sabia bem que ele só tinha conseguido porque o pai cobrou favores. Ela sabia por que disso, é claro, sua irmã mais velha tinha se casado há um ano, era uma Lestranger agora, casada com um homem puro sangue com quem teria exemplares bruxinhos puro sangues. E agora seus pais decidiram que estava na hora de Andromeda seguir o mesmo caminho.

Ela sempre achou irônico a forma como as famílias faziam isso, arranjando casamentos forçados para manter o suposto status de purismos sanguíneo. Ela tinha estudado História da Magia, tinha tirado nota máxima na matéria em todos os anos, ela sabia bem o que os bruxos precisaram fazer para evitar a extinção, sabia bem qual era o motivo de terem abordos queimados da arvore genealógica.

A verdade que todos ali queriam ignorar é que o sangue Black não é mais tão puro assim, ela não via sentido em lutar por algo que não é verdade, e que nunca poderia ser. Sendo assim, ela não via motivo para se casar com um homem tão gordo que possivelmente a deixaria sem ar na lua de mel, e certamente não de uma forma prazerosa.

Andromeda era boa demais pra isso. Ela sabia que era melhor do que todos sentados naquela mesa e certamente era boa demais para se contentar com as decisões que outros tomavam por ela

X-X

Os jantares em família se tornaram um eterno tédio a partir de quando Andromeda foi considerada mocinha e proibida de brincar com as crianças. Ela nunca tinha paciência para manter as conversas que eram esperadas dela: e os namorados? Alguma proposta de casamento? Já está juntando o dote? Quantos filhos presente ter?

Essas conversas se tornaram cada vez mais frequentes quando ela se formou em Hogwarts sem nenhum noivado firmado e para o espanto geral decidiu que queria trabalhar. De certa forma os pais eram bem modernos no quesito direitos femininos. Seus pais se amavam desde antes da união matrimonial acontecer, e a mãe principalmente brigou pelo direito de as meninas poderem escolher os maridos, contato que devidamente apropriados e aprovados pelos pais. O pai sempre acreditou na capacidade intelectual das filhas e as estimulou nos estudos, e quanto a filha do meio pediu para se candidatar ao Ministério da Magia ele não viu porque não.

— Creio que serei infinitamente mais útil para minha família e meu futuro marido se estiver criando laços com pessoas influentes no Ministério, além de que jamais encontrarei um pretendente adequado se ficar convivendo com as mesmas pessoas, nos mesmos ambientes. - ah, a manipulação, Andromeda se tornou uma perita nisso. - Por favor, papai, estou ficando louca nessa casa, meus talentos estão sendo desperdiçados enquanto faço bordado!

Fora assim que em poucas semanas se viu começando o trabalho no Departamento de Excursão das Leis da Magia, no setor de Serviços Administrativos da Suprema Corte dos Bruxos.

— Sem dúvida é de suma importância a presença de alguém da nossa causa em ascensão nesse setor do Ministério. - falava o garoto a sua frente a de quem ela só lembrava que pertencia a família Prince, ele era mais novo que ela, apenas 18 anos, mas parecia acreditar que tinha chances de cortejá-la, principalmente ao tentar falar sobre um assunto que não tinha conhecimento e com um horrível pedaço de folha preso no dente canino. - Pense nas leis que você poderá propor daqui há alguns anos!

— Certamente, poderei fazer grandes mudanças no mundo bruxo - afirmou Andrômeda, totalmente convencida de sua grandiosidade. - Mas se me permite, preciso ir ao toalete.

Sem esperar uma resposta a moça colocou a taça de champanhe sobre a mesa e se encaminhou para o corredor mais longe. Ela ficou uns minutos a mais do que seria necessário, olhando para o espelho. Era uma mulher realmente bonita, com características semelhantes à de outras da sua família, porém com o cabelo um pouco mais claro.

Percebeu que tinha passado tempo de mais quando notou as mãos quase secas, então respirou fundo se preparando para as conversas maçantes. Ela só não esperava tombar com um homem na saída.  O homem era alto e tinha um cabelo ruivo vivo, além de um espesso bigode alguns tons mais escuro que o cabelo.

O nome Gideon Prewett piscou em sua mente da época de Hogwarts, ela sempre fora muito boa em lembrar nomes e fisionomias. Gideon era um grifinorio, e mesmo sendo puro-sangue, era abertamente contra a ideologia e estava ativamente lutando conta Voldemort.

— Tenho certeza de que você não foi convidado. – Andromeda falou, se apoiando na parede.

Ela viu a varinha ser erguida, o movimento da mesma entregando que ele ia tentar estupora-la, só que Gideon não contava que ela fosse tão boa em duelo. Talvez ele não fosse tão bom quanto ela em fisionomia, se não se lembraria dela nos anos que ambos participaram no Clube de Duelo. Rapidamente ela se defendeu, e antes que ele pudesse pensar em um segundo feitiço a varinha dele já estava com Andromeda.

— Então, vai contar o que esta fazendo?

— Eu... Ah... – talvez fosse a confusão dela não ter entregado ele logo de cara, ou talvez ele apenas estivesse tomando tempo – Estava apenas vendo...

— É apenas um jantar de família, não costumamos usar trajes de gala para torturar criancinhas trouxas. – ele não riu, fazendo Andromeda lembrar que seu humor é um pouco mais sombrio do que o comum para damas. – Você não consegue sair, não é?

O afirmar da cabeça foi único. Ela olhou para trás, ninguém estava por perto, provavelmente ninguém tinha visto o penetra ainda, e Andromeda tinha certeza que nada realmente comprometedor tinha ocorrido aqui essa noite, apenas discursos sobre opiniões nenhum pouco confidenciais.

— Aqui é mais fácil entrar do que sair – ela comenta despretensiosamente enquanto enrola uma mexa, por fim, ela abre um amplo sorriso ao devolver a varinha para o homem. – Me segue.

Ela queria uma animação afinal, não é? Porque não livrar um traidor de sangue para passar o tempo? Sem contar que a sensação de ter a vida de alguém em suas mãos era realmente estimulante, a adrenalina de estar fazendo algo indevido correndo em suas veias.

— Para onde esta me levando? – perguntou o homem a segurando pelo braço.

Andromeda encarou a mão do mesmo friamente, erguendo os olhos para ele daquela forma típica dos Black’s. Foi o suficiente para Gideon a soltar e dar um passo para tras. Ela apenas ajeitou a manga do vestido e continuou caminhando, sem parar para ver se o homem estava atrás dela.

— Eu cresci nessa casa. Ela tem tantos feitiços de proteção que é simplesmente impossível você sair daqui sem a autorização do meu pai. – ela falou simplesmente. – Mas tem uma janela, nos usávamos para fugir quando éramos adolescentes. Vou te tirar da casa, depois vou apagar a informação de como sair daqui da sua mente e seguimos caminhos. Não se preocupe, deixarem as memorias sobre as conversas que ouviu hoje, vamos ver o que você consegue fazer com essas informações.

Um jogo perigoso certamente, mas ela não conseguiu simplesmente se segurar, fazia parte do seu íntimo essas demonstrações de poder e testes de inteligência. Então ela continuou guiando Gideon até o sótão por onde eles saíram para o telhado por uma janela. Imediatamente Gideon tentou aparatar, fazendo Andromeda rir, e apenas após apagar sua memória, lhe entregou uma vassoura, explicando que ele precisaria voar por pelo menos cinco quilômetros antes de tentar novamente.

— Porque está me ajudando? – ele perguntou por fim, já montado na vassoura.

— Entrar é mais fácil do que sair, mas isso não quer dizer que é realmente fácil. – ela deu de ombros, tentando fazer pouco caso. – Além do mais, eu odiaria que esse jantar se tornasse uma grande festa para torturar você. Sangue é o tipo de mancha mais difícil de sair e esse tecido não pode ficar de molho.

Dessa vez ele riu.

X-X

Andromeda se lembrava da primeira vez que o tinha visto, no quinto ano de Hogwarts, ela foi selecionada como Monitora da Sonserina e ele era Monitor da Lufa-Lufa. Ficou completamente embasbacada ao observa-lo mudar a cor do cabelo para um verde grama sem nem mesmo hesitar na conversa. E talvez tenha encarado ele por mais tempo do que o socialmente aceitável ao notar que seu rosto era realmente bonito.

Entretanto, as suas rondas nunca se cruzaram, e o máximo de interação que eles tinham era quando ambos concordavam com uma medida nas reuniões de monitoria. Eles concordavam com frequência, o que indicava que o rapaz era bastante inteligente, Andromeda se recusava a concordar com alguém ignorante.

Desde que sairá de Hogwarts, dois anos antes, Andromeda nunca mais tinha pesado naquele homem. Até o dia que o viu entrar no seu departamento. Ela reconheceu Edwards Tonks imediatamente, talvez pelos cabelos azul celeste que ele ostentava no momento, ou talvez pelo rosto ainda ser o mesmo, ele quase nunca mudava algo no rosto, o que era bom, pois era um rosto bonito.

— Oi, me chamo Tonks, você deve ser a senhorita Black, sou do departamento de investigação e me mandaram aqui para lhe pedir um mandado de prisão.

Por um segundo, Andromeda ficou encarando a boca de Edwards, ele estava dando um enorme sorriso, os dentes brancos emoldurado pelos lábios rosados. Era um sorriso lindo, entretanto ela era um Black, e rapidamente recuperou a fala.

— Claro, irei providenciar agora mesmo – ela respondeu, já pegando a documentação necessária.

— Irei esperar então, - ele falou já se sentando jogado, apenas para suas bochechas corarem em seguidas, envergonhado. - se a senhorita não se importar, é claro.

— Você pode me chamar de Andromeda – ela não sabia porque falou isso, na verdade nem gostava de pessoas aleatórias a chamando pelo nome, mas ela gostou quando o cabelo de Edwards mudou para um azul escuro mais brilhante.

— Nesse caso, você pode me chamar de Ted.

X-X

Ela jamais entenderia a euforia da família quando Belatrix chegou na casa dos pais com o marido e mostrou a marca queimada no antebraço. Era uma marca ate bonita, o desenho bem feito e com um traço artístico elegante, mas Andromeda sabia o que significava. A irmã tinha se alistado a Lord Voldemort, o homem que pregava a supremacia puro-sangue e que estava promovendo uma guerra dos últimos anos.

O pai estava orgulhoso, a mãe não parava de falar sobre a importância da família, até mesmo Narcisa que nem tinha terminado Hogwarts parecia no mínimo curiosa sobre a novidade. Andromeda achava apenas ridículo, uma luta ridícula que só servia para parar cada vez mais bruxos. Qual a diferença entre vim de uma família bruxa ou não se a magia corre em suas veias? Cada bruxo devia focar em se provar por si só, e não apenas se apoiar em uma ideia ultrapassada de grandeza para compensar sua mediocridade.

Entretanto ela jamais poderia falar isso para os pais, então apenas forçou um sorriso e afirmou não ter interesse em lutar diretamente nessa guerra.

Minutos depois ela se viu nos corredores do Ministério da Magia, mesmo que fosse tarde da noite e que ela não tivesse no turno noturno. O Departamento de Aurores era no mesmo nível do dela, e seria fácil chegar no Salão de Treinamento, ela precisava destruir algumas coisas.

— Dromeda? – a voz conhecida soou longe enquanto ela explodia bonecos de treino, mas ela ouviu mesmo assim parando imediatamente e virando para ver Ted, a varinha ainda em punho e os olhos brilhando em revolta. – Uou, calma, se quer duelar, espere pelo menos eu pegar minha varinha.

Fazia mais de seis meses desde aquela primeira conversa, Ted voltou a ir pedir documentos com mais frequência e depois confessou que apenas queria vê-la, das conversas no departamento para um chá na cafeteria a frente do ministério foi um pulo, e quando ela menos esperava já estava envolvida em uma boa amizade com Ted.

As vezes sentia que ele jogava uma paquera, e supreendentemente as vezes ela respondia a altura. Ted era um homem legal, extremamente atrapalhado, porem carismático e com um humor tão leve que compensava o humor sombrio dela. Andromeda sorriu verdadeiramente pela primeira vez na noite ao ver ele puxar a varinha e se posicionar.

— E então? – perguntou Ted depois de alguns ataques trocados. - Vai contar porque esta com tanta raiva?

Por um momento ela pensou em se abrir com ele, contar que por algum motivo não ficou satisfeita com o ingresso da irmã na guerra. Belatrix era uma grande bruxa, poderosa e com um talento nato para a liderança, não precisava daquilo para ser superior. Porem Ted era nascido trouxa, provavelmente tinha contatos com pessoas que estavam lutando contra sua irmã agora, não poderia traí-la assim, mesmo que não acreditasse no mesmo que ela.

— Não é nada.

— Duvido muito, você parecia preste a matar alguém – ele respondeu rindo enquanto rolava no chão para evitar ser atingido. – Acho que ainda não tinha visto esse seu lado raivoso.

— Cale a boca e lute.

Ted era bom, Andromeda precisou admitir isso depois de alguns minutos, ele era realmente bom. Tinha um jeito especial de duelar, dando giros e cambalhotas, fazendo seu porto desviar dos ataques. Isso dava uma vantagem para ele, enquanto Andromeda precisava focar em ataque e se defender, ele poderia se concentrar apenas em atacar, já que sua agilidade e destreza era o suficiente para protege-lo. Ele corria por praticamente todo o salão, rodeando Andromeda que continuava em guarda na sua posição, apenas dando alguns passos eventualmente.

Só que Andromeda também era muito boa, conhecia inúmeros feitiços que ele nunca vira na vida, e conseguia lançar uma sequência de feitiços sem nem hesitar. Quanto crianças ela e a irmã mais velha pegavam varinhas de brinquedo e fingiam duelar, gritando feitos que nem sabiam o que faziam, em pouco tempo o pai as ensinou sobre postura, regras e toda a base teórica. Em Hogwarts ela participara do Clube de Duelos durante todos os anos e constantemente era excluída, pois ganhava de todos. Lembrava que Belatrix saiu do clube assim que ela entrou, sabendo bem que jamais ganharia e se recusando a perder publicamente para a irmã caçula, Narcisa nunca nem tentou entrar até a formatura da irmã, nem mesmo seu pai conseguia acompanhar a menina depois que ela completou os 16 anos, e se gabava para todos que podiam ouvir o quando tinha uma excepcional duelista na família. E agora, depois de anos, ela sentiu uma euforia ao notar que finalmente tinha achado alguém a sua altura.

— Você é muito bom – elogiou ela quando Ted decretou que não aguentava mais e se jogou no chão a convencendo a fazer o mesmo ao seu lado.

— Para o Sangue-ruim? – ele perguntou, como quem não quer nada, porem ela entendeu a implicação por trás.

— Por favor, eu poderia acabar com 90% dos bruxos sangue-puros sem nem suar. – ela respondeu, desdenhando com a mão. – E você me deixou exausta. Status sanguíneo não implica na competência ou no poder de um bruxo, é apenas uma desculpa.

Ela virou o rosto para ele, querendo que ele visse em seus olhos as palavras não ditas, as criticas veladas. E quando Ted abriu um daqueles sorrisos incríveis, ela soube que ele entendeu.

X-X

Ela não quis uma grande festa no aniversário de 21 anos, isso apenas ia evidenciar sua idade avançada e nenhum compromisso. Merlin estava tudo um inferno desde que Narcisa, quase cinco anos mais nova, noivou com Lucius Malfoy. O pai começou novamente a falar sobre leva-la como acompanhante nos jantares, apresenta-la a amigos e seus filhos.

Era o cumulo do ridículo ser empurrada para qualquer homem medíocre. A verdade é que Andromeda não conseguia se sentir atraída por ninguém naquele ciclo, os homens costumavam subestima-la e nunca tinham conversas realmente agradáveis. Ela queria alguém que não achasse que ela fosse quebrar a cada passo, alguém com quem ela pudesse ter longos debates sobre cultura, politica, preferencialmente sobre algo que não fosse a importância da pureza sanguínea. Ela vomitaria na próxima vez que alguém falasse que ela precisava começar a propor leis favoráveis aos puros-sangues.

Dessa forma seu aniversário foi comemorado apenas com os pais, irmãs e cunhados. O que não a livrou das conversas suprematistas, apenas a presenteou com a descoberta de que o noivo de Narcisa era algum tipo de prodígio e tinha sido aceito entre os Comensais da Morte aos 18 anos.

Ela fugiu do jantar o mais rápido possível, e fingiu estar dormindo. Justamente por isso se espantou quando uma forte luz entrou no seu quarto. Identificou rapidamente o coelho prateado como um patrono, mas ficou realmente surpresa quando o mesmo abriu o focinho e uma voz humana soou.

— Você já me ajudou uma vez, por favor desça e me ajude novamente.

Ela não pensou duas vezes, mesmo não reconhecendo a voz, precisava saber o que era aquilo, nunca tinha visto um patrono corporio se comunicar pelo bruxo, e certamente precisava saber quem era a pessoa capaz de fazer algo assim. Ela se enrolou no robe enquanto descia as escadas, passando na ponta dos pés pelo escritório do pai que tinha as luzes acesas.

Se ela fosse sincera, admitiria que seu subconsciente tinha pensado em Ted ao ver o feitiço novo, porem foi outro bruxo que ela encontrou escondido nas arvores.

— Gideon? – ela perguntou chocada.

— Fabian na verdade, desculpe mentir, – o homem falou e ela notou que embora ele fosse muito parecido com o irmão gêmeo, esse não tinha o bigode. - achei que viria com mais facilidade se eu fosse o Gi.

— Suas vozes são diferentes, - ela falou apenas para não parecer que tinha sido enganada.

— Meu irmão foi capturado, tem dois dias, eu sei que ele ainda esta vivo porque... porque ele não vai morrer sem mim. – ele continuou, como se ela não tivesse aberto a boca, a urgência evidente em sua voz. – minha melhor pista acabou de entrar na sua casa, veio se encontrar com seu pai.

— Eu não posso lhe ajudar.

Andromeda se virou pronta para voltar para dentro de casa sem se preocupar com o bruxo as suas costas. O homem se aproximou rápido, por um momento parecendo que ia segura-la pelo braço, mas mudando de ideia ao ver a varinha dela em punho.

— Tonks disse que você é diferente da sua família! – Andromeda foi obrigada a ficar ao ouvir isso. – Ele disse que você não acredita no discurso de Voldemort.

— Eu acho que é apenas uma ideia estupida que bruxos inúteis se agarram para se sentir superiores. – ela respondeu e o homem em sua frente balançou a cabeça, mas Andromeda tinha a sensação que ele concordaria com qualquer coisa que ela dissesse. – Eu sou superior por mim mesma.

— Tonks disse que você acreditava nisso também, e disse que concordava com você. – ele se aproximou ainda mais, ficando a menos de um palmo. – Eu não estou pedindo que você lute, apenas que escute atrás de uma porta, tenho certeza que ele veio recrutar seus cunhados para ir com ele até meu irmão, eu só preciso de um lugar. Um lugar e eu vou salva-lo.

Andromeda nunca pensou tão rápido como naquele momento, de um lado tinha sua família, com as crenças arcaicas e pressões de casamentos dignos, porem sua família. E do outro lado, bruxos que realmente eram dignos da magia que possuíam. Mas o homem na sua frente não queria mortes, queria apenas salvar a vida do irmão. Sera que ela seria corajosa assim se fosse uma de suas irmãos com a cabeça em perigo?

— Me ensine a fazer o feitiço, me ensine a fazer meu patrono falar.

— O que?! – ele pareceu chocado.

— Eu vou me arriscar ouvindo a conversa do meu pai, é um grande perigo e nem mesmo sei o que pode acontecer comigo se eu for pega, tenho que ganhar algo com isso. – ela viu o homem engasgar com o ar, perplexo por ela estar buscando algo ara proveito próprio. – Além do mais, quando o homem sair, você devia segui-lo imediatamente, seria bom eu ter como te mandar a informações.

Ele não pareceu satisfeito, mas precisou aceitar a barganha, e foi bom que Andromeda fosse uma aluna espetacular.

X-X

Quando era criança, Andromeda tinha o costume de brincar de auror, algo irônico sendo ela de uma família que vivia driblando os profissionais. Mas naquele momento isso foi útil, pois foi lembrando da brincadeira de infância que ela conseguiu entrar nos dutos de ventilação da casa, traçando o caminho conhecido até a abertura que ficava acima da mesa do escritório do seu pai.

Da onde ela estava, era possível ver apenas o pai, sentado na cadeira. Ele segurava um charuto na mão direita e tinha alguns papeis na esquerda.

— Ele não fala nada, absolutamente nada. – falou o homem desconhecido que ela apostava ser o que Fabian seguiu até ali.

— Sinal de que vocês são completos incompetentes – Andromeda se surpreendeu ao ouvir a voz da irmã mais velha, nunca tinha visto uma mulher no escritório do pai. – Aposto que consigo tirar as informações dele.

— Não quero você envolvida nas torturas, Bela, - respondeu o pai, dispensando a ideia com um sinal de mão, por um momento ela achou que Bela ia protestar, porem a voz abafada do Lestrange soou e ela se calou. – Malfoy, você vai com Carrow até a Mansão Gibbon, está na hora de provar que essa sua marca não é à toa.

Andromeda respirou fundo, o coração disparado ao notar o motivo pelo qual vieram na casa do pai decidir essas coisas, verdade que estava na sua cara por todo esse tempo e ela se recusava a ver. Um líder o pai era um dos líderes daquele circo todo, por isso a irmã fora aceita, por isso os cunhados comensais, provavelmente esse era o destino de Narcisa também.

Era a esses homens que o pai planejava apresenta-la, para que ela se casasse com um Comensal da Morte também, como as irmãs. Ele se gabava dela ser uma excelente duelista e dela está a caminho de um grande cargo na área das leis do Ministério. Há quanto tempo ele planejava usa-la para seu próprio proveito? Ela tinha realmente o tinha convencido a deixa-la trabalhar ou ele apenas viu uma oportunidade conveniente?

Andromeda ouviu os últimos minutos da conversa no automático, tentando gravar os nomes dos outros bruxos que estavam na mansão. Quando viu que a reunião tinha acabado, se arrastou rapidamente até a saído na cozinha, por pouco não deixou a tampa do duto cair e entrega-la tamanha era seu nervosismo, mas por sorte a varinha foi rápida. De lá correu até o quarto, da onde mandou um patrono com todas as informações que ouviu para Fabian, ele saberia o que fazer, montaria algum tipo de missão de resgate, com os outros bruxos que o pai citou ter montado uma equipe de resistência. Não precisava mais se preocupar com eles, iam dar um jeito.

E ela tinha uma decisão a tomar.

Estava no centro do movimento que ela sempre considerou ridículo, se perguntava se realmente tinha como sair disso, se algum dia iria esquecer o que os pais fizeram, o que as irmãs iram fazer em breve. De uma forma ou de outra, ela sabia o que precisava fazer.

“Se algum dia precisa de ajuda, pode me mandar uma carta” falou Ted certa vez “Venho correndo lhe salvar”.

Na época eles estavam falando sobre o tedio dos turnos noturnos no Ministério, mas ela sentira que ele queria dizer mais do que isso, imaginou o susto que ele sentira quando um cavalo prateado invadisse sua casa e a voz de Andromeda soasse pedindo socorro.

Com calma, pegou o velho malão de Hogwarts, enfeitiçado para ter muito mais espaço do que o normal, e organizou todas as coisas ali dentro, tirando absolutamente tudo do quarto, cada joia, vestido caro e sapato de marca. Sua herança estava toda no nome do pai, assim como o dote, então precisaria se virar com o que tinha ali e a pequena economia no cofre secreto em seu nome.

Colocou roupas mais quentes, para aguentar algumas horas expostas ao frio do fim de inverno e desce as escadas silenciosamente. As luzes do quarto do pai já estavam desligadas, provavelmente tinham ido dormir, ou no pior dos casos tinham ido torturar alguém, ela torcia para Fabian conseguir resgatar o irmão. Se tivesse sorte eles matariam Malfoy antes dele envolver Narcisa nisso.

Na sala, ela parou na frente da tapeçaria da família, sabia o que iam fazer na manhã seguinte, sabiam que iam apagar todos os registros sobre ela e sobre como eles perderam uma grande bruxa, talvez diminuíssem seu feito e certamente diriam que ela foi expulsa, não que partiu por vontade própria. Ela encarou seu retrato na parede, a pintura de quando ainda tinha 15 anos, o nome em letras douradas.

Ela sempre gostara do nome: Andromeda. Não era uma simples estrela como Sirius ou Belatrix; era uma constelação inteira. Quando criança gostava de pensar que isso era um sinal da sua grandiosidade, mostrava sua superioridade, mas agora isso não parecia mais o suficiente. Estava na hora de Andromeda ser uma galáxia.

Ela era boa demais para isso, e foi assim que Andromeda Black levantou a varinha e queimou a si mesma da tapeçaria.


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Notas finais do capítulo

Sempre pensei muito na Andromeda e como ela saiu, afinal Sirius dizia que ela era a prima favorita. Imagino uma Andromeda mais arrogante do que o que normalmente vejo por ai, e embora ela se casado com Tonks, não imagino que fora por isso que ela foi expulsa, além de não acreditar que ela de fato queria continuar mantendo contato. Espero que tenham gostado dessa versão da Andromeda. Comentem pra eu saber o que acharam e obrigada pela atenção ♥



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