Opening

Agora, chegou a hora. Camelot jamais enfrentara um inimigo tão grandioso antes. Leviatã, uma besta que não se ouvia falar por milênios, volta a andar por entre os homens. E agora, a rainha Arthuria e seus cavaleiros deverão proteger o seu reino e toda a Britânia.

Arthuria olha pela varanda observando que a criatura estava quase apagando o fogo.

—Krioni... – Sussurra ao perceber que ele fez aquilo sem se concentrar. Até onde era a extensão de seu poder? Talvez aquilo sobre magia finita ser algo dos mortais fosse uma história real.

Ela corre seus olhos pela sala e vê Krioni, encostado em uma parede respirando com dificuldades. Aparentemente, tantas mexidas com o tempo foram demais até mesmo para ele. Ele fala, com a voz pesada e fraca, algumas palavras atropeladas para a Rainha.

—Preciso que vocês distraiam ele me dando tempo de arrumar um jeito de derrotá-lo. – O mago sai da sua posição de origem, ficando frente a frente com a rainha.

—Com certeza. Apenas diga como devemos fazer. – Arthuria falou observando os olhos cansados dele, tentando não demonstrar a preocupação que estava sentindo pelo mago estar naquele estado, pois sabia que Krioni não gostava que sentissem pena dele, devido ao seu orgulho.

Krioni, por sua vez, apenas fechou os olhos. Com certeza ainda não tinha um plano em mente, mas com certeza em breve teria. Sempre arranjava planos de uma hora para outra. Ele voltou a se encostar numa parede e a falar.

—Camelot nunca enfrentou tamanho perigo, e creio eu que ele está aqui por minha culpa. – Arthuria se espanta com a sua informação. – Na verdade, eu tenho a mais absoluta certeza. Isso é obra de Hanna, aquela lunática. E ela sem dúvidas quer se livrar de todos os membros da Saligia, inclusive de seu mago que nem está mais em Lioness.

Ao ouvir isso, Arthuria logo repensa por um breve instante a sua decisão de ter deixado o mago ficar no reino há 7 anos, mas logo esses pensamentos são afastados. Ele te ajudou quando você mais precisava, Arthuria, jamais pense que não foi uma boa ideia deixá-lo aqui pensou a rainha, repreendendo-se.

—Não se preocupe. – Ela responde se virando de costas e passando a olhar o Leviatã voltar a se mexer, e ser recebido com uma chuva de flechas –Vamos derrotá-lo! Afinal, somos mais fortes. – Responde com um ar e um sorriso confiantes.

Ao falar isso, Arthuria se dirige até a grande mesa circular no meio da sala. Uma enorme mesa de pedra circular, contendo várias cadeiras e um desenho que a dividia em fatias cinzas e verdes em seu topo, com uma esfera dourada no meio, estava a sua frente. Ela se dirige até a extremidade oposta à porta da sala, com uma janela às suas costas.

A luz das chamas provocadas pelo monstro que destruía Camelot começavam a inundar a sala, e faziam Arthuria temer sobre o que viria a seguir, mas agora... Agora era daquilo.

Ela estendeu sua mão direita em frente ao se corpo. – Reequipar.

Antes que ela pudesse concluir, ela ouve Krioni começar a tossir descontroladamente. Ele cai de joelhos no chão, por não aguentar o tranco das ondas de tanto poder.

—Krioni! – Ela grita preocupada e corre se aproximando dele.

—Eu estou bem, eu estou bem... só estou um pouco cansado. – Ele olha pela janela, e vê o Leviatã se aproximando. – Eu preciso que você nos compre algum tempo. Não posso deixar que me vejam nesse estado deplorável. Mesmo se você for no mano a mano, não vai perder, por mais que não ganhe.

Ela assente com a cabeça e pula pela janela. Ela parte em disparada ao grande monstro, e conjura duas grandes espadas, quase tão grandes quanto a Zephyrus de Takashi. 

—מה רוצה קצת אנושי לעשות נגד לויתן הגדול?!

Com certeza, aquele som que ouviu era o Leviatã proferir algumas palavras contra ela, mas como estava sem o menor interesse no que ele falava, ela saltou com toda sua força e atacou com ambas as espadas.

—Toma isso, seu peixe estúpido! 

Com uma velocidade de reação anormal, ele ergueu seu braço e levou o golpe de sua agressora em uma carapaça extremamente resistente. Ele ergue seu outro braço para dar um tapa nela, mas é recebido com um corte na mão, que faz seu braço ser rebatido, juntamente com a força do seu ataque. Não, mais forte que isso. Mais precisamente, o dobro.

—Full Counter!— Falou Arthuria ao usar sua técnica para rebater ataques físicos. 

O Leviatã com certeza entendeu o que havia acontecido, mas apenas para ter certeza, atacou-a com um de seus tentáculos, que fora igualmente rebatido.

—אתה מצחיק, טיפש קטן.

—Vai se  ferrar você também, peixe maldito! – Arthuria replicou seja lá o que o seu oponente falou. Ainda no ar, ela continuou. – Reequipar: Arco de Diana! 

Um grande arco de madeira retorcida, maior que Arthuria, surge em sua mão. Ela o tensiona e dispara uma enorme flecha, que quando saiu de seu arco ficou tão grande quanto um tronco na direção da cabeça do Leviatã, que é simplesmente estraçalhada com um movimento de seus tentáculos. Ela apenas estalou a sua língua e continuou a usar sua magia.

—Reequipar: Asas de Fada!

Uma nova peça foi adicionada em sua armadura. Dois grandes pares de asas translúcidas apareceram, Arthuria planou para baixo e se impulsionou para cima voltando a ficar perto da altura da cabeça do Leviatã.

—Reequipar: Gae Bulg! 

Uma grande lança, com sua ponta tendo espetos para trás para cravar e não ser retirada, apareceu em sua mão. Arthuria a encheu de poder e disparou com toda a força no Leviatã, que pareceu não se incomodar com isso. De fato, ela até ouviu algo que poderia ser uma risada.

Esse idiota está tirando sarro de mim? Pensou irritada.

Ela estendeu a mão e sua lança voltou, arrancando um pedaço da pele do Leviatã. A ruiva então ouviu uma voz em sua mente, uma extremamente familiar e que não via a hora de ouvir novamente.

Arthuria, estou bem agora. Retorne imediatamente.

Ela sorriu aliviada ao ouvir aquilo, e foi planando em direção à sala de antes. Quando entrou pela janela magistralmente, além de ouvir aplausos de Krioni pelo pouso, ela mostrou a Gae Bulg que estava com um pedaço do Leviatã.

—Ótimo. Isso vai ajudar a saber como podemos destruir essa coisa. Fez bem lá fora, Arthuria. Foi incrível. – Ele se aproximou e bagunçou seus cabelos quando passou por ela, e foi para a janela analisar a criatura.

Arthuria, por sua vez, corou por ser elogiada e por Krioni ter mexido nos seus cabelos. Ela queria descobrir uma maneira de pedir para ele fazer aquilo mais vezes, mas de uma maneira que apenas uma rainha imponente poderia fazer.

Ela então balançou sua cabeça e andou até a posição que deveria ficar à mesa, com a janela à suas costas.

—Agora sim. – A Rainha Arthuria fala com um sorriso confiante no rosto. – Reequipar: Espada Sagrada!

Uma espada brilhante se materializa em sua mão. Ela gira a espada e a embainha na bainha de pedra de seu assento, fazendo o pequeno objeto de ouro brilhar no centro, iluminando com uma luz áurea todo o lugar.

—Que os ventos, as águas, as chamas, os raios e a terra carreguem a mensagem da rainha do destino por todos os reinos! Cavaleiros da Távola Redonda, venham a mim!