Last Words escrita por Vanilla Sky


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Dois avisos: essa fanfic é a minha primeira história baseada apenas nas hqs da Marvel, porque não poderia deixar de falar da morte da Wanda antes de O Julgamento de Magneto sair. Quaisquer erros me perdoem porque não conheço tão bem os quadrinhos dos X-Men. E essa história não é um romance, e lida diretamente com a dor da perda, em reações e com detalhes que imagino serem pertinentes ao Visão, pelo meu conhecimento do personagem. Não precisam ler caso não se sintam confortáveis.

Boa leitura.



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Uma xícara de chá restava sobre a mesa.

Visão não precisava de refeições regularmente, contudo, já que os amigos de sua filha dividiam pizza na sala ao lado, achou por bem preparar uma xícara de chá para fazer companhia, indiretamente, para o grupo. Eles discutiam estratégias e conversavam sobre as missões de maneira mais adulta que os próprios Vingadores – e Visão, orgulhosamente, espiava a filha tomar a dianteira e mostrar os dados coletados, tudo isso enquanto trocava alguns olhares com Riri Williams, a Coração de Ferro e novata da equipe conhecida como Campeões.

Era um dia tranquilo.

Mais tarde, Visão tinha planos de se juntar a eles, mesmo com o desapreço de Vivian, e perguntar se precisavam de alguma coisa. Planos, estes, interrompidos por uma sensação estranha em seu peito; algo que os humanos comumente se referem como um “mau presságio”. Este pressentimento foi em seguida confirmado por um chamado dos Vingadores em Krakoa, a ilha consciente e lar dos mutantes. Lugar onde certo nome era praticamente um xingamento entre seus moradores. Uma convocação urgente advinda de lá não era exatamente um bom sinal.

“Por favor, não seja a Wanda”, era o pensamento recorrente na mente de Visão quando ele trocou as roupas mundanas pelo uniforme e saiu, atravessando pela parede antes de alcançar voo no céu em direção ao Oceano Pacífico.

A xícara de chá, ainda quente, permaneceu no mesmo local, intacta.

~.~

— Visão, eu acho melhor você não ver isso...

Steve Rogers, com o uniforme de Capitão América, colocou uma mão na frente do peito de Visão, buscando pará-lo.

— Tolice, Capitão. Estou mais do que preparado para ajudar. O que aconteceu?

Não demorou para Visão notar que o lugar onde os Vingadores se encontravam era um velório, com todos em volta do corpo mantendo os rostos entre as mãos, chorando. O presságio ruim voltou a tomar conta do sintozóide em cada passo até alcançar a cama em que alguém era velado, provocando uma expressão de surpresa em Visão.

Wanda.

Wanda Maximoff estava sendo velada.

— Aparentemente, ela foi assassinada. – Steve Rogers deu um longo suspiro após proferir essa frase. – Céus, Visão, como eu queria que seus sistemas não fossem ligados ao dos Vingadores. Sinto muito. – Steve virou o rosto para Wolverine. – Como acharam o corpo?

Mas Visão não escutava mais nada, em pé ao lado do corpo. O coração de Wanda não estava batendo. Seu peito não subia e descia com a respiração inerente aos humanos. Ela estava morta, diante de seus olhos; e algo nele, internamente, parava de funcionar ao observá-la. Janet Van Dyne chorava a curta distância. Remy LeBeau tinha uma abatida Anna Marie Raven LeBeau, sua esposa conhecida como Vampira, nos braços. Não muito longe dali, Thomas Shepherd estava atônito ao lado de seu irmão e de seu cunhado.

— Fui eu quem achei ela, Billy... – Ele murmurava antes de chorar novamente.

Pacificamente, Visão se aproximou dos meninos. Seus filhos no que parecia ser uma vida atrás, pelos quais possuía um extremo carinho, apesar de não serem exatamente próximos naquela encarnação.

— Meninos. – Ele sussurrou.

Billy e Tommy, com os olhos úmidos, levantaram o rosto e encontraram o olhar sofrido de Visão. Nenhuma lágrima derramada até aquele momento, contudo, a expressão estava contraída em dor. Ambos se levantaram e o abraçaram em seguida. Surpreso, Visão apenas passou os braços ao redor das suas costas, puxando-os para perto.

— Sinto muito, meninos. – Sua voz permanecia um murmúrio. Incrivelmente, era automático, já que não tinha memórias de diminuir o volume vocal. – Nossos filhos.

O último sussurro foi inconsciente, todavia, audível o suficiente para os rapazes apertarem as costas de Visão em um abraço ainda mais apertado. Havia, naquele instante, um reencontro tácito daquela família, dessa vez unida pela dor da perda. Na primeira vez em que perderam os filhos, Visão não pôde ajudar sua esposa à época, sendo reduzido, segundo ele próprio, a um eletrodoméstico. Ali, porém, ele tinha a chance de se aproximar dos filhos e ajudar no próprio processo de luto ao perderem sua amada mãe.

Um pouco distante, Pietro Maximoff suspirava pesadamente, ainda incrédulo. E, ao seu lado, estavam Cristalys, sua esposa, e Luna, a filha do casal. Sensitiva como era, a menina, quase uma adolescente, era capaz de perceber a tristeza em cada pessoa em um grau acima, através de auras coloridas que aprendera a interpretar com sua mãe. Tempos depois, ela viria até Visão dizer que a coloração da áurea ao redor de seu corpo sintético representava uma tristeza em intensidade até então desconhecida, a qual apenas não foi mais forte pela gentileza externada ao se aproximar da família e confortá-los. O sintozóide praticamente vira Luna nascer, e foi um dos primeiros a tomá-la nos braços. Cristalys fora uma grande amiga por toda sua vida, sempre o apoiando nos momentos mais difíceis. E Pietro... Podiam ter suas diferenças, mas, aos poucos, igualmente se tornaram família.

— Sinto muito pela sua perda. – Disse Visão quando colocou uma mão sobre o ombro direito de Pietro.

— E eu pela sua, Visão. – Pietro deixou algumas lágrimas correrem quando se virou para ele e o abraçou, ato inesperado por Visão, mas que provocou novas sensações não muito conhecidas.

Alento. Aquele era o nome da sensação.

~.~

Quando todos deixavam o velório – Pietro arrastado por Cristalys, e Thomas por seu irmão, para descansarem um pouco –, Visão foi o único a permanecer, em pé ao lado do corpo de Wanda, pousando uma mão sobre as suas, cruzadas sobre o abdômen.

Ela era bela até na morte. Era um pensamento que jamais passara na mente de Visão, e que ele jamais gostaria que passasse até aquele momento. No uniforme clássico, sem a coroa, com os cabelos escorrendo pela superfície branca onde estava deitada, ela quase lembrava o momento em que se casaram.

Visão sentiu os joelhos enfraquecerem antes de desabar ao lado dela, chorando em voz alta. Era a primeira vez que demonstrava a perda daquela maneira. Ele não chorou ao perder Vin ou Virgínia; era incapaz de externar tristeza ao perder os gêmeos William e Thomas; nem derramou uma singela lágrima quando seus amigos o deixaram dez anos desmontado. O motivo de seu choro, em determinado momento, passou a ser Wanda. Sua perda precoce apenas acentuava as lágrimas derramadas.

— Visão. – Steve se aproximava a passos pesados. – A gente precisa ir.

Ele colocou uma mão em seu ombro.

— Vis, parceiro, eu estou machucado também. Mas...

Você não entende, Steve!— Bradou Visão, as lágrimas marcando seu rosto. – Eu deveria ter morrido, não ela! Nunca deveria ter sido ela a morrer! – Novamente ele irrompeu em choro. – Vê quantas pessoas sentem falta da Wanda? Ela precisava viver. Eu não aguento...

Steve Rogers sentiu uma lágrima correr por sua face enquanto tentava, mais uma vez, se aproximar de Visão, pegando seu braço para levá-lo. Ele não ofereceu resistência, com todos os sistemas voltados unicamente para o corpo de Wanda.

“Adeus, meu amor.”, ele sussurrou da soleira da porta. As últimas palavras para a mulher de sua vida.

~.~

A xícara de chá, agora fria, restava imóvel na mesa da cozinha de Visão.

Vivian e os Campeões não estavam em sua casa. Apenas ele e Sparky dividiam o silêncio que perfurava o ambiente e causava uma dor pungente. O cachorro, em toda a sua pureza, apenas olhava para Visão com a cauda abanando de um lado para o outro.

O sintozóide tinha o olhar fixo na xícara de chá, pegando-a entre as mãos, sem o calor típico da bebida. Suas mãos estavam frias, assim como a cerâmica.

Assim como Wanda.

Com toda a sua força, Visão partiu a xícara entre os dedos da mão, provocando um barulho alto que fez Sparky ganir e se aproximar de seus pés, se escondendo entre as suas pernas. Novas lágrimas percorreram o trajeto entre seus olhos e a volta de seu queixo, encontrando a superfície dura da mesa e a mão que antes segurava o recipiente, um pouco machucada, mas sem nenhuma gota de sangue.

— Pai?

Vivian chegara em casa, e se aproximava da cozinha.

— Eu soube do falecimento da Feiticeira Escarlate. Sinto muito pela perda de sua primeira esposa. – Ela passou os braços ao redor do pescoço do pai. – A Miss Marvel me orientou a abraçar você quando chegasse em casa. Aparentemente, é algo que as pessoas fazem quando alguém morre.

Com a mão que antes pendia ao lado do corpo, Visão abraçou a filha de volta, o rosto escondido em seu ombro quando falou:

— Minha filha... Eu queria tanto que a Wanda tivesse sido sua mãe.

Vivian abriu a boca em surpresa, depois fechou, os longos cabelos esvoaçando como uma cortina verde ao apertar o abraço e sentir uma lágrima, quase imperceptível de tão pequena, cair de seu olho direito em direção ao chão. Por um longo tempo, pai e filha permanecerem abraçados, mergulhados no luto, na perda de uma mulher extraordinária e importante a ambos.

Palavras não ditas, sentimentos não contados, momentos perdidos. Tudo aquilo fazia falta ao mesmo tempo, em uma intensidade tão avassaladora quanto a de Wanda.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Uma história totalmente angst. Queria trazer uma teoria sobre a Vivian ser filha da Wanda, mas acho melhor esperar os quadrinhos se manifestarem sobre isso antes de mais nada. Para mim, o fato do Visão ter sido o primeiro a aparecer no trailer da hq só mostra que ele vai ter um papel importante nessa história... Fiquei com o coração partido. Ele sempre foi preocupado com a Wanda, mesmo depois do casamento. Mal posso esperar pela hq :)

Fico aberta para críticas e sugestões!

Muito obrigada e até breve ♥



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