Ela escrita por Th Roberta


Capítulo 1
Ela


Notas iniciais do capítulo

Mood de sexta-feira: sofrer ao som de Hiosaki.



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Ela se conectava com o silêncio. Era naquele momento que podia dizer mil palavras sem sequer abrir os lábios. Argumentos não eram necessários: os quadros pintados em sua mente eram a prova mais concreta de que tinha razão. Era naquele momento de silêncio que ela pensava com tranquilidade, que colocava as ideias no lugar, que encontrava as respostas para as suas perguntas, que se encontrava no seu labirinto interno. Ela criava muros, e eram tantos que já era possível ver um castelo naquela terra vazia. Conversava mentalmente com as paredes, sorria para as plantas e os animais: via mais sentido em cativá-los do que cativar pessoas. Pessoas machucam, e ela não queria mais sentir aquele aperto no peito, aquela insegurança. No fim, sobrava apenas ela e o seu silêncio. Fizeram uma forte amizade, e essa é a única que ainda dura. 

Ela se conectava com a noite. Atrasava seus afazeres, recuperava a motivação ao longo do dia. Quando todos dormiam, ela sentia vontade de agir. Era longe dos holofotes e olhos curiosos que ela se permitia voar. Afinal, assim não ouviria palavras duras; já lhe bastava seus próprios julgamentos. Já lhe bastava seu próprio pessimismo, contra o qual ela lutava diariamente, de forma incessante, esperançosa. Não precisava que ninguém lhe apoiasse: sabia confiar em seus instintos, e eles lhe eram suficientes. Não queria se apegar; não queria incomodar.

Ela se conectava com o escuro, onde ela se confundia com o próprio universo, seu mundo interno com o vácuo do espaço. Era ali, de olhos fechados, que via suas estrelas. Não eram as mais brilhantes, e nem as mais bonitas - motivo pelo qual se sentiu atraída por elas. Talvez por se identificar, talvez por pena. Era ali que podia definir seus planos, seus sonhos e alegrias. Ninguém precisava ver. E quando saísse para o mundo lá fora, apenas abriria um sorriso e fingiria normalidade: ninguém precisava saber.

Ela era seu próprio espelho, seu próprio exemplo, sua maior inspiração. Era constante evolução, constante observação. Era transformação silenciosa.

Ela era o que poucos queriam ser, e se orgulhava disso. Ela era tudo, menos o que os olhos alheios poderiam focar. Ela era o que queria ser no seu mundo de devaneios; ela era o que dava pra ser no mundo de verdades. Era o que menos esperavam que fosse; era simplesmente ela.


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