Bakuque. Zion a jornada de um escravo escrita por leo santana


Capítulo 2
The Guardian




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“A experiência é a ciência para vivência, a dor e as lágrimas são o combustível para um guerreiro, palha amontoada em andares, esperando para a passagem, até o outro lado, onde o barco, o levará ao desconhecido. ” - De onde vem esse som? - Será que morri? Ele perguntava ao seu inconsciente. Os dias se passaram, mas seus olhos teimavam em não abrir, porem pouco a pouco ele se sentia mais forte, até que depois de três meses, duas semanas e um dia abriu os olhos. - Onde estou?  Perguntou Zion tocando em sua fronte, estava sentindo dores, e ao tocar gritou. Ao ouvir os gritos um rapaz que aparentava ter setenta anos se aproximou, ele era totalmente diferente das pessoas que o garoto estava acostumado conviver, tinha um cabelo curto, bem preto e embaraçado, um olhar cansado, mãos calejadas, roupas velhas e costuradas fazendo um z com linha de costura na parte da gola. - Quem é você? - Perguntou Zion assustado e olhando para os lados procurando algo para se defender. - Calma garoto, se eu quisesse te machucar já tinha feito, você não acha? 
— Meu nome é Mikai, e o seu é? - Meu nome é Zion - Falou desconfiado - Você não está em condições de se agitar. - Como eu cheguei aqui? Não é um pesadelo? - É uma longa história... Eu encontrei você desacordado próximo da cidade de Tempora. - Você parecia estar morto, só sei isso. - Então a minha mãe está mor...- Disse ofegante a derramar lágrimas. - Garoto seu ferimento irá abrir se continuar chorando, mas o pior de tudo é que foi uma trabalheira para estancar o sangramento. - Eu não consigo! - Falou soluçando. - E seu pai está morto também? - Não sei ao certo, mas espero que não. - Quer ir procura-lo? - Claro! - Então se esforce para sarar completamente, e comece parando de chorar. O garoto calou-se apegando-se a esse sentimento, no qual ele não sabia ao certo como acabaria, mas em seu coração havia esperança. Aos poucos Mikai cuidava da ferida de Zion e com o tempo ela começou a sarar. Passaram-se dias e dias e o garoto aos poucos ia mostrando avanço, até que a ferida se fechou. - Mikai! Mikai! Gritou Zion eufórico, após acordar. Ele veio em direção ao garoto com uma feição preocupada. - O que foi? - A ferida se fechou. – Isso é ótimo garoto. - Podemos ir agora procurar meu pai? - É muito longe, a ferida vai acabar abrindo novamente. E completou: - Eu sei que você está ansioso, mas você não pode se precipitar. Mikai falou isso, mas em seu pensamento ele não tinha esperança de encontrar o pai de Zion, e isso o preocupava, já que observava o garoto a chorar todas as noites, devido à perda de sua mãe e sabia o quanto ele estava abalado, por mais que Zion estivesse se esforçando para não demonstrar fraqueza. O garoto ia esforçando-se, ajudando nas tarefas que eram muitas para o velho, pois apesar de ter quarenta anos, tinha feição de setenta ou mais, devido a trabalhar sobre um sol escaldante cavando poços. Além dessa profissão, Mikai trabalhava cuidando de ovelhas e limpando estrume dos porcos de um senhor de terras em Devas, vilarejo próxima de sua casa, que não era vinculada a nenhum vilarejo. -Garoto eu estou saindo.- Eu posso ir com você? – Claro! - Agora você só poderá ficar olhando, nada além disso combinado? Zion balançou a cabeça concordando. Eles foram andando, já que Mikai não tinha cavalos, nem burros para sua locomoção, ao chegar o garoto sentou-se no chão pingando suor, ofegante olhou para o velho que não aparentava cansaço algum e perguntou: - Você não derramou uma gota de suor? Como isso é possível? Estava sério e exausto. - Mikai sorriu dizendo: - A minha vida foi muito sofrida, dês de que eu era bem pequeno, eu perdi meus pais, porem antes eu vivia como um príncipe, tinha diversos empregados e uma vida tranquila, todos faziam as coisas para mim, já que eu era filho de um lorde.. Enquanto falava cavava o poço e Zion apenas o observava - Eu era feliz e acreditava que seria feliz para sempre. - Há que tempo maravilhoso! Disse suspirando e logo após, pôs uma feição seria. - Mas tudo acabou no meu oitavo aniversário, quando meu pai apresentou os primeiros sintomas de lepra... O garoto o interrompeu, perguntando: – O que é lepra? - É uma maldição que cobre todo o corpo com feridas, causando uma coceira incontrolável nos ferimentos, e ao coçar se abrem mais e mais. Após a doença ser descoberta, nós fomos expulsos do reino, por ser uma regra da cidade. Após andarmos muito, chegamos a um lugar no meio do mato, onde fizemos uma pequena casa com a ajuda de alguns servos e os soldados mais leais ao meu pai. Antes de terminarmos a construção, passamos alguns dias ao relento. Meu pai só piorava e não chegou nem a entrar na casa que construímos. Ele foi velado com honras militares, tendo direito há flechada encandecida numa barca de palha sobre o solo, com cerca de três andares. Eu tive a honra de ser o mensageiro, "arqueiro que atira a flecha em chamas na barca", nunca me esquecerei disso... - E depois, o que houve com todos? - Nós não podíamos voltar para a cidade, já que tínhamos sido banidos, então criamos um pequeno vilarejo, no qual foi construída uma estrutura básica para a nossa sobrevivência. Aos poucos estrangeiros começaram a criar casas próximas ao vilarejo, nós não tínhamos homens suficientes para expulsa-los, então se amontoaram em grande escala. Eles pareciam joio numa plantação de trigo, onde um pequeno pé de joio nasce e suga os nutrientes se fortalecendo, ao mesmo tempo que enfraquece o trigo. Em pouco tempo o vilarejo se expandiu, começando assim a surgir os primeiros problemas. Começou com uma pequena disputa por terras, logo após passaram a matar uns aos outros, mas essa foi a parte fácil de resolver. Os soldados criaram leis ordenadas por minha mãe, outra tomada de decisão que eliminou os problemas anteriores, foi a seleção e nomeação de pessoas influentes, tanto dos estrangeiros como também do nosso povo, e delegou poder para comandar. Além de separar alguns, dos agora moradores autorizados para trabalharem diretamente com minha mãe, pagando-os com alimentos cultivados pela própria vila e dinheiro, pois a partir daquele momento passava-se a cobrar imposto aos moradores. Logo depois de resolver um problema, em sequência surgiu outro impasse, agora dos agricultores com os moradores, que ocorreu devido aos preços absurdos que estavam sendo cobrados pelos alimentos, então foi estipulado um preço base para cada produto da vila. Problema resolvido, conseguimos estabilizar um pouco as finanças, o que nos possibilitou conseguir algumas melhorias, como por exemplo: Uma aliança com a cidade de Áçora, onde a Vila, que agora tinha o nome de The Gardian, passava a ter acesso ao mercado principal de Áçora, isso significava que a partir daquele momento entraria verba de uma cidade, aumentando a circulação de dinheiro. - Essa foi uma grande vitória Zion, nos deu mais confiança, mostrava também para todos, o bom governo de minha mãe - Falou com felicidade, lembrando de sua doce mãe, que era uma guerreira. Outro problema surgiu, muitos moradores da vila não estavam contentes, por uma mulher comandar a vila, passava um sinal de fraqueza, era o que diziam. De pouco a pouco eles começaram a corromper os moradores, com a ideia de não ser bom para o vilarejo uma mulher ter o poder, mas isso ainda não foi o pior, logo após veio o ataque fatal. Alguns estrangeiros que tinham recebido poder, voltaram-se contra o governo tentando matar minha mãe, no princípio não deu certo. A tentativa ocorreu através de um envenenamento, mas antes dela se alimentar, um copeiro experimentou a comida. – Coitado! Disse lembrando do ocorrido. Os soldados encontraram o suspeito, que foi executado em praça pública. - É o vilarejo agora tinha até praça. Por não terem conseguido o envenenamento, eles organizaram um ataque físico na calada da noite, nós mal conseguimos nos defender, estava tudo muito escuro, e não havia nenhuma movimentação em nossa casa, quase todos estavam dormindo, e apenas alguns soldados faziam a guarda. - A conversa está boa, mas nós temos que voltar para casa, está escurecendo e a estrada é perigosa á noite. – Vamos no caminho conto mais! O garoto olhou para o poço que mais cedo era apenas terra e disse. - O poço já está pronto? E como que faz para ter água? - Você nunca viu alguém cavando um poço? Perguntou admirado. – Não! - Seu pai tem qual função em Tempora? - Meu pai é centurião, porém não é de Tempora e sim Bakuque. Ele gelou - Bakuque? - Sim, porque? - Nada garoto, vamos temos que sair daqui agora! Após fechar a boca cinco cavaleiros que estavam passando pelo local viram Mikai e Zion, e vieram em direção aos dois. - Boa tarde, quem são vocês? E o que fazem aqui? - Indagou um dos soldados, Zion então disse: - Eu sou de... - Ele é meu sobrinho veio de The Gardian - Falou Mikai cortando o inocente garoto e continuou - Nós viemos cavar poços, porém está tarde, e nós estamos voltando para casa. - Então nós vamos acompanha-los, certo rapazes? - Sim senhor! - Não há necessidade! Falou Mikai com uma expressão preocupada.
— Nós insistimos. - Não quero ocupar os senhores. - Vocês estão a pé, porque se recusam? Mikai pensou. Que situação complicada, se não aceitar vão estranhar.
— Tudo bem, já que insiste - Mikai ficou pensativo, será que ele entendeu que não pode falar nada sobre sua? Se não entendeu, estamos mortos. Subiram nos cavalos e seguiram, em uma parte do caminho, um dos soldados que tinha apenas dezesseis anos, cabelo loiro, corpo magro, olhos verdes e sardas em seu rosto chamado Tebas, questionou: - O que houve com sua testa? Mikai se estremeceu todo, então Zion falou: - Eu tropecei e cai em cima de uma pedra - Posso te fazer uma pergunta? Mikai respirou aliviado tentando não deixar aparente. - Sim pode. - Você não é muito jovem para um cavaleiro não? Ele sorriu e disse: - Sim sou bem jovem. Então um dos soldados falou: - Realmente ele é jovem, mas muito habilidoso. Eles conversaram até chegar à casa de Mikai, ao chegar se despediram e foram embora. - Garoto se você falar de onde você é, nós estaremos mortos! - Eu vou prepara-lo para caminhar até Bakuque.


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