Anchor escrita por BiahPad


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa é a minha primeira fanfic Rivusa e eu espero que gostem ♥️
Esse casal teve apenas 46 segundos de cena na série mas foi o suficiente para eu fica completamente apaixonada pelos dois. Estou muito ansiosa pela 2 temporada, que começa a ser gravada ainda esse mês. Mas enquanto a nova temporada não chega, resolvi fazer essa oneshot pequenina e fofinha para aquecer o coraçãozinho de vocês, que assim como eu são iludidas e sofrem shippando Rivusa.
Por favor, não esqueçam de comentar e me dizer o que acharam.



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—Vamos lá Musa, todas as meninas já foram para a feira e não é justo ficar só nós duas sozinhas nesse colégio— disse Bloom enquanto se jogava em cima da amiga que estava deitada na cama, completamente coberta.

—Hugh! — a morena exclamou de dor ao sentir o impacto da ruiva em cima de si — Eu já disse que não quero ir, além disso, escutei as meninas te chamarem para ir com elas, mas você preferiu ficar dormindo.

—Ai, eu sei, mas quem acorda cedo em pleno sábado? Mas não importa agora, já acordei e tô doida pra ir. Eu sei que você não vai querer perder a chance de comprar aqueles donuts maravilhosos que comemos da última vez.

—Apesar de ser uma tentação dos infernos, eu amanheci me sentindo um pouco mal, provavelmente é o resultado da chuva que pegamos ontem durante o treinamento.

—Eu não tô sentindo nada e as meninas também não, tanto que já que foram— retrucou a ruiva.

A fada da mente deixou um suspiro profundo escapar, sabia que quando a amiga colocava algo na cabeça ninguém conseguia tirar, e o sentimento de excitação e agitação que captava da ruiva só confirmavam esse entendimento.

Naquela manhã Musa acordou com uma forte dor de cabeça e seu corpo, além de dolorido, parecia pesar uma tonelada. A morena sabia que isso sempre acontecia quando estava ficando doente e estremecia só de pensar nas consequências, se ela odiava sentir as emoções das pessoas em dias normais, quando ficava doente, ainda que fosse um simples resfriado, seus poderes pareciam triplicar de tamanho. Mesmo se sentindo mal por pensar isso, ela deu graças a Deus por Terra já estar na feira, pois se já era normalmente difícil lidar com a ansiedade da amiga, nem conseguia imaginar suportar isso hoje.

Retirando o lençol que cobria seu rosto, a empata deu de cara com a ruiva que lhe encarava com um biquinho nos lábios na tentativa de lhe convencer.

—Bloom, eu realmente não me sinto...

—Bobagem, deve ser só uma gripezinha, nada demais— interrompeu —Vamos Musa, vai ser tão legal! O dia ta lindo lá fora, além das barracas para visitar vão ter diversas atrações, aquela banda de música indie que você falou a semana toda não ia se apresentar? Pensa só naquelas comidas maravilhosas que estão esperando pela gente. Fora que, por último, mas não menos importante, seu namorado vai tá lá também e eu sei que você não vai querer perder a primeira oportunidade que aparecer para se agarrar com ele por aí.

—Você fala de um jeito que a gente vivesse transando pelos cantos.

—E não vivem? — disse a fada do fogo, com um sorriso brincalhão no rosto, enquanto a morena só revirava os olhos — Pensa que a gente vai ta fora do colégio pela primeira vez em semanas, não sei você, mas eu to de saco cheio de olhar pra essas mesmas paredes todos os dias.

A morena suspirou, colocando um dos braços nos olhos. Sua dor de cabeça aumentava a cada segundo que passava a discutir com a amiga só estava piorando as coisas.

Depois de alguns minutos em silencio, ela disse por fim:

—Nada do que eu diga vai fazer você mudar de ideia, não é? — a ruiva apenas fez um aceno negativo com a cabeça — Tudo bem, vamos logo.

—ISSO! — comemorou a fada, se levantando de cima da amiga e correndo para o banheiro — Eu só vou tomar um banho. Qualquer coisa a gente procura um lugar que venda remédios por lá.

Sem responder a ruiva, Musa reuniu todas as forças que tinha para se levantar da cama, sentindo sua cabeça girar por alguns instantes e quase perder o equilíbrio pela tontura.

Aquele definitivamente seria um dia difícil.

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Assim que colocaram os pés na feira, Musa se arrependeu amargamente de ter aceitado vir àquele local.

Falar que a feira estava lotada era eufemismo quando se tratava daquele lugar, uma multidão que se perdia de vista. Era possível reconhecer alguns rostos conhecidos da escola, mas tinha gente ali que provavelmente nem era da região, deveriam ter vindo atraídos pelo evento.

Com o enorme aglomerado de pessoas, somado ao seu mal estar, Musa não conseguiu impedir a enxurrada de emoções que lhe dominaram de uma vez. Era como uma avalanche que destruía tudo ao seu redor, havia uma mistura de emoções e sentimentos, e isso impossibilitava a empata de concentrar-se em si mesma.

Na tentativa desesperada de controlar seus poderes, Musa estancou no meio do caminho e fechou os olhos. Escutava a voz de Bloom falando animadamente sobre alguma coisa, mas não conseguia entender o que era.

Musa não odiava ser uma fada, pelo contrário, era apaixonada por esse mundo gigantesco e fascinante, as criaturas inimagináveis e a magia que lhe cercava. O que lhe incomodava era o fato de não conseguir controlar seus poderes, não conseguia ter um botão de liga e desliga, sabia que as fadas da mente eram consideradas as mais fortes, mas era muito difícil não se sentir sufocada com todo esse poder.

—Vamos logo Musa, logo ali na frente tem uma venda de perfumes e quero ver se encontro um para a minha mãe — disse Bloom, enquanto puxava o braço da outra fada para que voltasse a andar.

Após dar alguns passos a mais, Musa sentiu seus olhos começarem a lacrimejar, sua cabeça parecia que ia explodir e sua visão começou a ficar escura por conta de uma nova onda de tontura. Da melhor forma possível se livrou do aperto da amiga, parando de andar de novo, fechando os olhos, tentando acalmar a respiração e se esforçando para lembrar de todo o seu treinamento com Farah.

Conseguia escutar a amiga e as pessoas ao seu redor conversando, mas nem entendia sobre o quê falavam. A sensação era tão angustiante e avassaladora que parecia lhe consumir a cada minuto, sugando toda a sua energia e força, se odiava por não ter ficado em sua cama o dia todo.

Bloom, que até então não fazia ideia do quê estava acontecendo, parou de andar ao se dar conta de que Musa não estava mais ao seu lado. Ao olhar para trás se assustou ao encontrar sua amiga agachada no chão, com as mãos nos ouvidos, como se tentasse se proteger de alguma coisa.

—MUSA— gritou enquanto corria em direção a morena — Ai meu Deus, você ta bem? O quê aconteceu? Você tava do meu lado e do nada não tava mais, agora eu te encontro assim.

—Tem muita gente aqui Bloom, não tô conseguindo me concentrar nas minhas próprias emoções...Aí— exclamou a empata quando sentiu uma espécie de fisgada na cabeça.

—Cadê os seus fones?

—Esqueci na escola.

—Droga! Tudo bem, precisamos tirar você daqui, consegue se levantar? Vem, eu te ajudo ­— disse a ruiva, segurando um dos braços da amiga e a puxando para cima.

A fada do fogo se assustou quando viu os olhos da morena se abrirem e brilharem os mais vividos roxos que já havia visto, além disso, lágrimas começavam a escorrer pelo seu rosto.

—Porra, a gente precisa achar um lugar pra você se sentar— disse Bloom enquanto voltavam a caminhar.

—Não, preciso voltar pra escola, se eu ficar mais um minuto nesse lugar vou desmaiar.

—Tudo bem, então vamos— anuiu a ruiva, mas Musa automaticamente sentiu que aquela não era a vontade da amiga, pois, mesmo concordando, a empata foi inundada pelo sentimento de tristeza que irradiou da amiga. Automaticamente ela parou de andar e encarou a fada— Olha, eu sei que você queria vir muito a essa feira e não é justo você voltar comigo por causa de uma simples dor de cabeça. Eu posso voltar sozinha, não tem problema.

—Musa, há 2 minutos atrás você tava literalmente no chão, isso não é só uma dor de cabeça.

—Eu fui pega de surpresa, não esperava que tivesse tantas pessoas aqui. Eu to melhor, você não precisa se preocupar, só preciso sair de perto de toda essa gente.

—Mas e se você passar mal no meio do caminho?

—Não vou passar mal.

—Você não tem como saber.

—Escuta, essa não é a primeira vez que isso acontece e infelizmente não vai ser a última. Eu só preciso chegar em casa, tomar um bom banho, beber uma xícara de chocolate quente e me deitar pleníssima na minha cama.

As amigas se encaram por alguns minutos, a fada do fogo visivelmente queria ficar, mas sabia que a saúde da morena vinha em primeiro lugar.

Na tentativa de convencer a ruiva de uma vez por todas, Musa ensaiou o melhor sorriso que conseguiu fazer, mesmo sabendo que mais parecia uma careta, mas tinha dúvidas se a amiga perceberia, pois era a criatura mais avoada que conhecia.

Por fim, dando um suspiro frustrado, Bloom finalmente decidiu:

—Promete que assim que chegar, você vai me mandar mensagem?

—Prometo, mando até uma foto minha deitada na cama — brincou a morena, puxando a amiga para um abraço.

—Eu vou ficar preocupada— sussurrou a Bloom.

—Quantas vezes eu vou ter que repetir? É só uma dorzinha de cabeça.

Mesmo não estando 100% convencida do bem estar da empata, a ruiva finalmente se deu por vencida.

—Tudo bem, mas não esquece de mandar mensagem assim que chegar.

—Não vou — prometeu a morena — E se você encontrar aquela barraca que vende donuts não esquece de comprar para mim, no mínimo 5.

—Credo, como você consegue ter esse corpo comendo tanto?

—É pra isso que eu treino todos os dias. Agora anda logo pra aproveitar essa feira que eu sei que você ta louca pra explorar, esperou meses por  isso.

—Ta bom, ta bom— disse Bloom, dando inicialmente alguns passos hesitantes, mas logo se perdeu na multidão de gente.

Assim que Musa não conseguiu mais avistar a amiga soltou a respiração que nem sabia que havia prendido. Era claro que ela havia mentido para a amiga, mas não queria ser um estorvo para ninguém.

Ainda com a visão embaçada pelas lágrimas, se virou na direção oposta a que a amiga havia partido e começou a andar para sair o quanto antes daquele lugar.

Os sentimentos que a cercavam eram tão fortes que Musa diria que eles eram palpáveis se não fosse impossível. Porém, ela conseguia ver um véu, quase imperceptível, que cercava todos ao seu redor e fluía em sua direção. O barulho, a quantidade de pessoas, uma música que tocava em algum lugar desconhecido, contribuíam para dificultar a concentração da fada e bloquear sua receptação.

Certa vez, Downling havia mencionado que “Musa era como um microfone ligado no meio de uma enorme tempestade” e era exatamente assim que a empata se sentia. Suas pernas fraquejavam a cada novo passo, seu corpo tremia de frio, o que definitivamente era um problema pois estavam em plena primavera. Já estava perdendo a conta de quantas pessoas havia pedido desculpas por esbarrar sem querer.

Mas é claro que aquilo que estava ruim podia piorar, como estava se sentindo mal quando chegou na feira, a morena nem se deu o trabalho de perceber por onde haviam entrado, consequentemente, não fazia ideia de onde era a saída, estando completamente perdida.

Procurou ao seu redor e percebeu que atrás de algumas barracas mais a frente havia um caminho que provavelmente dava acesso a floresta, porém, Musa não conhecia aquela região tão bem quanto as proximidades do colégio e provavelmente seria perigoso entrar lá sozinha, correndo o risco de atravessar a barreira sem nem se dar conta.

Olhou mais uma vez ao seu redor e suspirou frustrada quando percebeu que sua única salvação seria a floresta, pois não tinha mais forças para continuar mais nenhum minuto ali.

Assim que fez menção de começar a andar naquela direção, sua visão foi completamente bloqueada por duas mãos enormes. Seu corpo se arrepiou ao sentir o perfume amadeirado o qual era tão familiarizada.

—Uma garota bonita como você não deveria andar sozinha por aí.

—RIV— gritou então se virava e dava de cara com o namorado que exibia o seu típico sorriso sarcástico.

—Eu tenho que confessar que me divertir um pouco te vendo completamente perdida por aí, mas depois eu fiquei com pena — brincou ao mesmo tempo que brincava com uma mecha do cabelo da fada — Então pixie, eu tava pensando que enquanto aquela banda, que você adora, não se apresenta, a gente podia ir no parque de divers... — o especialista não conseguiu terminar a frase pois se assustou quando a namorada se lançou em cima dele, colocando os braços em seu ombro e escondendo o rosto na curvatura de seu pescoço. Mesmo não entendo a reação da morena, Riven retribuiu o abraço e brincou — Isso tudo é saudades? Porque a gente passou o dia juntos ontem, lembra? Não que eu esteja reclamando.

Musa não respondeu, apenas finalmente se deixou levar pela sensação sufocante e angustiante que estava passando.

Ao escutar os pequenos soluços e sentir o corpo tremulo da fada, o especialista automaticamente ficou rígido de preocupação. Já estavam juntos à alguns meses e Riven a conhecia bem o suficiente para saber que de todas as meninas, Musa era a que mais tinha dificuldade em demonstrar sentimentos, o que era totalmente irônico, levando em consideração ela ser uma empata.

Não querendo pressionar a garota, o especialista apenas a abraçou mais forte, depositando um beijo em sua cabeça e começando um leve cafuné. Ignorava totalmente os diversos olhares curiosos que eram lançados em suas direções, pois sabia que se para ele era desconfortante, para ela era mil vezes mais.

—Tem muita gente aqui.

O sussurro foi tão baixo que o moreno duvidou que tinha escutado certo, mas ao julgar pelo estado da namorada, aquilo fazia total sentido.

—Lembra o que a gente treinou? — ele perguntou, mas ela não respondeu— Eu sei que deve ser difícil pra caralho, mas você é a fada mais forte que eu conheço e sei que vai conseguir.

—Eu já tentei Riv, mas é gente demais, é impossível bloquear tudo isso.

—Você não precisa bloquear todas elas, apenas se focar nas suas próprias emoções.

—Eu não sei Riven, acho que não consigo fazer isso sem os meus fones.

—Só tenta, ta bom? Eu sei que você consegue— retrucou o especialista, puxando delicadamente o rosto da namorada para que pudessem se encarar— Não são seus poderes que definem quem você é, Musa. Eles são só uma extensão de você. A sua mente é poderosa Pixie, mas quem decide se vai ser escrava ou vai usar ela para se fortalecer, é você.

“O que você pensa é o que você cria. O que você sente é o que atrai. O que você acredita é o que se torna realidade.”

“Eu sei que você ta com medo e assustada pra caralho, mas não existe uma pessoa nesse mundo que acredite em você como eu.”

“E se ficar muito difícil de se concentrar só em você, pode focar em mim.”

A última frase dita pelo moreno fez Musa se afastar do abraço.

—Você odeia quando eu entro na sua cabeça.

—Eu sei, mas eu faço qualquer coisa para te ajudar. Só tenta, tá bom? — ele pediu e voltou a puxar a fada para os seus braços.

Musa se conchegou melhor no peito do especialista, fechou os olhos e tentou ignorar de uma vez por todas o barulho ao seu redor. O treinamento praticado em Alfea era muito diferente da realidade, ainda que trabalhasse duro na escola, sempre soube que longe dela tudo era mais difícil.

Ao perceber que sua tentativa não estava funcionando como queria, mudou de tática, precisando de alguns minutos para encontrar o que queria.

Riven era uma bagunça, todas as suas emoções eram sentidas ao extremo. Ele era intenso, complexo e barulhento. Naquele momento irradiava preocupação, proteção, angústia e amor. Era exatamente essa profundidade que o tornava mais puro que todas as outras pessoas.

Ela sentia sua intensidade, cada emoção era como uma linguagem a qual somente ela entendia. Como uma espécie de melodia, a música que ela adorava ouvir.

Aos poucos o zumbido da multidão começou a diminuir, o véu que sentia sobre si pareceu ser retirado e, por fim, só restou Riven.

Lentamente Musa abriu seus olhos, os quais queimavam em um tom de roxo espetacular. Ela não conseguiria desligar do especialista, ainda que pudesse, não faria. Não quando ele conseguia a mantinha assim.

Aos poucos foi se soltando dos braços do moreno e o encarou por alguns segundos até ser atingida por uma pontada na cabeça, a qual ela sabia exatamente o que significava: a chegada de uma nova emoção.

                Um sorriso se formou em seu rosto ao conseguir identificar sobre o que se tratava o novo sentimentos.

                Orgulho.

                Riven estava orgulhoso pela namorada.

                —Eu sabia que conseguiria— ele comemorou, depositando um beijo na ponta do nariz da fada.

                —Estamos conectados— ela sussurrou, Riven apenas sorriu e enxugou os resquícios de lágrimas do rosto da morena.

                —Agora precisamos tirar você daqui, o meu carro ficou logo ali— disse o especialista.

                —O Sky não veio com você?

                —Ele consegue se virar pra voltar— ele responde dando de ombros, em seguida entrelaça sua mão com a da namorada e começam a andar — Isso me faz perguntar como você veio? Porque quando eu te mandei mensagem hoje cedo, oferecendo carona, você disse que não vinha e me proibiu de ficar com você.

                —Eu não vinha, acordei me sentindo estranha e sabia que ia ficar doente. Odeio quando isso acontece porque os meus poderes parecem triplicar de tamanho e eu fico muito mais sensível para captar as emoções, por isso tive essa crise. Acontece que as meninas vieram embora e a Bloom ficou para trás, como ela não queria vir sozinha passou o dia implorando para que eu viesse com ela  e nada do que eu disse a fazia mudar de ideia. Você sabe que ela é irritantemente teimosa. —Musa explicou, rindo ao ver Riven bufar e revirar os com a última afirmação.

                —E cadê ela?

                —Quando eu percebi que não conseguiria fica aqui por muito mais tempo mandei ela embora para aproveitar a feira.

                Mal Musa terminou a frase e logo foi atingida por uma nova fisgada na cabeça: raiva e irritação.

                —Me deixa ver se entendi, ela te arrasta para uma feira, que pra início de conversa você nem queria vir, mesmo sabendo que a droga do lugar ia tá lotado de gente e que você é a porra de uma empata que consegue sentir as pessoas à quilômetros de distância, que tava tendo uma crise naquele momento e simplesmente vai embora?

                —Eu a mandei embora — a fada enfatiza, mas sabe que só aquilo não vai acalmar o moreno— Além disso, quem melhor do que você para me ajudar?

                —Não existe ninguém melhor do que eu— ele exclama e Musa somente revira os olhos, mas não esconde uma risada.

                O casal andou por mais alguns minutos, em total silêncio, até que finalmente chegaram no estacionamento da feira e de Musa pode identificar o carro de Riven para logo a frente.

                Ao se aproximarem do veículo, o especialista correu para abrir a porta para a namorada.

                —Tão cavalheiro— ela brinca.

                —Eu faço o que posso para agradar a minha Pixie favorita— ele respondeu dando de ombros. Ao ver a empata fazer menção de entrar no carro, ele segura um dos seus pulsos e a puxa, fazendo com que seus corpos fiquem colocados um no outro — Você me assustou hoje Musa.

                A empata encarou o namorado por alguns instantes, enquanto o mesmo brincava com uma mecha do cabelo dela. Ela sabia que não podia mais continuar assim, precisava se esforçar ainda mais para lidar com os seus poderes, pois poderia se perder na própria loucura que eles forneciam. Riven era definitivamente um de seus maiores apoiadores e estava sempre disposto em ajudar a namorada, mas aquela era uma luta que ela precisava travar sozinha e sabia que para isso era preciso superar antigos traumas do passado.

                Deixando um suspiro profundo escapar, a morena abraçou o especialista pela cintura, colocando a cabeça em seu peitoral e confessou:

                —Eu sei, para falar a verdade, antes de você chegar eu tava assustada pra caralho, não conseguia nem encontrar a maldita saída. Eu nem quero imaginar o que teria acontecido se você não tivesse aparecido — sem se soltar do abraço, Musa volta a o encarar— Mas agora eu só quero voltar pra Alfea, deitar na minha cama e passar o dia agarrada no meu namorado gato e gostoso.

                Riven apenas ri e a abraça mais forte.

                No início do relacionamento era difícil para ambos demonstrar carinho em público. Ela porque sentia o que os outros pensavam sobre os dois e, infelizmente, nem todas emoções eram positivas. Enquanto para ele era a primeira vez que o especialista conseguia ser ele mesmo com alguém e não aquele cara que ele precisou se tornar para sobreviver, por isso gostava de pensar que aquela sua outra face deveria ser única e exclusiva para Musa.

                —É melhor a gente ir andando— ele sussurrou, dando, em seguida, um beijo casto na namorada.

                —Ta bom— ela respondeu, roubando mais um selinho e se virando para entrar no carro.

                A viagem de volta a escola foi tranquila, apesar dos poderes ainda estarem com toda a força, definitivamente Musa se sentia mais calma e tranquila.

                O rádio tocava baixinho uma música que continha uma melodia mais lenta e serena, uma das mãos dela estava entrelaçada com a dele que usava o polegar para fazer um sutil carinho nela e as vezes levava as mãos aos lábios para aplicar delicados beijos.

                Após algum tempo de viagem, a fada se acomodou melhor no assento e encostou a cabeça no vidro da janela, apreciando a paisagem ao seu redor e deixando-se levar totalmente pelo momento, sem nem se dar conta de que seus olhos começaram a pesar.

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                Demorou alguns instantes para Musa conseguir finalmente abrir os olhos, estava se sentido tão bem aconchegada e confortável naquela cama que não queria ousar mexer um único músculo para sair daquela situação. Notou que estava  sozinha e no quarto do namorado, vestindo somente um de seus moletons. Puxou o travesseiro para expirar o cheiro do dono, ela amava aquele cheiro e tudo o que ele causava nela.

                Ao olhar para a janela, percebeu que o sol estava começando a se por, devendo ser um pouco mais das cinco e meia da tarde.

                A fada se sentia milagrosamente renovada e totalmente relaxada, o completo oposto de quando acordou pela manhã daquele mesmo dia. Estava tão ocupada aproveitando aquele momento que nem notou a presença do especialista, que a observava encostado na porta do quarto, segurando uma xícara em suas mãos.

                Riven agradecia todos os dias por aquela mulher fazer parte da sua vida e, principalmente, permitir que ele fizesse parte da vida dela. Sempre achou que não era merecedor de nada, pelo menos era isso que seu pai fazia questão de jogar na sua cara todos os dias, mesmo quando ele se esforçava para tirar as melhores notas e se sair bem na escola, depois de um tempo Riven realmente acreditou que não valia a pena tanto esforço.

                Por mais que odiasse lembrar do que fizera no passado, o especialista sabe que as coisas as quais passou foram necessárias para se tornar o homem que era hoje e definitivamente grande parte disso se deu em virtude do seu relacionamento com a empata. Ele faria qualquer coisa que estivesse ao seu alcance para proteger e nunca machucar a namorada.

                Um bip do celular de Riven fez Musa se assustar e finalmente dar conta da presença do moreno. Ele não pode deixar de rir ao notar o estado da fada, os cabelos desgrenhados, o rosto um pouco inchado em virtude do tempo que passou dormindo, além da expressão de susto que esboçava. Se ele fosse sincero consigo mesmo, admitiria que aquela era uma cena que gostaria de vivenciar todos os dias de suas vida.

                —Desculpe, achei que tinha colocado o celular no silencioso— disse o moreno.

                —Isso é chocolate quente?— ela pergunta, com a voz rouca de sono, ainda com os olhos um pouco turvos, tentando se sentar, mas se enrolando nos lençóis.

                — Do jeito que você gosta, com marshmallows e tudo— ele responde enquanto entrega a ela e a ajuda a se sentar. Delicadamente arruma os cobertores ao redor dela em um casulo e a observa. 

                Musa dá um longo gole na bebida. Ela está perfeita.

                —Oh meu Deus— ela geme— Eu amo você.

                Antes que haja qualquer resposta do especialista, a empata sente uma pontada na cabeça: amor, uma sensação pura e emocionante que a preenche por completo.

                Ao olhar para cima, ela encontra Riven olhando para ela, com os braços cruzados e exibindo um suave sorriso, um que ninguém via, somente ela.

                —Aí merda, Riv, desculpa, eu ainda estou... — a fada não termina a frase, colocando as mãos na cabeça, sabendo que seus olhos deveriam estar brilhando roxos.

                —Ainda está conectada a mim— ele concorda — Acho que você precisava disso.

                —Você me ama— ela provoca e ele rola os olhos, mas não nega.

                Musa não fala mais nada, fecha os olhos e passa a tentar se desligar lentamente da conexão com o namorado. Era como se fossem diversas raízes que precisavam ser arrancadas uma a uma, um processo lento e dolorido.

                —Musa— Riven a chama ao notar ela se encolher de dor, subindo na cama com ela— Está tudo bem, pega leve com você mesma, não tem problema ainda estarmos assim.

                Depois de alguns minutos, onde somente a respiração de ambos era o som escutado no quarto, ela sente que finalmente é só ela em sua própria mente e abre os olhos para encarar o namorado.

                —E lá estão eles— ele sussurra ao ver os olhos castanhos da fada, depositando um beijo em sua testa, fazendo Musa sorrir.

                Dois novos bips soam e o especialista suspira tirando o celular do bolso.

                —Quem é esse que não para de mandar mensagem? — ela pergunta curiosa.

                —O Sky— ele responde enquanto digita um texto para o amigo— Ele provavelmente ta puto por eu ter mandado um áudio ameaçando a Bloom. Foda-se, eu queria que você tivesse me contado que estava doente.

                A morena olha para a mesinha de estudos, que fica em frente a cama, percebendo que o notebook está ligado em uma página qualquer da web com o tema “Como diminuir uma febre?”. Ela volta a olhar para o namorado e por Deus, ela o ama tanto que chega a doer.

                —Eu não queria correr o risco de te deixar doente e sabia que se contasse, você viria correndo e...

                —É claro que eu iria correndo— ele a interrompe— O que diabos a Bloom tem na cabeça de te levar assim naquela feira?

                Ela revira os olhos.

                —Tão protetor,

                —Por favor— Riven protesta, passando os dedos na nuca dela— Você gosta disso.

                Musa toma novamente um gole do chocolate, antes de colocar a xícara na mesinha ao lado da cama e se volta para o namorado.

                —Eu amo isso— ela responde, voltando a deitar na cama e o puxando pela gola da camisa para que ele ficasse em cima dela, iniciando um beijo.

                Quando ele se afasta, ela geme alto em sua garganta, puxando para um novo beijo.

                —Ei— ele sussurra, sem fôlego, quando eles finalmente se separam— Não suporto ver você sofrendo Musa. Não suporto isso.

                —Eu sei— ela responde, fazendo cafuné nos cabelos dele.

                —Sei que você tem se esforçado como nunca para controlar seus poderes, mas eu me preocupo tanto com você. Mas eu também se que você precisa se livrar dessa ancora que te prende e explorar esse mar de poderes que existe dentro de você mesma, eu só queria poder fazer mais coisas.

                —Você faz— ela retruca, sentindo a voz ficar embargada pela vontade de chorar— Você me ajuda tanto que nem percebe. Se não fosse por você hoje, eu nem sei onde eu estaria agora, sinto muito por não ter contado nada, acho que não sou acostumada em ter alguém preocupado comigo— ela suspira fundo antes de continuar— Quando a minha mãe adoeceu, eu tinha 12 anos, o meu pai ficou completamente perdido e eu precisei assumir o controle da situação para cuidar dela, da minha irmã mais nova que só tinha 4 anos e da casa. Eu simplesmente passei 4 anos da minha vida tomando conta de todo mundo e esquecendo de mim mesma, eu não me arrependo um segundo de nada disso, mas eu não sou acostumada a me expor desse jeito para as pessoas.

                —Pixie— ele sussurra, encostando seu nariz no dela e roçando-os — Você me viu em um dos piores momentos da minha vida, me tirou do fundo do poço e me fez querer ser um homem muito melhor. Nós dois sabemos que provavelmente eu nem estaria aqui hoje se continuasse seguindo aquele caminho. Eu também não sou acostumado a ter alguém por perto que se importe comigo, passei mais da metade da minha vida escutando o meu pai falando que eu era um imprestável e que a minha mãe tinha ido embora de casa por minha culpa...

                —Você não tem culpa de nada, Riv— ela o interrompe.

                —Eu sei, agora eu sei disso, mas antes... —ele faz uma pausa tentando colocar em palavras o inferno que havia passado— Antes eu só acreditava que não merecia coisas boas, que de alguma forma era a porra de um erro colocado no mundo. Eu tinha raiva dos meus pais, raiva do mundo e de tudo ao meu redor. Depois de um tempo passei a fingir ser inabalável, ser o fodão que não liga para as coisas, mas só eu sabia o quê passava aqui dentro— ele diz apontando para a cabeça— Até que um dia, quando eu tava completamente perdido, sem ninguém, em plena guerra e do lado da Rosalind, fui para a cachoeira e sem nem perceber, comecei a chorar, eu nem sabia por que estava chorando, só precisava e acontece, sabe? E ta tudo bem isso acontecer. A gente precisa chorar e colocar tudo para fora, deixar a mágoa ir embora por algum lugar. Acho que ali eu percebi que ser forte não é saber conter as emoções, mas sim saber quando a gente vai soltar elas para o mundo.

                “Depois, voltei a minha amizade com o Sky e a Terra, acabei me aproximando das meninas e, consequentemente, nós dois nos aproximamos. Ter amigos de verdade e uma namorada me fez entender que não faz mal eu me sentir bem com a vida, nem ter pessoas na minha vida que se importassem comigo, assim como eu me importava com elas.

                “O que eu mais quero é que a gente funcione Musa, fico louco só de pensar na possibilidade de te perder. E eu tenho medo, medo de que um dia a vida separe a gente, medo de que a gente não der certo, medo de não ser o suficiente, porque eu sei que tô bem longe de ser perfeito, mas quero que você tenha certeza de que por você eu tento ser melhor todos os dias, só espero que um dia eu finalmente consiga.”

                Ela o interrompe, beijando-o.

                 Musa tinha absoluta ciência da insegurança do namorado, mas não achava que chegava a esse ponto. Aquela conversa definitivamente a havia surpreendido.

                O inicio do relacionamento deles foi conturbado, com todos ao seu redor suspeitando constantemente de Riven, sempre imaginando o pior do especialista. Ambos sabiam o quanto precisaram lutar para chegar até ali, o quanto foi difícil. Mas a empata sabia que apesar de estarem juntos há meses, ainda tinham um longo caminho a percorrer e precisavam aprender a se abrir um com o outro cada vez mais se quisessem que aquele relacionamento desse certo. Aquela conversa era a prova disso.

                —Foda-se— ele gemeu quando se separaram— Como foi que essa conversa ficou tão melosa?

                Ela ri ao mesmo tempo em que limpa as lágrimas que corriam livremente pelo seu rosto.

              —Foi você quem falou todas aquelas coisas.

                —Foda-se— ele resmunga, mas começa a fazer carinho na bochecha dela— Eu te amo tanto, Pixie.

                —Eu te amo mais— ela retruca e o puxa para um novo beijo.

                Definitivamente, a fada não voltaria para a suíte das winxs tão cedo naquele final de semana.


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Notas finais do capítulo

E aí, o quê acharam?
Confesso que estava muito insegura com essa one e quase não postei. Mas felizmente fui adicionada em um grupo de Rivusa no wpp e a galera lá me deu um super apoio.

Espero que tenham gostado e me mandem ideias de plot para novas fanfics Rivusa, vai que eu tenha alguma inspiração
Beijinhos e até a próxima.



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